Certificação Digital


PorJefter Gerson- Postado em 29 agosto 2019

Autores: 
Dilma A. Resende

CERTIFICAÇÃO DIGITAL 

Dilma A. Resende

RESUMO: O objetivo principal deste artigo é analisar o que é a Certificação Digital, de que maneira esta pode ser obtida pelas pessoas físicas e jurídicas, quais as entidades autorizadas a fornecer tais certificações e qual o impacto concreto deste procedimento no que se refere a segurança da informação. 

PALAVRAS CHAVES: segurança, certificação, criptografia, assinatura digital. 

ABSTRACT: The main objective of this article is to analyze what a Digital Certificate is, how can it be obtained by individuals and corporations, describing the authorized entities who emit these certifications, and the practical impact of this procedure to security information 

KEYWORDS: safety, certification, Encryption, digital signature. 

INTRODUÇÃO 

A massificação do uso da internet e a nossa eterna preocupação com a segurança das informações, principalmente dentro de uma corporação, são os motivos para o desenvolvimento deste trabalho. 

A abordagem do tema no contexto da segurança da informação, frisa a importância do uso de certificados digitais, para que se possa despertar nos responsáveis pela integridade das informações das empresas, tal prática. Certamente ainda há muitas pessoas resistentes e descrentes dos problemas que porventura possam advir da falta de precauções.Não é possível negar a importância do uso da internet em nossas vidas. Trata- se de um conforto que hoje em dia não sabemos viver sem. Útil em todos os setores da vida, encurta distâncias, economiza tempo, globaliza todos os povos. No dia a dia permite as compras rápidas e sem filas, elimina horas em bancos, propicia as conversas on line dispensando o uso do telefone, enfim, torna a nossa vida cada vez mais prática. 

Mas nem sempre foi assim. Foi um acontecimento gradual que teve início, mais ou menos no final da década de cinqüenta, quando à época da Guerra Fria, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos criou a entidade ARPA - Advanced Research Projects Agency cuja função era liderar as pesquisas de ciência e tecnologia que pudessem ser aplicadas às forças armadas, com o objetivo de encurtar distâncias e sem o perigo de se perder dados. 

A idéia evoluiu e em 1969, foi criada a ARPANET – ARPA network, sendo que no mesmo ano foi possível enviar a primeira mensagem remotamente. Nos anos que se seguiram, a ARPANET se ampliou passando a englobar Universidades. Em 1971 surgiu o modelo experimental do e-mail, dando destaque à utilidade da Rede. Já em 1973, foram criadas as primeiras conexões internacionais, que permitiram interligar computadores na Inglaterra e na Noruega. Assim, a década de 70, foi quando a rede começou a se destacar e crescer. 

Em 1982 foi implantado o TCP/IP, protocolo padrão da Rede, e em seguida as unidades ligadas aos militares foram desvinculadas. Por volta de 1985 surgiram os primeiros domínios (.edu, .org e .gov) e foi aí que para se referir ao conjunto de redes liderado pela ARPANET, passou-se a usar o nome INTERNET. Foi assim que em 1990, após os militares se desvincularem e a INTERNET começar a se popularizar, que a ARPANET deixou de existir. 

A criação do protocolo TCP/IP foi extremamente importante, pois a idéia da internet é que ela seja aberta a qualquer computador ou rede que deseje se conectar, e dessa forma é preciso viabilizar essa comunicação. Assim, sistemas diferentes usam computadores e linguagens diferentes, e a melhor maneira de conseguir realizar este feito, foi com a criação de um protocolo de comunicação padrão, o TCP/IP, que é basicamente uma forma de comunicação entre computadores. 

