COOPERATIVISMO E DIREITO IDENTIDADE LATINO-AMERICANA DAS COOPERATIVAS POPULARES


PoreGov- Postado em 04 março 2011

Autores: 
SOTO, Luis Eduardo Muñoz

A realidade do Cooperativismo Popular não se vincula apenas às massas miseráveis. A
cooperação é uma maneira usual de, coletivamente, satisfazer necessidades imediatas, e se dá
tanto pela busca de novas formas de trabalho e renda, quanto, e especialmente, por
motivações culturais ou sociais. O mais importante ingrediente para viabilizar e sustentar um
ambiente de cooperação é a identidade do grupo. Na América Latina, o Cooperativismo
Popular identifica-se, justamente, pelas matrizes de fundo tradicional e utilitária. Por isso,
esse modo de produção sempre esteve presente, fundada em vínculos comunitários, afetivos
ou culturais, entre a massa afastada das relações de elite baseadas no capitalismo competitivo.
Em função disso é que as práticas cooperativistas possuem uma lógica própria e, portanto, não
demandam criações. Demandam investigação profunda de sua história, de seus personagens e
de seus modos de ser. A pesquisa precisa ser capaz de absorver a realidade dessas
experiências como o são, sem amarras utópicas ou desconectadas do cotidiano dos
envolvidos. O Cooperativismo Popular é uma opção de modo de vida e produção. Por isso,
não há revolução em sua essência. É, antes de tudo, uma alternativa. A base cultural e as
motivações econômicas do Cooperativismo Popular geram demandas inerentes e específicas
às diversidades locais e sociais, que precisam ser detalhadas para o desenvolvimento de
políticas públicas compatíveis com sua realidade. A grande virtude do Cooperativismo
Popular é promover espaços diversificados de integração social, com as proteções e garantias
concernentes às comunidades, mas, diferentemente do comunitarismo pré-moderno, agora o
indivíduo tem a liberdade de escolha dos grupos aos quais se filia. É dever do Estado
estimular esses empreendimentos, garantindo respeito e efetividade aos Direitos Humanos,
em especial à dignidade, à livre iniciativa, e à identidade cultural. O Estado também precisa
de alternativas de desenvolvimento que possam solucionar, ou ao menos minimizar, as
inúmeras crises geradas pelo modelo econômico capitalista globalizado. Ainda, poderia o
Cooperativismo Popular, ao mesmo tempo, atender à necessidade de organização política das
demandas de setores excluídos; reduzir a mão de obra ociosa que aumenta as estatísticas de
desemprego e diminui o nível de renda; além de mostrar caminhos práticos para formas
ecologicamente sustentáveis de modos de vida.

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