Sociedades da Mente


Pordeboraegc- Postado em 10 maio 2011

Este texto está baseado no início do capítulo VI do livro “A mente corpórea” de Francisco Varela, Evan Thompson e Eleanor Rosh, p. 145-149, “Sociedades da Mente”.

De acordo com os autores, os cérebros são sistemas altamente cooperativos. No entanto, não são redes uniformemente estruturadas, pois são compostos por inúmeras redes ligadas de diversas maneiras. Este tipo de arquitetura sugere que, em vez de se procurar grandes modelos unificados para todos os comportamentos de rede, deve-se estudar redes com capacidades limitadas a atividades cognitivas específicas e modos de ligar estas redes.

É apresentada em seguida a Proposta de Marvin Minsky e Seymour Papert: estudar a mente como uma sociedade, sendo a arquitetura da cognição o elemento central. Nesta proposta a mente é composta por muitos agentes com capacidades específicas, onde cada um opera num micromundo de problemas de pequena escala.

Esta proposta é baseada nos muitos anos de frustrações em IA com tentativas de encontrar soluções globais, como um Solucionador Geral de Problemas e do sucesso relativo em soluções para tarefas mais locais. A tarefa será então organizar os agentes que operam nesses domínios específicos em sistemas efetivos ou atividades mais amplas, e essas atividades em sistemas de nível mais elevado. Procedendo deste modo, a mente emerge como uma espécie de sociedade.

Minsky e Papert defendem que há virtudes na distribuição, mas também na separação, ou seja, nos mecanismos que mantêm vários processos isolados entre si. Em redes amplas, quanto mais distribuídas, mais difícil de manter muitas delas ativas ao mesmo tempo, sem interferirem umas nas outras. No entanto, esses problemas não surgem se existirem mecanismos para manter as atividades isoladas umas das outras. Nesta visão, o aspecto geral da mente é visto como um conjunto desunido e heterogêneo de redes de processos, considerado atrativo e fortemente ressonante na ciência cognitiva.

No livro Society of Mind Minsky apresenta o exemplo de construção de torres com blocos de brinquedo. Para esta tarefa tem-se o agente Construtor e os subagentes: Começar, Adicionar, Acabar, Encontrar, Apanhar. Todos estes agentes se combinam para produzir o Construtor, como atividade responsável pela construção de torres de brinquedo.

Tanto para Minsky como para Jackendoff a ciência e a experiência humanas simplesmente se separam. Só com o alargamento da ciência cognitiva para incluir uma análise ilimitada da experiência humana será possível evitar esta situação difícil.

Na seqüência deste capítulo é feita uma discussão sobre as idéias de sociedade e propriedades de emergência em duas disciplinas que examinam a experiência de perspectivas diferentes que não a da ciência cognitiva: a psicanálise e a meditação de atenção / consciencialização.

Por Débora Cabral Nazário.