Você é pós-moderno?


PorGisele Leite- Postado em 24 julho 2013

Autores: 
Gisele Leite

            Você é pós-moderno?

Gisele Leite

Resumo:

Saber definir a pós-modernidade nos encaminha a uma grande dificuldade e também a muita angústia. O texto já questiona o leitor e tenta descrever de forma didática o pós-moderno em seus vários meandros (filosófico, psicológico e sociológico) e aponta seus mais evidentes sintomas.

Palavras-chave:

Pós-modernidade. Modernidade. Filosofia. Contemporâneo. Psicologia. Sociologia.

Abstract:

Knowing how define postmodernity leads to a very difficult and also much distress. The text asks the reader and tries to describe a didactic the postmodern in its various intricacies (philosophical, psycological and sociological) and point out you most obvious symptoms.

Keywords:

Postmodernity. Modernity. Philosophy. Contemporary. Psychology. Sociology

 

O pós-modernismo quer significar o que vem depois do modernismo. O termo primeiramente apareceu com Federico de Onís ( em sua Antologia de la poesia Española e hispanoamericana, 1934) e, em Arnold J. Toynbee[1] (A Study of History, 1934) para indicar, no primeiro caso, corrente política que reage aos excessos do modernismo literário, e no segundo  caso, à nova fase histórica da civilização ocidental, iniciada a partir de 1875 com o imperialismo do final de século.

 

Para designar tal fase Toynbee usava também o termo histoire. Sobretudo a partir de 1960, o termo passou a ser usado na América e na Europa, tanto para indicar uma série de práticas culturais presentes em âmbitos disciplinares específicos, tais como, arquitetura, artes figurativas, literatura, teatro, etc. quanto para aludir às mudanças na ordem da sociedade pós-industrial. Como jargão filosófico é devido à obra de Lyotard, La condition post-moderne, 1979.

 

A partir de então, o pós-modernismo tornou-se expressão e espécie de categoria universal apta a exprimir o Zeitgeist contemporâneo e o esquecimento gradual de certa tradição filosófica que vai, grosso modo, de Descartes a Nietzsche.

 

Em particular, foram rotulados como “pós-modernos” os filósofos para os quais a modernidade, pelo menos em alguns aspectos essenciais, estaria esgotada ou acabada.

Apesar da atmosfera pós-moderna pertença a pensadores díspares, os que mais contribuíram para a sua elaboração filosófica são Lyotard e Vattimo[2]. Outras figuras também se aproximaram da sensibilidade pós-moderna são Rorty e Derrida[3].

 

Esquematicamente, segundo os pós-modernos, a modernidade seria qualificada: a) pela tendência a crer em visões globais de mundo, capaz de fornecer “legitimações” filosóficas ao conhecimento e à ação; b) pela propensão a cogitar em termos de “novidade” e “superação”; c) pela aptidão a conceber a história como percurso progressivo de que os intelectuais conhecem os fins (liberdade, igualdade, bem-estar e, etc; c) e os meios capazes de realizá-los (difusão de luzes, revolução proletária, conquista da tecnologia e da ciência); d) pela tendência a subordinar a multidão heterogênea dos acontecimentos e dos saberes a totalidades de sentido previamente constituídas.

Contra essas ideias mestras da modernidade, reagem os pós-modernos com um conjunto de ideias alternativas quais sejam:

1) desconfiança dos macrossaberes conglobadores e legitimadores;

2) proposta de formas “fracas” (Vattimo) e instáveis (Lyotard) de racionalidade, baseadas na convicção de que não existem fundamentos últimos e imutáveis;

3) rejeição à ênfase no “novo” e na categoria vanguardista de “superação”;

4) renúncia a conceber a história nos moldes de um processo universal capaz de funcionar como plataforma e garantia da humanidade em rumo da emancipação e ao progresso;

5) passagem do paradigma da unidade ao da multiplicidade, ou seja, tese da heteromorfia dos jogos linguísticos (Lyotard) e do fato de “o mundo não é um, mas muitos”(Vattimo);

6) adesão à ética do pluralismo e da tolerância coadunada com bases estruturais de uma sociedade “complexa”.

 

Ao revés ao que ocorriam com as chamadas filosofias da crise[4], da primeira metade do século XX, tais teses não podem ser reduzidas por mera inversão dialética do modernismo, e nisso reside uma das maiores novidades do pós-modernismo o comum sentido de saudade das certezas (e das totalidades) perdidas. Mas, são saudadas como conquistas positivas como aceno de maturidade intelectual e existencial do homem contemporâneo.

Alguns autores utilizam o termo para se referir ao posicionamento como ambientalismo, e neotomismo[5] que também apresentam antagonismo a certas tendências da modernidade.

 

Adotado o termo nesse sentido, como ocorre nos estudiosos segundo os quais o verdadeiro pós-modernismo não seria o de Lyotard ou Vattimo, mas aquele que se exprime na metafísica clássica, o termo perde a conotação histórico-teórica específica e acaba prognosticando (mais) equívocos linguísticos e conceituais. Isto explica porque tal acepção tende a ser ignorada ou abertamente rejeitada pelos historiadores da filosofia que se referindo a atualidade preferem cogitar de pensamento “ultramoderno” ou “antimoderno” termos que, mesmo exprimindo a ideia de contraposição à modernidade, não são historiograficamente equívocos.

 

A questão da modernidade caracteriza uma controvérsia contemporânea, envolvendo questões filosóficas de interpretação da sociedade, da arte e da cultura. É representada, por um lado pelo filósofo francês Lyotard e, por outro lado, pelo pensador alemão Habermas.

 

Lyotard introduziu a ideia da “condição pós-moderna” como uma necessidade de superação da modernidade, sobretudo na crença na ciência e na razão emancipadora, considerando que estas são, ao contrário, responsáveis pela continuação da subjugação do indivíduo.

 

De acordo com Lyotard, seguindo uma inspiração do movimento romântico, a emancipação deve ser alcançada através da valorização do sentimento e da arte, daquilo que homem possui de mais criativo e, portanto, de mais livre.

Habermas, por sua vez, defende o que chama de “projeto da modernidade[6]”, considerando que esse não está acabado, mas precisa ser levado adiante, e só através dele, pela valorização da razão crítica, será possível obter a emancipação do homem da ideologia e da dominação político-econômica.

 

Sem dúvida, uma das nobres missões da educação é refletir sobre a sociedade em sua evolução. E, há um efervescente debate sobre a vigência ou não da modernidade. Afinal somos modernos ou pós-modernos?

