O Grande Escândalo (Conhecendo o Conhecer - Cap.1 de Maturana e Varela)


PorWoszezenki- Postado em 29 março 2011

 

Maturana e Varela apontam a prática da reflexão como um ato de voltar para nós mesmos de forma a tentar conhecermos como conhecemos. Os autores criticam a busca do conhecer da cultura ocidental: é centrada na ação e não na reflexão. Somos pragmáticos demais, quando na verdade precisamos refletir para sabermos como nosso mundo de experiências é constituído, ou como nossas experiências são adquiridas. E, de acordo com os autores, não saber como o nosso mundo de experiências é constituído, é uma das piores ignorâncias. Devemos parar de ver um mundo absoluto (de certezas) e nos questionar mais sobre nossas experiências.

 

A reflexão causa a circularidade: o instrumento de análise avalia o instrumento de análise. Então, investigamos o nosso conhecer com os mesmos processos que constituem o nosso conhecer. Associo a isso o conceito da metacognição (Flavell, anos 70) que é o pensar em como pensar. Prestar atenção em como prestamos atenção. Por exemplo: preciso saber o valor de uma incógnita: o fato de analisarmos conscientemente o enunciado do problema para sabermos se temos que multiplicar ou dividir é uma atividade metacognitiva. A aplicação da operação de multiplicar ou dividir é a própria atividade cognitiva.

 

Ação e experiência são inseparáveis, de forma que o autor cita um aforismo: “Todo conhecer é fazer e todo fazer é conhecer”.

Toda reflexão se dá na linguagem, que é nosso instrumento cognitivo, nossa forma particular de sermos humanos. Daí surge o aforismo: “Tudo o que é dito, é dito por alguém”.

 

O fenômeno do conhecer é um todo integrado: social, o humano e as raízes biológicas. Sendo assim, as reflexões e o entendimento do nosso conhecer nos deixaria mais conscientes de nossas emoções e, com isso, seríamos mais responsáveis pelos nossos atos. Compreenderíamos também que não estamos presos em sermos uma pessoa boa e nem sermos uma pessoa má, pois o campo está aberto.