Para Maturana e Varela (2007), o solipsismo representa uma armadilha do conhecimento; "se negarmos a objetividade de um mundo cognoscível, [...] cairemos no caos da total arbitrariedade, pois assim tudo se torna possível" (p. 148). Este conceito “[...] nega o meio circundante e supõe que o sistema nervoso funciona totalmente no vazio, o que leva a concluir que tudo vale e tudo é possível. É o extremo da solidão cognitiva absoluta, ou solipsismo (da tradição filosófica clássica, que afirmava que só existe a interioridade de cada um). Trata-se de uma cilada, porque não permite explicar a adequação ou comensurabilidade entre o funcionamento do organismo e o de seu mundo" (p. 149/150). Os autores contrapoem este conceito ao de representacionismo [1], dizendo que "estes dois extremos - ou armadilhas - existiram desde as primeiras tentativas de compreender o fenômeno do conhecimento em suas raízes mais clássicas" (p. 150), propondo um "andar sobre uma linha mediana, sobre o próprio fio da navalha" (p. 149).