Questões elaboradas do livro Maturana e Varela: Árvore do Conhecimento.


Porjulianafachin- Postado em 19 agosto 2012

 

 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO

 

 

Disciplina - Governo Eletrônico

Período letivo: 2012/2

Professores: Aires José Rover

                    Orides Mezzaroba

 

Alunos: Juliana Fachin

             Valter Moura 

 

 

MATURANA e VARELA. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: Palas Athena, 2001.

 

 

1) Como deve ser dada a proposição da explicação científica?

R: Partindo da premissa básica trazida pelos autores de que “todo fazer é um conhecer e todo conhecer um fazer”, chega-se a conclusão de que o conhecimento científico é, de modo pontual e sistemático, atingido a partir da realização de alguns necessários passos de – de certa forma pragmáticos – em busca da comprovação das hipóteses criadas para as problemáticas com as quais nos deparamos.

Assim, há que se seguir a sistemática trazida pelos autores onde, primeiramente (1) deve-se haver uma descrição dos fenômenos que devem ser explicados, em seguida (2) criar um sistema conceitual capaz de descrever de maneira eficaz o fenômeno que se pretende explicar e, seguindo no desenrolar dos fatos, busca-se (3) a dedução de outros fenômenos que orbitem o que se pretende explicar e que não foram explicitamente considerados a princípio, mas que podem influir e influenciar no resultado final. Por fim, (4) há que se observar a interação desses outros fenômenos com o universo do todo, afim de se obter um fiel resultado para as perguntas.

 

2) O que caracteriza o ser vivo como tal?

R: Sua organização autopoeitica, que é uma organização que define os seres vivos como uma classe, que está diretamente ligada ao fato de poderem se auto reproduzirem continuamente.

 

3) Em resumo à ideia central do livro que se propõem a trazer como se forma o conhecimento, como os autores defendem que se dá a formação desse conhecimento?

R: Opondo-se a ideia do representacionalismo onde a mente seria um espelho da natureza tão somente refletindo o que lhe rodeia e, ainda, de que o cérebro humano recebe passivelmente uma tempestade de informações já prontas vinda do mundo que orbita à realidade do ser pensante, os autores (Maturana e Varela) defendem que os processos de conhecimento não são um simples reflexo de recortes da realidade, mas resultado da interação diária dessa mente humana com os acontecimentos que lhe rodeiam. Como um timoneiro que guia um navio e, ao mesmo tempo, sofre a influência do meio natural sobre a embarcação. Em resumo, a ideia é que, na medida em que construímos o mundo, somos construídos por ele.

 

4) Por que dizer que “todo fazer é um conhecer e todo conhecer é um fazer” ?

 

R:Pois as características do fazer humano se aplicam à todas as dimensões do nosso viver e fazer surgir um mundo é conhecer esse mundo, pensando-o e refletindo-o, a partir e olhando para de dentro de si mesmo.

5) Como podemos definir a ontogenia?

 

R: É a história de mudanças estruturais de uma unidade, sem que esta perca a sua organização. Essa contínua modificação estrutural ocorre a cada momento, ou como uma alteração desencadeada por interações provenientes do meio onde ela se encontra ou como resultado de sua dinâmica interna.

 

6) Qual a relação entre ontogenia e seleção?

 

R: Enquanto que a Ontogenia seria a história das mudanças estruturais de um determinado ser vivo, a seleção seria a escolha dentre muitas mudanças possíveis, cada perturbação escolheu uma, e não outra do conjunto.

 

7) Podemos considerar a evolução uma deriva natural?

 

R: Sim. Segundo os autores a evolução é uma deriva natural, produto da invariância da autopoiese e da adaptação.

 

8) Que relação há entre nosso ser orgânico e nossa conduta?

 

R: Denominamos conduta as mudanças de postura ou  posição  de  um  ser vivo  que  um  observador  descreve como movimentos ou ações em relação a um determinado meio. O ser vivo (com ou sem sistema nervoso) funciona sempre em seu presente estrutural. O passado, como referência de interações já ocorridas, e o futuro, como referência de interações que irão ocorrer, são dimensões valiosas para que os observadores se comuniquem entre si.

