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EVOLUÇÃO II: PROGRESSO PELA INICIATIVA
Quando não se sabe aonde uma estrada leva, é
certo como o inferno que ela nos conduzirá lá.
Leo Rosten
EVOLUÇÃO III: ANULAÇÃO E REEXECUÇÃO
Quem já viu o vento? Nem você nem eu.
Mas quando as árvores inclinam suas
cabeças, É o vento que passa.
Christina Rossetti
A GLÓRIA DO HOMEM
Estamos todos na sarjeta, mas alguns de
nós olham para as estrelas.
Oscar Wilde
O FANTASMA DA MÁQUINA
As grandes perguntas são aquelas que uma
criança inteligente faz e, não obtendo resposta,
deixa de perguntar.
George Wald
Carla
Carlos
João Alfredo
Paula EVOLUÇÃO II: PROGRESSO PELA INICIATIVA
• Expressões como “estratégia adaptativa” ou “oportunidades
exploráveis” implicam um esforço ativo em direção a uma
realização ótima do potencial evolutivo.
• O homem é o resultado de um processo não-intencional e
materialístico que não o tinha em mente. Ele não foi planejado. Um processo ou
mecanismo
essencialmente passivo, é
controlado pelo
ambiente.
O organismo age sobre o ambiente antes de reagir a e, a criatura não
apenas se adapta ao ambiente, mas constantemente adapta este a si
própria PROGRESSO PELA INICIATIVA
“Efeito de Baldwin”
Baldwin e Lloyd Morgan
descobriram. Foi redescoberto, de
modo independente, por Hardy e
Waddington em 1956. Habilidade
de abrir a tampa da garrafa de
leite, espalhada aparentemente
por imitação, através de toda a
população de chapins da Europa.
Se aquele particular incidente fortuito não se houvesse
realizado, uma centena de outros incidentes poderiam ter
exercido o mesmo efeito de disparador sobre a mente
preparada.
O transbordamento da
água do banho de
Arquimedes
A maçã de Newton O comportamento tenderá a estar
sempre um salto à frente da
estrutura e a desempenhar assim
um papel decisivo no processo
evolutivo. EVOLUÇÃO III:
ANULAÇÃO E REEXECUÇÃO
A principal causa da
estagnação e da extinção
é a superespecialização. Fuga da Especialização
O fenômeno da pedomorfose indica que em certas
circunstâncias a evolução pode voltar atrás sobre seus passos,
por assim dizer, ao longo do caminho que a conduziu ao beco,
sem saída, e dar nova partida em uma direção nova e mais
promissora. O ponto decisivo aqui é o aparecimento de alguma
útil novidade evolutiva na fase embrionária ou larval do
ancestral, uma novidade que pode desaparecer antes que
aquele atinja o estado adulto, mas que reaparece e é preservada
na fase adulta do descendente. Beco sem Saída
Pedomorfose
Gerontomorfose
Modificação de estruturas
inteiramente adultas que já se
especializaram altamente. não pode
conduzir a mudanças radicais e novas
partidas; só pode levar uma linha
evolutiva já especializada um passo a
mais na mesma direção.
Modelação dos jovens. Recuar para saltar
A Figura pertence à obra original de Garstang e
pretende representar o progresso da evolução pela
pedomorfose. Z a Z9 é a progressão de zigotos (ovos
fertilizados) ao longo da escada evolutiva; A a A9
representam as formas adultas que resultam de cada
zigoto. A linha cheia que vai de Z4 a A4, por
exemplo, representa a ontogenia, a tranformação do
ovo em adulto; a linha pontilhada de A a A9
representa a filogenia — a evolução de formas
superiores. Note-se, porém, que as linhas delgadas
do progresso evolutivo não conduzem diretamente
de, digamos, A4 a A5; isso seria uma
gerontomorfose, a transformação evolutiva de uma
forma adulta. A linha de progresso se ramifica a
partir da fase inacabada e embrionária de A4. Isso
representa uma espécie de retirada evolutiva do
produto acabado e uma nova partida em direção à
novidade evolutiva Z5- A5. Aí poderia ser a lesma-
do-mar adulta; então o ponto de ramificação sobre
a linha A4 -Z4 seria sua larva. Nem a evolução biológica nem
o progresso mental seguem
uma linha contínua de A6 a A7.
Surgimento de novidades
biológicas e criação de
novidades mentais.
Apresentam certas analogias
Evolução mental.
A herança social através da
tradição e dos registros
escritos não substitui a
herança genética
Nenhuma delas é
estritamente cumulativa
no sentido de continuar a
construir no local em que
a geração anterior parou.
A glória do homem
As atividades do animal e do homem variam de
automatismos semelhantes aos das máquinas até
engenhosas improvisações, de acordo com o desafio que
enfrentam. Os outros fatores sendo iguais, um ambiente
monótono conduz à mecanização dos hábitos, a rotinas
estereotipadas que, repetidas sob as mesmas condições
invariáveis, seguem o mesmo curso rígido e invariável.
Por outro lado, um ambiente variável e em mudança apresenta desafios que só podem
ser enfrentados por um comportamento flexível, estratégias variáveis e uma vivacidade
para explorar as oportunidades favoráveis. O paralelo biológico é fornecido pelas
estratégias evolutivas. Formas de auto-reparação
Formas de auto-
reparação
Formas superiores
de auto-reparação
Físicas
Poderes exclusivos de
remodelar seus padrões
de conduta, com o fim de
enfrentar desafios
decisivos através de
respostas criativas.
