De 2007 para 2008, o aumento de 33% na ocorrência de crimes na internet nos EUA, totalizando quase trezentas mil denúncias e cerca de duzentos e cinqüenta milhões de dólares em perdas, evidencia a importância da discussão acerca das práticas delituosas cometidas via computador. Além disso, o relatório do FBI sugere outras duas conclusões interessantes. Uma delas, presente no próprio levantamento, é que não há reclamação por parte da polícia federal norte-americana sobre a legislação que regula o assunto. Como no Brasil, o problema concentra-se na questão da eficácia das normas, em função de sua difícil aplicabilidade, haja vista a complexidade do mundo digital e a dificuldade de produção de provas. A outra conclusão, já transcendendo o relatório, é o problema do transnacionalismo da rede de computadores, que põe em relevo a necessidade de um tratamento internacional unificado da matéria. A maior incidência de crimes digitais nos EUA aponta também para a multiplicação de delitos em outros países, no ritmo da expansão da tecnologia. E estas infrações tendem, cada vez menos, a uma restrição local. Basta olhar para os crimes mais cometidos nos EUA, quais sejam, as fraudes em cartões bancários, os e-mails invasivos e a não entrega de mercadorias compradas por computador: trata-se de violações facilmente cometidas para além das fronteiras nacionais.
