Desinteresse Eleitoral, Analfabetismo Político e Liberalização do voto


Porwilliammoura- Postado em 10 julho 2012

Autores: 
D´CÂMARA, Olavo

Desinteresse Eleitoral, Analfabetismo Político e Liberalização do voto

 

 

O Brasil vive um momento de grandes reflexões e também de decepções no plano político. Em pesquisa realizada no ano 2000 pelo IBOPE/CNI e publicado pela Folha de São Paulo, portanto há cinco anos, revelava que 56% das pessoas entrevistas naquela época, diziam que não estavam interessadas nas eleições que elegeriam prefeitos e vereadores naquele ano. Esse desinteresse revelado deve ter aumentado muito nos dias atuais, em virtude das denúncias de corrupção, mensalão, mensalinho e desmoralização da classe política como todo, guardadas as devidas proporções.

 

Bertold Brecht, escritor e teatrólogo, escreveu um alerta sob o tema: “O Analfabeto Político”. Dizia ele: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não houve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço co feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo”.

 

O desinteresse do povo pode ser explicado pela desmoralização dos legislativos municipais, estaduais e do congresso nacional. Obviamente, devem ser respeitadas as proporções, uma vez que há gente correta e honesta. O abuso de poder, mordomias, politiquice e incapacidade moral e intelectual por parte da maioria absoluta daqueles que representam o poder legislativo. A desmoralização dos legislativos está a pedir mudanças profundas. Os governos têm preservado as imoralidades políticas. Mas, é possível mudar? Sim, desde que haja reformas político eleitorais, além de mudanças nos estatutos partidários e outras como a seguir: implantação do voto distrital, do regime parlamentarista, tornar o voto não obrigatório, modificar completamente as campanhas eleitorais, permitir que os candidatos gastem nas campanhas quanto quiserem, mas somente poderão utilizar o radio, a televisão e vistas eleitorais, proibindo tudo o mais.

 

Os Partidos Políticos que não cumprirem os seus programas deverão ser eliminados, ter os seus registros cassados e proibidos de disputarem eleições. É necessário criar uma cultura e aprender a votar na legenda e não nos candidatos. A Fidelidade partidária é uma necessidade, mas o contrário, ou seja, a infidelidade partidária é uma aberração, pois quem quiser sair do partido pelo qual foi eleito, saia com o que é seu e não com o que é dos outros. Melhor explicando: para que alguém seja eleito, é necessário que os votos de todos os demais candidatos daquele partido se somem. Logo, para que alguém seja eleito, teve que contar com os votos de todos os candidatos da sua chapa. Assim, é eleito, depois trai todos os demais companheiros de partido, de chapa e dos eleitores que nele votaram. Isso é crime eleitoral, político, ou melhor é um estelionato político partidário. Impõe-se acabar com esse absurdo que nada tem de democrático. Devemos ensinar o povo, os eleitores e mostrar-lhe aspectos da legislação partidária, da Constituição Federal da República e tornar obrigatória uma disciplina das Escolas de Primeiro e Segundo Graus: Política Eleitoral, Partidária e Ciência Política.

 

Mas, retornando aos ensinamentos de Bertold Brecht, diz este grande mestre: Nada é impossível de mudar “Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural e nada deve parecer impossível de mudar. Privatizado. Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só a humanidade pertence”.

 

Há esperança? Sim! Devemos preparar a nossa juventude, procure conhecer política, políticos, ciência política com “P” maiúsculo e, aos poucos devemos ir eliminando os maus políticos. Faça um exame de consciência e perceba se você também errou ao votar. É hora de mudanças. Ligue a cobrar para o Congresso Nacional, envie fax, telegramas, e-mails, cartas e abaixo assinados. Devemos insistir para que se criem mecanismos para que o povo possa através de Assembléias Populares, “tirar” os mandatos dos bandidos, ladrões e corruptos que são verdadeiros lobos travestidos de cordeiros. Dá o voto tem o direito de revogá-lo se não for correspondido. Cuidado! Lembre-se da música cantada por Zeca Pagodinho que se denomina “Comunidade Carente”. “Nós somos uma comunidade carente, lá ninguém liga pra gente. Nós vivemos muito mal. Mas, este ano nós estamos reunidos, se algum candidato atrevido for fazer promessas vai levar um pau”. Chega de blá-blá-blá em cada eleição. A comunidade já não tem mais “saco” para agüentar malandros. Mude a política, para que esta mude as nossas vidas.