Artigo - Sociedade do Conhecimento: características, demandas e requisitos


Poraires- Postado em 10 outubro 2011

DataGramaZero - Revista de  Informação - v.12  n.5   out/11                  ARTIGO 01



Sociedade do Conhecimento: características, demandas e requisitos
Knowledge Society: characteristics, demands and requirements
por Gisele Dziekaniak e Aires Rover

 

Resumo: Este ensaio define características, requisitos e demandas que identificam a Sociedade do Conhecimento, baseada no uso compartilhado de recursos, na construção coletiva de conhecimento, na interação livre de restrições de espaço e tempo e, na valorização do direito à informação, às tecnologias de informação e comunicação e à educação, como um bem comum. Traça um breve percurso histórico do desenvolvimento dos termos adotados sobre a “nova sociedade”, além de tecer um paralelo entre Sociedade da Informação e Sociedade do Conhecimento, buscando explicitar necessidades e requisitos para se chegar à Sociedade do Conhecimento. Defende a importância da informação, como um bem social, discordando do modo com a atual Sociedade da Informação a considera: como matéria-prima para o desenvolvimento da livre concorrência econômica, sem atribuir a devida importância ao desenvolvimento cultural e social da humanidade. Aponta que é necessário o desenvolvimento de políticas públicas que primem pela liberdade e acesso à informação e pelo provimento de espaços que fomentem o estabelecimento da comunicação e da tomada de decisão pelo cidadão comum. Defende a necessidade de desenvolvimento de projetos em governo eletrônico e políticas públicas que, capturem os interesses da sociedade porque, qualquer sociedade que pretende evoluir e se desenvolver em todos os setores, necessita saber utilizar e projetar, através das tecnologias. Logo, a inclusão digital, inclusive do governo, não pode ser uma opção, é preciso ser realidade para o desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento.

Palavras-chave:  sociedade da informação; sociedade do conhecimento; demandas da sociedade do conhecimento; políticas públicas; educação; tecnologias da informação e comunicação.
 

 

 

Abstract:  This essay defines characteristics, requirements and demands identify the Knowledge Society based on shared use of resources and the collective construction of knowledge, interaction-free constraints of space and time, and in appreciation of the right to information, information technology and communication and education as a common. Traces a brief history of development of the terms adopted on the "new society", and make a parallel between Information Society and Knowledge Society, and endeavors to needs and requirements to arrive at the Knowledge Society.Advocates the importance of information as a social good, disagreeing with the mode with the current Information Society to consider: as raw material for the development of free economic competition, without considering the importance of social and cultural development of mankind. Points it is necessary to develop public policies that excel by freedom and access to information and to fill spaces that foster the establishment of communication and decision making by citizen common. As well, advocates the need to develop projects in electronic government and public policies that capture the interests of because society, any society that aims to evolve and develop in all sectors, need to know to use and design,through technologies. Soon, digital inclusion, including the government, can not be an option, you must be a reality for the development Knowledge Society.
Keywords: information society; knowledge society; demands of the knowledge society; public policies; education; information technology and communication.

 

 

Introdução
Este ensaio pauta-se, primeiramente, em realizar uma análise genérica do como é e está a sociedade contemporânea (Sociedade da Informação), onde a manipulação e o domínio das tecnologias detêm a cena, para posteriormente focar nos aspectos mais concretos, através de mudanças em áreas, como por exemplo, os direitos fundamentais (principalmente na educação e no direito à comunicação), o mundo do trabalho, a economia, a cultura e a política, culminando então em uma síntese sobre as principais características e demandas necessárias para que a sociedade evolua e atinja o status de Sociedade do Conhecimento.

Reconhece-se a importância das revoluções que ocorreram ao longo da história, desde o desenvolvimento da imprensa, passando pela revolução agrícola, revolução industrial e pós-industrial, com a primazia das tecnologias da informação e comunicação interferindo nos meios de produção, tendo como uma de suas resultantes, o desenvolvimento das forças mercadológicas e, infelizmente, o fortalecimento das diferenças sociais. Ao se tentar esboçar visões e conceitos a respeito da Sociedade da Informação e sobre a Sociedade do Conhecimento, recorre-se a autores das ciências sociais, da economia e da ciência da informação e comunicação, e, embora tente, não consegue desvincular a relação do conceito de Sociedade da Informação e de Sociedade do Conhecimento, da influência direta do uso e planejamento das tecnologias da informação e comunicação pelas pessoas e Governos.

Logo, pretende-se fomentar a ideia de que, as tecnologias da informação e comunicação, sejam bem utilizadas e geridas com o objetivo de garantir a disseminação da informação a todos os tecidos sociais, a fim de que se consiga promover a revolução da informação para todos, auxiliando no desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento, com a ajuda das possibilidades ofertadas pelas tecnologias da informação e comunicação. Assume-se que, a construção destes conceitos de sociedades, somente é possível, ao se aceitar a importância da manipulação das tecnologias da informação e comunicação permeando todas suas facetas, desde a social, passando pela cultural, científica, até culminar na política e econômica, uma vez que, a informação e o conhecimento, matérias-primas indispensáveis para a construção da nova sociedade, encontram-se em grande parte arquivados, tratados, gerenciados e manipulados, no formato tecnológico. Aborda-se a seguir, um breve relato sobre a evolução dos conceitos, de forma diacrônica, na tentativa de classificar em que momento histórico começou a serem desenhados, os primeiros movimentos em direção à denominação: “Sociedade da Informação” e “Sociedade do Conhecimento”

Histórico dos termos Sociedade da Informação e Sociedade do Conhecimento, e seus termos correlatos
As primeiras manifestações a respeito de uma nova sociedade, que seria baseada nas potencialidades da informação, inclusive como geração de riqueza, foi manifestada por Bell (1978) de acordo com Burch (2005) e Nehmy & Paim (2002). Com base nesses autores, apesar de Bell não ter proposto a nomenclatura de Sociedade da Informação, foi ele quem trouxe para discussão as alterações realizadas com base nas tecnologias. Bell (1978) segundo Nehmy & Paim  (2002) desenvolveu algumas teses para a nova sociedade. Segundo ele, elas estavam baseadas em critérios como a alteração no setor de serviços - uma vez que cresceriam os cargos vinculados ao conhecimento; o conhecimento iria servir como mola propulsora de concorrência entre empresas, de forma que pesquisa e desenvolvimento e inovações tecnológicas passariam a ser o centro da atenção dos países que buscam o desenvolvimento; a criação de uma “elite do conhecimento”, que seria a classe dominante nesta sociedade, ou seja, quem detivesse conhecimento, deteria o poder; o estreitamento entre interesses econômicos e o conhecimento; o deslocamento da importância do conhecimento humano para a importância em transmutar estes conhecimentos para dentro de computadores.

