Trabalho - seu futuro e evolução.


PorPCesar- Postado em 12 setembro 2011

Admita: você também não gosta de trabalhar. Passar o dia inteiro sob luzes fluorescentes, tomando café ruim, sentado em uma cadeira desconfortável e usando um computador velho certamente não faz parte do sonho de infância de ninguém. Admita. E não se sinta culpado. Nossos ancestrais - que nem conheciam as torturas de um escritório - também não eram muito chegados a essa história de trabalho.

Para gregos e romanos, colocar a mão na massa era considerada tarefa das classes inferiores e escravos. Domenico de Masi, professor de Sociologia do Trabalho na Universidade La Sapienza de Roma e autor do livro O Ócio Criativo, que defende uma abordagem mais lúdica do trabalho, apontou um ponto de convergência em todas as religiões: em nenhuma delas se trabalha no Paraíso. "Tenha o Paraíso sido criado por Deus, tenha sido inventado pelos homens, se o trabalho fosse um valor positivo, no Paraíso se trabalharia", afirma. Ou seja, alguma coisa está errada, e não é de hoje.

Felizmente, nunca houve tantas ferramentas disponíveis para mudar o modo como trabalhamos e, consequentemente, como vivemos. E as transformações estão acontecendo. A crise despedaçou companhias gigantes tidas até então como modelos de administração. Em vez de grandes conglo-merados, o futuro será povoado de empresas menores reunidas em torno de projetos em comum. Os próximos anos também vão consolidar mudanças que vêm acontecendo há algum tempo: a busca pela qualidade de vida, a preocupação com o meio ambiente, e a vontade de nos realizarmos como pessoas também em nossos trabalhos. "Falamos tanto em desperdício de recursos naturais e energia, mas e quanto ao desperdício de talentos?", diz o filósofo e ensaísta suíço Alain de Botton em seu novo livro The Pleasures and Sorrows of Works (Os prazeres e as dores do trabalho, ainda inédito no Brasil).

Para começar, esqueça essa história de emprego. Em dez anos, emprego será uma palavra caminhando para o desuso. O mundo estará mais veloz, interligado e com organizações diferentes das nossas. Novas tecnologias vão ampliar ainda mais a possibilidade de trabalhar ao redor do globo, em qualquer horário. Hierarquias flexíveis irão surgir para acompanhar o poder descentralizado das redes de produção. Será a era do trabalho freelance, colaborativo e, de certa forma, inseguro. Também será o tempo de mais conforto, cuidado com a natureza e criatividade.

A globalização e os avanços tecnológicos (alguns deles já estão disponíveis hoje) vão tornar tudo isso possível. E uma nova geração que vai chegar ao comando das empresas, com uma presença feminina cada vez maior, vai colocar em xeque antigos dogmas. Para que as empresas vão pedir nossa presença física durante oito horas por dia se podem nos contatar por videoconferência a qual-quer instante? Para que trabalhar com clientes ou fornecedores apenas do seu país se você pode negociar sem dificuldades com o mundo inteiro? Imagine as possibilidades e verá que o mercado de trabalho vai ser bem diferente em 2020. O emprego vai acabar. Vamos ter que nos adaptar. Mas o que vai surgir no lugar dele é mais racional, moderno e, se tudo der certo, mais prazeroso.

Fonte: Revista Galileu

 

Análise:

É muito simples dizer que o trabalho no mundo evolui de forma a agradar justamente as pessoas que o executam, uma vez que a realidade mostra o trabalho como forma de suprir unicamente a necessidade do sistema econômico. Será possível conforme dito anteriormente o trabalho evoluir de tal forma a facillitar a vida das pessoas e trazer "mais conforto, cuidado com a natureza e criatividade"?

No tema meio ambiente e preservação, não há como se negar de que na última década houve uma explosão de pensamentos e "avisos" científicos sobre a consequência de uma exploração dos recursos naturais de maneira desenfreada, contudo coloco uma outra pergunta: a preocupação ambiental vem do fato de que estamos nos dando conta de que podemos sofrer com a mudança climática, ou a verdade é que estão preocupados em como uma alteração significativa do clima pode afetar a economia?

Em se tratando do trabalho, o envolvimento de tais questões se tornam mais claras, uma vez que percebemos que a verdade não está no fato de que estamos passando "o dia inteiro sob luzes fluorescentes, tomando café ruim, sentado em uma cadeira desconfortável e usando um computador velho" muito menos que esses fatores serão decisivos em uma mudança na forma de se trabalhar, mas sim de que se for mais vantajoso economicamente, certamente o futuro no trabalho será modificado como descreve a notícia acima.

Então o que eu estou afirmando é que as mudanças no sistema trabalhista ou mesmo em outros sistemas atrelados ao econômico, só se modificam unicamente pela vontade do capitalismo? Posso dizer que sim, mas que também não. Um exemplo: será que a redução da jornada de trabalho na Europa seria possível se prejudicasse a economia vigente? Muito provavelmente que não, isso só foi possível não porque os "trabalhadores sairam a luta por seus direitos" mas sim porque o lucro gerado por um "trabalho bem feito" é maior do que por uma quantidade maior de horas mal trabalhadas. É claro que isso foi somado ao fato de que tais trabalhadores buscaram tal mudança, senão também nada teria se modificado, mas é crucial entender que a mudança só foi possível porque não prejudicava os interesses da classe mais privilegiada economicamente.

Por fim, concluo dizendo que caminhamos sim por uma modificação no sistema trabalhista, principalmente no ponto em que se coloca a necessidade de ir até o local de trabalho. Mas as pessoas passarão em um futuro próximo a se utilizar mais do teletrabalho não porque seria mais prazeroso ou até mesmo ambientalmente correto (não utilizando veículos movidos a combustíveis fósseis justamente por não precisar dirigir até o serviço), mas sim principalmente porque a empresa deixaria de gastar com "vale-transporte", além da resposta via internet ser quase que instantânea se comparada com a papelada de um serviço burocrático por exemplo. Dificilmente tal visão será modificada a não ser que o sistema político sócio-econômico também se altere, pois quem falou, fala e possivelmente sempre falará mais alto é o Dinheiro.