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Gabriela de Almeida Marcon*

 

 

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS – CCJ

DEPARTAMENTO DO DIREITO

INFORMÁTICA JURÍDICA

PROFESSOR AIRES JOSÉ ROVER, Dr.

 

FICHA RESUMO DE OBRA CIENTÍFICA

 

1.          NOME COMPLETO DO FICHADOR: GABRIELA ALMEIDA MARCON

2.          OBRA EM FICHAMENTO:

TREFIL, James. Somos Diferentes?: Um cientista explora a inteligência ímpar da mente humana. – Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

3.          OBJETIVO: IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS IDÉIAS DISCUTIDAS NO LIVRO.

4.          RESUMO:

 

  PREFÁCIO[1]

 

  O autor ao visitar Ryszard Michakski, líder mundial no campo de “máquinas de aprendizagem”, o qual gostaria de mostrar-lhe um novo jogo, começou a pensar sobre a inteligência das máquinas. Por meio de figuras que apareciam na tela, o autor poderia criar regras para decidir quais ficariam e quais sairiam da tela. O computador examinava as informações e descobria a regra criada, revelando-a com uma voz característica. Sua pronúncia não era como a humana. Muitas vezes a regra apresentada funcionava, mas não era a mesma na qual o autor havia pensado. Os programas da máquina pareciam tentar imitar o raciocínio humano.

  A partir dessa experiência com a máquina, James Trefil passa a reflexionar sobre a possibilidade da existência de regras simples que descrevam mecanismos mais complexos, como o grande número de moléculas atuando dentro de cada célula.

  Apesar das boas intenções dos jovens criadores da máquina com a qual Trefil jogava, o autor preocupava-se com a possível invenção de uma inteligência capaz de tornar obsoleta a humanidade. Teclando aleatoriamente algumas decisões sem preocupar-se com o jogo em si, ele procurava saber se a máquina decifraria a regra, e sim. Pouco tempo depois o computador revelou uma regra de tal complexidade que, segundo o autor, a mente humana talvez não fosse capaz de explicar.

  Mesmo sabendo que por meio dessa tecnologia nova que surge, o ser humano pode obter diversos benefícios, tanto na área médica, quanto nos setores de informação, um temor erigia-se dentro de Trefil.  

 

  I – AINDA RESTA ALGO PARA NÓS?[2]

 

  O ser humano domina o planeta Terra e provoca alterações significativas no mesmo. São muitas as suas capacidades, por exemplo, pode transmitir informações não genéticas através da linguagem de geração para geração; projetar sistemas tecnológicos de grande porte, utilizar sua cultura como arma, criar arte e ciência. Tais pontos ilustram a singularidade humana.

  Intenta-se demarcar o limite entre seres humanos e o resto do reino animal. O problema é que até então, as pessoas tentaram lidar com a questão com abrangência excessiva.

  O autor preocupa-se não com a superação dos seres humanos pelos animais, pois, segundo ele, é difícil imaginar um chimpanzé – por exemplo – resolvendo cálculo integral ou compondo sinfonia. Sua maior preocupação, conforme relatado no prefácio, é com a inteligência artificial.

  A imagem predominante do cérebro humano, atualmente, envolve o computador. As décadas passadas testemunharam certa ruína gradual da noção de que existe voragem separando-nos dos animais, viram também a desaparição da idéia de que há qualquer precipício entre o cérebro humano e os computadores.

  A afirmação de que o cérebro é apenas um computador complexo, adquire forma mais extrema quando da possibilidade de ser o Homo sapiens forma de vida transitória entre o carbono do passado e o silício do futuro.

  Filósofos e cientistas de vez em quando apresentam com confiança características que julgam ser exclusividade da espécie humana, todavia os macacos volta e meia os desmentem.

  Na opinião do autor o aspecto mais difícil na questão da singularidade humana é a provável capacidade de uma máquina realizar funções que usualmente rotulamos de atividades criativas ou “intelectuais abstratas” – como a pintura, o teatro e a música ou a produção de teorias científicas.