Ao que os fatos indicam e demonstram essa sociedade prevista por ele, alcança na modernidade tardia, um lugar central. Sua tese se comprova e têm-se hoje sociedades baseadas no uso do conhecimento enquanto capital intangível, sendo uma das moedas mais valorizadas pelas Nações e empresas. Após Bell (1978), com sua Sociedade Pós-industrial, onde o caráter do conhecimento se apresenta em formato utilitarista, outros autores seguiram tentando prospectar e apontar os prováveis rumos da nova sociedade e, esta recebeu várias nomenclaturas, de acordo com a visão e teoria de cada um deles.  Foi em 1990, que o termo Sociedade da Informação aparece no bojo do desenvolvimento da Internet e das tecnologias da informação e comunicação. A partir de 1995 o termo é inserido na agenda das reuniões da Comunidade Europeia e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (os 30 países mais desenvolvidos do planeta). O termo também foi adotado pelo governo norte-americano bem como pelo Banco Mundial. (Burch, 2005).

Porém, para a referida autora (Burch, 2005), o termo Sociedade da Informação passou a ser empregado como construção política e ideológica, de forma unilateral no contexto da globalização, para quem a meta seria: “acelerar a instauração de um mercado mundial aberto e ‘auto-regulado’”. Política que, segundo ela, contou e conta com o apoio de organismos internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. De acordo com Castells (1999) foi de Nora & Minc (1980) a cunha do termo Sociedade da Informação. Uma das nomenclaturas mais aceitas e propagadas na atualidade, se não a mais utilizada, para definir a sociedade baseada na economia informacional. Porém, acredita-se que, igualmente baseada na livre concorrência.

Também foi na década de 1990 que surge o termo “knowledge society”, termo empregado particularmente pelos meios acadêmicos, como alternativa à visão de mercado adotada pelos organismos econômicos mundiais. (Burch, 2005). Para André Gorz a denominação correta seria Sociedade da Inteligência porque para ele a inteligência é o que de fato é importante. (Sense, 2008).  Para Toffler (1980) se estaria vivenciando a Terceira Onda, dado o fato de que a primeira onda fora a revolução agrícola, a segunda a revolução industrial e a terceira então seria aquela que começava a ser experimentada pelas nações desenvolvidas em torno das tecnologias emergentes, onde a informatização seria a peça central, causadora inclusive, da geração de ondas de desemprego jamais experimentadas anteriormente na história das Nações. Já pelo polonês Adam Schaff (1986) a nova sociedade é denominada de Sociedade Informática, porque a crise vivenciada por esta sociedade estaria diretamente relacionada com o crescendo da informatização e automação nas fábricas, trazendo a problemática do desemprego, através da substituição do trabalho manufaturado pelo trabalho autômato.

Em 1994, foi a vez de Peter Drucker pensar a nova sociedade através de um modelo que romperia com os formatos de até então. Ou seja, a sociedade não seria nem capitalista nem socialista, e sim Pós-Capitalista, ou ainda Sociedade em Rede, onde ele, o conhecimento, comunicado através das tecnologias de informação e comunicação, seria a peça central da engrenagem e, principalmente, seria um fator gerador de riqueza. (Amaral, 2006).Negroponte (2006) a denominou Sociedade Pós-Informação ou Sociedade Digital e, segundo Nehmy & Paim (2002), esses conceitos se fazem à medida que Negroponte(2006) considera as tecnologias informáticas em uma perspectiva de que seriam elas as responsáveis pelas alterações no estilo de vida das pessoas e das sociedades.

Um dos últimos autores a se debruçar fortemente sobre esta temática foi  Castells (1999) para quem a sociedade contemporânea é uma Sociedade Informacional, na qual a escolha pelo termo informacional se justificaria, uma vez que, segundo  Castells (1999, p. 45 apud Nehmy & Paim, 2002): “a geração, o processamento e a transmissão da informação tornam-se fontes fundamentais de produtividade e poder. Estando a informação no cerne das discussões”. Com a adoção do termo “informacional”,  Castells (1999) busca destacar que o conhecimento transformou-se no principal fator de produção no mundo contemporâneo.  Na sua obra A sociedade em rede,  Castells (1999, p. 46), justifica porque prefere denominar a sociedade contemporânea de Sociedade Informacional à Sociedade da Informação; atrelando esta nomenclatura à sua preferência sobre economia informacional à economia da informação. Porque, para ele, embora o conhecimento e a informação sejam elementos decisivos em todos os modelos de desenvolvimento, a escolha pelo informacional indica o atributo de um modo específico de organização social, através da qual, a geração, o processamento e a transmissão da informação se transformam nas fontes fundamentais de produtividade e poder; devida às novas condições tecnológicas que surgem neste período histórico.  Para ele, o termo informacional: “indica o atributo de uma forma específica de organização social em que a geração, o processamento e a transmissão da informação tornam-se fontes fundamentais de produtividade e poder, devido às novas condições tecnológicas surgidas nesse período histórico”. ( Castells, 1999, p. 46).

Ainda em  Castells (1999) percebe-se que se está vivenciando o pleno desenvolvimento informacional. Apesar das sociedades continuarem a investir na agricultura (fator de produção agrária) e também nas indústrias (fator de produção industrial), a lógica da informação detém grande poder sobre os demais setores das sociedades. Apesar de que, os conhecimentos e informações sempre foram cruciais em todos os modos de desenvolvimento, haja vista que o processo produtivo sempre se baseou em algum nível de conhecimento e em informação processada.  No entanto, uma das principais características da sociedade informacional, segundo  Castells (1999), é a ação do conhecimento sobre os próprios conhecimentos, enquanto fonte de produtividade principal. (Sense, 2008).

Em 2001, surge mais uma tentativa de conceituação e interpretação do que vem ocorrendo na sociedade. Surge então a expressão Sociedade Líquida, proposta por Baumann (2001). Para ele as relações nesta sociedade seriam de caráter temporário, fluido, obedecendo a uma eterna dinâmica de devir na estrutura das sociedades. Uma sociedade onde alterações ocorrem antes mesmo de qualquer paradigma se fixar. O que se pode entender por uma sociedade, onde as crises, inclusive de identidade, seja uma de suas principais características. Para este autor, a identidade do homem só pode existir como um projeto não realizado, um eterno devir. Na modernidade líquida e fluida, as escolhas individuais se entrelaçam com projetos e ações coletivas. Demais considerações de Baumann (2001) quanto à sociedade contemporânea corroboram com teses anteriormente apresentadas e discutidas pelos autores supracitados neste texto.

