As surpresas do olho - A árvore do conhecimento - Maturana e Varela


Porjuliano- Postado em 31 março 2011

 ANÁLISE DO CAPÍTULO 1 – CONHECENDO O CONHECER(do livro: A Árvore do Conhecimento. Maturana & Varela) AS SURPRESAS DO OLHO Maturana & Varela, nas preliminares do capítulo 1 de sua obra convidam o leitor a refletir sobre a Resistência que o ser humano tem em relação à tentação da certeza sobre as coisas do mundo, suas formas, cores e tudo aquilo que parece existir, porém, é produto de nossa imaginação, ou seja, em termos mais cognitivos, produto da criação de nossos estados mentais.Para a compreensão da proposta e das argumentações do livro é necessário que o leitor se esforce para não ficar nesta zona de acomodação, ou seja, é imprescindível que nós devemos suspender todas as certezas sobre as coisas do mundo para podermos incorporar novas experiências a partir dos possíveis fenômenos decorrentes da cognição.Em relação ao item – As surpresas do olho – as experiências ilustradas como exemplo realmente nos remetem a reflexão sobre as nossas convicções sobre as coisas que vemos. Acreditamos que o mundo é o que vemos. Algumas experiências com formas e cores revelam cenários criados por estados mentais mediante a exposição do nosso sensoriamento visual.  Maturana & Varela sugerem a experiência do ponto cego e das sombras coloridas. Para contribuir com este contexto dos fenômenos da cognição, propomos a realização da seguinte experiência: “Encoste os dois dedos indicadores, ponta-a-ponta. Coloque–os a uma distância de mais ou menos 40cm a sua frente. Olhe na direção dos dedos, não diretamente, mas, para a parede ou plano que está no fundo. Faça pequenos movimentos para afastar e aproximar os dedos. Você verá algo que na realidade não existe. O que você vê?” Então, temos a sensação (visual) de que as pontas dos dedos estão separadas. Isso é o que realmente vemos, mas não é o que existe ou o que está acontecendo de fato no mundo real.Outra experiência interessante refere-se à observação da figura-1 (texto anexo). O propósito é instigar a capacidade de criar na mente o conceito do tridimensional.Podemos claramente perceber alguns produtos emergentes deste tipo de experimentação. A indústria do entretenimento 3D, dos jogos de realidade virtual, parece “pedir emprestado do cérebro” ou usar nosso aparato cognitivo para reproduzir estas realidades simuladas.Estas experiências e tantas outras sugerem que nossas concepções sobre as coisas podem estar equivocadas pelo vínculo à certeza que temos. Devemos refletir sobre nossos estados mentais e não deixarmos nossas convicções solidificadas pelos fenômenos da cognição.Para complementar de modo contributivo às considerações do capítulo 1 em relação ao fenômeno cognitivo das cores e das formas nos reportamos as explicações da Psicologia da Forma em considerar a importância do sujeito e da intencionalidade da consciência para se alcançar algum conhecimento sobre determinado objeto. Esta teoria também é conhecida pelo termo alemão Gestald, que significa configuração, forma ou figura estruturada.  Chauí (1997) faz uma análise da sensação e da percepção do sujeito e, em comum acordo com a fenomenologia, fazem considerações críticas em relação: a) ao empirismo: por entender que a sensação não é reflexo pontual ou uma resposta físico-fisiológica a um estímulo externo que também é pontua; b) ao intelectualismo, pois a percepção não é uma atividade sintética feita pelo pensamento sobre as sensações; c) ao empirismo e intelectualismo por entender que não há diferença entre sensação e percepção.Para ilustrarmos tais considerações sobre o estudo da sensação e da percepção, apresentamos primeiramente a experiência de figura-e-fundo, mostrada pela figura-2 (texto anexo).A experiência mostra que não temos sensações parciais, mas, percepções globais de uma forma ou de uma estrutura. Observamos agora a experiência com formas incompletas, conforme ilustrado pela figura-3 (texto anexo).Neste caso a experiência mostra que a percepção sempre percebe uma totalidade completa, o que seria impossível se tivéssemos sensações elementares que o pensamento unificaria uma percepção. Referências:MATURNA, Humberto & VARELA, Francisco. A Árvore do Conhecimento. Ed. Psy II, 1995.CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 1997.Revista Supercérebro. Edição especial, n.2

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