Arte Neolítica (O Cálice e a Espada)


PorWoszezenki- Postado em 08 abril 2011

 

No capítulo 2, a autora propõe os seguintes questionamentos: Que tipo de pessoas eram nossos ancestrais pré-históricos que adoravam a Deusa? Como era a vida durante os milênios de nossa evolução cultural anteriores à história registrada ou escrita? E o que podemos aprender daqueles tempos que seja relevante ao nosso?

A maior parte do que aprendemos sobre a nossa evolução cultural tem sido mera interpretação em geral representando a visão de mundo dominadora. Recentemente, cientistas reavaliaram a pré-história, analisando, sobretudo, a mais rica fonte de informação daquela época: a arte, uma forma de comunicação simbólica.

A autora ressalta que o mais notável na arte neolítica é o que ela não retrata. Pois o que um povo não representa em sua arte pode nos falar tanto a seu respeito quanto aquilo que ele representa. Na arte neolítica não existem imagens idealizando o poder armado e a violência. Não existem imagens de “guerreiros nobres”, cenas de batalhas, “conquistadores históricos” arrastando cativos em correntes. Não existiam grandes depósitos de armas ou sinais de tecnologias para armas. Na arte neolítica, não aparecem pessoas carregando emblemas associados ao poder (lanças e espadas). Não existem imagens de dominador-dominado.

O que encontramos em toda a parte é uma rica coleção de símbolos da natureza que atestam o respeito pela beleza e pelo mistério da vida. Há elementos de manutenção à vida, ao sol e à água, como por exemplo, os padrões geométricos de formas onduladas representando as águas correntes. Serpentes e borboletas (símbolos da metamorfose) que são identificadas com o poder de transformação da Deusa.

Em toda a parte encontra-se imagens da Deusa. Ela aparece como a Senhora das águas, dos pássaros ou simplesmente a Mãe divina embalando o filho divino nos braços. Encontra-se imagens realistas e abstratas; imagens que provocam sensação de fantasia, sugerindo rituais e mitos; imagens que provocam um efeito de humor.

A Deusa representa a unidade de todas as coisas da natureza. Ela dá a vida a seu povo e alimento espiritual e material. Existem representações da Deusa grávida e dando a luz acompanhada de animais; ela representa a parte humana e a parte animal. Assim como toda a vida nasce dela, esta vida também retorna a ela na morte para renascer.

Os processos destrutivos da natureza também são reconhecidos e respeitados. Ritos tentavam conter processos mais desagradáveis.

A arte reflete uma forma particular de cultura e organização social. A arte centrada na Deusa parece ter refletido uma ordem social na qual as mulheres, cabeças de clãs e sacerdotisas, detinham papel fundamental e na qual tanto mulheres quanto homens trabalhavam juntos em parceria igualitária em prol do bem comum.

Naquela época, a imagem religiosa central era a de uma mulher dando à luz e não, como em nosso tempo, um homem morrendo em uma cruz. Isso nos faz deduzir que a vida e o amor à vida (em vez da morte e do medo à morte) dominavam a sociedade, assim como a arte.