 

9) Qual relação os autores apresentam entre sistema nervoso e o comportamento?

 

R: Segundo os autores atualmente, a visão mais difundida considera o sistema nervoso um instrumento por meio do qual o organismo obtém informações do ambiente, que a seguir utiliza para construir uma representação de mundo que lhe permite computar um comportamento adequado à sua sobrevivência nele. Esse ponto de vista exige que o meio especifique no sistema nervoso as características que lhe são próprias, e que este as utilize na produção do comportamento – tal como usamos um mapa para traçar uma rota. Por um lado temos a armadilha de supor que o sistema nervoso funciona com representações do mundo. É uma cilada, porque nos cega para a possibilidade de explicar como funciona o sistema nervoso, momento a momento, como um sistema determinado e com clausura operacional.   

Por outro lado, temos a outra armadilha, que nega o meio circundante e supõe que o sistema nervoso funciona totalmente no vazio, o que leva a concluir que tudo vale e tudo é possível. É o extremo da solidão cognitiva absoluta, ou solipsismo (dentro da tradição da filosofia clássica, a afirmação de que só existe a interioridade de cada um), que não explica a existência de uma adequação ou comensurabilidade entre o funcionamento do organismo e seu mundo.

Mas esses dois extremos ou ciladas existem desde as primeiras tentativas de compreender o fenômeno do conhecimento, em suas raízes mais clássicas. Hoje em dia, predomina o extremo representacional; noutros tempos, prevaleceu a visão contrária.

 

10) O sistema nervoso influencia na interação de um organismo?

 

O sistema nervoso é interligado em uma rede conectada umas nas outras em que agem em conjunto. Mas o sistema nervoso age conforme o reflexo do exterior não inferindo conduta, ele age conforme o reflexo ligando a superfície sensorial com a motora.

O domínio de conduta parece não ser algo predestinado ou embutido, já que o exemplo das meninas lobo mostrou que adaptação delas nos costumes humanos não as fez abandonar todas as formas já concebidas de vivência, e, adotar novas concepções como correr em duas pernas. Logo sua estrutura de vida mudou, adaptou-se a alguns modos de vida humana (como forma de sobrevivência), mas a lembrança da vida lobo ainda existia em seu ser. “diz-se que as estruturas são ontogênicas e que as condutas são aprendidas” (p. 189)

“Em organismos cujo sistema nervoso é tão rico e variado como o do homem, os domínios de interação permitem a geração de novos fenômenos ao possibilitar novas dimensões de acoplamento estrutural. Foi isso que, em última instância, possibilitou a linguagem e a 'autoconsciência humanas.” (p. 192)

 

R: Sim, pois é ele que possibilita a interação entre indivíduos.

 

11) A comunicação e a organização nos diferentes grupos das espécies são fundamentais para a sobrevivência das espécies?

 

A comunicação é o elemento essencial para manter o contato com os demais indivíduos de um grupo. Mas, “biologicamente, não há Informação transmitida na comunicação. O fenômeno da comunicação não depende do que se fornece, e sim do que acontece com o receptor” (p. 209).

 

Os vertebrados conseguem adaptar-se por que tem uma característica em comum, a imitação, os jovens observam os mais experientes e imita sua forma de articular, comunicar e agir. Assim os seres humanos conseguiram evoluir e consagrar sua espécie.

No caso dos elementos altruístas em alguns grupos são entendidos como: “Os etólogos chamam de "altruístas" as ações que podem ser descritas como tendo efeitos benéficos para a coletividade.” (p. 210) uma conduta carregada de conotações éticas, conforme os autores a conduta altruísta é quase universal.

Há também os indivíduos que age de forma diferente, em que, “cada um cuida egoistamente de seus próprios interesses à custa dos demais, numa implacável competição.” (p. 210)

“A coerência e harmonia nas relações e interações entre os integrantes de um sistema social humano se devem à coerência e harmonia de seu crescimento dentro dele, numa contínua aprendizagem social que seu próprio operar social (lingüístico) define, e que é possível graças aos processos genéticos e ontogenéticos que lhes permitem sua plasticidade estrutural.” (p. 215) A mudança conforme o meio e adaptação para a sobrevivência.

