O USO DA SALA DE INFORMÁTICA NAS AULAS DE MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL: PERCEPÇÕES DE UM GRUPO DE PROFESSORES


Portiagomodena- Postado em 29 abril 2019

Autores: 
Franciele Martins de Oliveira
Resumo: Este artigo tem como objetivo refletir sobre o uso da sala de informática nas aulas de matemática no
Ensino Fundamental, buscando compreender as contribuições e dificuldades da inclusão de ferramentas
tecnológicas na prática pedagógica a partir das percepções de um grupo de professores. Constituiu-se a partir de
uma pesquisa de cunho qualitativo, no qual foi proposto um questionário aos professores de Matemática das
escolas municipais na cidade de Panambi/RS. Os dados empíricos produzidos na pesquisa foram analisados com
base em algumas discussões apresentadas por autores como Borba (2001), Brandão (1995), Gouvêa (1999), entre
outros que pesquisam sobre Educação Matemática e Informática. Diante da análise dos dados produzidos, foi
possível perceber que a maioria dos professores utiliza a sala de Informática de suas escolas, no entanto, parte
destes, com pouca frequência, pois não têm um conhecimento que potencialize a utilização da informática como
um recurso metodológico no Ensino da Matemática.
Palavras-chave: Aula de Matemática. Sala de Informática. Recurso Metodológico.
Introdução
As evoluções tecnológicas vividas por nossa sociedade nos últimos anos têm
evidenciado e provocado uma utilização crescente de computadores nas mais diferentes
tarefas. O computador está se tornando uma ferramenta tão útil e necessária quanto o telefone,
o fax, a calculadora e outros equipamentos tecnológicos presentes no dia a dia das pessoas.
O acelerado desenvolvimento tecnológico vem ocorrendo em todos os setores da
sociedade e tem mobilizado o governo federal a investir em Políticas Educacionais que
introduzam nas escolas de todo o Brasil as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
(NTIC). Entre os Programas Educacionais desenvolvidos pelo governo brasileiro, um vem se
destacando – o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (PROINFO), este programa
tem ampliado as salas de informática de inúmeras escolas e oferecido programas de formação
docente.
Tecnologias sempre foram utilizadas no campo da educação, porém hoje, quando se
fala sobre este assunto, lembramos logo do computador, que vem se configurando como uma
 
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Este artigo foi elaborado para o Componente Curricular Prática de Ensino s/f Estágio Supervisionado V:
Trabalho de Sistematização do Curso em Matemática – Licenciatura da UNIJUÍ – Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, sob orientação da profª Isabel Koltermann Battisti.
2Acadêmica do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul.
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ferramenta valiosa para os educadores no sentido de extrapolar os limites da sala de aula. O
computador, a internet e os recursos de multimídia facilitam a construção do conhecimento e
introduzem na escola uma nova cultura, na qual os estudantes saem em busca da informação,
estabelecendo novas formas de comunicação e de interação.
Com o auxílio da informática as aulas de matemática convencionais têm se
transformado em aulas com espaço real de interação, de troca, adaptando os dados e as
informações à realidade do educando.
O uso do computador no ensino fascina os educandos e, de certa forma, desestabiliza
a soberania do professor, porque este deixa de ser o único portador e transmissor do
conhecimento, tornando-se mediador no processo de ensino e aprendizagem. Parte daí a
concepção que nos sustenta de que os envolvidos no processo de aprendizagem sejam capazes
de construir conceitos e conhecimentos (ainda que limitados e provisórios) de forma ativa e
crítica a partir das situações vivenciadas e da reflexão acerca do arcabouço de informações
com as quais interagem cotidianamente.
O professor que ensina matemática em um ambiente informatizado pode ajudar seu
aluno a desenvolver uma aprendizagem muito mais rica, no qual o aluno aprende a
compreender e construir os conceitos matemáticos de forma dinâmica e contextualizada.
Diversos pesquisadores têm estudado sobre essa temática: Pazuch (2009) apresenta discussões
em suas pesquisas sobre a formação e a prática do professor e a informática; Borba (2001)
trata a informática como um direito do aluno em nossas escolas, onde se faz necessário uma
alfabetização tecnológica na formação do aluno.