Seguindo a trajetória da Internet, é possível notar que em 1991 surgiu a WWW, operando mudanças nos hábitos e no perfil dos usuários da Internet. Na época, era muito complicado e lento navegar na Internet, tendo como usuários, em sua grande maioria, programadores e operadores de computadores. Por isso um grupo de cientistas franceses resolveu analisar o problema e pensar uma solução para o problema da velocidade e usabilidade criando então o WWW. Tal recurso incorporou à Internet uma interface gráfica às páginas, possibilitando assim o seu uso por praticamente qualquer usuário. 

Para navegar nesse novo sistema, foi criado um novo tipo de software, conhecido como browser ou navegador. O que primeiramente se destacou e causou “frisson” entre os usuários foi o MOSAIC e seu sucesso foi tanto, que fez multiplicar a quantidade de home pages (páginas de informação em formato legível na Internet) na rede. Resumindo, nos cinco primeiros anos, o crescimento atingiu a ordem de 300% ao ano, deixando todos perplexos com as possibilidades que começaram a se abrir. Com o mundo virtual mais acessível e em franco crescimento, foi se multiplicando as empresas e usuários, e os negócios expandiram de tal maneira que a cada dia, mais e mais empresas neste segmento surgiam. 

Vale lembrar que toda a estrutura de acesso antes da WWW foi projetada para membros de centros de pesquisa e universidades. As conexões das casas e escritórios eram feitas através de linha telefônica e eram suficientes, porém com o crescimento dos usuários, foi necessário repensar toda a história. Aliada a uma forte expansão dos negó- cios, a idéia inicial não suportou mais a estrutura e foi necessário a sua expansão, nascen- do então os provedores de acesso para dar o suporte necessário a tal desenvolvimento. 

Assim, a Internet foi despertando o interesse e a visão negocial de empresários e se tornou o fenômeno que conhecemos, com milhões de usuários espalhados pelo mundo, movimentando bilhões de dólares em comércio eletrônico. 

Há vários fatores que colaboraram com isso, e um deles é o fato desta tecnologia ser barata (até por ter sido desenvolvida em grande parte em Universidades e outros centros de pesquisa) e aberta, tendo sido rapidamente incluída em todos os sistemas operacionais. Aplicações que antes eram onerosas (exigindo soluções proprietárias e desenvolvimento específico), com a tecnologia Internet se tornaram bem mais baratas, inclusive pelo maior número de usuários para dividir os custos. 

As tecnologias, hoje à nossa disposição, são as que permitem esta troca de informação e negócios, numa velocidade indescritível, podendo atingir cada vez mais pessoas em qualquer região do mundo. O fator que permite essa interação globalizada sem limite de tempo e espaço é, o baixo custo dos equipamentos necessários, graças a constante evolução das tecnologias seja cada vez mais impressionantes. 

Criou-se então o conceito de sociedade digital (forma de denominação para a sociedade de usuários virtuais da Web) com aspectos particulares, contendo obviamente pontos positivos e negativos. Neste segmento, a grande facilidade de disseminação e absorção de informação, graças a pluralidade de origens, fontes e acesso gratuito de material, permite que as identidades culturais difundam seus conteúdos, promovendo a unicidade dos povos. Tais práticas eram totalmente impensados antigamente. Além disso, essa transformação social, aquece a economia global, pois cresce a demanda de profissionais da área, tornando o mercado consumidor cada vez mais exigente, fazendo com que as fronteiras culturais e comerciais se encurtem. 

Alguns estudiosos definem essa realidade atual, como a sociedade da informação, tendo em vista que de acordo com estudos e pesquisas, cerca de 50% da população mundial, vivem em função desse intercâmbio de idéias, e dele depende para realizar seus projetos e seus trabalhos. Pessoalmente, eu diria, que a estatística correta é bem superior aos 50% mencionados. 

SOCIEDADE DIGITAL 

A informática e os computadores estão presentes em praticamente todas as atividades desenvolvidas no dia a dia. 

Esse artigo tem a pretensão de apresentar uma visão clara e objetiva deste mundo digital, especificamente a Certificação Digital. 