  O neurônio é uma estrutura física feita de átomos e moléculas específicos posicionados de modo especial. Até o presente momento não se sabe exatamente como ele funciona, conquanto acredita-se que as leis existentes da química ou da física são suficientes para obter tal explicação.

 

1.                      MISTERIOSOS

Algumas pessoas afirmam que há algo que não pode ser explicado pelo método científico. O autor discorda, pois se realmente existe algo além do conhecido, precisamos saber de que se trata. Os religiosos atribuem à existência da alma. A resposta é questionável, para os céticos não serve.

    Na essência humana, salvo qualquer religião, algumas atividades – apaixonar-se, apreciar o belo, ajudar sem recompensa – permanecerão sempre fora do alcance das máquinas.   Segundo TREFIL, tal afirmação é passível de ser verdadeira. O mesmo acredita que exista uma espécie de miasma espiritual permeando nossas dimensões. Não aprecia o ponto de vista misterioso porque ele implica a existência de um assunto de interesse vital para os seres humanos – a natureza dos nossos próprios processos conscientes e mentais – que deve permanecer para sempre além do nosso alcance. Isso já ouvimos em outras épocas no que concerne a doenças infecto contagiosas e fenômenos naturais os quais foram considerados “domínio dos deuses”. Por outro lado, ao passo que aprimoramos nossa compreensão do universo físico cada um desses fenômenos tornou-se sujeito à investigação científica.

   

2.                      MATERIALISTAS

Há pontos de vista diversos no que diz respeito à relação mente e cérebro. O argumento materialista é simples: o neurônio é apenas um sistema físico, composto por moléculas obedecendo às mesmas leis que qualquer outro sistema físico. O cérebro, uma coleção de neurônios interligados. Se pudermos construir neurônios e interligá-los de maneira complexa um dia conseguiremos construir uma réplica do próprio cérebro humano com todas as suas propriedades. Construída essa máquina, acrescentando mais neurônios produzir-se-ia uma máquina sobre-humana.

O autor contesta esse ponto de vista. Toda arte, toda música, literatura, grandes inspirações científicas seriam apenas resultados do acionamento ao acaso de componentes de máquinas que todos nós trazemos no interior dos nossos crânios.

 

 

A noção de singularidade humana sofre ataques de duas frentes: uma se deve ao fato de pertencermos ao Reino Animal e a outra surge da complexidade e das capacidades das máquinas que desenvolvemos. Examinando a primeira premissa deveríamos desistir de provar a existência da alma, já considerando a segunda, aceitar que o cérebro é apenas uma coleção reproduzível de neurônios e postular a presença de alguma entidade imaterial. Ou desistimos da singularidade humana ou deixamos de lado a ciência.

 

 

II – SERES HUMANOS E ANIMAIS: IGUAIS, PORÉM DIFERENTES.[3]

 

  Foi um choque para os estudantes vitorianos quando Darwin lhes disse que eram aparentados com os antropóides. Hoje em dia a idéia essa questão da familiaridade com os antropóides não assusta tanto assim. Na ausência de convicções religiosas contrárias o fato torna-se parte do panorama intelectual sem alarde.

  Para lidar com a questão da singularidade humana, é preciso analisar com cuidado a linha divisória entre nós e o resto das criaturas vivas no planeta, para entender onde nos encaixamos na trama da vida.

Existem três abordagens possíveis para o problema: a taxonomia que envolve dar nome às criaturas, comparando suas anatomias. A teoria evolutiva, examinar as árvores genealógicas das criaturas vivas. E, finalmente, pelo ponto de vista molecular nos campos da biologia molecular e da genética molecular.

Os seres humanos são iguais aos outros seres vivos em diversos aspectos, mas detém algumas características muito específicas.

 

“DEUS CRIA, LINEU CLASSIFICA”.

