A história se repete

Através do texto é possível constatar que a qualidade essencial da igreja medieval era seu patrismo ou identificação com o pai e que ainda hoje, assim como sempre, houve a existência de conflitos específicos entre os valores de dominação e dos valores de parceria.
Um dos autores estudados por Eisler, levou-a a identificar que houve uma ascensão dos valores de “identificação materna”ou femininos, na Inglaterra, quando uma mulher sentou no trono. E que esta ascensão foi responsável pelo despertar de uma consciência da responsabilidade em relação aos outros e de um novo amor em relação ao livre aprendizado, que encontrou expressão na erudição e na criação de faculdades para os estudantes. Paralelamente, neste período, ocorreu um fluxo de energia criativa especialmente em poesia, teatro, pintura arquitetura e música.
Eisler coloca que embora nos períodos de ressurgimento gilânico fosse notável a ascensão de valores mais pacíficos, de certa forma igualitários, e que consequentemente permitiam saltos qualitativos em termos de “evolução cultural” para as sociedades nas épocas em que eles ocorriam, a reafirmação do controle masculino sempre despontava e se sobressaia com mais ênfase, após um tempo, no decorrer destes períodos. A motivação do poder, parecia e ainda parece, passar por dominar e conquistar outros seres humanos. A autora apresenta exemplos de conduta de uma sociedade dominadora e de uma sociedade de parceria e cita alguns apontados por determinados estudos para ilustrar o fenômeno em questão. Alguns destes estudos revelaram, por exemplo, que a configuração de valores denominados como associação, matrismo, gilânia ou mundo das mulheres, nos sistemas de supremacia masculina, em geral, confinam-se a um mundo segregado, subordinado ou auxiliar ao mundo maior dos homens ou mundo real.
Levando em conta estes estudos, é possível começar a perceber como períodos de guerra e repressão são antecedidos por períodos de enfraquecimento da cultura gilânica, e como os períodos de dominação podem se infiltrar sutilmente no seio de uma sociedade.