A modernidade introduziu uma dinâmica nova na sociedade, perceptível pelos indivíduos que vivem nela, particularmente aqueles que estão nos lugares simbólicos (como a cidade, a fábrica, a escola etc).

Estamos vivenciando uma profunda transformação da sociedade ao ponto de superarmos a modernidade, o que acarreta mudanças por todas as esferas sociais e, não apenas nas instituições sociais, mas também o sentir, na forma de fazer política.

 

Muitos autores afirmam a existência do mundo pós-moderno particularmente abalado pela crise econômica iniciada em setembro de 2008[7]. No sentido vulgar e original o adjetivo “moderno” significa algo contemporâneo, atual, ou seja, de hoje.

Em sociologia o referido adjetivo é usado em referência à teoria social moderna em franco contraste com a teoria clássica. Os primeiros autores que escreveram sobre a modernidade e a condição social moderna que se opuseram às sociedades comerciais e nacionais emergentes da Europa do século XVII, referiam-se ainda às estruturas decadentes do feudalismo e a todas as outras formas de sociedade tradicional.

Enfim, a palavra “moderno” foi usada para descrever as condições sociais específicas da Europa pós-medieval. A modernidade, a partir de então, fora associada às instituições sociais, específicas dessa sociedade. Tais instituições eram caracterizadas pela ênfase intensa e progressiva em considerações puramente racionais e num franco declínio da tradição e do tradicionalismo.

 

A condição social moderna encerra um modo de vida racionalmente organizado, em que as ações sociais assumem técnicas ou estratégias que se utilizam dos meios mais adequados e precisos para perseguir certos objetivos (igualdade, liberdade e fraternidade).

As principais formas de ação racional foram encontradas no Estado-nação e no industrialismo capitalista, em suas práticas políticas e econômicas, e passaram a dominar e moldar todas as outras áreas da vida humana.

 

Recentemente, os sociólogos e demais estudiosos das ciências sociais passaram a questionar o caráter incontestável da modernidade. Então sustentam que se a escala dessa mudança for grande, então descrevê-las como modernas pode fazer mais sentido.

A partir da segunda metade do século XX podem, na verdade,  ter assistido a tal mutação e que o mundo ocidental ingressou numa nova condição “pós-moderna”. Esses teóricos afirmam que essas mudanças culturais fundamentais extinguiram a racionalidade do Iluminismo e interromperam a racionalização, dando início às grandes transformações. O abuso da razão dialética faz surgir infindáveis angústias humanas que não encontraram ainda acolhimento e nem escuta e a descoberta da cadeia de significantes e não de meros significados[8].

 

Clamam os pós-modernistas que não era mais possível estabelecer alicerces para a certeza científica. Não haveria uma “totalidade”, “grande narrativa” ou “quadro maior” que explicasse o mundo, que tinha de ser aceito como caótico e efêmero.

 

Tais argumentos influenciaram as teorias de autores como Jacques Derrida[9], Michel Foucault e Jean Baudrillard[10] que estudaram a relatividade dos valores e das ideias.

 

O crescimento da pós-modernidade foi identificado em diversos aspectos tais como o enfraquecimento do Estado-nação, a desorganização e fragmentação das economias nacionais, a crescente relevância dos fluxos de informação e conhecimento, o aumento de risco, da incerteza e da ansiedade, a grande expansão do consumismo e da cultura popular na vida cotidiana e a extensão e interconexão globais das atividades humanas.

 

Esses argumentos corroboram com as mudanças sociais cruciais nas estruturas sociais contemporâneas, embora que muitas dessas transformações possam ser vistas como aprofundadas formas de modernismo.

 

É verdade que as referidas instituições continuamente sendo transformadas desde que apareceram pela primeira vez, o que nos leva a crer que o fim da modernidade seja contestável.

 

Sendo coerente afirmar que o conceito de pós-modernidade tem sido nos últimos anos um dos mais debatidos e diz respeito às artes, à literatura, ou à teoria social, ao Direito e as ciências sociais em geral.

 

O “pós” é inescapável com o fim do século XX onde o mal estar da civilização ocidental condensou-se e se tornou líquida a modernidade. E de fato são percebidas algumas características da pós-modernidade como: a propensão a se deixar dominar pela imaginação das mídias eletrônicas; colonização do seu universo pelos mercados (econômico, político, cultural e social); celebração do consumo como expressão pessoal; pluralidade cultural; polarização social devido aos distanciamentos acrescidos pelos rendimentos; falências das metanarrativas emancipadoras como aquelas propostas pela Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade[11].

 

A lógica da pós-modernidade valoriza vários aspectos como: o relativismo e a (in) diferença, a um conjunto de processos intelectuais flutuantes e indeterminados, a configuração de traços sociais que significaria a erupção de um movimento de descontinuidade da condição moderna, mudanças dos sistemas produtivos, a crise do trabalho, a eclipse da historicidade[12], a crise do individualismo e a onipresença da cultura narcisista de massa.

 

Na pós-modernidade vige o predomínio do instantâneo, a perda de fronteiras, gerando a ideia de que o mundo está cada vez menor através do avanço da tecnologia de comunicação. Estamos diante de um mundo virtual onde a imagem, som e texto em uma velocidade quase instantânea.

 

Vigem diferentes graus de complexidade onde se ressaltam: o efêmero, o fragmentário, o descontínuo e onde predomina o caótico. Mudaram-se os paradigmas, os valores: é o novo, o fugidio, o efêmero, o fugaz, o individualismo, é globalizado e intensamente comunicativo e conectado.

 

A dinâmica acelerada transforma o consumo numa velocidade nunca antes vivenciada. Tudo é descartável as relações afetivas e familiares. Não se namora mais, apenas se “fica”, o amor ou afeto vira o descaso do acaso.

 

A publicidade é impactante e manipuladora dos desejos humanos, promove a sedução, cria novas imagens e signos, e proliferam os eventos como espetáculos, valorizando o que a mídia que significa um estilo de vida.
Há a fácil comunicação e as telecomunicações possibilitam a conexão de imagens o que facilita a mercantilização de coisas e gostos (fetiche da mercadoria). É a ratificação da máxima que está tudo conectado.

 

A informatização invade arquivos, contas, controles, processos, bibliotecas, escolas e as residências. O caixa-eletrônico, o cartão eletrônico e a telemática são disseminados. Mudaram as lutas que agora não é contra o patrão (o dono dos meios de produção), mas contra a falta deles, a luta é contra a corrupção e contra o sistema que alimenta a miséria e produz milhares de excluídos.