Trabalho a sete anos como monitora de informática na rede de ensino municipal de
Panambi/RS e durante todo esse tempo venho acompanhando as aulas de matemática de
diferentes séries do ensino fundamental na sala de informática. Foi a atuação na escola que
me despertou o interesse de realizar a pesquisa e o presente artigo, visto que ao longo da
minha prática na escola, pude perceber que o ensino da matemática num ambiente
informatizado pode proporcionar ao aluno uma formação integral, capacitando-o para viver
em uma sociedade tecnológica em constante desenvolvimento.
O computador é um dos recursos tecnológicos “mais avançados” de que a escola
pode fazer uso atualmente, é necessário que o professor conheça e utilize as tecnologias
recentes, levando-as para dentro da sala de aula, tornando o aprendizado dos alunos contínuo
e de qualidade.
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Hoje, a informática no ensino da matemática é fundamental no processo da
aprendizagem dos conteúdos curriculares em todos os níveis e modalidades de ensino. Os
conteúdos quando desenvolvidos por intermédio do computador, podem facilitar e dinamizar
o trabalho do educador. Diante dessas considerações, com o objetivo de buscar compreender
como os professores utilizam a informática no ensino da matemática, identificando as
contribuições e dificuldades da inclusão desta ferramenta na prática pedagógica, cheguei à
seguinte questão de pesquisa que norteia e fundamenta este artigo: Como, por que e para quê
os professores de matemática do Ensino Fundamental utilizam a sala de informática das
escolas municipais de Panambi/RS?
Este artigo propõe um estudo reflexivo sobre o uso da sala de informática nas aulas
de matemática no ensino fundamental – percepções de um grupo de professores, visto que,
para muitos educandos, a escola é o único lugar em que poderão fazer uso do computador, e
que a informática pode possibilitar a melhoria da formulação de saberes nas diferentes áreas
do conhecimento.
Procedimentos Metodológicos
O artigo se constituiu a partir de uma pesquisa qualitativa e tem o apoio bibliográfico
de grande valia e eficácia ao pesquisador, porque permite obter conhecimentos já catalogados
em bibliotecas, editoras, internet, videotecas, etc.
Garnica (2004) define pesquisa qualitativa como aquela que tem as seguintes
características:
[...] (a)a transitoriedade de seus resultados; (b) a impossibilidade de uma hipótese a
priori, cujo objetivo da pesquisa será comprovar ou refutar; (c) a não neutralidade do
pesquisador que, no processo interpretativo, vale-se de suas perspectivas e filtros
vivenciais prévios dos quais não consegue se desvencilhar; (d) que a constituição de
suas compreensões dá-se não como resultado, mas numa trajetória em que essas
mesmas compreensões e também os meios de obtê-las podem ser (re) configuradas;
e (e) a impossibilidade de estabelecer regulamentações, em procedimentos
sistemáticos, prévios, estáticos e generalistas (GARNICA, 2004, p. 86).
Embora o presente artigo seja baseado em uma pesquisa qualitativa, dados
quantitativos também foram utilizados no decorrer da pesquisa. Bogdan e Biklen (1994)
explicitam bem esta questão:
Embora os dados quantitativos recolhidos por outras pessoas (avaliadores,
administradores e outros investigadores) possam ser convencionalmente úteis tal
como foram descritos, os investigadores qualitativos dispõem-se à recolha de dados
quantitativos de forma crítica. Não é que os números por si não tenham valor. Em
vez disso, o investigador qualitativo tende a virar o processo de compilação na sua
cabeça perguntando-se o que os números dizem acerca das suposições das pessoas
que os usam e os compilam. [...] Os investigadores qualitativos são inflexíveis em 
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não tomar os dados quantitativos por seu valor facial (BOGDAN; BIKLEN, 1994,
p.195).
A pesquisa se faz a partir do desenvolvimento de três procedimentos: aplicação de
um questionário geral para os professores de matemática da Rede Pública Municipal de
Panambi/RS, pesquisa bibliográfica e análise de todo o material coletado.