 

Observando as criaturas vivas existentes, é possível ordená-las e agrupá-las por semelhança aproximada. Algumas vezes essas distinções não são tão aparentes. Os cientistas numa tentativa de impor ordem ás suas observações tentaram agrupar organismos com funções e estruturas similares. Nosso esquema de classificação foi idealizado pelo sueco Carlos Lineu (1707 – 1778). Cometeu alguns erros, contudo teve percepções profundas. Verificou ser a baleia um mamífero e não peixe. Percebeu a íntima ligação dos seres humanos com os antropóides, instituiu o uso de dois substantivos em latim ou latinizados para a especificação de determinado organismo. O primeiro nome refere-se ao gênero e o segundo a espécie.

O sistema desenvolvido por Lineu foi aperfeiçoado por muitas gerações de pesquisadores, embora a idéia continue a mesma. Tudo seria desdobrado em populações reprodutoras distintas, as espécies. Para vermos como nos encaixamos no esquema geral das coisas é que acompanhamos esse processo aplicado aos seres humanos.

O grupo mais abrangente de organismos está nos reinos. A classificação mais aceita ainda hoje admite cinco reinos distintos: vegetais, animais, fungos e outros dois unicelulares.

Dentro do reino animal faz-se uma distinção entre os que apresentam medulas espinhais, estando estes no filo dos cordados. No filo dos cordados aqueles que possuem vértebras são os vertebrados e os que não as possuem, invertebrados. Os vertebrados de sangue quente, com pêlos e mamas, são os mamíferos. Dos mamíferos, os que têm olhos na frente da cabeça, mãos e pés que agarram coisas, são chamados Primatas. Os seres humanos são vertebrados, mamíferos e primatas – os únicos que caminham de modo ereto e apresentam o córtex cerebral grande, mais desenvolvido. São Homo sapiens.

Ao contrário das diversas espécies de ursos as quais estão intimamente relacionadas entre si, os seres humanos atuais não estão intimamente ligados a nenhuma espécie viva hoje.

Os antropóides estão muito distantes de nós, considerando todos os fatores analisados, embora o isolamento evolutivo não seja uma exclusividade da espécie humana.

Há trinta e cinco mil anos, o homem de Neanderthal vivia ao lado dos seres humanos modernos. Tudo indica que fosse um primo próximo, já extinto. Atualmente nossos parentes mais próximos são os chimpanzés.

Ao tentar definir o que nos separa dos demais membros do reino animal a maioria das pessoas levantaria a hipótese das funções mentais superiores ou já mencionadas, atividades “intelectuais abstratas”. O que distingue o cérebro humano dos demais não é apenas a existência do Córtex Cerebral operante, mas seu tamanho e organização. Temos de nos perguntar, de que maneira um aumento considerável desse órgão específico pode produzir mudanças tão profundas no comportamento.

 

A ÁRVORE GENEALÓGICA

 

O mais antigo dos hominídeos é o Australopithecus – 4 milhões de anos, caixa craniana de 400mL, 1,40 metro de altura. O membro mais famoso do gênero é Lucy, fóssil da espécie Australopithecus afarensis.  Muitas espécies de Australopithecus conviveram na África.

Há aproximadamente dois milhões de anos, surgiram os primeiros do gênero Homo. Primeiro o Homo habilis, fazia ferramentas, durou pouco. Depois Homo erectus, mais bem sucedido, obteve o controle do fogo. A maioria dos fósseis encontrados é dessa espécie. O volume de sua caixa craniana variava de 700 milímetros cúbicos a 1200 milímetros cúbicos.

Com relação à anatomia podemos dizer que o que torna o ser humano diferente dos outros animais é o cérebro humano. Não há meios de afirmar, a partir de um crânio fossilizado, o modo como os neurônios do cérebro estavam relacionados.

                                    

VOCÊ É AS SUAS MOLÉCULAS

 

Toda a vida da Terra descende de uma única molécula que surgiu há quatro bilhões de anos. Todos nós carregamos as marcas desta ascendência na textura interna das nossas células. Verificar diferenças marcantes nesses traços nos do resto da criação é uma das maneiras de se provar a singularidade humana.

A vida provém da Química. O código das moléculas é o DNA. São quatro bases nitrogenadas que estão presentes na dupla hélice de DNA. Essa codificação diferencia um ser vivo do outro.