O termo informática, quer dizer ciência da computação e dentro dessa ciência se estuda tudo o que é relacionado aos computadores. Essa prática surgiu oficialmente na década de 40, com o nascimento dos primeiros computadores, evoluindo então rapidamente até a nossa atual Sociedade Digital. 

Ao pensarmos em Sociedade Digital, estamos falando de uma coletividade que se conecta e se relaciona de mil maneiras diferentes através da Internet, com o agravante de que não fomos totalmente preparados para essa nova fase. Ao pensarmos em Internet, inevitavelmente somos obrigados a pensar em segurança, o que nos remete ao nosso tema: a Certificação Digital. 

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO 

Para entendermos a necessidade da segurança das informações, precisamos ter em mente os seus princípios básicos que são a confidencialidade, integridade e a correta disponibilidade das mesmas. Os benefícios quando se segue as regras de segurança, visam reduzir os riscos com vazamentos, fraudes, erros, uso indevido, sabotagens, roubo de informações e diversos outros problemas que possam vir a comprometer tais princípios.A justa preocupação com a segurança, visa aumentar a produtividade dos usuários e das empresas, em um ambiente mais organizado e de maior controle sobre os recursos de informática. 

O uso maciço da Internet, trouxe muitas e (cada vez mais) vulnerabilidades para a grande rede. 

Para as empresas, além das preocupações como espionagem industrial, fraudes, erros etc, estas devem se preocupar ainda com os crackers, invasões, vírus, e outras ameaças que diariamente tentam passar pelas brechas de segurança. 

Para a empresa se sentir razoavelmente segura nesta Sociedade Digital, são necessários cuidados com pelo menos quatro pontos básicos: Segurança na estação (cliente), no meio de transporte, no servidor e na Rede Interna. 

Apesar dos problemas é possível afirmar que com o uso adequado da tecnologia dentro dos moldes de segurança e dos mecanismos de proteção, podem ser perfeitamente realizadas quaisquer operações via Internet sem preocupação. 

CERTIFICAÇÃO DIGITAL 

O certificado digital é um documento eletrônico que contém um nome e um número público exclusivo, chamado de chave pública. Foi criado pela medida provisória 2.200-2 em agosto de 2001 e visa garantir a identificação segura do trânsito de uma mensagem ou negócio eletrônico, além de permitir assinar, digitalmente, as mensagens e transações on-line com confidência, integridade e validade jurídica. O certificado digital, requisitado por pessoas físicas, empresas e instituições, vem sendo utilizado, principalmente, visando promover a segurança das transações e envio de mensagens no ambiente da Internet. Para que a assinatura digital funcione é preciso que o usuário obtenha um documento eletrônico e a chave pública do destinatário. Com a ajuda de programas, o documento é criptografado de acordo com a chave pública e somente pode ser acessado pelo receptor que, para isso, deverá usar uma chave privada exclusivamente dele. Se qualquer bit do documento for alterado, a assinatura será deformada, o que invalida o arquivo.Resumindo, certificação digital é uma assinatura virtual. É um documento eletrônico que contém dados do requerente, tais como nome, e-mail, CPF, dois números denominados chave pública e privada, além do nome e da assinatura da AC (Autoridade Certificadora) que o emitiu. E não restam dúvidas de que no momento de realizar qualquer atividade via internet, seja uma compra, uma transação bancária ou até mesmo o envio de um e-mail, o fato de ter a certificação digital faz com que o usuário se sinta mais seguro e muito menos vulnerável. 

Existe hoje no Brasil, uma enorme preocupação com segurança digital e há muitas discussões em torno do tema, de modo a incentivar a prática dos certificados, tendo em vista a necessidade cada vez mais latente de se obter segurança ao realizar qualquer atividade on line. Segundo dados do ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação), o Brasil atualmente conta com quase 1 milhão de certificados para pessoas físicas e corporações. 

