"A inteligência artificial pode se tornar mais esperta que nós"


Porrayanesantos- Postado em 24 novembro 2011

No livro a Era das Máquinas Espirituais, que escrevi em meados da década de 1980, previ que um computador iria vencer o campeão mundial de xadrez aproximadamente em 1998. Adiantei que, quando isso acontecesse, iríamos ver com melhores olhos a capacidade de inteligência dos computadores – e, com piores, a nossa própria. Em 1987, o Deep Blue [computador desenvolvido pela IBM] derrotou Gary Gasparov, então campeão no esporte. Analistas da computação e cientistas pontuaram que a façanha só deixava claro como computadores eram bons em fazer análises lógicas de alta velocidade e que o xadrez era apenas uma forma de lidar com a explosiva combinação de possibilidades.

Humanos, por outro lado, conseguiriam lidar com as sutilezas e imprevisibilidades da linguagem: somos únicos na habilidade de entender suas elaboradas estruturas, de unir símbolos para formar uma idéia. Isso é o que diferencia os humanos.

Quer dizer, até agora. O computador Watson é um belíssimo exemplo da crescente habilidade das máquinas de invadirem com sucesso essa atribuição supostamente exclusiva da inteligência humana. Sempre acreditei que, uma vez que o computador alcançasse o nível humano de padrão de reconhecimento e de entendimento da linguagem, ele se tornaria inerentemente superior a nós, pela habilidade da máquina de aliar essas características a uma extensa base de dados. Ainda não sabemos onde a vitória do Watson no Jeopardy! Vai nos levar, mas isso prova que o computador conquistou um novo patamar para seus companheiros de bits e bytes.
             Por hora, a polêmica reside no fato de que a inteligência não-biológica é igual à inteligência humana. E de que a inteligência artificial pode se tornar milhares de vezes mais esperta que nós. O que, para mim, é inequívoco. Mas mantenha em mente que isso não significa uma invasão alienígena das máquinas. Estamos criando essas tecnologias para expandir nossos limites. Finalmente vamos estender muito nossa própria inteligência graças a essas ferramentas que são fruto da nossa própria criação.

* Raymond Kurzweil é inventor e futurólogo norte-americano, pioneiro no estudo de inteligência artificial. É autor de dezenas de livros sobre o assunto, como A Era das Máquinas Espirituais (Aleph)

Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI228860-17770,00-A+INTELIGENCIA+ARTIFICIAL+PODE+SE+TORNAR+MAIS+ESPERTA+QUE+NOS.html

 

Análise:

 

O desenvolvimento da área começou logo após a Segunda Guerra Mundial, com o artigo "Computing Machinery and Intelligence" do matemático inglês Alan Turing, e o próprio nome foi cunhado em 1956. Seus principais idealizadores foram os cientistas Herbert Simon, Allen Newell, John McCarthy, Warren McCulloch, Walter Pitts e Marvin Minsky, entre outros.

Inicialmente a Inteligência Artificial (AI) visava reproduzir o pensamento humano. A Inteligência Artificial abraçou a idéia de reproduzir faculdades humanas como criatividade, auto-aperfeiçoamento e uso da linguagem. Porém, o conceito de inteligência artificial é bastante difícil de se definir. Por essa razão, Inteligência Artificial foi (e continua sendo) uma noção que dispõe de múltiplas interpretações, não raro conflitantes ou circulares.

Mas, segundo Marvin Minsky (cientista estadunidense da inteligência artificial e autor de diversos livros), é a ciência de construção de máquinas que fazem coisas que requereriam inteligência, caso fossem feitas por homens. De outro, é o estudo que busca simular processos inteligentes ou processos de aprendizagem em máquinas ou que tenta fazer com que os computadores realizem tarefas em que, no momento, as pessoas são melhores.

Hoje em dia, são várias as aplicações na vida real da Inteligência Artificial: jogos, programas de computador, aplicativos de segurança para sistemas informacionais, robótica (robôs auxiliares), dispositivos para reconhecimentos de escrita a mão e reconhecimento de voz, programas de diagnósticos médicos e muito mais.

