Internet, liberdade, algoritmos


PorLahis Kurtz- Postado em 18 julho 2016

A internet é uma mídia livre?

Sempre olhamos para ela como algo libertador. Algo não-massificado. Uma tecnologia que trouxe uma proposta nova em relação à comunicação de massa. 

Isso quer dizer: na internet, não temos alguém selecionando o conteúdo que será visto e descartando outros que jamais seriam tornados públicos.

Sem agendas. Sem os chamados gatekeepers (porque insistimos em não traduzir para "porteiros") - quem decide o que vai ficar dentro ou fora.

A internet foi construída para ser totalmente indiferente em relação ao que circula nela. O que mudou quando tivemos centenas de milhões de computadores conectados?

Os assuntos que pautam o Facebook não são os mesmos que pautam o Twitter. As agendas do Facebook são feitas por algoritmos. Como algoritmos podem ser tendenciosos? Podem? A resposta é: sim. Esta matéria do New York Times mostra como, e explica que isso não é feito propositalmente pelos programadores.

A Apple e o Google vetam aplicativos, para seus sistemas operacionais em smartphones, quando eles fogem às suas pautas ideológicas. Como entender essa nova maneira de formar agendas?

Não haveria um centro de poder na internet. Até que se tornou possível explorar em direções variadas a forma como essa tecnologia seria usada. Novos centros de poder emergem no caos.

Que modelo de negócios a internet está adotando? Estamos fadados a um modelo amigável à publicidade? Nesse modelo, os serviços são "gratuitos" e as grandes companhias, favoritas das empresas de anúncios, são alimentadas com cada vez mais dados sobre nosso comportamento. Dissenso e inovação são desestimulados, a previsibilidade é selecionada sistematicamente. Podemos pensar em alternativas?

A internet está sendo estragada? Esta a recomendação que deixo para você nesta segunda-feira: um mix muito bem estruturado de falas de especialistas, resultados de pesquisa e narrativas divertidamente sonorizadas debatendo todas essas questões de forma brilhante, tudo isso trazido pelo episódio do podcast Freakonomics (um dos poucos que ainda tenho tempo de ouvir regularmente) do dia 13 de julho de 2016.

  

Nota: você também pode ler a transcrição do episódio, se preferir, no mesmo link. E não deixe de acessar as fontes referidas ao final da postagem do episódio, que vão desde o The New York Times até o artigo de introdução na edição sobre Internet do Daedalus, periódico da Academia Americana de Artes e Ciências.