Elaborei um questionário com um total de nove questões com o objetivo de obter
dados suficientes para atender ao objetivo da pesquisa. O questionário foi enviado para a
Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC) aos cuidados da Coordenação de
Matemática, a coordenadora entregou a todos os professores de matemática do Ensino
Fundamental pedindo-lhes que respondessem; os professores responderam as questões e
retornaram o questionário para a Coordenadora de Matemática que me entregou. O
questionário foi entregue para catorze professores, destes, treze retornaram; em geral os
professores responderam todas as questões propostas o que me propiciou um material rico
para minha pesquisa. Nas análises dos questionários os referidos professores serão indicados
como Professor A, Professor B, Professor C e assim sucessivamente.
A partir do material obtido nos questionários foi preciso realizar a tabulação dos
dados para melhor compreendê-los e analisá-los. Os dados contidos nos questionários foram
dispostos em tabelas, na medida em que fui agrupando, separando e selecionando as
informações encontradas nos questionários a empiria foi se mostrando, tornando-se mais
acessível e fácil de ser analisada, aos poucos eu fui me apr
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informática, dentre todas essas tecnologias, é certamente a mais promissora e oferece ao
educador mais possibilidades e recursos para auxiliar na sua tarefa de ensinar.
O uso do computador no ensino propicia ao aluno uma aprendizagem entrelaçada a
representações, situações problemas, novos significados e novas linguagens. Quando o aluno
entra em contato com o computador novos conhecimentos e conjecturas podem ser criadas,
assim como podem se estabelecer novas dúvidas e problematizações. Um problema pode
remeter a outro, gerando ideias e questionamentos. O poder do computador como ferramenta
educacional é indiscutível, por isso é crucial que os professores permitam aos alunos ter
acesso ao computador, conforme Borba (2001):
O acesso à Informática deve ser visto como um direito e, portanto, nas escolas
públicas e particulares o estudante deve poder usufruir uma educação que no
momento atual inclua, no mínimo, uma „alfabetização tecnológica‟. Tal
alfabetização deve ser vista não como um curso de Informática, mas, sim, como um
aprender a ler essa nova mídia. Assim, o computador deve estar inserido em
atividades essenciais, tais como aprender a ler, escrever, compreender textos,
entender gráficos, contar, desenvolver noções espaciais etc. E, nesse sentido, a
Informática na escola passa a ser parte da resposta a questões ligadas à cidadania
(BORBA, 2001, p. 17).
Nos últimos anos ampliou-se o acesso à informática nas escolas, a grande maioria
dessas instituições de ensino tem uma sala de informática onde o professor pode ir “dar” sua
aula, em geral os alunos estão tendo oportunidades de interagir com o computador e a
internet. O uso da informática amplia as possibilidades no processo de ensino e de
aprendizagem, porém não pode ser somente o uso de mais um ou de outro recurso, faz-se
necessário uma mudança de paradigmas pedagógicos.
O ensino da Matemática nos dias atuais está passando por um processo de renovação
de espaços, de ressignificação de conteúdos, de valores e de práticas, tendo como ponto de
partida as mudanças ocorridas na sociedade. A escola, como instituição integrante e atuante
dessa sociedade e responsável pelo desenvolvimento do saber formal, não pode ficar fora ou a
margem do dinamismo marcado pelas NTIC. O uso das tecnologias, como elemento mediador
entre o homem e o meio sociocultural, introduz mudanças substanciais na escola, lugar onde
com muita frequência estas mudanças custam acontecer e onde há uma enorme defasagem
entre o que se ensina e o que acontece no mundo real.
