Questões sobre Tempos Líquidos - Equipe 3


PorAugusto_Cesar- Postado em 16 agosto 2012

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

Centro de Ciências Jurídicas

Programa de Pós-Graduação em Direito

Equipe – 3: Augusto, Daiane e Jaqueline.

 

Questões sobre Tempos Líquidos:

 

01) O que traz atualmente a  idéia de “sociedade aberta” que fora originalmente compatível com a autodeterminação de uma sociedade livre?

Para o Autor, essa “sociedade aberta” hoje, traz “experiência aterrorizante de uma população heterônoma, infeliz e vulnerável”, confrontada por forças que não entende totalmente, vulnerável, “obcecada com a firmeza de suas fronteiras e com a segurança dos indivíduos que vivem dentro delas”. Traz  o medo. Entretanto, é justamente estas fronteiras e a suposta segurança da vida  dentro delas que “geram um domínio ilusório e parecem ter a tendência de permanecer como ilusões enquanto o planeta for submetido unicamente à globalização negativa”. (pg. 15)

 

02) Na perspectiva do autor, o que caracteriza a globalização atual (negativa) para o mundo atual? E que interferência a mesma exerce sobre o Estado?

O individualismo, o enfraquecimento de vínculos humanos e a definhamento da solidariedade. Trata-se de um processo “parasitório e predatório que se alimenta da energia sugada dos corpos dos Estados-nações e de seus sujeitos”. (pg. 30)

Tem como consequência, ainda, a não proteção da sociedade pelos os Estados que perderam a sua influencia na direção das coisas. Vivem administrando crises e elaborando conjunto de medidas emergenciais, visando apenas em permanecer no “poder” na próxima eleição e desprovidos de programas sociais a longo prazo e soluções efetivas dos problemas.

Na perspectiva da globalização negativa, todos os problemas principais da sociedade são globais e não podem ser resolvidos de forma individual, não restando outra alternativa senão a junção, novamente, do poder e da política que se dissiparam compulsoriamente pelas forças globalizantes.

 

 

03) Em decorrência do medo que assola a sociedade, como o progresso é visto?

O progresso que foi visto como manifestação de otimismo e processa de felicidade, “agora representa a ameaça de uma mudança inexorável e inescapável que, em vez de assegurar a paz e o sossego, pressagia somente a crise e a tensão”. Tornou-se instável e em um momento de desatenção resulta “na derrota irreversível e na exclusão irrevogável”. (pg. 16/17)

 

04) O que se faz necessário para que o medo, reconhecidamente o demônio das sociedades abertas de nossa época, seja eliminado?

O que causa tal medo é a incerteza no do futuro e a insegurança do presente. Tais aspectos, por sua vez, são oriundos de um sentimento de impotência. Faltam ferramentas que possibilitem alçar a política a um nível em que o poder já se estabeleceu. (pg. 32)

 

05) Para Bauman, qual o destino do excedente populacional em relação a sua “utilidade” na sociedade sólida? E na sociedade líquida?

Na sociedade sólida (moderna) a situação de “excedente” era momentânea, destinada à “reciclagem” ou à “reabilitação” para retornar ao mercado de trabalho. Na sociedade líquida (pós-moderna) o “excedente” não possui perspectiva de “reutilização”. O excedente está destinado ao “lixo”, à exclusão e segregação. P. 37-38.

 

06)  No contexto de globalização mundial, quais os processos que o autor identifica como “soluções” para o excedente?

A guerras tribais ou entre gangues de criminosos e traficantes se tornou uma “solução local” para resolver o problema de excedente populacional, principalmente jovens sem perspectiva de empregos. P. 39.

 

07) Quais, segundo o Autor, um dos efeitos mais sinistros da globalização?

A desregulamentação das guerras, segundo Bauman é um dos efeitos mais sinistros da globalização. Para o autor, a maior parte das guerras atuais são travadas por entidades não-estatais, que não se sujeitam a leis ou convenções internacionais. São, segundo ele, “o resultado e as causas auxiliares, porém poderosas, da erosão contínua da soberania do Estado. Conclui destacando que “uma vez iniciadas, as hostilidades tornam as incipientes ou arraigadas leis do Estado inaplicáveis e, para todos os fins práticos, nulas e inúteis”. (pg. 43)

 

08) Qual o tratamento que o Estado passa a dispensar ao excedente populacional excluído?

“Um dos aspectos mais decisivos da mudança no tratamento dispensado aos “internamente excluídos” (agora rebatizados de “subclasse”) se revelou relativamente cedo e tem sido desde então amplamente documentado: a passagem do modelo de um “Estado social” de uma comunidade inclusiva para um Estado “excludente”, da “justiça criminal”, “penal” ou do “controle do crime””. P. 55.

 

09) De acordo com Bauman o conceito de Estado-nação está se convertendo para o de Estado da proteção pessoal, explique o que isto sginifica.

O conhecido Estado Social (do bem estar social) que praticava suas políticas de seguro contra infortúnios individuais sustentadas pelas comunidades, vem reduzindo suas políticas para sustentar  e validar o sentimento de segurança e autoconfiança dos atores. A retirada do Estado de sua antiga função deixa a questão da legitimidade em aberto, sendo que a integridade do corpo político na forma mais comum do Estado-nação esta em crise e é necessário encontrar uma alternativa. E a alternativa está sendo voltada para a proteção pessoal dos seus cidadãos, contra as ameças ao indivíduo, por exemplo, assaltos, mendicância, esquecendo-se do social, o que o torna em Estado de proteção pessoal.

 

10) Qual a relação entre “excedentes” e criminosos?

