Texto retirado da Internet, no endereço http://www.ufcg.edu.br/~raizes/artigos/Artigo_156.pdf [2], em 10/06/2009
A citricultura brasileira foi
uma das poucas atividades rurais,
durante os anos 80 e o início dos
anos 90, imune aos efeitos perversos
do processo modernizante
da agricultura nacional. Induzido
pelo crescente comportamento
demandante de suco concentrado
de laranja do mercado internacional,
basicamente o norteamericano
e o europeu, o setor
cresceu e fortaleceu-se consolidando
seu complexo agroindustrial.
Seguindo as tendências conjuntural
e estrutural dos demais
complexos agroindustriais constituídos
no Brasil, o complexo citrícola
estruturou-se sob o domínio
dos capitais industrial e financeiro,
que propiciaram ao
segmento industrial processador
tornar-se o agente detentor da dinâmica
do conjunto do setor. As
ações estratégicas do segmento
agroindustrial passaram a ditar o
ritmo e o perfil dos segmentos
produtivos vinculados a este,
principalmente o segmento agrícola.
Desta forma, o surgimento
de unidades processadoras de
suco concentrado pertencentes a
grupos financeiros ? como Cambuhy
e Citrovita ? e o avanço dos
pomares próprios pertencentes e
administrados pelas agroindústrias,
tornaram-se aspectos comuns,
neste final de século
(PAULILLO, 1994).
Alguns fatores conjunturais e
estruturais de ordem interna e externa
proporcionaram o redirecionamento
da dinâmica do setor a
partir de 1994. Os principais foram
os seguintes: o caminho da
produção de laranja norte-americana
rumo à auto-suficiência e a
consequente redução da demanda
deste país pelo suco concentrado
brasileiro; a manutenção de
tarifas elevadas de importação de
suco concentrado de laranja brasileiro
nos mercados norte-americano,
comunitário europeu e japonês;
a precariedade econômica
e social da agricultura brasileira,
acelerada pelas consequências
negativas do Plano Real, repercutindo
também na citricultura
paulista e as significativas transformações
nos aparelhos tecnológico
e de gestão empresarial na
economia industrial e agroindustrial
nacional, induzidas por um
processo de racionalização administrativa
que vem apresentando
inúmeros desafios às associações
e organizações representativas de
trabalhadores urbanos e rurais.
O objetivo do presente trabalho
é mostrar que o complexo
agroindustrial citrícola brasileiro
atravessa uma profunda crise, atingindo sobremaneira o citricultor
e o trabalhador rural, e que
as medidas de redução dos direitos
trabalhistas no campo significam
apenas o repasse para os trabalhadores,
na forma da socialização
de perdas, dos custos de
uma crise que tem componentes
conjunturais e estruturais. São
mostrados no texto os fatores da
crise conjuntural da agricultura
brasileira e as consequências do
surgimento das cooperativas de
mão-de-obra rural na citricultura.
Finalmente, o artigo trata dos
efeitos perversos da chamada flexibilização
dos direitos trabalhistas
para os trabalhadores.
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