Diante dessa nova situação, é importante que o professor possa refletir sobre essa
nova realidade, repensar sua prática e construir novas formas de ação que permitam não só
lidar, com essa nova realidade, com também construí-la. Para que isso ocorra, o uso da sala de
informática nas aulas é essencial, e, nesse contexto, o professor ocupa um lugar e uma função
determinante. Conforme Gouvêa:
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O professor será mais importante do que nunca, pois ele precisa se apropriar dessa
tecnologia e introduzi-la na sala de aula, no seu dia-a-dia, da mesma forma que um
professor, que um dia, introduziu o primeiro livro numa escola e teve de começar a
lidar de modo diferente com o conhecimento – sem deixar as outras tecnologias de
comunicação de lado. Continuaremos a ensinar e a aprender pela palavra, pelo gesto,
pela emoção, pela afetividade, pelos textos lidos e escritos, pela televisão, mas agora
também pelo computador, pela informação em tempo real, pela tela em camadas, em
janelas que vão se aprofundando às nossas vistas... (GOUVÊA, 1999, p. 14).
Diante disso, o professor deve estar disposto a assumir uma postura de aprendiz
ativo, crítico e criativo, articulador do ensino com a pesquisa, constante investigador sobre o
aluno, sobre seu nível de desenvolvimento cognitivo, social e afetivo, sobre sua forma de
linguagem, expectativas e necessidades, sobre seu contexto e sua cultura. Tudo isso permite
ao professor aprender a questionar o aluno, desafiá-lo e instigá-lo a buscar construir e
reconstruir conhecimentos novos com o uso articulado da informática.
Para que os computadores promovam as mudanças esperadas no processo educativo,
eles devem ser usados não como máquinas para ensinar ou aprender, mas como ferramentas
pedagógicas para criar um ambiente interativo que proporcione ao aluno, diante de uma
situação problema, investigar, levantar hipóteses, testá-las e refinar suas ideias iniciais,
construindo assim seu próprio conhecimento. A utilização dos computadores no ensino de
matemática não garantirá por si só a aprendizagem dos alunos, pois os mesmos são
instrumentos de ensino que podem e devem estar a serviço do processo de construção e
apropriação de conhecimentos. A introdução desses recursos na educação deve ser
acompanhada de uma sólida formação dos professores para que possam utilizá-los de uma
forma responsável e com potencialidades pedagógicas. De acordo com Brandão:
É necessário dar prioridade absoluta a formação docente, não tanto no sentido de
fornecer aos professores um conhecimento mínimo de informática, e mais
precisamente sobre Computação. É necessário, também, e, sobretudo, fornecer bases
para seu uso crítico, de modo a garantir que a inserção de instrumentos informáticos
no processo educativo ocorra com plena consciência da sua viabilidade, validade e
oportunidade no processo ensino-aprendizagem (BRANDÃO, 1995, p. 63).
Entretanto, muitos professores ainda desconhecem a importância do uso da
informática no processo de o ensino e de aprendizagem em matemática. É preciso que os
professores compreendam e aprendam a utilizar a sala de informática em suas aulas, isso
possibilita um trabalho dinâmico, passível de transformações ao longo do processo de
construção, compreensão e apropriação do conhecimento matemático. Para isso, os
professores devem estar envolvidos constantemente no processo de formação continuada, a
qual busca proporcionar qualificação e renovação da prática docente.
O professor pode explorar o computador de diferentes formas ao usar a sala de
informática nas aulas de matemática, dentre essas formas pode-se ressaltar: a pesquisa na 
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internet, o uso de softwares matemáticos e de objetos virtuais de aprendizagem. O
computador por si só não contribui para a melhoria do ensino, são essas ferramentas de
aprendizagens que permitem ao aluno interagir com o conteúdo a partir do computador e
explorar conceitos matemáticos de uma forma mais interessante, eficiente e dinâmica.
A pesquisa na internet atualmente é uma dos recursos mais utilizados no mundo
todo, as pessoas recorrem a busca na internet para procurar informações que possam
contribuir no esclarecimento de dúvidas comuns do seu dia a dia, no ensino da matemática
pesquisa-se muito sobre a história da matemática. A história da matemática é um recurso de
ensino que pode esclarecer ideias e procedimentos matemáticos de diferentes culturas, em
diferentes momentos históricos (BRASIL, 1997).
Os softwares matemáticos quando bem selecionados e usados adequadamente pelo
professor podem ser uma excelente ferramenta de ensino. Valente (1995) aponta que:
Para a implantação do computador na educação são necessários basicamente quatro
ingredientes: o computador, o software educativo, o professor capacitado para usar o
computador como meio educacional e o aluno. [...] software educativo: um
ingrediente com tanta importância quanto os outros pois, sem ele, o computador
jamais poderá ser utilizado na educação (VALENTE, 1995, p. 01).