 

São testemunhas da pós-modernidade o DVD (Digital Versatile Disc em português Disco Digital Versátil), o CD (Compact Disc ou em português Disco Compacto), o MP3, MP4 player (leitor de MP3 é aparelho eletrônico capaz de armazenar e reproduzir arquivos de áudio), a clonagem, as células-tronco, fertilização in vitro, os implantes de órgãos, tecidos, próteses, órgãos artificiais, tetas de silicone, lipoaspiração, lipoescultura corporal engendram uma geração de criaturas em estados artificiais que colocam em xeque a originalidade e naturalidade do ser humano. Outro aspecto em destaque é a portabilidade dos meios de comunicação.

 

As variadas invenções tecnológicas decodificadas como o notebook, o tablet, o smartphone, o relógio digital, a televisão digital, as secretárias eletrônicas, os satélites e a internet, o código de barras[13], a leitura biométrica identificam os sujeitos reduzindo as falhas e produzem cartões magnéticos multicoloridos que tanto alimenta o estilo digital.

 

Os modelos geram réplicas. As pichações viram grafites que por sua vez se transformam em arte urbana. A modernidade exaltou o humano, a pós-modernidade exalta ser star (estrela) ou ser na versão celebridade. Os shoppings, os condomínios e novos prédios são cápsulas autônomas de convivências, criam nichos especiais de interação e convivência social. O que vale é o extraforte, o superdoce, o minúsculo, o gigantesco e “megaimportante”.

 

Porém, novos fantasmas nos assombram, novas doenças[14] aparecem tal como AIDS e outras síndromes genéticas, proliferam as doenças psiquiátricas e neurológicas, na natureza vivenciamos as devastações, catástrofes e cataclismos, tsunamis.

 

Já na economia presenciamos a queda das bolsas de valores, as falências de impérios empresariais, na paixão há a morte; no ápice do prazer há a decepção e no computador o vírus pode detonar todo o arsenal de informações e romper a conectividade.

 

A indústria do meio ambiente cunhou os conceitos de sustentabilidade, de desenvolvimento econômico sustentável e responsabilidade social das empresas e, ainda, as ONGs reúnem recursos destinados à proteção das florestas, dos rios e dos animais e de reservas indígenas em franca responsabilidade compartilhada com o Poder Público.

 

As senhas para entendimento da pós-modernidade são: a saturação, a sedução, o simulacro, o soft, o light, o diet, a globalização e automação e finalmente chip[15] que poderá ser rastreado pelo satélite ou o GPS[16] em qualquer parte do planeta.

Os artistas, cantores e cantoras e, ainda celebridades cantam juntos num grande show para salvar as crianças famintas da África sob o título de “We are the world” esbanjando a solidariedade norte-americana nos diferentes cantos do mundo.

 

Conforme já assinalou Octávio Ianni[17]: “Ao lado da montagem, colagem, bricolagem, simulação e virtualidade, múltiplas combinações surgem enquanto que a mídia endeusa o espetáculo, o videoclipe, a videoconferência e o hang-out[18].

 

Tanto assim que as guerras contemporâneas, como por exemplo, a do Iraque promovem genocídios que mais parecem festivais pops, ou jogos interativos de RPG[19] (role-playing game). É uma guerra eivada de recursos tecnológicos que propõe o extermínio asséptico do inimigo. E, ainda há o terrorismo que nos propõe uma guerra invisível porém não menos destrutiva.

 

Os mais cruéis e dramáticos fatos da vida privada e das coletividades aparecem em geral, como se fosse um videoclipe eletrônico, informático, desterritorializado e descontextualizado como um documentário destinado a ser entretenimento global.

 

Vivenciamos o insólito e tudo passa como tamanha rapidez que o futuro parece ter se tornado um lugar vazio. O peculiar procedimento pós-moderno é uma paixão de “tecer das alteridades” num frenético consumo que nos arremessa numa nova ordem mundial.

 

O uso do termo “pós-modernismo” apesar de corrente gera muitas controvérsias quanto ao seu significado e pertinência mas seu principal conceito se traduz em um ideal que não pode ser massivo a uma sociedade, gerando uma espécie de conhecimento pré-fabricado e utilizado apenas para manipular as massas de forma mecanizada e desumana.

 

Alguns pensadores acreditam existir o pós-modernismo por conta do alegado esgotamento do movimento modernista que dominou a cultura, a estética e a filosofia até o final do século XX e, veio a substituir, assim, a era moderna.

 

No entanto, outros pensamentos afirmam que a pós-modernidade seria apenas a extensão da modernidade englobando-a para incluir o desenvolvimento do mundo atual, onde se deu perda aura dourada do objeto artístico pela sua reprodução em múltiplas formas como: fotografias, vídeos e, etc.

 

No Brasil o crítico Mário Pedrosa foi um dos primeiros, a utilizar este termo em 1964 ao comentar a arte de Hélio Oiticica[20] (conceituando-a de arte pós-moderna).

 

O pós-moderno é mais que a reação ao moderno, a era progressista implantada pela Revolução Industrial, ou pelo Iluminismo. Em Filosofia e teoria crítica a pós-modernidade refere-se ao estado ou condição da sociedade existir depois da modernidade, uma condição histórica que marca os motivos do fim da modernidade[21].

 

Essa utilização é atribuída aos filósofos como Jean-François Lyotard[22] e Jean Baudrillard. Segundo Habermas foi a modernidade que concebeu a incorporação o princípio de racionalidade e hierarquia para dentro do público e da vida artística.

 

Já Lyotard entendeu a modernidade como condição cultural caracterizada pela mudança constante na perseguição do processo. É o moto contínuo. Essa mudança constante se tornou o status quo e a noção de progresso obsoleto.

E, seguindo a crítica Ludwig Wittgenstein [23]da possibilidade do absoluto e o conhecimento total, ainda argumentou que fracassaram várias metanarrativas de progresso tais como a ciência positivista.

 

Frederic Jameson e David Harvey identificaram a pós-modernidade como um capitalismo tardio ou “acumulação flexível” onde o trabalho se torna altamente móvel e capital. Há outros que veem a modernidade como uma falha evolutiva da humanidade culminada com desastres como Auschwitz e Hiroshima.

 

Jürgen Habermas e outros filósofos afirmam que a pós-modernidade representa a ressurgência de longa duração de ideias contra-iluministas[24], que o projeto moderno não está terminado e que a universalidade não pode ser tão facilmente dispensada.

 

A condição pós-moderna caracteriza-se pelo fim das metanarrativas que tanto endossaram os esquemas explicativos mas que caíram em descrédito posto que nem mesmo a ciência pudesse ser considerada como a pura forte da verdade.