CRIPTOGRAFIA 

A Criptografia é o conjunto de conceitos e técnicas, que visa codificar uma informação de forma que somente o emissor e o receptor possam acessá-la, evitando que um terceiro consiga interpretá-la. É o disfarce das informações. É a técnica de transformar dados em códigos indecifráveis para serem transportados de um ponto a outro sigilosamente. A chave (pública ou privada) é o que permite decodificar estes dados. Há várias utilidades para a criptografia, tais como proteger documentos secretos, transmitir informações confidenciais pela Internet ou por uma rede local, etc. 

O método de criptografia mais comum, utiliza a técnica de chave pública/ chave privada. Podemos entender a criptografia, como uma fórmula matemática, onde são geradas duas chaves: uma pública e outra privada. A chave pública, que qualquer um pode saber, é usada para criptografar os dados. A chave privada, que só o destinatário dos dados conhece, é usada para descriptografá-los, ou seja, “abrir” os que ficaram aparentemente sem sentido. Importante ressaltar que a partir da chave pública é impossível descriptografar os dados e muito menos deduzir qual é a chave privada. 

Estas chaves (públicas e privadas) podem ser simétricas e assimétricas. Chave simétrica é a do tipo mais simples, onde o emissor e o receptor fazem uso de um mesmo código para codificação e decodificação da informação. Em razão disso, possui uma desvantagem que é a necessidade de usar uma grande quantidade de chaves, caso muitas pessoas estejam envolvidas e também, o fato de que tanto o emissor quanto o receptor precisam conhecê-la. Além disso a transmissão desta, de um para o outro, pode não ser tão segura e cair em poder de terceiros. 

A Chave assimétrica é ainda conhecida como chave pública, e trabalha com duas possibilidades: uma denominada privada e outra denominada pública. A pública é distribuída livremente, enquanto a privada deve ser conhecida apenas pelo seu dono. 

Para melhor explicar o processo, consideremos existir 3 pessoas envolvidas no tráfego de informações sigilosas: pessoas A, B e C. 

A pessoa A deseja enviar uma mensagem às pessoas B e C e para isso utilizam a chave pública, ou seja, uma senha que B e C conheçam. Quando as pessoas B e C pretenderem enviar informações criptografadas para A, utilizarão a chave pública. No entanto, para extraírem a informação corretamente, deverão utilizar a chave privada, que só B e C conhecem. 

De qualquer modo, o método da criptografia é extremamente seguro. Especialistas estimam que para alguém conseguir quebrar uma criptografia usando chaves de 64 bits na base da tentativa-e-erro, levaria cerca de 100.000 anos usando um PC comum. 

ASSINATURA DIGITAL E CONSEQUÊNCIAS JURIDICAS DA CERTIFICAÇÃO DIGITAL DE UM DOCUMENTO 

O recurso chamado de Assinatura Digital é muito usado com chaves públicas. É o meio pelo qual permite provar que um determinado documento eletrônico é verdadeiro. É como se fosse um “reconhecimento de firma digital”. O receptor da informação usará a chave pública fornecida pelo emissor para se certificar da origem. Além disso, esta fica agregada ao documento, de modo que qualquer tentativa de alteração por terceiros a torne sem valor. Relevante ressaltar que assinatura digital não é o mesmo que assinatura digitalizada. Assinatura digitalizada significa que foi escaneada. Assim, a assinatura digital serve para provar a autenticidade e origem dos dados numa mensagem ou documento. 

Enquanto a criptografia é utilizada para privacidade, a assinatura digital é utilizada para autenticação. Convém lembrar que atualmente muitas operações bancárias e transações só tornam-se válidas legalmente depois de serem assinados seus documentos. Para criar uma assinatura digital válida, são necessárias duas etapas. Na primeira cria-se um hash do documento (é um valor para o arquivo), que é uma versão resumida da mensagem, e então utiliza a chave privada para criptografá-lo. Como o hash criptografado só pode ser recuperado usando a chave pública do assinante, isto comprova a 

identidade da pessoa que assinou, e quando recuperado identifica o documento, logo, a assinatura está associada unicamente a este documento. A violação do sistema é pratica- mente impossível, porque “quebrar” uma chave demanda muito tempo. 

