QUESTOES SOBRE O LIVRO "A sociedade individualizada; vidas contadas e histórias vividas" de Zygmunt Bauman (GRUPO 1)


Porrogerio- Postado em 15 agosto 2012

1."A PASSAGEM DA MODERNIDADE "PESADA" OU "SÓLIDA" PARA A "LEVE" OU "LIQUEFEITA" CONSTITUI A ESTRUTURA NA QUAL A HISTÓRIA DO MOVIMENTO TRABALHISTA FOI INSCRITA" (BAUMAN, 2001 p.43.). APRESENTE AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A SOCIEDADE "PESADA" E A "LIQUEFEITA" NO QUE DIZ RESPEITO ÀS QUESTÕES DO TRABALHO.

            A modernidade "pesada” possibilitava  a ligação, união do  capital e o trabalho. No período da Revolução Industrial havia um compromisso mútuo entre o capital e o trabalho:

os trabalhadores dependiam de empregos para terem o sustento; o capital dependia de empregá-los para sua reprodução e crescimento. Esse encontro tinha um endereço fixo; nenhum dos dois poderia se mover para outra parte com facilidade - as paredes maciças da fábrica mantinham ambos os sócios em uma prisão compartilhada. O capital e os trabalhadores estavam unidos, poderíamos dizer, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, até que a morte os separasse. A fábrica era a residência comum deles - o campo de batalha para a guerra de trincheiras e o lar natural de esperanças e sonhos. (BAUMAN, 2001 p 33)

Havia ainda a possibilidade de um emprego que durasse toda a vida dentro de uma companhia, que poderia ser não durar para sempre, mas cujo período de vida se estendia muito além da expectativa de vida de seus trabalhadores.

Diferente dos tempos da modernidade pesada que tinha  dependência mútua de longo prazo,  na modernidade “leve” os trabalhadores começaram a trabalhar com contratos de curto prazo, o emprego é uma incerteza .     

2.SEGUNDO BAUMAN, QUAIS SÃO AS RELAÇÕES ENTRE A MANIPULAÇÃO DAS PROBABILIDADES DOS EVENTOS E A CULTURA?

A ordem possibilita a segurança que por sua vez é a capacidade de prever os resultados das ações. “Qualquer tentativa de "colocar as coisas em ordem" fica reduzida a manipular as probabilidades dos eventos.” A cultura diferencia e segrega as pessoas em categoria buscando assim trazer a ordem e consequentemente a  segurança. É a cultura que manipula as probabilidades dos eventos por meio da atividade da diferenciação. De acordo com Bauman:

A cultura é a atividade de fazer distinções, de classificar, segregar, marcar fronteiras - divide as pessoas em categorias unidas internamente pela similaridade e separadas externamente pela diferença; e de diferenciar os alcances de conduta atribuídos aos humanos alocados nas diferentes categorias. (BAUMAN, 2001, p. 46)

3.SEGUNDO O AUTOR, QUAL É O MAL-ESTAR DA PÓS-MODERNIDADE?

São apresentadas no livro Sociedade Individualizada, de Bauman como mal-estar da pós-modernidade a impotência e a inadequação. Segundo o autor há um temor da possibilidade de nunca se conformar. Outro sentimento que pode ser tido como mal-estar da pos-modernidade é a depressão, a incapacidade de atuar especialmente na incapacidade de atuar de maneira racional.

4.NO TERCEIRO CAP[ITULO DO LIVRO, O AUTOR DEFINE FELECIDADE COMO SINÔNIMO DE LIBERDADE: “LIBERDADE PARA AGIR CONFORME OS IMPULSOS, PARA SEGUIR SEUS PRÓPRIOS INSTINTOS E DESEJOS. NA PÓS-MODERNIDADE COMO SE DÁ A LIBERDADE?

Vivemos da maneira livre como nossos antepassados sonhavam: sem normas e limites no que diz respeito a ausência de restrições e limites obstrusivos e insidiosos. Na sociedade pós-moderna o sujeito tem a liberdade individual da escolha.