 

Existem autores que preferem evitar o termo como o sociólogo polonês Zygmunt Bauman[25], preferiu a expressão “modernidade líquida” traduzida como realidade ambígua, multiforme inspirado na clássica expressão do manifesto comunista (de Marx) “tudo o que é sólido se desmancha no ar”.

 

Já o filósofo francês Gilles Lipovetsky[26] prefere o termo “hipermodernidade” por considerar não ter havido de fato ruptura com os termos modernos. Ratifica Lipovetsky, os tempos atuais são “modernos”, com a exacerbação de certas características das sociedades modernas, tais como o individualismo, o consumismo, a ética hedonista e a fragmentação do tempo e do espaço.

 

Por sua vez, Habermas relaciona o conceito de pós-modernidade às tendências políticas e culturais neoconservadoras, determinadas a combater os ideais iluministas.

 

A segunda metade do século XX vivenciou um processo inédito de mudanças na história do pensamento e da técnica. Com aceleração demasiada das tecnologias de comunicação, das artes, dos materiais e da genética que promoveu alterações paradigmáticas no modo de se pensar a sociedade e suas instituições.

 

A modernidade inspirada nos séculos XV e XVIII é firmemente criticada[27] em seus fundamentos, como a crença na verdade somente alcançável pela razão, e na linearidade histórica rumo ao progresso.

 

Em substituição de tais dogmas são propostos novos valores, menos ortodoxos e menos fechados e categorizantes. Esses valores serviriam de base para o período que se tenta anunciar no pensamento, na ciência e na tecnologia, de superação da modernidade.

 

Historicamente a pós-modernidade passou por duas fases relativamente distintas: a primeira que começou em 1950 e terminou com a Guerra Fria; já a segunda fase começou no fim da Guerra Fria, e foi marcada pela popularização da televisão a cabo e a “nova mídia” baseada em significados digitais de disseminação de informação e transmissão.

 

A segunda fase da pós-modernidade pode ser definida pela digitalidade, onde se verificou o aumento do poder pessoal e digital através dos meios de comunicação (máquinas de fax,modems, cabo, celulares, internet rápida, bluetooth, wireless) que tanto alteraram a produção digital do documento e que permitiu que as pessoas manipulassem virtualmente todo aspecto do ambiente da mídia.

 

Propiciando a criação de nova economia[28] capaz de movimentar a estrutura social com a violenta queda de custo gerada pela criação de informação. O ser digital é peculiar da era pós-moderna. O uso de engenharias para indexar o conhecimento e telecomunicações foram formando uma “convergência” bem caracterizada pelo surgimento da “cultura participatória”.

 

Outro marco memorável foi o colapso da União Soviética e a liberação da China em 1991 e, por fim, a queda do muro de Berlim. A questão filosófica-política tem sido respondida com guerras e as discussões sobre valores fundamentais não mais poderiam se erguer desde que todas as contradições antigas fossem resolvidas e todas as necessidades humanas fossem finalmente atendidas.

 

Esse tipo de finitismo foi bem explorado nas artes e na literatura. Onde se identifica-se igualmente a crise de identidade cultural em face da fragmentação do indivíduo moderno e a ênfase de novas identidades, sujeitas ao plano da história, da política, da representação, da diferença e do pluralismo.

 

Também se alterou o modo de percepção sobre a identidade cultural. Todo esse processo descreveu o deslocamento das estruturas tradicionais ocorrido nas sociedades modernas e pós-modernas bem como a descentralização das referências que legavam a pessoa ao seu mundo social e cultural (fragilidade das relações).

 

A globalização alterou as noções de tempo e espaço, desalojou o sistema social fixo e possibilitou a pluralização dos centros do exercício do poder. Desde 1980 desenvolve-se um processo de construção de cultura global. Não apenas a cultura de massa já identificada e consolidada em meados do século XX.

 

A sociedade pós-industrial sofre de profunda multiplicidade de valores, a fragmentação, a desreferencialização e a entropia[29] (que, com a aceitação de todos os estilos e estéticas, pretende a inclusão de todas as culturas como mercados consumidores).

 

Nesse modelo pós-moderno e pós-industrial privilegia-se os serviços e a informação sobre a produção material, a comunicação e a indústria cultural ganham papéis fundamentais na difusão de valores e ideias do novo sistema.

 

A tão comentada crise de representação que assombrou as artes e a linguagem, nesse contexto, é fenômeno diretamente ligado à destruição dos referenciais que vinham norteando o pensamento até bem recentemente.

 

O registro do real (figurativismo) fora o principal eixo de pintura até 1870 bem como resto de toda arte, até o pós-guerra. A partir daí, valoriza-se a entropia tudo vale e todos os discursos são válidos. Conclui-se que não há mais padrões limitados para representar a realidade resultando numa crise ética e estética.

 

Reafirma-se o pós-moderno pelo ser caráter policultural, sua multiplicidade, sua hiperinformação e serve bem a rede inclusiva de consumidores. Os meios audiovisuais utilizando-se da sua capacidade de atingir maiores sentidos humanos (visão e audição) que são responsáveis por mais de ¾ das informações que chegam ao cérebro e possui rico potencial e mais direto para transmitir sua mensagem e decodificação da realidade.

 

O pós-modernismo é movimento contemporâneo e a claridade de sua definição não se encontra entre seus principais atributos. A noção de que tudo é um texto e que o material básico de textos está na sociedade e quase tudo é significado e, estão justamente para ser decodificado ou desconstruído a noção de que a realidade objetiva é suspeita, enfim tudo compõe a obscura névoa que se traduz o pós-modernismo[30].

 

Concluímos que a verdade é ilusiva e ilusória, polimorfa, íntima e subjetiva. E pela abundância de significado, se requer hermenêutica. A confrontação existente no pós-modernismo, no fundo, é uma reprise da batalha entre o classicismo e o romantismo, o primeiro associado com a dominação pela Europa por uma corte francesa e suas maneiras e padrões, o último com a reação pelas outras nações afirmando valores das suas próprias culturas populares.

 

Enxergam-se duas ou três grandes etapas na evolução do tipo do pensamento que culminaria no pós-modernismo como evolução do marxismo (o teórico, o marxismo na prática vivido na URSS e a Escola de Frankfurt[31]).

 

Vige certa polêmica quando alguns estudiosos situam o pós-modernismo que teria a origem no marxismo. Principalmente porque o marxismo afirmava-se científico enquanto os intelectuais pós-modernos colocam em questão precisamente a possibilidade de se chegar a uma visão única.

 

A Escola de Frankfurt[32] surgiu com o fim do stalinismo, com as reformas de Khruschov e a crescente dúvida no empreendimento comunista, o panorama tinha evoluído num sentido ainda mais radical (e absurdo, para alguns). A referida escola tinha em comum com os marxistas, o dado que explicava a visão de seus opositores.

