Notas sobre a era digital


PorAnônimo- Postado em 27 março 2009

Afinal, o que vivemos hoje? É a era do acesso de Jeremy Rifkin, a sociedade em rede tratada por Manuel Castells, a sociedade tecnológica referida por Fagundes. Em uma análise imediata, põe-se a questão das remodelagens estatutárias do saber. O extravagante potencial das TICs permite o acúmulo e processamento sem precedentes de informações. Uma vez estocado e acessível, o conhecimento torna-se plataforma para a produção de mais conhecimento. Esta dinâmica básica e genérica, contudo, insere-se nas comunidades produzindo impactos sociais concretos, como as cidades digitais, os escritórios móveis, as empresas em rede e as comunidades virtuais. Uma vez processada a revolução no saber, há também de se ponderar acerca das reformulações do poder levadas a cabo pela tecnologia. Aos poucos, a internet converte-se em campo de discussões políticas; a perícia técnica, em objeto de desejo das corporações; e o desenvolvimento tecnológico geral, em relações que potencializam a globalização, especialmente na sua vertente econômica. Com base nestas reflexões, cumpre reconhecer a dimensão ético-política inerente ao tempo dito ‘pós-moderno’ que se nos apresenta, para que a era do acesso não se converta em argumento retórico; para que a sociedade em rede aprimore conexões democráticas; e para que a sociedade tecnológica não reste prisioneira do puro instrumentalismo. Só assim a tecnologia contribuirá para uma sociabilidade renovada e plural.