5.EXPLIQUE O FATO DE A AMBIVALÊNCIA SER UM AGENTE DE PROGRESSO.

            A ambivalência como fenômeno social representa algo que não sabe ao certo o que vai acontecer nem saber como comportar, tampouco prever qual será o resultado de determinadas ações. Isso acarreta um sentimento de incerteza.

 A falta de clareza de hoje é um produto da ânsia de tornar as coisas mais claras; a maior parte da ambivalência sentida se origina nos esforços difusos e disparatados para eliminar a equivocabilidade de localidades selecionadas, separadas e sempre confinadas (BAUMAN, 2001, p.93)

A ambivalência, essa falta de clareza, e a insegurança dos “riscos” de certa forma impulsionam a ciência e tecnologia e consequentemente o desenvolvimento contemporâneo.

6. EXPLIQUE: “A QUALIDADE HUMANA DA SOCIEDADE DEVERIA SER MEDIDA PELA QUALIDADE DE VIDA DE SEUS MEMBROS FRACOS.”

            O Estado do bem-estar social preocupa principalmente com a classe dos trabalhadores, excluindo os que realmente necessitam de uma espécie de auxilio: os pobres tidos no texto como os membros mais fraco da sociedade.  Diante disso o autor diz ser necessário:

que a essência de toda moralidade é a responsabilidade que as pessoas assumem pela humanidade dos outros, esta é também a medida do padrão ético de uma sociedade. Esta é, proponho, a única medida que o Estado de bem-estar social pode proporcionar, mas também a única de que precisa (BAUMAN, 2001, p. 105)

A frase acima representa a necessidade de promover por parte do Estado melhores condições de vida para a tida como “sub-classe”        “O cuidado do bem-estar do "exército de reserva do trabalho" poderia ser apresentado como um passo racional a ser dado. Na verdade, como uma ordem da razão. Manter as "classes baixas" vivas e bem de saúde desafia toda racionalidade e não serve a nenhum objetivo visível.

7.PODE-SE AFIRMAR QUE A SOCIEDADE ATUAL NÃO É “HOSPITALEIRA À CRÍTICA”?

Bauman consegue demonstrar que a sociedade atual não é refratária à critica, mas a utiliza numa relação diferente da forma utilizada pela teoria crítica clássica. A teoria crítica de Adorno e Horkheimer preocupava-se em defender a autonomia humana e a liberdade de escolher e auto-afirmar-se diante de uma modernidade totalizante, autoritária, planejada e rígida. A crítica formulada hoje é individualizada, nas palavras de Bauman, é “ao estilo do consumidor”, ou seja, é uma crítica sem pretensões universais, apenas voltada às questões que desagradam ao indivíduo. (Cap. 7)

8.A LEITURA QUE SE FAZ HOJE DA POBREZA É CONDIZENTE COM UMA SOCIEDADE AUTÔNOMA E AUTOCONSTITUTIVA OU SIMPLESMENTE REFORÇA O ESTIGMA DA SOCIEDADE INDIVIDUALIZADA?

Bauman coloca que a discussão da pobreza costuma ser enfocada no sentido puramente econômico, suprimindo-se o papel desempenhado pelos novos-pobres na reprodução e reimposição do tipo de ordem global que é a causa da destituição deles e também do medo ambiente que torna a vida dos restantes infeliz. Em outras palavras, Bauman sustenta que a pobreza hoje serve ao capitalismo globalizado à medida que mantém os não-pobres resignados à flexibilização do mundo e à constante incerteza que os cerca, pois melhor conviver com a incerteza do que com a pobreza. (Cap. 9)

9.TRACE UM PARALELO ENTRE O “AMOR”, O “VALOR” E  O “USO” EM BAUMAN.