 

Denunciou o pós-modernismo a verdadeira ilusão era a crença na possibilidade de verdade única e objetiva. O pensamento vive sob os significados, e específicos da vida. Ergo, vida é subjetividade.

 

A nova era histórica pode ser entendida como uma nova revolução, mas não nos moldes da revolução francesa e russa. Pode-se afirmar que o alvo das revoluções é, primeiramente, o próprio homem[33] e não a sociedade, que só será transformada depois que homem já estiver sido reformado.

 

O pós-modernismo em sua concepção psicológica atenta para o fato de serem as verdades ilusórias e aprisionariam o homem que deve ser totalmente livre.

 

Em se entendendo o homem como ser dotado de três potências básicas: a inteligência, a vontade e a sensibilidade, consecutivamente em sua ordem natural (e por natureza o homem é racional), ou seja, a inteligência governa a vontade que comanda a sensibilidade; a mudança no homem chega ser mais profunda.

 

A pós-modernidade não só afirma que a sociedade aprisiona o homem, mas também que ele deve dar mais importância à sua sensibilidade do que à sua inteligência.

 

Percebe-se que o homem pós-moderno[34] vive à procura das sensações, da emoção sem limites. Seria como a inteligência servisse para justificar a vontade. E, esta, por sua vez, pela religião ou pelo trabalho intelectual (a sublimação seria um processo psíquico pelo qual a energia instintiva sexual é desviada para outros objetos, tais como a cultura e a religião).

 

Enfim, a busca do homem pós-moderno[35] é sentir algo que traga o máximo de emoções e o mínimo de dor. No campo psicológico a pós-modernidade bem espelha a teoria de Freud que resumidamente afirmava que o "Superego" aprisionaria o "id", local inconsciente onde se encontra a verdadeira personalidade do homem, com seus instintos e vontades livres e que é coibido pelos valores e normas do "superego".

Portanto, a pergunta é pertinente: você é pós-moderno? A própria ausência de resposta é confessadamente pós-moderno.

 

 

 

 

 

Referências

 

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia.5.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ANDERSON, Perry. Origens da Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

AGUIAR, João Valente. A imagem na cultura do pós-modernismo. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-20702010000... Acesso em 23/07/2013.

BAUDRILLARD, Jean. The Precession of Simulacra, in A Postmodern Reader, Joseph Natoli e Linda Hutcheon. Albany: State University of New York Press, 1993.

BAUMAN, Zygmunt. Ética pós-moderna. São Paulo: Paulus, 1997.

BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar. A aventura da modernidade.Tradução Carlos Felipe Moisés, Ana Maria L. Ioriatti. 1a. ed.São Paulo: Companhia Das Letras, 1982.

CAVALCANTE, Márcio Balbino. O conceito de pós-modernidade na sociedade atual. Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.com/geografia/o-conceito-posmodernidade-na-sociedade-atual.htm  Acesso em 20/07/2013.

Conteúdo aberto. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Pós-Modernismo. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3s-modernidade   Acesso em 20/07/2013.

ECO, Umberto.Apocalípticos e Integrados, São Paulo: Perspectiva, 1993.

FREITAS, Ricardo F. Shopping Centers: Ilhas urbanas da pós-modernidade, In: RECTOR, Mônica, NEIVA, Eduardo (org.); Comunicação na era pós-moderna. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

GUERREIRO, Carmen. Questões Contemporâneas. Disponível em: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/167/questoes-contemporaneas-233505-1.asp  Acesso em 20/07/2013.

HABERMAS, Jürgen. A Modernidade: um projeto inacabado? Tradução: Nuno Ferreira Fonseca, 1980. In Crítica - Revista do Pensamento Contemporâneo, nº 2, novembro 1987, pp 5-23.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade; Tradução Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro: Rio de Janeiro: DP&A, 1998.

HARVEY, David. A Condição Pós-Moderna. São Paulo: Loyola, 1993.

HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.) Pós-Modernismo e Política. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.

HORKHEIMER, Max; ADORNO, W Theodor  Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos; Tradução: Guido Antonio de Almeida: Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

IANNI, Octavio. Enigmas da modernidade-Mundo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

JAPIASSÚ, HILTON. Dicionário básico de filosofia. 3.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.

JÚNIOR, Miguel Reale; FORBES, Jorge; FERRAZ Jr, Tércio Sampaio, com Gilles Lipovetsky, Chaim Samuel. A Invenção do Futuro - Um debate sobre a pós-modernidade e a hipermidernidade. São Paulo: Editora Manole, 2005.

LAND, Gary. O desafio do pós-modernismo. Disponível em: http://dialogue.adventist.org/articles/08_1_land_p.htmAcesso em 22/07/2013.

MACHADO, Igor José de Renó. Estado-nação, identidade para o mercado e representações de nação. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034770120040001... Acesso em 23/07/2013.

MORIN, Edgar.Cultura de Massas no Século XX: O Espírito do Tempo - I /Neurose; Tradução Maura Ribeiro Sardinha: Forense Universitária, 2000.

SOUZA, Michel Aires de. Entropia e Pós-Modernidade: o mundo em que vivemos. Disponível em: http://filosofonet.wordpress.com/2012/11/20/entropia-e-pos-modernidade-o-mundo-em-que-vivemos/  Acesso em 23/07/2013.

 

THERRIEN, Jacques. Os saberes da racionalidade pedagógica na sociedade contemporânea. Goiânia: Revista Educativa, v.9, p.67-81, jan./jun.2006.

WHITE, Hayden. Metahistory: The Historical Imagination in Nineteenth-CenturyEurope. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1973.



[1] Arnold Joseph Toynbee foi historiador britânico cuja obra-prima é "Um Estudo de História” (A Study of History) onde examina em doze volumes, o processo de nascimento, crescimento e queda das civilizações sob a perspectiva global.

[2] Gianteresio Vattimo é um filósofo e político italiano, um dos expoentes do pós-modernismo europeu. Nos anos 1950, trabalhou em programas culturais da RAI. É diretor da Rivista di estetica, membro de comissões científicas de vários periódicos italianos e estrangeiros e sócio correspondente da Academia de Ciência Turim. Escreve para o seminário L'Espresso,  para o diário La Repubblica e sobretudo La Stampa, onde produz editoriais com reflexões críticas sobre politica e cultura. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa das Universidades de La Plata, Palermo e Madrid.