As empresas têm investido na Certificação digital visando garantir autenticidade, confidencialidade e integridade às informações que circulam no ambiente Web

Uma fator importante a se ter em mente, é que um documento, seja eletrônico ou não, tem que apresentar as condições para ter validade jurídica. 

“Para a prevenção deste tipo de situação, surgiu a certificação digital. Seu funcionamento pode ser comparado a de um serviço notarial efetuado pelo tabelião. Fundamenta-se na existência de uma autoridade certificadora [responsável pela emissão do certificado digital] que possui registrado, em sua base de informa- ções, a chave pública [usada para decifrar a mensagem – criptoanálise] do emissor do documento. Através de mecanismos próprios, a autoridade certificadora pode identificar como original o documento do emissor e, a partir desta comprovação, certificar, com uma assinatura digital própria, a autenticidade do documento eletrônico.” (VOLPI; MARLON, p, 36). 

No caso do documento eletrônico, o que valida sua capacidade probatória é a assinatura digital, tendo em vista ser esta quem assegura autenticidade e integridade. 

“Assinatura digital é um método que garante que determinada mensagem não seja alterada durante seu trajeto. Esse processo envolve criar a mensagem, cifrada-la [criptografia, utilizando a chave privada do emissor para cifrar a mensagem] e enviá-la conjuntamente tanto da mensagem original como da cifrada. Uma vez recebidas, o destinatário compara o conteúdo da mensagem original com o da cifrada, para se certificar de que não houve alteração.” (Volpi, Marlon Marcelo. Assinatura Digital. Aspectos Técnicos, Práticos e Legais. Axcel Books. 2001. Pág.4.) 

Em se tratando de conseqüências jurídicas propriamente ditas, no tocante à certificação eletrônica, a responsabilidade maior deve ser da certificadora. Um outro ponto a ser mencionado, é o da eventualidade de descredenciamento da certificadora, o que pode ocorrer caso esta descumpra as normas a ela atribuídas. Isso ocorrendo, traria grande insegurança jurídica, além do que todos os documentos assinados digitalmente, oriundos daquela credenciadora estariam sob suspeita. 

Até mesmo o ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, que é uma autarquia federal vinculada à Casa Civil da Presidência da República), mesmo sendo um órgão superior, em razão de ter suas atividades aprovadas pelo Comitê Gestor, também está sujeito à fiscalização e a descredenciamento. 

É notório que as fraudes podem ocorrem tanto no mundo físico quanto no digital, e esse problema é inerente ao ser humano, e tem a ver com a ética e a moral de cada um. Não cabe a informática interferir, mas através dela, se todas os cuidados forem tomados, o trabalho se torna mais fácil. Importante lembrar que a falsificação de uma certidão digital tem as mesmas conseqüências jurídicas que a falsificação de uma certidão de papel (física). 

 

A ESTRUTURA DE UM CERTIFICADO DIGITAL - AGENCIAS CERTIFICADORAS - AUTORIDADES DE REGISTRO 

Quando se acessa um site que possua o certificado, é exibida uma mensagem de identificação com as opções de uso do certificado. Se o site não é identificado, a mensagem vem com um aviso de erro. 

Neste caso, é possível examinar o certificado antes de marcar uma das três opções (aceitar o certificado permanente ou temporariamente ou não aceitá-lo) e continuar a navegar pelo site com segurança. 

Um certificado digital contém as informações gerais e as detalhadas. Nas in- formações gerais é possível saber quem é o titular do certificado, qual a autoridade certificadora, qual a validade e o método criptográfico da assinatura do certificado. 