Já Borges (2008, p. 179) não faz distinção entre Sociedade da Informação e Sociedade do Conhecimento, ao dizer que: “A Sociedade da Informação e do conhecimento é reconhecida pelo uso intenso da informação e do conhecimento e das tecnologias de informação e da comunicação, na vida do indivíduo e da sociedade, em suas diversas atividades.” Demonstrando a relação existente entre: informação, conhecimento e tecnologia, categorias intrínsecas a toda tentativa de conceituação da nova sociedade.Não se pode discutir Sociedade da Informação e Sociedade do Conhecimento sem mencionar a Cúpula Mundial da Sociedade da Informação. Evento promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) que ocorreu em 2003 em Genebra e em 2005 na Tunísia, o qual contou com a participação de diversas entidades e organismos interessados na temática e no desenvolvimento da sociedade.

Segundo Ambrosi, Pimenta e Peugeot (2005) esse evento serviria para pensar a respeito da diminuição da exclusão digital global, que separa países periféricos dos ditos centrais, alargando o acesso à Internet. O mesmo possuía objetivos claros, porém para alguns, esses objetivos estavam ligados diretamente à preocupação do: “impacto da informação nos sistemas de produção”, em,  “Escolher o modo de produção como a característica fundamental de uma sociedade [o que] não é uma atitude neutra.” (Ambrosi, Pimenta e Peugeot, 2005). Na seção seguinte, aborda-se a importância da informação e do conhecimento, como mola propulsora do desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento. No contexto deste ensaio, informação é considerada o insumo básico para o desenvolvimento do conhecimento, ou seja, não são sinônimos. O conhecimento vem a ser o valor agregado à informação, é o ‘o que se faz com ela’; o diferencial que culminará na tomada de decisões acertadas, no saber fazer.

Informação e conhecimento enquanto bens sociais
Identificam-se visões que revelam o conceito e o destino destorcidos, atribuídos à importância da informação e do conhecimento, não como bens sociais, mas sim, como matérias prima para o desenvolvimento da livre concorrência econômica, sem considerar a importância do desenvolvimento cultural e social da humanidade:

“À primeira vista, o mesmo movimento de liberalização/resistência manifesta-se quando se passa a falar de informação: de um lado a doxa internacional pretende que apenas uma desregulamentação dos mercados permitirá introduzir as infra-estruturas necessárias para um acesso universal à Sociedade da Informação. De outro, movimentos lutam para que a informação permaneça antes de mais nada um bem público, e enaltecem uma regulamentação e uma governança pública à altura dos grandes desafios da era da informação.  A informação encontra-se bem no âmago do processo econômico atual, mas ela o ultrapassa e escapa a ele em grande parte. Para o grande desprazer daqueles que buscam ver na cultura apenas os ‘bens culturais’ provenientes das ‘indústrias culturais’ e fontes de novos mercados potenciais, as redes informativas fizeram detonar os intercâmbios de conteúdos culturais não-mercantis, dando visibilidade às forças criadoras de agora em diante interconectadas, que inventam e experimentam caminhos construindo novos modos de produção colaboradora.” (Ambrosi, Pimenta e Peugeot, 2005).

Desse modo, se de um lado tem-se a informação como mola propulsora do crescimento do capitalismo e, com isso o aumento de desigualdades sociais, de outro lado, tem-se o desenvolvimento de uma consciência maior, plural, que escapa ao mando das grandes potências econômicas, haja vista às potencialidades ofertadas pelo próprio desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação, através das quais a informação parece adquirir força própria e se dissipar ciberespaço afora, sem possibilidades de controle. Segundo Lucci(2000):  “Essa nova sociedade que está se formando, e que tem por base o capital humano ou intelectual, é chamada de Sociedade do Conhecimento. Nessa sociedade onde as ideias, portanto, passam a ter grande importância, estão surgindo em várias partes do mundo os Think Thanks, que nada mais são do que grupos ou centros de pensamento para a discussão de ideias Esses centros têm por objetivo a construção de um mundo, de uma sociedade mais saudável do ponto de vista econômico e social, que possa desfrutar de uma melhor qualidade de vida.”

Sendo assim, o que por vezes parece se experimentar em alguns momentos na história da sociedade contemporânea, mesmo que ainda de modo tímido, é a frutificação da semente da liberdade, adquirida pela tomada de consciência, promovida pelo acesso à informação a qual, mesmo nos países periféricos, consegue, ainda que heterogeneamente, chegar de forma mais efetiva do que outrora e, de certo modo, mobilizar e se constituir. Para que esta semente germine em terreno amplo e ganhe corpo, de antemão confessa-se que o pensamento desta autora vai em direção ao entendimento de que é preciso, principalmente, vontade política.  De acordo com Burch (2005) é perceptível a existência de duas realidades distintas. A que apresenta uma sociedade existente (Sociedade da Informação) e a que é desejada (Sociedade do Conhecimento) por organismos que se importam com o desenvolvimento social, como as universidades, alguns braços da ONU, Organizações não governamentais (ONGs), mas que, infelizmente, ainda é uma sociedade em potencial e não uma realidade circunscrita. 

Outro autor bastante comprometido com a análise da sociedade contemporânea, é Pierre Lévy (2010), para quem estamos vivenciando uma economia baseada na gestão do conhecimento; o que supõe que as pessoas sejam responsáveis e criativas. Segundo ele, é para isso que as pessoas devem ser preparadas e educadas: “Não se deve fabricar pessoas que consomem informação previamente empacotadas por terceiros”. (Lévy, 2010). Ou seja, as pessoas na Sociedade do Conhecimento, devem ter formação crítica e elas próprias devem compreender qual informação possui fonte fidedigna e serem capazes de encontrar a informação que procuram e, ao mesmo tempo, produzirem informação para ser consumida, interpretada e criticada por terceiros, em um movimento de troca, colaboração e complementação de conhecimentos: “Se nossas sociedades contentarem-se em ser inteligentemente dirigidas, com certeza falharão em seus objetivos. Para ter alguma chance de viver melhor, elas devem se tornar inteligentes na massa.” (Lévy, 1998, p. 18)