[3] A contundente afirmação de Nietzsche: - “Deus está morto! Eis que lhes mostro o super-homem”. Abriu o caminho para o pós-modernismo. E, concluímos que a razão e a ciência não nos levarão  ao paraíso. Daí, não é de se admirar que existissem reações contra o modernismo. E, uma destas reações foi o pós-modernismo. No plano histórico, Nietzsche esbravejou: - a realidade é o que você cria. Portanto, os seres humanos têm tanto a oportunidade como a responsabilidade de criar seu próprio mundo. Já para Heidegger, por sua vez enunciou: a realidade é ser. Heidegger é filósofo alemão do século XX que concordando com Nietzsche ao confirmar que a linguagem cria a realidade. Em vez de analisar a linguagem, o filósofo queria afinal experimentá-la, e através desta experiência chegar a contato com o "ser". Já para Derrida, não há sentido evidente. Também se preocupa com linguagem. Uma vez que não temos uma visão imediata da realidade, dependemos do falar e do escrever. Mas falar e escrever são ambíguos e não comunicam necessariamente o que gostaríamos. Derrida propôs decompor os textos, o inclui analisar a etimologia de palavras, trocadilhos não intencionais, e deslizes freudianos no esforço de demonstrar que eles não contem nenhum sentido óbvio. Essas foram resumidamente as bases filosóficas do pós-modernismo: primeiro, os seres humanos não tem acesso à realidade e, portanto, nenhum meio de perceber a verdade; Segundo, a realidade é inacessível porque somos restritos a uma linguagem que molda nossos pensamentos antes de pensarmos e porque não podemos expressar o que pensamos; Terceiro, através da linguagem criamos a realidade, e assim a natureza da realidade é determinada por quem quer que detenha o poder de moldar a linguagem.

 

[4] A crise atual da humanidade constata que as inteligências deficitárias de nossa época, que cooperam, conscientemente ou não, na tentativa de destruir o que havia de mais positivo no pensamento humano. A crise atual, portanto, manifesta uma ruptura entre o sujeito e sua subjetividade que lhe é própria, e isto entre outros fatores levaram ao nihilismo; entre sujeito e a economia, levou a supervalorização da economia em detrimento da pessoa, devemos salvar a economia das instituições ou as pessoas submetidas ao poder das instituições econômicas.

[5] O neotomismo representa a tentativa de fazer renascer o tomismo, o sistema filosófico de São Tomás de Aquino, no seio da modernidade. O neotomismo pretender manter, no fundamental, todas as características atribuídas à filosofia tomista, que considera representar o ponto mais elevado e evoluído da escolástica medieval. Das teses tomistas destaca-se a tese mediadora da acesa problemática que ocupou a filosofia medieval, na tentativa de definir uma posição quanto ao problema do realismo e do nominalismo.

A tese tomista inspirou-se em Aristóteles para defender que o gênero é real (realismo), mas que a substância primeira é o indivíduo (nominalismo), como individuação do gênero. Os neotomistas pretendem reforçar que o pensamento de São Tomás foi o ponto culminante do saber filosófico e, daí o apelo para a necessidade de a ele retornar. O tomismo, após o seu período de ampla divulgação, na Idade Média, acabou por ir ficando no esquecimento durante a modernidade, até que o Papa Leão XIII faz uma exortação, na encíclica Aeterni Patris, em 04 de agosto de 1879, em favor do regresso ao tomismo por parte dos católicos, dando assim impulso necessário para o neotomismo já iniciado na Itália se pudesse continuar a se desenvolver. Há a se destacar, como personagens fundamentais neste renascimento, ainda na primeira metade do século XIX, Buzzetti, depois Serafim e Domingos Sordi, Luís Taparelli d'Azeglio e Mateus Leberattore. Na Alemanha, foi precursor do neotomismo o jesuíta G. Kleugten.

 

[6] A tese central de Habermas em seu discurso filosófico da modernidade expõe sua posição no debate entre modernidade e pós-modernidade. Além de querer revitalizar e completar o inacabado projeto da modernidade pela via da razão comunicativa, como saída para um paradigma da filosofia do sujeito que estaria esgotada, ele quer mapear e atacar os discursos críticos da modernidade, que em alguns caminhos levam à pós-modernidade conservadora e irracional. Em conclusão, Habermas leva a um embricamento confuso entre modernidade e pós-modernidade que coloca esses dois termos num mesmo nível aparente, sendo a pós-modernidade crítica como a modernidade que é autocrítica da modernidade, assim revê seu projeto; e a pós-modernidade conservadora como crítica irracional que pensa ter se afastado de forma legítima da modernidade.

[7] Em outubro de 2008, a Alemanha, França, Áustria, Países Baixos e a Itália anunciaram pacotes econômicos que somaram 1,17 trilhão de euros em ajuda aos seus sistemas financeiros. O PIB da Zona do Europa teve queda de 1,5% no quarto trimestre de 2008, em relação ao trimestre anterioir e experimentou a maior contração da história da economia mundial.

[8] Lacan retomando o texto original de Freud intitulado "Para além do princípio do prazer", desenvolve a categoria de sujeito do inconsciente, como sujeito dividido, sendo marcado por uma falta radical, por um não-saber. Lacan pôs o futuro na Psicanálise e nos legou uma clínica que nos possibilita, a partir do nosso desejo, inventar o nosso próprio futuro.

[9] Jacques Derrida (1930-2004) foi filósofo francês que iniciou nos anos 1960 a Desconstrução em filosofia. Esta Deconstrução é termo que cunhou e deve ser compreendida à luz do que é conhecido como intuicionismo e construcionismo no campo da metamatemática.. A sua figura é alvo frequente de ataques polêmicos, sobretudo por autores que se reclama da tradição analítica, pelas usas opções de escrita filosófica. em geral.

[10] Jean Baudrillard (1929-2007) foi sociólogo e filósofo francês. Foi personagem polêmico e desenvolveu uma série de teorias que remetem ao estudo dos impactos da comunicação e das mídias na sociedade e na cultura contemporâneas Partindo da realidade construída (hiper-realidade), o autor discute a estrutura do processo em que a cultura de massa produz esta realidade virtual. Suas teorias contradizem o discurso da "verdade absoluta" e contribuem para o questionamento da situação de dominação imposta pelos complexos e contemporâneos sistemas de signos. Os impactos do desenvolvimento da tecnologia e abstração das representações dos discursos são outros fenômenos que servem de objeto para os seus estudos. Sua postura era profética e apocalíptica foi baseada em teorias irônicas que tem como objetivo o desenvolvimento de hipóteses e polêmicas sobre questões atuais e que refletem sobre a definição do papel do homem ocupa neste ambiente.