Baseando-se em histórias fictícias apresentadas em filmes que retratam a IA, como exemplo: Matrix, Exterminador do Futuro, Inteligência Artificial, Eu Robô, Uma odisséia nos espaço, entre outros, não é difícil imaginar o caos que poderá ser causado por seres de metal, com um enorme poder físico e de raciocínio, agindo independentemente da vontade humana. Guerras desleais, escravidão e até mesmo a extinção da humanidade estão no rol das conseqüências da IA.

Por outro lado, robôs inteligentes podem ser de grande utilidade na medicina, diminuindo o número de erros médicos, na exploração de outros planetas, no resgate de pessoas soterradas por escombros, além de sistemas inteligentes para resolver cálculos e realizar pesquisas que poderão encontrar cura de doenças.

Como pode ser notado, a Inteligência Artificial é um tema complexo e bastante controverso. São diversos os pontos a favor e contra e cada lado tem razão em suas afirmações. Cabe a nós esperar que, independente dos rumos que os estudos sobre IA tomem, eles sejam guiados pela ética e pelo bom senso.

Já no âmbito do Direito a utilização da inteligência artificial visa a criação de sistemas mais justos, racionais e humanitários, visto que ainda em boa parte dos tribunais há apenas a aplicação das normas de forma mecanizada.

A aplicação de técnicas desta inteligência ainda é restrita e o avanço nesse campo é lento, muitas vezes a inteligência artificial se restringe apenas ao campo das idéias, contudo pode-se citar alguns campos de discussões que surgiram a respeito deste assunto:

  • A verificação e avaliação das leis (HAGE, 1993);
  • O estudo da argumentação jurídica (ASHLEY, 1986);
  • A modelação de contratos (SANTOS);
  • O diagnóstico de violações (SMITH, 1993);

 

Algumas vantagens na aplicação da IA ao Direito podem ser citadas:

  1. O Direito tem uma tradição de examinar seu próprio processo de raciocínio;
  2. Seu raciocínio é estilizado, sua linguagem mais precisa e mais circunscrita; 
  3. Grande parte do conhecimento é facilmente acessível, sendo que alguns estão codificados - estruturados; 
  4. A ciência jurídica é uma das ciências mais estruturadas dentre as ciências sociais, dotada, portanto, de uma linguagem técnica bastante precisa e universal;

 

Algumas dificuldades na aplicação da IA ao Direito podem ser citadas:

  1. Existência de muito conhecimento informal que ajuda a entender o conhecimento legal formal;
  2. Há uma grande variedade de processos de raciocínio;
  3. A legislação, em particular nos últimos tempos, vem sofrendo constantes alterações, o que dificulta a manutenção de qualquer sistema informatizado, especialmente, os sistemas especialistas legais;
  4. Os juristas, os especialistas do Direito, não acreditam nos benefícios do uso de sistemas especialistas legais;
  5. Os operadores do Direito possuem pouca ou nenhuma perícia em programação;

 

Conseqüências Práticas do desenvolvimento e aplicação da IA ao mundo jurídico:

1. acúmulo de experiências e conseqüente integração dos sistemas especialistas legais construídos em módulos;  

2. a partir desta integração, uma maior preocupação com todo o conhecimento jurídico;  

3. aprimoramento e diferenciação dos níveis de ajuda exigidos pelos operadores jurídicos, bem como clara definição do perfil do especialista que se deseja representar;  

4. explicitação dos conhecimentos que geralmente são implícitos na argumentação do jurista, ou seja, dos conhecimentos heurísticos do jurista. 

 

A inteligência artificial tem futuro devido a nossa atual sociedade que é informacional e por estar cada vez mais a par das redes mundiais. Não é espanto que o número de pessoas conectadas cresça aceleradamente, pois a sociedade está se transformando, bem como suas relações.

Praticamente tudo se encontra informatizado, e a AI vem justamente para expandir nossos limites humanos.