Para este autor, a Sociedade da Informação é uma mentira porque mesmo que se tenha tido a tese inicial de que seria possível automatizar os principais setores da sociedade, agricultura, indústria e economia, esta última, segundo Lévy (1998, p. 41): “continuará girando como já o faz, em torno do irredutível: a produção do laço social, o ‘relacional’”. E essa economia da qual o autor de refere, é vista por ele como uma economia “mais geral”, a qual engloba inclusive, a economia do conhecimento, mas é mais que isso, o autor a chama de “economia do humano”. E explica dizendo:

“Em princípio, as atividades de produção de bens e serviços deveriam ter por objetivo o enriquecimento do humano, ..., por exemplo: aumentar as competências dos indivíduos e grupos, promover a sociabilidade e o reconhecimento recíproco, proporcionar as ferramentas de autonomia, criar a diversidade, variar os prazeres, etc. Ora, o que talvez fosse apenas um imperativo moral, logo facultativo, para as finalidades da economia clássica, tende a tornar-se uma obrigação, uma condição de sucesso. Com efeito a contínua transformação das técnicas, dos mercados e do meio econômico leva os coletivos a abandonar seus modos de organização rígidos e hierarquizados, a desenvolver a capacidade de iniciativa e de cooperação ativa de seus membros. Nada disso é possível, porém, a menos que envolva e mobilize efetivamente a subjetividade dos indivíduos [supondo] uma nova atuação voltada para o humano enquanto tal. É como se o humano, em toda a sua extensão e variedade, voltasse a se tornar matéria-prima.” (Lévy, 1998, p. 41-2, p. 44)

Lévy (1998) tem uma abordagem interessante a respeito dos rumos da sociedade contemporânea, através de mudanças ocorridas principalmente no savoir-faire, e vislumbra o que se pode considerar, o pensamento necessário a respeito da consciência que se deve ter, acerca do movimento existente, que traz consigo alterações pontuais, apesar de subjetivas, sobre o compartilhamento de conhecimentos em redes de inovação, na flexibilidade e vitalidade das trocas de saberes. Gerando transformações e potencialidades nos diversos setores da sociedade. Deixando isso claro ao dizer que:

“A prosperidade das nações, das regiões, das empresas e dos indivíduos depende de sua capacidade de navegar no espaço do saber. A força é conferida de agora em diante pela gestão ótima dos conhecimentos, sejam eles técnicos, científicos, da ordem da comunicação ou derivem da relação ‘ética’ com o outro. Quanto melhor os grupos humanos conseguem se constituir em coletivos inteligentes, em sujeitos cognitivos, abertos, capazes de iniciativas, de imaginação e de reação rápidas, melhor asseguram seu sucesso no ambiente altamente competitivo que é o nosso.” (Lévy, 1998, p. 19)

Após uma breve passada pela história dos conceitos de Sociedade da Informação e de Sociedade do Conhecimento, se identifica, dentro dos textos trabalhados e citados nesta obra, uma categoria indissociável ao surgimento deste novo movimento de sociedade: as tecnologias da informação e comunicação e sua evolução na trajetória das sociedades e, principalmente a alteração do modus operandi dessas sociedades desenvolverem suas economias, vinculando conhecimento à moeda, o qual apesar de intangível é um bem muito valoroso.  E então este estudo assume como principal característica dessa sociedade, o desenvolvimento exponencial das relações sociais, culturais, mercantis e políticas, pelas potencialidades de comunicação proporcionada pelo uso das tecnologias de informação e comunicação, atuando diretamente em aspectos importantes da sociedade, além do amplo desenvolvimento do exercício da cidadania e das trocas simbólicas. Como é o caso do mundo do trabalho, da educação, da economia e da política com a influência de organismos internacionais no desenvolvimento e nos rumos dessa sociedade: Organização das Nações Unidas (ONU), com sua Cúpula da Sociedade da Informação (CSMI) em 2003 e 2005 e seus diversos programas para combater a exclusão social e digital; bem como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e as organizações não governamentais de relevância mundial no combate à exclusão digital. Exclusão esta que, quando não trabalhada para ter fim, acaba por culminar na exclusão social.

A influência das tecnologias da informação e comunicação nos rumos da sociedade contemporânea
Deliberadamente, a evolução das tecnologias da informação e comunicação e a sua invasão nos países periféricos, sem um compromisso sério dos Governos em repensar a nova economia, ou proposição e aplicação de novas formas de manutenção e gestão da sociedade como um todo, levando em consideração o grande impacto que as tecnologias da informação e comunicação trazem (principalmente na geração de empregos e desenvolvimento social), faz com que os inúmeros aspectos negativos ganhem terreno e coloquem a Sociedade da Informação em crise. Uma crise sem precedentes na história, dado que os aspectos que a desencadearam tendem a crescer exponencialmente e se desenvolverem. Enquanto por outro lado se percebe, senão a estagnação, pelo menos não a mesma preocupação dos governos frente à proposição de projetos e incentivos relativos à educação e à inserção da população neste novo contexto digital.

Aspectos que são facilmente identificados como dificultantes ao desenvolvimento das sociedades estão relacionados com a geração de novos postos específicos de trabalho, exigindo mão de obra especializada; a substituição do trabalho humano pelos autômatos; logo, desemprego ou redução da jornada de trabalho e, consequentemente, redução salarial para funcionários de chão de fábrica (mão de obra não especializada); exigência de maiores investimentos em educação continuada por parte dos trabalhadores e por outro lado, a desestimulante realidade em como investir em educação devido à dificuldade em obter um salário digno diante da concorrência acirrada que acaba por fazer com que o trabalhador se submeta a baixos salários; o aumento da crise e violência social dado o grande índice de desemprego e o crescimento da miséria; o crescimento das diferenças sociais e culturais haja vista que, a cada momento surgem novidades tecnológicas que são acessíveis apenas para uma camada social, deixando as menos favorecidas ainda mais distantes de crescimento e acesso ao novo tecnológico, que move e direciona a sociedade.

E, para saná-los, talvez fosse necessário o desenvolvimento de projetos ambiciosos, haja vista que estes projetos iriam contra a tendência mundial de contínua exclusão e, provavelmente receberiam pouco apoio dos países ditos centrais porque seriam projetos a serem aplicados pelos Estados “marginalizados”, para dar fim a processos como a colonização tecnológica e intelectual, e, se viessem a vingar, desnudariam o véu da ignorância e tornariam os países periféricos mais próximos da posição de igualdade informacional, frente aos países ditos centrais. Sabe-se que, infelizmente, isto não é do interesse de todos. Lastres & Albagli (1999) assumem que, realmente as tecnologias possibilitaram a: “difusão da informação/conhecimento codificado à escala global” (p. 14), porém citam Lemos (Lastres & Albagli (1999) quanto a essa possibilidade e difusão, não ocorrerem da mesma forma para todos (indivíduos, empresas, setores, países ou regiões); ao mesmo tempo em que, o acesso ao conhecimento codificado não é suficiente para que os atores acima apontados se adaptem a condições de evolução do mercado. Principalmente em um momento em que as transformações são muito rápidas.Para Cassiolato (1999), os países mais avançados sempre colocam algum tipo de restrição nas participações estrangeiras de investidores, como é o caso, por exemplo, dos sistemas de telecomunicação privatizados, tendo em vista a importância para estes países centrais preservarem sob sua égide, as atividades de pesquisa e desenvolvimento e de inovação tecnológica: o grande foco estratégico para a competitividade internacional pelo lucro e geração de riqueza.