R: A comunicação e organização dos seres vivos é que os mantém na sociedade, sobrevivendo aos eventos naturais. 

 

12) A linguagem é uma ferramenta que permitiu a evolução das espécies?

“A partir da existência da linguagem, não há limites para o que podemos descrever, imaginar, relacionar. Ela permeia de modo absoluto toda a nossa ontogenia como indivíduos, desde o caminhar e a postura até a política.” (p. 224)

As palavras em sua forma geram ações, na história humana de interação a linguagem permitiu a interação pessoal.  O homem só reflete sobre as suas ações quando de alguma forma fracassa em alguma dimensão de seu existir, os danos percebidos é que relata o quanto seu comportamento influencia e manipula a manutenção do mundo.

O fenômeno da comunicação são fatores essenciais para toda interação social em todos os segmentos humanos. As atitudes cotidianas sob a perspectiva de mudanças é que faz a motivação da sociedade em aferir mudanças e novos comportamentos. E assim se deu o desenvolvimento do comportamento humano, o homem agindo conforme sua consciência seguindo caminhos, fazendo escolhas e agindo conforme a adaptação do ambiente, meio ou grupo. “é a rede de interações lingüísticas que nos torna o que somos.” (p. 242)

“os fenômenos sociais, fundados num acoplamento lingüístico, dão origem à linguagem, e como a linguagem, a partir de nossa experiência cotidianado conhecer, nos permite gerar a explicação de sua origem. O começo é o final.” (p. 247)

R: A característica mais forte da espécie humana está relacionada ao fato de poderem se alimentar, acasalar, se comunicar e sobreviver em cooperação, se relacionando como famílias e aprendendo novas formas de fazer as coisas, aperfeiçoando a todo instante, e cuidando uns dos outros de forma a manter a sobrevivência do grupo. Logo então a conduta lingüística passou a ser objeto de coordenação comportamental.

 

13) O conhecimento é um elemento de mudança?

O conhecer faz com que as pessoas se comprometam, faz tomar uma atitude contra a tentação da certeza, e reconhecer que nossas certezas não são provas da verdade. “ao saber que sabemos, não podemos negar que sabemos.” (251) constituindo uma ética social perante os outros.

“Todo ato humano ocorre na linguagem. Todo ato na linguagem produz o mundo que se cria com outros no ato de convivência que dá origem ao humano: por isso, todo ato humano tem sentido ético. Esse vínculo do humano com o humano é, em última análise, o fundamento de toda ética como reflexão sobre a legitimidade da presença do outro.” (p. 252)

O homem moderno vive em um período do desconhecimento do desconhecer. O não comprometimento com as ações sociais faz ser omisso com relação as responsabilidades sociais perante aos demais seres humanos. (p. 252)

R: A consciência faz com que o homem tenha a necessidade de refletir sobre a existência do outro em seu ponto de vista e aprenda a conviver com suas diferenças, pois o homem só pode viver no mundo que se constroem constantemente com a ajuda do outro, olhando para o outro de forma igual como se olha se para si mesmo. Os autores enfatizam que sem o amor, aceitação, socialização, não há humanidade.

 

Os seres vivos são sistemas fechados ou abertos?

 
“sistemas vivos são constituídos como unidades ou entidades discretas, com dinâmicas
circulares fechadas de produções moleculares abertas ao fluxo de moléculas através delas,
nas quais tudo pode mudar, exceto sua dinâmica circular fechada de produções moleculares”.
 
Então, segundo Emmeche e El-Hani (2000), não se trata de negar a importância do
intercambio entre sistema vivo e ambiente. A rede de components que corresponde ao
sistema vivo é fechada em termos organizacionais mas aberta em termos materiais e
energéticos, ou seja, ela está sempre trocando material e energia com o ambiente externo.