Ao permitir a interação do aluno com o objeto matemático, através do software, o
conhecimento do aluno é construído de forma mais significativa e elaborada. Há vários
softwares que podem ser utilizados pelos professores, entre eles destacam-se os de geometria
dinâmica (Geogebra, Régua e Compasso), ou os de plotagem de gráficos (Kmplot,
Graphmatica), também existem as planilhas eletrônicas (Excel, Calc) que são muito usadas na
construção de tabelas e gráficos.
Os objetos virtuais de aprendizagem são aplicativos computacionais criados em
plataformas como Java e Flash. Estes aplicativos são interativos e criativos, quando
escolhidos e usados adequadamente pelo professor servem como ferramentas educacionais
que facilitam a apropriação do conhecimento matemático pelo aluno.
Portanto, o uso da sala de informática nas aulas de matemática além de renovar o processo
ensino-aprendizagem pode propiciar o desenvolvimento integral do aluno, valorizando o seu
lado social, emocional, crítico, imaginário, deixando margens para exploração de novas
possibilidades de criação.
A inserção de Tecnologias Informáticas no contexto escolar
A partir das discussões teóricas realizadas, proponho a análise reflexiva dos dados
obtidos no questionário aplicado ao grupo de professores já anteriormente especificado. Num
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primeiro momento a análise considera os recursos tecnológicos disponibilizados pelas escolas
e a utilização destes na prática docente, ou seja, a utilização da sala de Informática no fazer
das aulas de Matemática. A partir desta análise inicial, as discussões são ampliadas a partir de
tratativas relacionadas à formação continuada dos professores – sujeitos da pesquisa.
O uso da sala de informática por um grupo de professores de matemática
[...] ao adentrarmos num ambiente informático, temos que nos disponibilizar a lidar
com situações imprevisíveis. Algumas delas envolvem uma familiaridade maior com
o software enquanto outras podem estar relacionadas com o conteúdo matemático.
(BORBA, 2003, p. 63)
O ensino considerando o uso do computador implica que o aluno, através da
máquina, possa se apropriar de conceitos sobre praticamente qualquer domínio. Entretanto, a
abordagem pedagógica de como isso acontece é bastante variada (VALENTE, 1995).
Atualmente a sala de informática é utilizada em grande parte das escolas, porém, existem
questionamentos quanto à forma de sua utilização e contribuição no ensino de matemática. A
seguir busco analisar quais os recursos tecnológicos presentes na escola e como são utilizados
pelos professores de matemática. Contudo, o foco principal, é identificar de que forma a sala
de informática é utilizada e quais os objetivos que sustentam esta utilização por um grupo de
professores de matemática.
Considerando a utilização dos recursos tecnológicos na prática docente e os recursos
presentes na escola (Tv/Vídeo, Som, Computador, Multimídia, Internet), foi possível observar
que estes são utilizados por todos os professores na sua prática pedagógica. Dos treze
professores que responderam ao questionário, apenas dois deles destacam que em sua prática
docente, utilizam os recursos tecnológicos com pouca frequência. O computador aparece
como o recurso tecnológico mais utilizado pelos professores juntamente com a internet.
Observei ainda que apenas dois professores apontaram não utilizar a internet.
Os professores, ao serem questionados sobre quais os recursos que mais contribuem
para o ensino de matemática, responderam, na sua maioria, que o computador e a internet são
os recursos que mais trazem contribuições para o ensino. Valente (1995, p. 05), realça essa
questão, ao dizer que “[...] como uma nova mídia educacional: o computador passa a ser uma
ferramenta educacional, uma ferramenta de complementação, de aperfeiçoamento e de
possível mudança na qualidade do ensino”. A colocação de Valente encaminha o olhar para o
professor L quando este afirma que “[...] os objetos de aprendizagens tem outro enfoque do
que estamos habitualmente acostumados, sem contar que são mais atrativos e instigadores”.