Bauman afirma que o mundo, visto pelo amor, é uma coleção de valores e, pela razão, de objetos úteis; que o valor é a qualidade de uma coisa, enquanto a utilidade é um atributo de quem utiliza tal coisa. Explica que é a incompletude do utilizador que o faz sofrer, é sua ânsia de preencher a lacuna que torna uma coisa útil e que “usar” significa melhorar a condição do utilizador, reparar um deficiência, estar preocupado com o bem-estar do utilizador. Diz, também, que “usar” é um desejo, um consumo, um despir de alteridade, um aniquilar do outro para o bem da própria pessoa e que “amar”, ao contrário, significa valorizar o outro por sua alteridade, desejar reforçá-la nele, protegê-la, estar pronto para sacrificar o próprio conforto, inclusive a própria existência mortal se isso for necessário para satisfazer tal intenção.

10.SEGUNDO BAUMAN, O QUE SE PODE DEFINIR COMO O “CARÁTER TRANSLATIVO” DA DEMOCRACIA?

Bauman conceitua a própria democracia como a prática da translação contínua entre o público e o privado, uma forma de transformar problemas privados em questões públicas e redistribuir o bem-estar público em tarefas e projetos privados. Explica que podemos definir uma sociedade democrátrica por sua suspeita nunca totamente mitigada de que seu trabalho não está completo, que ela ainda não é democrática o bastante, ou seja, um círculo de mudanças, sempre inacabado.

11.ESTABELEÇA O CONCEITO DE “VIOLÊNCIA” EM BAUMAN.

Segundo Bauman, nem toda subjugação de liberdade e integridade corporal humana aparece sob  a rubrica da “violência”, devendo ser alcançadas algumas outras condições, que não estão relacionadas à natureza das ações, mas aos seus perpetradores. Afirma que a “violência” é uma coerção à qual foi negada a legitimidade, ressaltando que chamá-la de ato de coerção, de forçar as pessoas a agir contra as suas vontades ou tirando delas a chance de voltar a atuar de boa ou má vontade, de um “ato de violência”, transmite a decisão do orador de questionar o direito de os atores exercerem a coerção, e também de negar-lhes o direito a determinar quais palavras serão usadas para descrever suas ações. Nesse contexto, Bauman destaca que a violência é ao mesmo tempo um meio e um risco na luta pelo poder, e que tal dualidade tem origem na legitimação da coerção.

12.DURANTE A ERA MODERNA, QUAIS ERAM AS ESTRATÉGIAS CULTURAIS DE GERENCIMANETO DA  TENSÃO CONSTANTE ENTRE O SEXO E O EROSTIMO?

A primeira, e aquela oficialmente promovida e sustentada pelos poderes legislativos do Estado e pelos poderes ideológicos da Igreja e da escola, foi a de reforçar os limites impostos pelas funções reprodutivas do sexo sobre a liberdade da imaginação erótica, relegando o excedente incontrolável de energia sexual para as esferas culturalmente suprimidas e socialmente degradadas da pornografia, prostituição e ligações ilícitas, extramaritais. A segunda, sempre carregando uma matriz de divergência e rebeldia, foi a estratégia romântica de cortar os laços que uniam o erotismo ao sexo, atando-o, em vez disso, ao amor.

13.BAUMAN, AO APONTAR A NECESSIDADE DE TRANSFORMAR A TRANSITORIEDADE DA VIDA EM DURABILIDADE, RESSALTA A NECESSIDADE  DE CONSTRUIR “PONTES” QUE LEVEM DA FINITUDE AO INFINITO. NESSE ÍNTERIM, EXPLIQUE O QUE SÃO AS  DENOMINADAS “PONTES PARA USO INDIVIDUAL.”

As pontes para uso individual são as oportunidades de permanecer vivo na memória da posteridade, como uma pessoa, única e insubstituível, com um rosto reconhecível e nome público. A função dessa “ponte” é fornecer o vínculo necessário entre a transitoriedade, que é o destino humano, e a duração como realização humana.