A partir destes aspectos entra-se em um círculo vicioso de obsolescência versus atualização, um fosso social entre aqueles que têm acesso às tecnologias e os que não têm e, provavelmente estes últimos cada vez tenham menos, dada a realidade de distanciamento que surge entre os dois polos.Para Lastres & Albagli (1999 (1999) há forças que regem a homogeneização e diferenciação em pelo menos quatro dimensões distintas, a saber: a dimensão espacial: onde mercados se expandem em escala planetária alterando a divisão internacional do trabalho; a dimensão social: com o estabelecimento de claras linhas divisórias entre os capacitados a participarem da dinâmica contínua de inovação e aprendizado e os que são ou tendem a ser marginalizados dessa atualização dada as “transformações na base teórico produtiva”; a dimensão econômica: onde as organizações se colocam à frente do processo inovador e se mantém mais dinâmicas e competitivas: “o que equivale dizer aqueles mais intensivos no uso de informação e conhecimento” (Lastres & Albagli (1999, p. 9); e a dimensão político-institucional: a partir da qual as diferenças refletem e implicam distintos formatos institucionais e estratégias para lidar com a nova realidade.  Entende-se que a problemática trazida pela introdução das tecnologias da informação e comunicação, sem a devida preocupação do Estado para com o coletivo, estando extremamente vinculada à geração de riqueza e lucro para o setor empresarial, acarretou à sociedade contemporânea, um dos maiores gaps sociais da história mundial. Apesar de, com certeza, não ser a única razão, a introdução sem planejamento das tecnologias da informação e comunicação nas sociedades é uma das grandes responsáveis pela crise do desemprego em escala mundial, dada a substituição do trabalho humano pelas máquinas.

No entanto, não é o objetivo deste trabalho centrar-se apenas nos aspectos negativos dessas alterações, uma vez que as tecnologias podem potencializar juntamente com a vontade humana, em grande desenvolvimento para as sociedades. Neste sentido  Castells (1999, p. 25) aponta que: “a tecnologia é a sociedade, e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas.” De forma que a tecnologia é hoje um dos pilares centrais para o desenvolvimento (ou não) social. Apesar de se acreditar que essa afirmativa tenha certo exagero, há que se considerar que não existe mais Estado, nem mesmo sociedade, sem a planificação da tecnologia. Ela é um dos pilares, porém esse pilar precisa ser remodelado e revisto pelos atores humanos, conforme  Castells (1999) vai dizer. Ele afirma que é a habilidade das sociedades dominarem as tecnologias da informação e comunicação que traçará os seus destinos e, embora não seja a tecnologia quem determina a mudança social e a evolução das nações, é ela: “que incorpora a capacidade de transformação das sociedades”. ( Castells, 1999).

Dado o teor da sua importância, procura-se identificar aspectos positivos da aplicação das tecnologias da informação e comunicação nas sociedades contemporâneas, uma vez que as mesmas têm um caráter que transcende qualquer projeto de comunicação anterior; elas podem auxiliar a potencializar o poder da comunicação, podem auxiliar a romper barreiras geográficas, podem auxiliar a pôr em contato diversas culturas, unir através de fóruns cidadãos quem jamais se encontraria se não fosse via aparato tecnológico, dada a distância geográfica, a diversidade econômica e social em que indivíduos de sociedades distantes vivenciam. As tecnologias da informação e comunicação podem auxiliar quanto aos governos possibilitarem espaços públicos que se transformem em cenários de pleitos, onde cidadãos comuns passam a ter voz e voto, destituindo muitas vezes o caráter representativo existente na contemporaneidade.  Uma nova forma de organização político-social emerge conjuntamente com as mazelas sociais que o mau planejamento da incorporação das tecnologias da informação e comunicação pelas sociedades traz. Sendo assim, os aspectos positivos precisam ser pensados e bem administrados pelos governos e sociedades, para que se tire proveito do que elas (tecnologias) têm de melhor a oferecer e, para que, se dirimam os aspectos negativos e tendenciosos.

Dentre as visões estudadas, destaca-se a crítica de Mattelart (2006) ao apontar as tecnologias da informação e comunicação, como nova forma de hegemonia baseada no controle das redes, potencializando essa hegemonia e o perigoso foco no mito da “tecnologia salvadora” transparecendo a: “materialidade de um esquema operatório de remodelamento da ordem econômica, política e militar em escala planetária” (Mattelart, 2006, p. 8).Para este autor houve uma queda no engajamento político e ideológico, o qual se originou a partir da Guerra Fria e, que tem como estopim a inteligência artificial, mistificando o progresso eletrônico e saudando então a sociedade pós-industrial. Em contrapartida, o autor enxerga que: “novos espaços se abrem para a ação coletiva” e que “forças vivas da sociedade civil” buscam com o potencial das tecnologias da informação e comunicação: “uma sociedade na qual o conhecimento seja efetivamente compartilhado por todos”, movimento este produzido no sentido de: “escapar da lógica do desenvolvimento desigual”. (Mattelart, 2006).

Acredita-se que deva ser neste sentido, baseada nestes princípios de investimento, no acesso coletivo das potencialidades das tecnologias da informação e comunicação por todos os segmentos da sociedade civil, que a Sociedade do Conhecimento se erguerá. Porém a antítese procede, uma vez que, as negações do potencial coletivo e o descaso para com as demandas sociais e culturais acarretarão na aceleração da decadência da sociedade, sendo ela não uma revolução, mas um sonho apenas idealizado por grupos específicos, mas não consolidado. Fato é que, se por um viés, a tecnologia traz progresso, quando mal distribuída e mal gerenciada pelo Estado, acaba contribuindo para a geração de grande exclusão social, econômica e cultural, dada sua tamanha importância. Como dito por  Castells (1999, p. 31):

“O que deve ser guardado para o entendimento da relação entre a tecnologia e a sociedade é que o papel do Estado, seja interrompendo, seja promovendo, seja liderando a inovação tecnológica, é um fator decisivo no processo geral, à medida que expressa e organiza as forças sociais dominantes em um espaço e uma época determinados. Em grande parte, a tecnologia expressa a habilidade de uma sociedade para impulsionar seu domínio tecnológico por intermédio das instituições sociais, inclusive o Estado. Portanto, a nova sociedade emergente desse processo de transformação é capitalista e também informacional, embora apresente variação histórica considerável nos diferentes países, conforme sua história, cultura, instituições e relação específica com o capitalismo global e a tecnologia informacional.”