Esse novo enfoque destacado pelo professor, visando uma possível mudança na qualidade do
ensino, requer uma mudança de paradigmas fortemente instituídos, pois, os computadores
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[...] estão propiciando uma verdadeira revolução no processo de ensino
aprendizagem. Uma razão mais óbvia advém dos diferentes tipos de abordagens de
ensino que podem ser realizados através do computador, devido aos inúmeros
programas desenvolvidos para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem
(VALENTE, 1995, p. 20).
Todos os professores registraram que, de diferentes formas, utilizam a sala de
informática de suas escolas. Ao considerar como um recurso para apresentação diferenciada
do conteúdo, ora para introduzir conceitos, ora para complementar as atividades propostas em
sala de aula. Em geral os professores afirmam que fazem uso de diferentes ferramentas:
softwares, objetos de aprendizagens, jogos e pesquisa de conteúdos matemáticos. Estas
ferramentas quando inseridas no ensino “[...] tornam as aulas mais interessantes” (Professor
F), “[...] auxiliam na aprendizagem dos alunos” (Professor H), “[...] facilitam a construção
dos conceitos matemáticos” (Professor J). O professor B indica que utiliza a sala de
informática para a confecção de gráficos, para trabalhar atividades envolvendo área,
localização, frações, funções, pesquisas estatísticas, geometria, Teorema de Tales e Pitágoras.
O professor A enfatiza que os jogos podem ser ferramentas valiosas no ensino, pois: “[...] os
jogos, de uma maneira lúdica, facilitam o processo de ensino aprendizagem” (Professor A).
Valente (1995) nos ajuda a compreender essa questão ao dizer que os jogos, do ponto de vista
da criança, constituem a maneira mais divertida de aprender, porém salienta que é preciso
jogar com consciência, explorando com os alunos as jogadas erradas, ajudando-os a refletir
sobre a causa dos erros; é de extrema importância que o objetivo do jogo não se torne apenas
a competição (VALENTE, 1995).
Os professores relataram que as ferramentas mais utilizadas no computador são:
softwares – Geogebra, Cabri, Tuxmath; pesquisa na internet – em especial relacionadas à
História da matemática; Vídeos – Tv Escola; objetos virtuais de aprendizagem – Laboratório
Virtual de Matemática da Unijuí e Winarc. O software Geogebra destacou-se entre os
demais3
, foi citado por cinco professores nos questionários, o professor G comenta: “[...]
foram muitas atividades, mas o que mais utilizei foram as atividades propostas pela nossa
coordenadora de área: Geogebra, Cabri, frações, gráficos” (Professor G). Os professores
expuseram que utilizam o Geogebra para trabalhar com os alunos conteúdos envolvendo
geometria, área e perímetro.
Entre os professores que responderam o questionário um deles me chama a atenção –
o professor L, ao se referir a forma que realiza suas atividades com alunos na sala de
 
3
Todos os professores da rede municipal de ensino de Panambi/RS participaram de curso de formação
continuada e neste foram desenvolvidas atividades envolvendo conceitos matemáticos a partir do uso do
software GeoGebra.
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informática, o professor explica que posta suas atividades em seu blog e pede para os alunos
acessar via internet e realizar a tarefa “[...] pode ser um exercício, um jogo, uma reportagem,
um vídeo ou outros” (Professor L). Essa forma de trabalhar com os alunos é interessante, pois
permite ao aluno associar o uso do computador com a internet, e ainda o aluno aprende a
utilizar uma ferramenta da atualidade muito útil como o blog. Penteado (1999) relata que:
Um novo cenário afeta a forma como os alunos e professor se comportam na sala de
aula e a forma como se comunicam entre si. O professor se vê diante de situações
novas (os alunos também) em relação ao que usualmente está acostumado a
enfrentar, exigindo estratégias diferentes (PENTEADO, 1999, p. 303).