No corpo do certificado há três áreas em que é possível obter mais informações sobre a hierarquia e sobre cada campo em especial. Ao selecionar um item no campo Certificate Fields, seus dados são exibidos no campo Field Value. Sobre o usuário possuidor do certificado será listado o seu nome, e-mail ou CPF/CNPJ e o emissor com seus dados e suas assinaturas. 

No Brasil, contudo, o Governo Federal estabeleceu a sua própria política de uso de certificados e assinaturas digitais e para tanto, criou sua infraestrutura de chaves públicas e privadas própria, chamada ICP-Brasil. 

Somente as transações realizadas com certificados emitidos por autoridades credenciadas na ICP-Brasil, têm validade jurídica reconhecida. 

“Na maioria dos países, os certificados não seguem um protocolo único de segurança”, afirma Viviane Regina Lemos Bertol, coordenadora geral de normalização e pesquisa do ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação), autarquia federal vinculada à Casa Civil da Presidência da República. “Há dificuldades inter-relacionais e em muitos casos o certificado não tem valor legal”. Segundo ela, o Brasil se baseou em países com uma estrutura única de certificação, onde o governo tem o controle de toda a cadeia de regulamentação para que a certificação funcione corretamente.

A estrutura hierárquica é uma das principais características da ICP-Brasil. No topo da estrutura encontra-se a Autoridade Certificadora Raiz (AC Raiz) e, abaixo dela, as diversas entidades (ACs e ARs). Na ICP-Brasil, a AC Raiz é o ITI, que responde pelo credenciamento das outras, da cadeia certificadora, pela emissão de seu próprio par de chaves e pela supervisão de todos os processos que envolvem a certificação. 

Para fazer parte da ICP-Brasil, a entidade passa por um processo de credenciamento onde sua capacidade jurídica é analisada, além de sua situação econômico- financeira, fiscal e técnica. Também deve contratar um seguro de responsabilidade civil e realizar auditorias prévias e anuais. Todo esse cuidado serve para a garantir a segurança. Para ter seu certificado na ICP-Brasil, a Autoridade Certificadora paga ao ITI em torno de R$ 500 mil por ano. 

 

Atualmente, a ICP Brasil tem credenciadas oito Autoridades Certificadoras (AC) de primeiro nível , que são a Presidência da República, Secretaria da Receita Federal, Serpro, Caixa Econômica Federal, AC Jus, Certisgn, Imprensa Oficial de São Paulo – Imesp e o Serasa; 20 ACs de segundo nível e mais de 800 Autoridades de Registro (AR). Duas ACs de segundo nível e quatro ARs se encontram em fase de credenciamento. As Autoridades de Registro são as responsáveis por autenticar o titular do certificado. 

COMO ADQUIRIR UM CERTIFICADO 

Para se obter um certificado digital, deve se dirigir a uma Autoridade de Registro para que esse certificado seja validado. A validação requer a presença do titular no posto da AR (Autoridade de Registro ) com seus documentos e dois agentes de registro como testemunhas - não importa do tipo de certificado desejado. No Brasil temos oito tipos de certificados, sendo duas séries com quatro tipos cada. Na série A (A1, A2, A3 e 4) estão os certificados de assinatura digital, utilizados na confirmação de identidade na Web, em e-mail, em redes privadas virtuais (VPN) e em documentos eletrônicos com verificação da integridade de suas informações. Na série S (S1, S2, S3 e S4) estão os certificados de sigilo, que são utilizados na codificação de documentos, de bases de dados, de mensagens e de outras informações eletrônicas sigilosas. A diferença entre eles reside no objetivo de uso, nível de segurança e pela validade. 

Nos tipos A1 e S1, as chaves privadas ficam armazenadas no computador do usuário e nas demais A2, A3, A4, S2, S3 e S4, as chaves privadas e as informações que se referem ao seu certificado ficam armazenadas em um hardware criptográfico, ou seja, um smart card (um cartão inteligente) ou cartão de memória (token USB ou pen drive). As informações são acessadas através de uma senha pessoal obtida pelo usuário no momento em que solicita e efetiva a certificação. 