Entretanto, para anular um hábito mental santificado pelo
dogma ou pela tradição, tem-se de sobrepujar obstáculos
intelectuais e emocionais imensamente poderosos. Não quero
dizer apenas as forças inerciais da sociedade; o principal foco de
resistência contra a novidade herética encontra-se dentro do
crânio do indivíduo que a concebeu. Desaprender é mais difícil que aprender, e parece que a tarefa
de romper estruturas cognitivas rígidas e remontá-las numa nova
síntese não pode, em regra, ser efetuada à plena luz da mente
consciente e racional. Isso só pode ser realizado fazendo-as
reverter àquelas formas de pensamento mais fluidas, menos
comprometidas e menos especializadas que normalmente
operam nas zonas crepusculares da consciência. Associação : processo
pelo qual uma ideia
conduz a outra.
Bissociação: significa combinar
dois conjuntos diferentes de
regras, viver em diversos planos
ao mesmo tempo. Então a crise se instala, com sua busca
desesperada de um remédio, a
improvisação não-ortodoxa que conduzirá
à nova síntese, ao ato de auto-reparação
mental.
Uma solução “elegante” de um
problema dá origem, no conhecedor, à
experiência da beleza. A iluminação
intelectual e a catarse emocional são
aspectos complementares de um
progresso indivisível. O Fantasma da Máquina
Todos os organismos vivos são “sistemas abertos”, o que é o mesmo
que dizer que eles mantêm suas complexas formas e funções através
de trocas contínuas de energia e matéria com o seu ambiente. o
organismo vivo está continuamente “elaborando” substâncias mais
complexas a partir das substâncias de que se alimenta, formas mais
complexas de energia a partir da energia que absorve e padrões de
informação mais complexos — percepções, sensações, pensamentos
— a partir da entrada de seus órgãos receptores.
Entropia Negativa
• Aquilo de que um organismo se alimenta é entropia
negativa.
• Entropia (“energia transformada”) é o nome para a energia
degradada que foi dissipada pelo atrito ou outros processos
desperdiçadores no movimento a esmo das moléculas,
energia que não pode mais ser recuperada.
• Noutras palavras, entropia é uma medida de desperdício de
energia, de ordem degradada em desordem.
• Dessa maneira, a entropia tornou-se um conceito-chave da
ciência mecanicisticamente orientada — outro nome de
Thanatos, o Deus da Morte. “Entropia negativa”, então, é um
modo tipicamente malicioso de referir-se ao poder que tem
a vida de “elaborar” sistemas complexos a partir de
elementos mais simples, ordem a partir da desordem. Há uma série ascendente de níveis, indo das reações automáticas e
semi-automáticas, passando pela consciência e a autoconsciência, até
a consciência do ego de sua consciência de si próprio, e assim por
diante, sem atingir um teto representação diferentes daquelas do
palco inteiramente iluminado. Temos de distinguir, contudo, entre
esses estados gerais da consciência — graus de vigília, fadiga,
intoxicação — e o grau de consciência de uma atividade específica.
Pode, de acordo com as circunstâncias, ser efetuada automaticamente
sem ciência consciente de nossas próprias ações ou ser acompanhada
por graus variáveis de consciência. A aquisição de uma habilidade por aprendizagem exige um alto grau de
concentração
O processo da condensação da
aprendizagem em hábito prossegue
todo o tempo e equivale a uma
contínua transformação de atividade
“mental” em “mecânica” — de
“processos mentais” em “processos
maquinais” .
O hábito é o inimigo da liberdade; a mecanização dos
hábitos tende para o rigor mortis do formalista
semelhante a um robô (capitulo VIII). As máquinas não
podem tornar-se semelhantes aos homens, mas estes
podem tornar-se semelhantes às máquinas. O segundo inimigo da liberdade é a paixão, ou, mais
especificamente, as emoções auto-afirmativas, do tipo da fome,
da raiva, do medo, da violação. Quando elas são despertadas, o
controle das decisões é assumido por aqueles níveis primitivos
da hierarquia que os vitorianos chamavam de “a Besta dentro de
nós” e que se acham na realidade correlacionados a estruturas
filogeneticamente mais antigas do sistema nervoso.
A conquista do
ego é um meio
em direção à sua
transcendência.
“Mental” e “mecânico” são atributos relativos, com a dominância de um ou
do outro derivando-se de uma mudança de níveis. A consciência tem sido
comparada a um espelho no qual o corpo contempla suas próprias atividades.
Seria talvez uma aproximação mais chegada compará-la à espécie de Sala dos
Espelhos onde um espelho reflete nosso reflexo em outro espelho e assim por
diante. “Vejo em todas as partes do mundo a inevitável expressão do
conceito de infinidade (...) A ideia de Deus nada mais é que
uma das formas da ideia de infinidade. Enquanto o mistério
do infinito pesar sobre a mente humana, templos serão
erguidos ao seu culto, seja ele chamado de Brama, Alá, Jeová
ou Jesus (...) Os gregos compreenderam o misterioso poder do
lado oculto das coisas. Eles nos legaram uma das palavras
mais belas de nossa língua, a palavra “entusiasmo”, en theos,
um deus dentro de si. A grandeza das ações humanas é
medida pela inspiração da qual elas brotam. Feliz é aquele
que conduz um deus dentro de si, e a ele obedece. Os ideais
da arte e da ciência são iluminados por reflexos do infinito”.
Anexo | Tamanho |
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koestler_parte_4_genese.pdf [2] | 1.56 MB |