Fatores mentais onipresentes; Atenção e liberdade


PorWoszezenki- Postado em 08 maio 2011

 

Fatores mentais onipresentes

O caráter de uma mente primária é determinado por seus fatores mentais constituintes. Os fatores são:

Contato: é uma ligação entre um sentido e um objeto do campo sensorial. O contato envolve três termos: um dos seis sentidos, um objeto mental ou material e a consciência baseada nestes dois.  Ele é descrito como sendo simultaneamente uma causa (a conjugação de um sentido, um objeto e o potencial para a consciencialização) e um efeito (aquilo que resulta do processo de conjugação: uma condição de harmonia ou ligação entre os três itens).

Sentimento: Normalmente, os sentimentos levam instantaneamente a reações que perpetuam o condicionamento cármico. Contudo, os sentimentos nus são neutros; a resposta de cada um é que será saudável ou não saudável. Normalmente nunca experenciamos nossos sentimentos, pois a mente salta muito rapidamente para a reação.

Discernimento: Normalmente, seu surgimento é inseparável do sentimento. Contudo, por meio da atenção, o meditador pode reconhecer impulsos de paixão, agressão e ignorar aquilo que eles são, ou seja, pode ser capaz de escolher ações saudáveis ou não saudáveis.

Intenção: Provoca atividades de consciência de momento a momento. É a maneira pela qual a tendência para uma ação volitiva se manifesta na mente num dado momento. Normalmente, agimos tão rapidamente e de um modo tão compulsivo que não distinguimos as intenções.

Concentração: A concentração surge em interação com a intenção. Ela foca e mantém a consciência num objeto.

Atenção e Liberdade

Por meio da atenção, os praticantes da atenção/consciencialização podem começar a interromper padrões automáticos de comportamento condicionado. Essa consciencialização leva a um posterior insight, da natureza da experiência, o que alimenta ainda mais o abandono de todo o círculo de padrões cegos e habituais, baseados na ignorância e na ação volitiva e egocêntrica.

O objetivo da atenção/consciencialização não é libertar a mente do mundo fenomenal; é permitir à mente a capacidade de ser absolutamente presente no mundo. O objetivo não é evitar a ação, mas sim estar-se totalmente presente nas nossas ações.

 Na sociedade moderna, a liberdade é geralmente considerada como a capacidade de se fazer aquilo que se quer.  Fazer aquilo que se quer, no sentido de uma ação volitiva é a ação menos livre que se possa imaginar; encontra-se encadeada com o passado por ciclos de condicionamento e resulta numa maior escravização relativa a padrões habituais futuros. Ser-se progressivamente mais livre é ser-se sensível às condições e possibilidades genuínas de uma situação presente e ser-se capaz de agir de uma forma aberta que não seja condicionada pelo apego e por volições egoístas.