A solicitação do certificado é realizado através do preenchimento de uma guia pelo site da Autoridade Certificadora. Se o usuário optar pelo A3 é preciso adquirir antes o token ou o cartão inteligente, e realizar a instalação do driver no computador. 

Ao realizar a solicitação serão gerados uma senha e um par de chaves, sendo que a chave pública é enviada à autoridade certificadora e servirá para identificar o usuário em todas as situações relacionadas ao certificado, durante a sua validade. Efetuado o pedido, imprime-se 3 cópias do termo de titularidade e após o pagamento e munido dos comprovantes, duas cópias da documentação exigida (identidade, CPF, título eleitoral, PIS/PASEP, comprovante de endereço se pessoa física, registro comercial, contrato social e CNPJ e os documentos pessoais do responsável, se pessoa jurídica) e as três cópias do Termo de Titularidade. Comparecer ao posto da Autoridade de Registro credenciada pela Autoridade Certificadora, onde receberá a chave privada, que é pessoal e intransferível. O certificado digital deverá ser instalado no computador. O prazo de validade varia entre 1 (um) a 3 (três) anos e o custo varia de R$ 80,00 a R$ 3.000,00. 

Um fator importante a ser ressaltado é a existência do e-CPF e o e-CNPJ que são os certificados digitais usados por pessoas físicas e jurídicas para acessar serviços on line envolvendo sigilo fiscal e que estão disponíveis no e-CAC, Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte. Eles foram criados pela Receita Federal para identificar o contribuinte em transações via Internet. Usando estes certificados é possível obter cópia de declarações e de pagamentos, realizar retificação de pagamentos, negociar parcelamento de dívidas fiscais, pesquisar a situação fiscal, realizar transações relativas ao Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) e alterar dados cadastrais. 

POSSIBILIDADES DE FRAUDES 

Existe, é óbvio, a possibilidade de se quebrar uma chave de 1024 bits, mas isso demora muito tempo e por isso é muito difícil ocorrer violações. Até se efetivar a quebra, é possível que a certificação já tenha sido revogada. No caso da certificação A-3, a fraude só ocorreria se o usuário revelar o PIN (personal identification number) e entregar o cartão magnético, transferindo sua identidade. Em caso de tentativa de violação, após três tentativas, a certificação seria revogada. 

ATUALIZAÇÃO DO CERTIFICADO 

Na pretensão de atualização do certificado, apenas o registro do titular é recu- perado e, se necessário, atualizado. Um novo par de chaves é gerado e quando a requi- sição ocorrer por intermédio do navegador, este gera um novo par de chaves como se fosse pedir um certificado novo, e a certificadora usa apenas a parte do certificado antigo que não se altera, o que não inclui a chave publica, campos correspondentes e a sua assinatura no certificado. 

SUSPENSÃO – REVOGAÇÃO DO CERTIFICADO DIGITAL 

Suspensão é uma revogação temporária que pode expirar ainda dentro do pra- zo de validade do certificado. Revogação é o ato pelo qual o usuário do certificado anula a validade jurídica de um certificado digital. 

VANTAGENS DO USO DO CERTIFICADO DIGITAL 

O Governo é um dos grandes incentivadores do uso do certificado digital. As vantagens no uso de certificados digitais são inúmeras, como dar agilidade nos processos burocráticos, reduzir custos, prover maior segurança nas transações pela Internet, dar respaldo legal e sigilo nas negociações. Citando exemplos destas vantagens, tem-se a Receita Federal que permite que o contribuinte acompanhe o andamento da declaração de Imposto de Renda pela rede, bem como verifique e regularize a situação fiscal via Web; alguns cartórios permitem a solicitação remota de ofícios, certidões de escrituras de imóveis, contratos registrados, certidões de nascimento, de casamento ou óbito, garantidas a autenticidade, a integridade, a segurança e a validade jurídica; vários bancos utilizam os certificados digitais para garantir mais segurança aos seus clientes, processos judiciais foram beneficiados com a criação da Autoridade Certificadora do Judiciário (AC-JUS) se tornando mais céleres e seguros; no momento a e-NF (nota fiscal eletrônica que está sendo testada em grandes empresas) – tende a proporcionar maior segurança na arrecadação, redução de custos e economia de papel; no ProUni (Programa Universidade para Todos), cada entidade participante é digitalmente autenticada; o INSS usa este processo visando coibir fraudes. Estes certificados, como foi frisado e descrito, possuem inúmeras outras vantagens para a vida moderna, seja da pessoa física ou jurídica. 