Os professores acreditam que o uso da sala de informática nas aulas de matemática
pode contribuir para a melhoria do ensino da matemática, já que a informática educativa torna
o estudo dinâmico, significativo, prazeroso, desenvolve a criatividade e o interesse dos
alunos. Alguns professores ressaltam que a informática deve ser utilizada no ensino com
seriedade diante de um planejamento bem elaborado, com objetivos bem definidos, “Com
programas adequados ao conteúdo em estudo” (Professor J). Dessa forma, a informática
pode contribuir para a construção de novos saberes através da interação aluno – computador e,
além disso, o aluno se constituí como sujeito, pois aprende também a “ [...] falar, interagir,
pensar, agir” (Professor C). O professor D destaca a necessidade de conhecer mais atividades
para realizar no computador com os alunos, ela afirma que tem pouco tempo para pesquisar,
em virtude das 40 horas semanais que trabalha; essa é uma realidade que assola o cotidiano de
grande parte dos professores.
A formação dos professores e o uso de tecnologias
É proposto, a seguir, uma análise e discussão considerando o processo de formação
continuada. Especificamente, será enfocado o processo de formação continuada e suas
respectivas contribuições na melhoria da prática docente de um grupo de professores de
matemática, levando em conta o uso de tecnologias.
Na medida em que foi acontecendo o desenvolvimento das tecnologias, elas foram
sendo implantadas nas escolas com o intuito de propiciar aos alunos uma aprendizagem com
maior qualidade. Devido a esta gradativa implantação, muitos professores, já formados em um
período anterior, tiveram que se movimentar entre processos de apropriação do saber e o uso
de tecnologias no ensino, pois o uso das tecnologias foi pouco abordado em sua formação
inicial.
Ao analisar o período de docência dos treze professores de matemática, foi
identificada uma grande disparidade entre eles, os períodos variam entre um ano a vinte e sete
11
anos de docência. O gráfico a seguir representa o tempo de docência dos professores sujeitos
da pesquisa:
Gráfico 1: Tempo de Docência dos Professores.
Fonte: Dados empíricos da pesquisa.
Foi possível observar que a maior parte dos professores concentra-se entre 6 a 10
anos de docência, o que pode significar que os professores possuem, em geral, uma formação
acadêmica mais recente; mas mesmo assim quando questionados, os professores, na sua
maioria, responderam que não possuem uma formação inicial voltada para uso da informática
no ensino da matemática e que a referida temática necessita fazer parte de um processo de
formação continuada.
Os saberes que o professor adquire na sua formação inicial são importantes, porém o
professor não pode ficar limitado a eles, é necessário que busque novos conhecimentos, reflita
sobre sua prática; é a reflexão sobre a sua prática - a partir da sala de aula, que constitui o ser
professor. Fiorentini e Castro (2003) corroboram com esta ideia ao dizer que:
O conceito de saber docente pressupõe a existência de algumas mediações. Uma
delas é a reflexão. Sem ela, a formação docente e a respectiva produção de saberes
não acontecem de modo efetivo. Sem reflexão, o professor mecaniza sua prática, cai
na rotina, passando a trabalhar de forma repetitiva, reproduzindo o que está pronto e
o que é mais acessível, fácil ou simples (FIORENTINI; CASTRO, 2003, p. 127).
Não basta o professor desenvolver atividades com o uso articulado a tecnologias, é
preciso que tenha intencionalidades claras e definidas, que reflita sobre suas ações e a partir
delas, construa novas elaborações e significações e assim, um planejamento criterioso onde
tenha estabelecido os objetivos de cada atividade; as atividades a serem desenvolvidas devem
ter sentido e significado para os alunos e contribuir na construção dos conceitos matemáticos
e consequentemente na melhoria do ensino-aprendizagem.
Buscando mudanças para a sua prática pedagógica, alguns professores registraram
que, ao longo dos anos, vem realizando alguns cursos e participando dos dias de formação
propostos pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC). Nesse sentido,
Tempo de Docência dos Professores
0 a 5 anos
6 a 10 anos
11 a 15 anos
16 a 30 anos
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evidencia-se, por parte de alguns dos professores, a necessidade da formação continuada, a
fim de proporcionar possibilidades de aperfeiçoamento da prática docente considerando as
contribuições das tecnologias no ensino e aprendizagem de matemática. “Nesse contexto,
onde o professor é de fundamental importância é preciso que ele esteja preparado para que
possa incluir as TICs na sua prática pedagógica, [...]” (CARNEIRO; PASSOS, 2006, p. 05),
se isto não ocorrer, o professor encontrará dificuldades para utilizar a sala de informática ao
gestar suas aulas.