 

[11] E começamos a duvidar: temos a liberdade contingenciada, a igualdade meramente formal e injusta. E uma fraternidade para fins comerciais e não solidária.

[12] A crise da história tida como disciplina da qual faz parte uma crise geral, ideológica, política, de valores e que afeta o conjunto de ciênciais sociais e humanas. Toma por referência as décadas dos anos de 1970, 1980 e 90.  Os anos 1970 foi marcada por um retrocesso em tudo o que supôs o movimento de maio de 1968, ocorreu o primeiro retorno do sujeito. Há o redescobrimento do sujeito mental e, também o sujeito social. Já, nos anos de 1980 muda a raiz do contexto político-ideológico no mundo. São anos de neoconservadorismo que veio depois a ser chamado de neoliberalismo ou pensamento único, e são os anos da difusão do pós-modernismo, como proposta filosófica em voga.

A historiografia ocidental se fragmenta então, em temas, métodos e escolas, até ao inimaginável (é a chamada história em migalhas). Em 1989 chega o clímax do neoliberalismo e pelo pós-modernismo, pela fragmentação historiográfica e pela crise de progresso que constituem a filosofia básica dos três movimentos historiográficos mais importantes do século XX, e, em geral, das ciências sociais, que se alimentaram, desde suas origens, do mesmo modo que a história científica, da filosofia de Ilustração. No contexto dos anos 90 é a própria crise do neoliberalismo e do pós-modernismo busca-se novo paradigma mais autocrítico, local e global, social e cultural, estatal e livrecambista, mais complexa e difícil mas não abandonando o critiscimo e nem renuncie à transformação da sociedade e com a liderança da razão. Com a internet nasce uma nova comunidade internacional de historiadores.

 

[13] É uma representação gráfica de dados numéricos ou alfanuméricos. A decodificação (leitura) dos dados é realizada por um tipo de scanner - o leitor de código de barros, que emite um raio vermelho que percorre todas as barras. Onde a barra for escura a luz é absorvida, onde a barra for clara (espaços), a luz refletida novamente para o leitor. Os dados capturados nessa leitura óptica são compreendidos pelo computador, que por sua vez converte-os em letras ou números humanos e legíveis.

[14] Segundo Freud, a doença da era moderna era a histeria, onde ocorria a teatralização do sujeito, incapaz de suportar tanta repressão, originada no conflito psíquico. O mal estar pós-moderno, é visível e trivial, expresso na linguagem do cotidiano do trabalho compulsivo, muitas vezes vendido como se fosse lazer ou o “ócio criativo”, que gera estresse, perversão, depressão, obesidade e tédio.

[15] Em eletrônica, um circuito integrado (também conhecido como CI), microcomputador, microchip, chip de silício, chip ou chipe é um circuito eletrônico miniaturizado composto principalmente por dispositivos semicondutores que tem sido produzido na superfície de um substrato fino de material semicondutor.

[16] GPS é sigla para global positioning system que significa sistema de posicionamento global em português. É sistema de navegação por satélite com um aparelho móvel que envia informações sobre a posição de algo em qualquer horário e em qualquer condição climática.

[17] Octávio Ianni (1926-2004) foi sociólogo brasileiro. Aposentado pelo AI-5, foi proibido de dar aulas na USP, foi para PUC-SP e integrou a equipe de pesquisadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), foi professor visitante e conferencista em universidades norte-americanas, latino-americanas e europeias. Participou da chamada Escola de Sociologia Paulista que traçou um panorama novo sobre o preconceito racial no Brasil. Ao lado de Florestan Fernandes e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é considerado um dos principais sociólogos do país. Nos seus últimos anos de vida, dedicou seus estudos à globalização.

[18] Hangouts permitem conectar as pessoas com som e imagem através do site google.com

[19] Role-playing gametambém conhecido como RPG em português é jogo de interpretação de personagem, é um tipo de jogo em que os jogadores assumem os papéis de personagens e criam narrativas colaborativamente. O progresso de um jogo se dá conforme um sistema de regras predeterminado, dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente. As escolhas dos jogadores determinam a direção que o jogo irá tomar. O RPG tem seu uso amplamente incentivado pelo Ministério da Educação (MEC) como método de ensino. É usado igualmente para aguçar a cooperação mútua e o raciocínio lógico dos estudantes.

 

[20] Hélio de Oiticica (1937-1980) foi pintor, escultor, artista plástico e performático de aspirações anarquistas. É considerado por muitos críticos um dos artistas mais revolucionários de seu tempo e sua obra experimental e inovadora e reconhecida internacionalmente. Grande parte dos documentos de Hélio Oiticica foi perdida no incêndio e foi preservado pela digitalização realizada pelo Programa Hélio Oiticica, coordenado pela curadora e crítica de arte Lisette Lagnado e desenvolvido em parceria com Instituto Itaú Cultural.

[21] Em sua origem o pós-modernismo significava a perda da historicidade e o fim da "grande narrativa", e no campo estético significou o fim de uma tradição de mudança e ruptura, o apagamento da fronteira entre "cultura de elite" e da "cultura de massa" e a prática da apropriação e da citação de obras do passado. Há diversos ícones do movimento pós-modernista nas artes. Nas artes plásticas foi Andy Warhol e a Pop Art, o fotorrealismo e o neoexpressionismo. Se o modernismo foi caracterizado por "imagens de máquinas", podemos concluir que o pós-moderno é caracterizado por "máquinas de imagens", como a televisão, o computador, a internet, instgram e, etc.

[22]Jean-François Lyotard (1924-1998) foi filósofo francês e muito importante na discussão sobre a pós-modernidade. Autor dos livros “A Fenomenologia”, “A Condição Pós-Moderna” e “O Inumano”. Em seu livro "A Condição Pós-Moderna" (1979) utiliza o conceito de "jogos de linguagem", originalmente desenvolvido por Ludwig Wittegenstein, e centros e a complexidade das relações sociais dos sujeitos. A primeira tradução para o português optou pelo título “O pós-moderno, tendo recentemente a retomado a tradução direta do original “La Condition Post moderne”, a qual expressa devidamente uma condição de vivência, e não um estado dado”. “O Pós-moderno seria o estado da cultura, depois de transformações súbitas nas regras dos jogos da ciência, da literatura e das artes, a partir do século XIX (...)”. Segundo Lyotard "não podemos mais recorrer à grande narrativa - não podemos nos apoiar na dialética do espírito nem mesmo na emancipação da humanidade para validar o discurso científico pós-moderno".