Análise que deixa clara a importância e o papel do Estado no manuseio e desenvolvimento de políticas de implementação das tecnologias da informação e comunicação. Estas ações são urgentes, principalmente nos países periféricos. Está se vivenciando um momento histórico nas sociedades em que o fenômeno que mais carece ser desenvolvido é a vontade política, uma vez que a própria tecnologia pode gerar potencialidades antes nunca possibilitadas na mesma dimensão com que estão ocorrendo, como é o caso da explosão informacional, da liberdade de acesso sem fronteiras geográficas (pelo menos entre grupos sociais que compartilham interesses comuns), como é o caso das redes sociais, na impossibilidade de aprisionar a informação, dado, por exemplo, o grande número de blogs espalhados pela Rede os quais, em contrapartida às grandes agências de notícias, divulgam pela sociedade outras opções e visões de interpretação para a informação, que a mídia de massa tem interesse e costuma divulgar. Ao se analisar os três ciclos do uso das tecnologias da informação e comunicação nas duas últimas décadas, entendidos por  Castells (1999) como “automação de tarefas”, “experiências de usos” e “reconfiguração das aplicações”, se percebe que o autor consegue identificar o grau de envolvimento e a forma de aprendizagem para o progresso. Para ele, nos dois primeiros estágios, o progresso baseou-se em “aprender usando”. Já no terceiro estágio, denominado por ele de: “reconfiguração das aplicações”, os usuários aprenderam sobre tecnologia “fazendo”, o que implicou “na reconfiguração das redes e da descoberta de novas aplicações” dado o grande teor de compartilhamento da informação e o grande poder de difusão da tecnologia.

Manifestos foram elaborados durante as reuniões da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, como a Declaração de Princípios de Genebra (2003) e a Declaração da Sociedade Civil (2003), na tentativa de tecer objetivos para auxiliar no desenvolvimento da sociedade, entendida neste texto como Sociedade do Conhecimento. A Declaração de Princípios de Genebra (2003) apud Burch (2005), adotada pelos governos, com significantes contribuições da sociedade civil, expressa em seu primeiro artigo:  “declaramos nosso desejo e compromisso comum de construir uma Sociedade da Informação centrada na pessoa, integradora e orientada ao desenvolvimento, em que todas as pessoas possam criar, consultar, utilizar e compartilhar a informação e o conhecimento, para que as pessoas, as comunidades e os povos possam empregar plenamente suas possibilidades na promoção de seu desenvolvimento sustentável e na melhoria da sua qualidade de vida, sobre a base dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e respeitando plenamente e defendendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos.”

Dessa forma, a informação e o conhecimento seriam bens públicos, que auxiliariam no desenvolvimento e potencialidades das diversas sociedades existentes. Infelizmente, entre a boa vontade na elaboração teórica do Manifesto e a aplicação prática do mesmo pelas Nações ainda existe um grande gap. Talvez o conceito que melhor representa o contexto esperado pela Sociedade do Conhecimento seja o mencionado por Ntambue (2005) de que o ideal de uma sociedade é aquele que distribui para todos os esforços realizados por todos. Ou seja, o poder do conhecimento teria potencialidade para, pela primeira vez na história, permear as mãos de quem faz, estar nas mãos do artesão, do trabalhador, de quem executa, gera e consome, e não somente como ainda ocorre, sob o poder de quem domina, não só os meios de produção, mas principalmente o capital financeiro e, por quem detém o ‘poder da caneta e dos satélites’ nas mãos.

É uma questão de vontade e de implementação adequada, por parte dos Estados, em desenvolverem políticas públicas que valorizem e acionem a importância da educação, da disseminação do conhecimento, do plantio de uma cultura plenamente baseada na importância do saber para o bem fazer, no domínio das tecnologias da informação e comunicação, para gerar novos conhecimentos em benefício do indivíduo e do coletivo. No desenvolvimento de melhores práticas políticas e sociais. Correspondendo ao compromisso realizado pelas Nações contido na Declaração de Princípios de Genebra, de auxiliar as sociedades e o mundo a desenvolverem suas potencialidades para melhoria da qualidade de vida. Por que motivo dá-se tanta ênfase nas tecnologias como forma de representação da sociedade contemporânea? Segundo Negroponte (2006) o mundo tornou-se digital. A penetrabilidade e ubiquidade das tecnologias da informação e comunicação é um fenômeno sem precedentes na história da humanidade. Porém é cabível discutir em que setores essa penetrabilidade se anuncia, haja vista a ainda deliberada escassez de acesso à informação por inúmeros setores da sociedade civil.

Segundo Lastres & Albagli (1999) o questionamento maior deve ser em torno dos formatos da qualidade de informações, conhecimento e tecnologias que estão sendo globalizados e disseminados. Estas autoras questionam como ocorre a apropriação do conhecimento. Certamente esse processo não ocorre de forma homogênea, entre países centrais e periféricos, nem mesmo dentro de cada um desses grandes blocos. A capacidade de apropriação das tecnologias da informação e comunicação certamente exerce grande influência neste processo de expansão ou centralização do conhecimento. Apesar de, até o momento, este trabalho não ter conceituado a Sociedade do Conhecimento, acredita-se que algumas de suas características já tenham sido mencionadas e valorizadas, como é o caso da influência das possibilidades trazidas pelas tecnologias da informação para seu pleno funcionamento e manutenção; da penetrabilidade da possibilidade de novos fluxos de comunicação através das redes; a importância de um repensar no mundo do trabalho e de um urgente redimensionamento de valores políticos, sociais e culturais; além da busca pela solidariedade entre as Nações, para que a costumeira frase adotada por muitos: “as tecnologias da informação e comunicação rompem barreiras geográficas e temporais”, a respeito da amplitude de alcance da Internet e suas tecnologias associadas, não sirva apenas de retórica e que, cada nação consiga respeitar seu próprio povo, para também aprender a respeitar os outros povos.