“Não menos tênue é a linha que separa os “excedentes” dos criminosos: a “subclasse” e os “criminosos” são apenas duas subcategorias de excluídos, “socialmente desajustados” ou até “elementos anti-sociais”, que se diferenciam entre si mais pela classificação oficial e pelo tratamento que recebem do que por sua própria atitude e conduta. Tal como as pessoas sem emprego, os criminosos (ou seja, aqueles destinados à prisão, acusados e aguardando julgamento, sob supervisão da polícia ou simplesmente com ficha na polícia) não são mais vistos como temporariamente expulsos da vida social normal e destinados a serem “reeducados”, “reabilitados” e “reenviados à comunidade” na primeira oportunidade – mas como permanentemente marginalizados, inadequados para a “reciclagem social”e designados a serem mantidos permanentemente fora, longe da comunidade dos cidadãos cumpridores da lei”. P. 76.

 

11) Como se organiza o espaço urbano local na sociedade líquida?

O espaço urbano é caracterizado pela separação e segregação urbana. Os ricos constroem muros altos e “protegem-se” em condôminos fechado (guetos voluntários). Os pobres, são confinados e controlados em áreas marginais (guetos involuntários). Enquanto alguns “optam” por não sair, outros não “podem” sair de seus guetos. P82-83.

 

12) Qual a relação entre o global e o local na solução de problemas?

“[...] as cidades se tornaram depósitos sanitários de problemas concebidos e gerados globalmente. Assim [...], surge o paradoxo de uma política cada vez mais local num mundo progressivamente modelado e remodelado por processos globais”. P. 89.

 

13) Como o autor compreende a situação do refugiado?

Os refugiados são caracterizados como pessoas sem:  lugar, função e documentos e ainda sem Estado ou presença a fantasma de uma autoridade estatal a qual a sua cidadania pude ser referida. São pessoas lançadas a uma condição de flutuantes liminares que não sabem se isto é transitório ou permanente. São exergados como um “lixo humano”, sem função útil a desempenhar na terra em que chegam onde permanecerão temporariamente, e sem a inteção ou esperança realista de serem assimilados e incluídos no novo corpo social.

 

14) Por que Bauman afirma que a inadequalção dos regulamentos que ajustam as relações dos serem humanos é uma possível causa para o sofrimento humanos?

Estamos na esfera do fazer humano, tndo este o controle e assim tudo o que é feito por serem humanos pode ser desfeito por eles, diferentemente da natureza, por exemplo. Não há limites à reconstrução da realidade, não aceitamos o que está posto. Portanto, se a proteção realmente disponível e os benefícios de que desfrutamos não são suficientes, estão aquém do ideal, se os relacionamentos não nos contentam e os regulamentos não são o que deveriam ser, tendemos a acreditar na existência de conspiração  e ao fim encontrar culpados. Sendo que o sentimento de insegurança existencial e os temores disseminados de perigos generalizados acabam por ser endêmicos, causando a inquietude e sofrimentos humanos.

 

15) Segundo o autor a impossibilidade do exercicio dos direitos políticos aos menos favorecidos  tende a levar a democracia para uma questão eletista, como isto se verifica?

Bauman afirma que o poder político, a participação política tem tido como escopo a segurança das pessoas e a proteção de suas propriedades. E os direitos políticos podem ser usados para enraizar e solidificar as liberdades pessoais assentados no poder econômico, o que dificilmente garantirão liberdades pessoais aos despossuídos. Desta forma, a democracia pode continuar a ser um assunto essencialmente elitista, pois sem direitos sociais, os direitos políticos continuarão sendo uma “piada cruel” para a grande parte daqueles a quem estes direitos não foram concedidos pela letra da lei.

 

16) No livro como é teorizado o acirramento da segmentação social em que a camada superior é global e a inferior é local?

Ao citar Manuel Castells o autor explica que a camada superior representada pelos mais abastados, estes apesar de viverem em uma localidade estão fechados, separados nos seus espaços, condomímios e ao mesmo tempo estão abertos à comunicação global e às experiências que envolvem o mundo inteiro, comportando-se como se não pertencenssem ao lugar que habitam. Inclusive, suas preocupações, lazeres estão em outro lugar, vislumbram outros espaços, viagens etc. Porém, a camada inferior, onde estão os menos desfavorecidos, portanto, os “cidadãos urbanos”, estes são condenados a permanecerem lociais, pois é dentro da cidade que habitam e onde travam a batalha da sobrevivência em que muitas vezes são perdedores. Assim, a construção de condomínios fechados é um exemplo claro de que a segmentação social em que a camada superior vive fisicamente na cidade, mas social e espiritualmente fora dela.

 

17) O narcotráfico é um problema que afeta toda “socidade globalizada”, em que os governos com suas campanhas repressivas buscam garantir a segurança , como no programa brasileiro da “Força Nacional de Segurança Pública” que com a união de efetivo de todo o país visam coibir o tráfico de drogas, principalmente, nas fronteiras. Porém, o autor critica esta política e aponta outra visão. Qual seria esta possível saída?

O autor destaca que este tipo de ação aumenta a sensação de insegurança e ainda auxilia na propaganda destes agentes, citando o terrorismo como exemplo. E que estas pessoas envolvidas são respostas ao distanciamento entre as classes e a falência do Estado em suas políticas. Aponta que ficou ao indivíduo o encargo de encontrar soluções individuais para problemas socialmente produzidos, com ações individuais e solitárias e ferramentas inadequadas. E ao excluírem a possibilidade de uma segurança existencial que se baseie em alicerces coletivos, aumentam as incertezas e imprevisibilidade.  Conclui-se, portanto, que apenas a repressão sem ter um olhar social, portanto, da coletividade, verificando melhores condições para os envolvidos não haverá uma solução suficientemente efetiva.