[23]Ludwig Joseph Johann Wittgenstein (1889-1951) foi filósofo austríaco, naturalizado britânico. Foi um dos principais atores da chamada virada linguística na filosofia do século XX. Suas principais contribuições foram feitas nos campos da lógica, da linguagem, da matemática e da filosofia da mente.

[24]As agudas contradições entre a teoria e a prática do pensamento iluminista em geral, e da doutrina dos direitos humanos em particular, reforça o discurso pós-moderno que os valores iluministas, incluindo o dos direitos humanos não tenham qualquer validade. A verdade é tais valores foram e prosseguem sendo usados como instrumento de exercício de poder e violência de regimes e movimentos políticos. E, pior ainda, que muitos atos que violam os direitos humanos são estes mesmos justificados como atos de proteção aos direitos humanos, como por exemplo, as intervenções humanitárias e a Guerra do Iraque que são dois exemplos desse fenômeno.

[25] Zygmunt Bauman é sociólogo polonês que iniciou sua carreira acadêmica na Universidade de Varsóvia, e teve artigos e livros censurados e em 1968 fora afastado da referida universidade. Emigrou da Polônia, reconstruindo sua carreira no Canadá, Estados Unidos e Austrália até chegar ao Reino Unido, onde em 1971 se tornou professor titular da universidade de Leeds, cargo que ocupou por vinte anos. Atualmente é professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia. Vale a pena assistir a entrevista ao sociólogo, vide em http://g1.globo.com/globo-news/milenio/platb/?s=Bauman

[26] Gilles Lipovetsy é filósofo francês, professor de Filosofia da Universidade de Grenoble, teórico da hipermodernidade. Autor dos livros "A Era do Vazio", "O luxo eterno", "O império do efêmero", "A felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade do hiperconsumo", entre outros. A hipermodernidade é termo criado por ele para delimitar o momento atual da sociedade humana. Onde o prefixo "hiper" é utilizado em referência a uma exacerbação dos valores criados na modernidade, atualmente elevados exponencialmente.

[27] O poeta e crítico mexicano Octavio Paz, lamentou que a modernidade "tenha sido cortada do passado e tenha de ir continuamente saltando para a frente, num ritmo vertiginoso que não lhe permite deitar raízes, que a obriga meramente a sobreviver de um dia para o outro: a modernidade se tornou incapaz de retornar a suas origens para, então recuperar seus poderes de renovação.

[28] A economia pós-moderna diferencia-se da economia fordista ou de escala. Nesse processo, o "Estado do capital mundial" (Banco Mundial/FMI), ofusca a autonomia do Estado-nação, e a corporação transnacional é decisiva num sistema de mercado onde a hegemonia é dada pelo poder da competição.

[29] Há um princípio da termodinâmica, a entropia,  que postula uma tendência para a desorganização das moléculas em um dado sistema. Quanto maior a temperatura, maior será a desorganização das partículas. Quanto maior a desorganização das partículas, maior será a entropia. Contudo, o nosso objetivo aqui não é especular sobre a termodinâmica.  O que buscamos refletir é sobre a experiência pós-moderna. Nesse sentido, o conceito de entropia serve-nos para pensarmos essa  experiência de luta e contradição, desintegração e mudança,  vazia de sentido e finalidade. O que podemos notar em nossa atualidade é uma tendência universal em todas as esferas da vida social para a disfunção,  para a anomia. Os vários sistema sociais como a política, a economia, a cultura, o meio ambiente, a família passam por um processo de ordem para um estado de desordem crescente. (In: SOUZA, Michel Aires de. Entropia e Pós-Modernidade: o mundo em que vivemos. Disponível em: http://filosofonet.wordpress.com/2012/11/20/entropia-e-pos-modernidade-o-mundo-em-que-vivemos/ Acesso em 23/07/2013. )

[30] A epistemologia pós-moderna segue especialmente sua vertente relativista. E propõe a expansão cognitiva imbricada no indeterminismo quântico e na teoria do caos. Enfim, a ciência pós-moderna aboliu o conceito de realidade física e privilegia a não-linearidade e adescontinuidade. E transcende as distinções metafísicas cartesianas entre humanidade e natureza, entre observador e observado, entre sujeito e objeto. Sua prespectiva ontológica se baseia na trama dinâmica das relações entre o todo e as partes, no lugar das essências individuais fixas, contextualizando interações e fluxos.

 

[31] Escola de Frankfurt ou em alemão Frakfurter Schuler refere-se à escola de teoria social interdisciplinar neomarxista particularmente associada com o Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt. Inicialmente consistia de cientista sociais marxistas dissidentes que acreditavam que alguns seguidores de Marx tinham se tornado meros “papagaios” de uma limitada seleção de ideias de Marx, usualmente em defesa dos ortodoxos partidos comunistas. Muitos desses teóricos admitiam que a tradicional teoria marxista não pudesse explicar adequadamente o turbulento desenvolvimento das sociedades capitalistas no século XX.

[32] Desde a década de sessenta, a teoria crítica da Escola de Frankfurt tem sido crescentemente guiada pelo trabalho de Habermas na razão comunicativa, intersubjetividade linguística e o que denominou de "discurso filosófico da modernidade".

[33] O perfil desse homem  é caracterizado por ser aquele que não dá atenção às coisas que estão em sua volta, estando sujeito às mudanças bruscas e repentinas, e por essa razão, vive num mar à deriva, se apegando a qualquer coisa, e se conformando com a transitoriedade permanente, onde tudo vale à pena ou nada lhe interessa. Em primeiro lugar há o apego ao materialismo, ao hedonismo, à permissividade, à revolução sem finalidade, ao relativismo e ao consumismo desenfreado.

[34] A verdade é que a sociedade ocidental atual tem mudado radicalmente seu conceito do mundo. A grande questão é que o homem pós-moderno se vê numa encruzilhada. A máxima de que tudo é relativo é ilógica, pois ao universalizar o relativo, acaba o transformando em absoluto. E nesse grande desespero, o homem vivencia uma enorme desesperança em relação ao futuro.E, uma prova disso, é identificar que a atual juventude menos idealista, menos politizada e mais alienada. Não possui bandeiras pelas quais lutar, e apesar disso, no campo da religiosidade, houve acentuada espiritualização. Mas a religiosidade contemporânea é mais light pois também tende ao relativismo.

[35] Essa busca, segundo Edgar Morin, acaba por quebrar as tradições do homem pois, para ele, “a cultura de massa integra e se integra ao mesmo tempo numa realidade policultural'', que transforma as antigas identidades homogêneas em híbridos culturais. E, o homem ao tentar buscar no seu passado símbolos para respaldar sua identidade presente e futura, acaba por criar uma nova cultura sob a bênção da indústria cultural.