Para tanto, há igualmente que se levar em consideração a existência de diversas sociedades do conhecimento. Segundo Ambrosi, Pimenta e Peugeot (2005): existem “Sociedades” do Conhecimento (no plural), dada a heterogeneidade de situações e momentos distintos vividos pelas mais diferentes nações: “Deixar exprimir e crescer a criatividade, fazer circular os conhecimentos, abrir os patrimônios dos saberes aos mais pobres, mesclar as culturas sempre respeitando suas diversidades, ... proteger e promover as liberdades ... colocar a informação ao serviço de uma dinâmica de paz, de respeito e solidariedade. Ao serviço das sociedades e dos saberes compartilhados.”  Sendo estes alguns dos pensamentos de Ambrosi, Pimenta e Peugeot(2005) para atingir à Sociedade do Conhecimento, baseados na distribuição equânime da informação com vistas ao surgimento e propagação de ideias para promoção da evolução da sociedade como um todo.

Sociedade do Conhecimento: a importância de políticas públicas voltadas para a disseminação da informação e da educação
Segundo Amaral (2006, p.9): “Na Sociedade do Conhecimento, a educação ocupa um lugar central, e as novas tecnologias apoiam a sua disseminação”. Acredita-se que desse modo deveria ser o ideal de sociedade, porém essa afirmação não se traduz na realidade vivenciada pelos países considerados de economia periférica. Portanto se entende por Sociedade do Conhecimento, a sociedade em que o conhecimento encontra-se ao alcance de todos que o desejarem.  Porém, vivencia-se um momento histórico onde o conhecimento ainda é um bem para poucos. Sociedades em que há fortes diferenças sociais, econômicas e culturais, não podem ser denominadas de Sociedade do Conhecimento, haja vista que o conhecimento deva perpassar inclusive, pela esfera da moral e da ética. Por enquanto tem-se visto o “conhecimento” como força propulsora principalmente de desigualdades sociais. Não fazendo parte do ideal de Sociedade do Conhecimento com o qual esta e muitos outros pesquisadores se identificam.

Nesta direção Abdul Waheed Khan (subdiretor geral da UNESCO para Comunicação e Informação) declara: “Sociedade da Informação é o tijolo para construir o edifício de Sociedades do Conhecimento” (Khan apud Burch, 2005 em Desafios das palavras). Ele ainda diz que a Sociedade do Conhecimento pode ser entendida como a sociedade na qual o conhecimento deve ser considerado o recurso principal à criação e produção de riqueza, de bem estar social e de prosperidade à população. E afirma que: “Isso é determinado não pela força do trabalho em si, mas sim em nível científico, pelo progresso tecnológico e pela capacidade de aprendizagem das sociedades.” Para atingir a Sociedade do Conhecimento, é preciso também, dentre outras necessidades, desenvolver estratégias governamentais baseadas na ciência, tecnologia e inovação (CTI). Abdul Khan (apud Burch, 2005) estabelece a distinção entre Sociedade da Informação e Sociedade do Conhecimento:

“A Sociedade da Informação é a pedra angular das sociedades do conhecimento. O conceito de ‘Sociedade da Informação’, a meu ver, está relacionado à ideia de ‘inovação tecnológica’, enquanto o conceito de ‘Sociedade do Conhecimento’ inclui uma dimensão de transformação social, cultural, econômica, política e institucional, assim como uma perspectiva mais pluralista e de desenvolvimento. O conceito de ‘sociedades do conhecimento’ é preferível ao da ‘Sociedade da Informação’ já que expressa melhor a complexidade e o dinamismo das mudanças que estão ocorrendo ... o conhecimento em questão não é só importante para o crescimento econômico, mas também para fortalecer e desenvolver todos os setores da sociedade.”

O enfoque principal na expressão Sociedade da Informação deveria estar não no termo informação, mas sim em sociedade. Enquanto informação faz menção a dados, canais de transmissão e espaços de armazenagem, sociedade aborda pessoas, culturas, formas de organização e comunicação. A informação tem que ser determinada conforme a sociedade, e não a sociedade conforme a informação. (Burch, 2005). Mas o que fazer para colocar essa informação a serviço do desenvolvimento e da igualdade entre os povos? Os países precisam organizar-se, desenvolverem projetos e também desenvolverem políticas públicas, que vem a ser segundo Freitas (2007), uma intenção, uma possibilidade de ação em algum campo que envolve a sociedade, para qualificar dada área do conhecimento ou dada sociedade. Freitas (2007) também chama a atenção ao fato de que estas políticas públicas não devem ser homogêneas; precisam ser maleáveis, pensadas para todos, transversais e, ao mesmo tempo, respeitar as diferenças, a complexidade da diversidade dos atores sociais, para que estes possam desenvolver-se e com isso auxiliarem no desenvolvimento da sociedade na qual estão inseridos por estas políticas - uma troca vantajosa para ambas as partes: cidadão e Estado.

Não se faz política pública somente para e pela sociedade, mas com a sociedade. Há um senso comum difícil de ser rompido que perpassa o inconsciente coletivo das sociedades e as faz pensar a figura dos gestores públicos enquanto protagonistas das políticas públicas. Mas esse protagonismo não precisa e não deve ser privilégio dos gestores. (Freitas, 2007). As políticas devem ser construídas e avaliadas com a sociedade, uma vez que será ela (na extensão de todos seus membros) a usufruir das melhorias decorrentes de projetos sociais e de objetivos delineados para o seu desenvolvimento. Essas políticas não podem ser políticas de governo, o que foi um erro fatal ocorrido ao longo da história do Brasil, uma vez que se apaga o que de bom aconteceu e iniciam-se projetos novos a cada governo. Há que se ter em mente a importância de projetos de Estado, perenes, duradouros, síncronos, descentralizados, voltados para a coletividade e que pensem na participação popular. Possibilitando aos indivíduos se apropriarem de sua história. (Freitas, 2007).

Para Barcelos (2007) é preciso urgentemente: “diminuir a distância entre nossos princípios e atitudes”. E esta visão de fomento acerca do desenvolvimento de políticas públicas junto da sociedade é fator de extrema importância e possui relação direta com essa premissa. O aprendizado e o exercício do trabalho para e com o coletivo, deve ser objetivo de toda e qualquer política pública que se deseja consolidar em um país. As vivências experienciadas pelas pessoas são frutíferas e, como diz Freire (1987) servir “a vida como tema gerador”. Neste caso, gerador de motivações em busca de melhorias sociais, educacionais e econômicas, bem como gerador de competências baseadas no aprendizado empírico dosaber fazer de uma coletividade, ainda que com diversas matizes.