Os professores acreditam que o processo de formação continuada contribui para a
melhoria da prática docente. Ao serem questionados, eles responderam que os cursos de
aperfeiçoamento realizados os auxiliam no planejamento diário, facilitam a utilização dos
softwares, permitem a troca de experiências e atividades; o professor L comenta “[...] tenho
pós em informática e pelo tempo no magistério posso dizer que esta prática vem
demonstrando resultados satisfatórios, principalmente na fixação dos conteúdos”.
Portanto, percebe-se que o processo de formação continuada possibilita aos
professores elaborar um melhor aporte teórico e metodológico a partir de novas elaborações e
entendimentos, isso torna possível o uso de novas ferramentas e, consequentemente leva a
inserção de Tecnologias Informáticas no contexto escolar.
Considerações Finais
Este trabalho foi realizado com o objetivo de refletir acerca do uso da sala de
informática nas aulas de matemática no ensino fundamental, considerando as percepções de
um grupo de professores. Para alcançar os objetivos da pesquisa foi desenvolvido um estudo
teórico que, posteriormente, subsidiou a análise de um questionário proposto a um grupo de
professores de matemática do município de Panambi/RS.
O estudo teórico e a análise possibilitaram identificar que os professores da rede
municipal de Panambi/RS visam obter melhorias no ensino e na aprendizagem do Ensino
Fundamental com a inserção de tecnologias informáticas nas aulas de matemática. As análises
aqui empreendidas possibilitam afirmar que o fazer uso de novas ferramentas no ensino
permite aos professores elaborar aulas inovadoras, interativas, instigadoras e dinâmicas, onde
os conceitos matemáticos são apresentados de forma diferenciada e interessante. Foi possível
perceber que os professores vem buscando utilizar a informática como um recurso
metodológico inserindo-o na elaboração do planejamento diário das aulas.
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Os resultados obtidos na análise dos questionários me ajudaram a perceber que os
professores da rede municipal de Panambi/RS utilizam a sala de informática de suas escolas e
buscam constante aperfeiçoamento para melhorar a sua prática docente nesse âmbito. A
pesquisa apontou que a busca por uma formação continuada de fato pode trazer contribuições
para o ensino da matemática, pois a inserção da informática no ensino exige dos professores
um aprimoramento e um domínio da utilização da sala de informática.
Durante a análise dos dados, ao considerar o uso da sala de informática pelos
professores, foi possível perceber que é preciso ter uma intencionalidade ao planejar as aulas,
“saber” matemática, e principalmente, saber como utilizar a sala de informática, buscar
conhecer os recursos tecnológicos deste ambiente, ou seja, os aplicativos, os softwares, os
objetos virtuais de aprendizagem e realizar pesquisas. A partir da articulação destes diferentes
elementos, o professor conseguirá desenvolver atividades diferenciadas que proporcionem aos
alunos uma aprendizagem significativa. Observando que, para isto, o professor precisa estar
em constante formação, pois as tecnologias informáticas evoluem constantemente.
Referências
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introdução à teoria e aos métodos. Lisboa: Porto Editora, 1994 ou 1989.
BORBA, Marcelo Carvalho; PENTEADO, Miriam Godoy. Informática e Educação
Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
BRANDÃO, Edemilson J. R. Informática e Educação: uma difícil aliança. Passo Fundo:
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Curriculares Nacionais: Matemática – Ensino Fundamental. Brasília, 1998.
CARNEIRO, Reginaldo Fernando; PASSOS, Cármen Lúcia Brancaglion. Formação Inicial e
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Professores de Matemática em Início de Carreira. EBRAPEM. Belo Horizonte Minas
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21 out. 2012.
FIORENTINI, Dario; CASTRO, Franciana Carneiro de. Tornando-se professor de
matemática: o caso de Allan em prática de ensino e estágio supervisionado. In:
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