Automação de sentenças por meio de inteligência artificial


PorPaulo lourenco- Postado em 24 novembro 2011

 

Sistema informático permite reconhecer estados emocionais

 

Investigadores da Universidade Carlos III de Madrid (UC3M) e da Universidade de Granada (UGR) criaram um novo sistema informático que permite a uma máquina reconhecer o estado emocional de uma pessoa que está a comunicar oralmente com ela.

 

“Graças a este novo avanço tecnológico, a máquina poderá determinar como se sente o usuário e como pretende este continuar o diálogo”, afirma David Griol, um dos criadores.

Segundo a notícia avançada pela UC3M, para detectar o estado emocional do usuário, os cientistas centraram-se nas emoções negativas que podem fazem com que o usuário se mostre frustrado quando estiver a conversar com um sistema automatizado. Em particular, o trabalho considera a raiva, o tédio e a dúvida. Para detectar estes sentimentos, o sistema recorre a um total de 60 diferentes parâmetros acústicos como, por exemplo, o tom de voz, a velocidade com que se fala, a duração das pausas e a energia da fala.

Por outro lado, também têm sido usadas informações sobre como o diálogo se desenvolve para ajustar a probabilidade de um usuário estar num estado emocional ou noutro. Por exemplo, o sistema não reconhecer várias vezes o que seu parceiro quer lhe dizer ou solicitar ao usuário que repita informações que já foram fornecidas, podem ser factores que façam com que o usuário não queira interagir com o sistema.

Para detectar vários sentimentos o sistema recorre a 60 diferentes parâmetros acústicos
Para detectar vários sentimentos o sistema recorre a 60 diferentes parâmetros acústicos

Além disso, é importante que a máquina possa prever como se vai desenvolver o resto do diálogo. Assim, os cientistas desenvolveram um método estatístico que aprende com os diálogos anteriores quais são as acções mais prováveis que um usuário pode tomar a qualquer momento.
Uma vez que sejam detectados a emoção e a intenção, os investigadores propõem adaptar automaticamente o diálogo à situação que o usuário atravessa.

http://www.cienciahoje.pt

 

 
Após seis décadas de pesquisa em inteligência artificial, podemos afirmar que os pesquisadores estão muito próximos de clonar a inteligência humana. A ciência avança à passos largos rumo à automatização. Máquinas inteligentes convivem com seres humanos nas linhas de produção, nos serviços bancários e governamentais (Judiciário, Executivo, Legislativo), no comércio eletrônico, nos estacionamentos, na educação, enfim, basta irmos ao shopping para que uma máquina nos dê ordem como: por favor, retire seu cartão. Poderíamos dizer que tais máquinas são mau educadas, porque, na maioria das vezes, não nos dão bom dia, não sorriem, não improvisam e não se desculpam, ou pior, não tém culpa. No entanto, há uma corrente de "humanos" que preferem não ter contato com os verdadeiros seres humanos, mas discutiremos isso numa outra ocasião. E ainda há quem pergunte se as máquinas competirão com os humanos.
Os criadores da inteligência artificial tem a finalidade de desenvolver a inteligência humana nas máquinas, nos sistemas que as comandam. Querem superar o homem no que há de mais sofisticado e complexo na natureza: o cérebro humano, a capacidade de aprender as relações e as emoções humanas. É engano pensar que eles querem apenas substituir o homem nas tarefas pesadas e de auto custo, querem mesmo é construir um ser superior e submisso ao "capital". Dessa forma, é mais fácil controlar essas "pessoas", programadas, obedientes e de melhor custo/benefício, uma vez que não se insubordinam, nem pedem reajuste salarial.
Entretanto, o agravante de maior grau, face a inteligência artificial, dar-se-á no campo mais delicado e complexo: as relações jurídicas, o direito e a justiça. Conceituando estes, podemos dizer que o juiz, através do Direito, executa a justiça dando a cada um o que é seu. Isso, com base em um silogismo transcrito das ciências naturais, o que, segundo alguns juristas, não funciona muito bem devido, dentre outros fatores, a capacidade humana de omitir os fatos, fraudando ou ocultando provas. Por isso, se concebermos o Direito como uma ciência, podemos dizer que tal ciência é incompleta: julga-se com base no que lhes é apresentado.
Desse modo, se atribuirmos a uma máquina o poder de julgar, devemos levar em consideração o que a máquina realmente consegue aprender. Isto pode se dar interpretando os fatos e transcrevendo-os para uma linguagem computacional. Obviamente, tudo embasado em códigos jurídicos e num silogismo adaptado. Isso é muito prático para um positivista, porém, para um jusnaturalista não é tão simples assim.
 O positivista acredita que todo direito pode ser codificado e interpretado por meio de silogismo,  que o jurista não deve contrariar os códigos, as leis. Enquanto o jusnaturalista afirma que o direito se constitui por um conjunto de fatores, dentre os quais: os costumes, a cultura, o objeto cognoscitivo e o sujeito cognoscente, as circunstâncias e as normas. Estas correntes nos colocam diante de um grande paradoxo: aplicar a norma pura, ignorando as circunstâncias não positivadas, o que pode levar muitos cidadãos a desacreditar na justiça; não aplicar a norma, por reconhecer circunstâncias atenuantes não positivadas, podendo por em evidência a segurança jurídica.
Diante o exposto, não nos resta dúvida de que a IA tem futuro. Todavia, devemos sempre olhar com desconfiança quaisquer sistemas de interpretação jurídica, de automação de sentenças por meio de inteligência artificial, porque é no Poder Judiciário que a sociedade sintetiza toda perspectiva de direito, esperança, segurança e justiça.