Uma outra grande vantagem a ser pensada, é que além da economia de tempo e dinheiro, o impacto ambiental é preservado, devido a imensa economia de papel. Além de todo o mencionado, a segurança é inevitável, tendo em vista a garantia da autenticidade, integridade e o não-repúdio. O não repúdio impede que o remetente negue a qualquer tempo o enviado de alguma mensagem. A mensagem com certificação digital tem o status e a validade de um documento. 

CERTIFICADO DIGITAL OAB 

“O Certificado Digital OAB é emitido apenas para advogados regularmente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil. Como descrito na DPC AC-OAB (Declaração de Práticas de Certificado – Autoridade Certificadora OAB), documento que contém as normas e procedimentos aplicáveis à Autoridade Certificadora, o Certificado Digital do advogado é armazenado no chip do seu cartão profissional. Os inscritos mais recentes já receberam a nova identidade profissional emitida pela OAB, contendo o chip eletrônico. Será necessário apenas realizar o processo de solicitação descrito no parágrafo “Como emitir um Certificado Digital”. 

Quando o advogado opta por ter uma certificação digital ICP-BRASIL/AC- OAB ele, em tese, valoriza a sua entidade de classe e viabilizar seu acesso a diversos serviços agregados e disponibilizados pelo Conselho Federal, como: área para seu uso exclusivo no site da Instituição, para disponibilizar seu currículo profissional e outras informações úteis; acesso automático aos seus dados constantes do Cadastro Nacional de Advogados, passíveis de atualizar eletronicamente; redução dos custos na contratação da Certificação Digital; segurança na emissão do Certificado ICP-BRASIL/AC-OAB porque, além da conferência presencial dos documentos apresentados na hora da certificação, haverá uma consulta ao Cadastro Nacional dos Advogados onde aparecerá a foto do advogado para a confirmação final; possibilidade de encaminhamento de livros para 

editoração da Editora OAB; desconto na inscrição de cursos na ENA e descontos na Livraria OAB”. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Os problemas de segurança na Internet vêm sendo amplamente discutidos e recebendo tratamento especial, tendo em vista a seriedade das informações que diariamente ali trafegam. Muitas empresas interessadas em aumentar seu volume de negócios pela Internet têm interesse no aumento da segurança e investem altas somas no desenvolvimento de tecnologias, para que isso ocorra da melhor forma. 

“Usar o certificado digital é a certeza da negociação segura, da confiança na mensagem que envia ou recebe. As invasões na rede ocorrem a todo o momento, mas torna-se inviável para os crackers descriptografar mensagens ou documentos inteiros, pois se descriptografar senhas é uma tarefa relativamente fácil, o mesmo não se pode dizer da descriptografia de mensagens inteiras. Pelos atuais métodos tal tarefa poderia levar anos ou quem sabe décadas, tornando assim quase impossível qualquer êxito da tentativa”. 

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA 

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CLEMENTINO, Edilberto Barbosa. Processo Judicial Eletrônico. Curitiba, Ed. Juruá, 2007. 

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CERTIFICADO DIGITAL. RESENDE, Dilma A. Disponível em: <https://www.unigran.br/revista_juridica/ed_anteriores/22/artigos/artigo09.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2019.