Na sexta passada, o Victor discutiu, num inspirado post sobre podcasts (clique e leia!) , a capacidade de participação dos usuários na construção de conteúdo na internet.
Hoje continuo a falar sobre essa nova moda da web. Esse post iria ser um comentário, mas logo virou uma continuação do tema. E há também algo a ser dito sobre vídeos online, ou videologs ou vlogs e divulgação científica - continue a leitura e descubra!
Podcast combina características bem conhecidas de mídias. É uma releitura-mosaico delas. E há muito o que discutir - 5 fatos sobre podcasts:
$$ - é relativamente barato começar um [não necessita de licença, diferente da rádio, porque não existem "faixas de transmissão" na internet].
Daí se diz que ele é uma forma de democratização de conteúdo independente (ou seja, sem patrocinadores). E seria também uma mídia inclusiva, por não necessitar saber ler para consumir?
Lembra: jornais e rádios comunitárias!
$$$ - é de graça ouvir qualquer um [ao menos os mais populares não cobram].
Há monetização por meio de anunciantes que pagam pelo espaço publicitário. Mas crowdfunding [patrocínio voluntário de ouvintes via ferramentas online, como patreon] ainda é a maneira de sustento de muitos. Seria uma forma de tornar possível a superprodução de conteúdos independentes? Muitos são feitos, ainda, sem intenção financeira, somente pela arte ou diversão.
Lembra: rádios!
@ - pode ser ouvido no celular.
Basta baixar um aplicativo que reproduza podcast (ou usar o nativo, no caso da Apple - Android não vem com um, mas há vários bons gratuitos).
Lembra: rádios!
@@ - muitos podcasters têm um site ou meio de contato.
E alguns comentam nos programas os e-mails recebidos e os feedbacks, o que dá certo grau de interatividade aos programas.
Lembra: programas de auditório! [alguém já mandou cartinha para seu apresentador favorito?]
>> - pode-se ser um "assinante" do conteúdo.
E receber os novos áudios no smartphone.
Lembra: revistas e jornais!
Mas um ponto que chama atenção, e não é só nos podcasts, tem tomado força na internet: divulgação científica.
No que toca à divulgação científica, alguns podcasts são:
[que também é distribuído na rádio]
[que também tem um site de divulgação científica]
[podcast estadunidense que também transmite em rádio e em geral apresenta resultados de pesquisas em economia de forma inusitada]
Porque fofocas, glamour, culinária, dia-a-dia sempre foram temas com muito espaço em todas essas mídias que inspiram os pontos positivos dos podcasts.
Mas e as revistas de ciência? E os programas e canais voltados a isso? - alguém pode se perguntar. Afinal, eles também existem.
Um diferencial - essas mídias eram patrocinadas. Eram submetidas a uma curadoria. O que entrava no programa ou reportagem de ciência, de que forma era discutido, e por quem, é emblemático. Tínhamos uns poucos canais de comunicação que eram reconhecidos como "científicos", e mesmo nesses, a grade de programação é dominada pelo entretenimento ou reality shows que passam longe de fazer reflexões científicas.
Vamos abrir o leque de possibilidades: não só podcasts alteram a maneira de tratar a ciência. Algo parecido é feito pelos vlogs (vídeos feitos por usuários do youtube e disponibilizados periodicamente em seus canais). Claro que eles não têm tanta facilidade de serem vistos no celular ou offline. Há o componente visual, que exige maior atenção de quem acessa o conteúdo. Mas ganharam seu espaço na internet brasileira. Um exemplo bem interessante é o canal coletivo science vlogs Brasil, que é uma rede dos divulgadores de ciência que mantêm canais do youtube com conteúdo científico para leigos:
https://www.youtube.com/ channel/UCqiD87j08pe5NYPZ- ncZw2w
Mídias online possibilitam realmente abrir o tema para debate e questões. São mais dinâmicas que as tradicionais. Carregam em si algo essencial à ciência e que não era tão forte nas outras mídias: a diversidade de pontos de vista. Isso no sentido de que outros usuários podem gravar um podcast ou um vídeo sobre o mesmo assunto que alguém, corrigindo ou apresentando outros aspectos dele.
A reflexão de hoje é essa: na internet nem tudo é fofoca, piadas, fotos de filhotes e comida (e mesmo política); se há mais espaço para esses assuntos (e como há! Que o digam podcasters e vloggers de entretenimento e notícias), a ciência e sua popularização também se amplificam! E o melhor: com direito a pause e elaboração da própria programação.
Fonte da imagem: https://www.youtube.com/c/sciencevlogsbrasil