No entanto, espera-se que, naquilo que se idealiza a respeito da Sociedade do Conhecimento, a tecnologia não passe a conter em si potencialidades de inovação enquanto agente, e sim, enquanto instrumento, conforme defendem Nehmy & Paim (2002). Para as autoras supracitadas, ao se privilegiar o conhecimento de caráter operacional, este passa a ser uma mercadoria. Ele perde seu “valor de uso”, de satisfação da necessidade pessoal, em detrimento do valor de troca obtido na sua comercialização ou na sua aplicação imediata no setor produtivo, reintroduzindo-o na esfera de produção enquanto capital. Segundo elas: “Assim, o conhecimento que interessa para a dinâmica da chamada Sociedade da Informação seria aquele que pudesse ser padronizado, codificado”. Sendo assim a Sociedade da Informação e a Sociedade do Conhecimento se mostram, senão antagônicas, ao menos modelos de sociedades com ideologias diferentes.  Não é a Sociedade da Informação que se deseja e sim, aquela que coloca “ o conhecimento como essência reflexiva para o desenvolvimento e crescimento do sujeito que conhece”. (Habermas, 1982). Ou seja, uma Sociedade do Conhecimento.

Considerações finais
A importância na busca pelo desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento parece ser o melhor caminho no desenvolvimento da sociedade para todos. Uma sociedade em que a informação, a educação e a comunicação, baseadas nas potencialidades das TICs, possam desenvolver-se, transpor e rompes as barreiras geográficas, econômicas, políticas e sociais. A Sociedade do Conhecimento deve ser pensada para todos e não para uma elite, com ocorre hoje com a Sociedade da Informação, a qual não oferece acesso nem mesmo à informação de qualidade para todos, quiçá ao conhecimento.Os governos necessitam engajarem-se seriamente no projeto da inclusão digital, haja vista que, sem o domínio das tecnologias da informação e comunicação, uma nação e seus cidadãos estão fadados ao atraso, obsolescência e decadência. Porém, não a implementação da tecnologia pela tecnologia, mas sim através do desenvolvimento de políticas públicas voltadas para o bem estar social e para o desenvolvimento social e econômico da Nação e de sua população.

A angústia de superar a ausência da provisão do acesso à informação pela população, o direito ao exercício da democracia e da cidadania, o provimento de uma sociedade mais igualitária, baseada dentre outras perspectivas, nas possibilidades tecnológicas, devem permear toda e qualquer trajetória de desenvolvimento de uma sociedade que se diz justa e que busca munir seu povo de conhecimento e cultura para empoderá-lo de conhecimento para que sejam capazes de tomar decisões sábias e proveitosas, para serem aplicadas novamente na sociedade em que vivem.

A seguir, apresenta-se um topic map de características relacionadas à Sociedade da Informação e outro com características acerca da Sociedade do Conhecimento. De modo resumido, procura-se abranger os principais pontos de discussão e diferenciação entendidos e evidenciados entre elas e discutidos de alguma forma neste ensaio.

Figura 1: Topic Map da Sociedade da Informação

 

Figura 2: Topic Map da Sociedade do Conhecimento

 

 

Após estabelecerem-se as principais características da Sociedade do Conhecimento, sociedade que se deseja, há a necessidade do estabelecimento da proposição de modelos a serem pensados e desenvolvidos para contribuir com a superação da realidade contemporânea, baseada em desigualdades sociais, culturais e econômicas, as quais parecem se perpetuar através da esfera política. Essa superação poderá ocorrer a partir da construção e reconstrução de projetos direcionados para o coletivo, para a sociedade e com a sociedade, através do desenvolvimento de comunidades que façam jus ao título “Sociedade do Conhecimento”, a qual se baseia na busca e aplicação de diretrizes que visam dirimir, principalmente, a exclusão.

E, se o interesse realmente for o do desenvolvimento de uma Sociedade do Conhecimento, os governos necessitam perceber a tecnologia, a informação e o conhecimento, não como elementos neutros. Perceber que, quanto mais uma nação se desenvolve moralmente, intelectualmente, socialmente e equanimemente, mais rapidamente consegue atingir os degraus que levam à Sociedade do Conhecimento – uma sociedade para todos. Sociedade até o momento muito longe de se constituir, principalmente nos países periféricos, onde a desigualdade social é a realidade vivenciada. Mas que, através de vontade política e empreendedorismo por parte do Estado, centralizado no desenvolvimento humano, no estreitamento de comunicação com seus cidadãos e, na busca pelo desenvolvimento de qualidade de vida, se fará mais próxima. Favorecendo e estimulando a comunicação entre os atores sociais,oportunizando espaços para trocas simbólicas, como é o caso das redes sociais, dos fóruns cidadãos, das iniciativas de murais eletrônicos, e espaços online para comunicação G2C(governo para cidadão)C2G (Cidadão para governo) e C2C (cidadão para cidadão). O que tornará esses atores, potenciais construtores e partícipes da Sociedade do Conhecimento.

Neste contexto, a importância de desenvolvimento de modelos e projetos de governo e na atualidade, no âmbito do governo eletrônico, se faz importante e imprescindível porque a sociedade que pretende progredir, evoluir e se desenvolver em todos seus setores, necessita saber utilizar, comunicar-se e projetar através das tecnologias. As quais já são uma realidade nos países ditos centrais e precisam ser valorizadas e pensadas pelos países em desenvolvimento. Porque a inclusão digital, inclusive no âmbito do governo, não pode ser uma opção, é preciso ser realidade para que o desenvolvimento social e econômico aconteça para todos.

 

 

 

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Sobre o autor / About the Author:

 

Gisele Dziekaniak

giseledziekaniak@yahoo.com.br

 

Docente do Instituto de Ciências Humanas e da Informação da FURG. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento - UFSC.

 

 

 

Aires Rover

aires.rover@gmail.com

 

Docente do Centro de Ciências Jurídicas e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento,  UFSC. Doutor em Direito - UFSC.

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Lahis Pasquali Kurtz

Mestra em Direito

Muito bem explicado: "A coisa julgada formal é uma das características da sentença irrecorrível, trazendo seus reflexos para dentro do próprio processo (efeito endo-processual), fazendo indiscutível o que fora discutido neste. Em razão da extinção da relação processual nada mais pode ser discutido naquele processo, todavia, como não houve qualquer alteração qualitativa, nem repercussão alguma na relação de direito material, nada impede que o autor ajuíze uma nova ação, inexistindo a possibilidade de ajuizamento da ação rescisória." Henrique Martins