Todos os seres vivos compartilham dessa forma de codificação genética. Um indício de que todos nós descendemos de uma célula ancestral comum. As informações são transportadas pelos genes que passam de geração para geração. A carga de informação de um gene é imensa. O DNA do ser humano e o do Chimpanzé são muito parecidos, pequenas mudanças causam toda a diferença. Comparar moléculas comuns codificadas para um gene particular pode dar-nos uma estimativa de quanto o DNA de uma espécie pode diferir.

A maior parte dos genes do nosso DNA está associada à manutenção básica da vida. Obtenção de energia, eliminação de resíduos. Não são necessárias grandes mudanças nessa estrutura química para produzir grandes diferenças aparentes.

 

III – SOBRE ANÊMONAS FUGIDIAS E LAGOSTAS INTELIGENTES[4]

 

O QUE É INTELIGÊNCIA?

 

As observações podem ser divididas em duas classificações: experiências de laboratório e observações de campo, as quais dizem respeito ao comportamento natural dos animais.

O termo inteligência pode ser empregado para a realização de fenômenos simples que demonstrem a interpretação de algo que acontece no meio. O fato de sermos bons em qualquer tarefa específica está relacionado aos nossos ancestrais terem percebido isso, evoluído, e, tal evolução chegou a nós pelo DNA.

Adquirimos as habilidades de que necessitamos para sobreviver. Não é necessário um sistema nervoso complexo para reprodução de um comportamento complexo. A inteligência não é uma exclusividade dos mamíferos, apresenta-se de maneiras diversas em outras espécies animais. É possível, entretanto, encontrar um ponto a partir do qual só os seres humanos podem prosseguir.

 

INTELIGÊNCIA ONDE VOCÊ MENOS ESPERA

 

A Capacidade Intelectual depende de modificações relativamente pequenas na estrutura do cérebro. O acréscimo de um pequeno número de células nervosas pode produzir mudanças muitíssimo significativas no que concerne à habilidade de um organismo lidar com situações novas, seja este uma lagosta ou bactéria.

 

ANIMAIS COMO NÓS

 

O fato de apenas os seres humanos fabricarem ferramentas não é uma afirmação estritamente verdadeira, embora diante de tudo o que pode a humanidade produzir, o aparato feito pelos animais é extremamente rudimentar, não muito significativo. O uso de um graveto para comer formigas não pode ser comparado ao uso de um computador ou um avião para atingir um objetivo específico.

A segunda distinção mais relevante é a linguagem rica e complexa que possuímos. Os animais têm suas formas de comunicação, todavia de maneira alguma comparáveis ao fenômeno da linguagem humana.

Outra distinção é a capacidade do homem de formar conceitos intelectuais abstratos. A maioria dos animais não é autoconsciente. De todos os primatas, sem mencionar o ser humano, apenas os chimpanzés e os orangotangos formam conceitos mentais de autopercepção.

Podemos separar os seres humanos e os chimpanzés do resto do reino animal com base em sua capacidade de realizar uma tarefa intelectual específica. Comparando os chimpanzés com as crianças, podemos distingui-los da seguinte maneira: a criança não necessita passar por todo um processo de aprendizado ou períodos de tentativa e erro, ela cria uma teoria da mente. Já o chimpanzé aprende por tentativa e erro.

 

SEPARANDO OS SERES HUMANOS DOS OUTROS ANIMAIS

 

Quando compreendemos nossa capacidade de criar o conceito do estado mental do outro é que conhecemos “um círculo que contém apenas a nossa espécie”.

 

IV – OS ANIMAIS PODEM FALAR?[5]

 

ANIMAIS QUE FALAM UNS COM OS OUTROS

 

  Cientistas tiveram indicações de que os macacos podem comunicar instruções específicas uns para os outros. Outros animais também podem desempenhar função semelhante por meio de movimentos, danças, etc.

  Algumas dessas técnicas de transmissão de informações são instintivas outras exigem aprendizado. A abelha não precisa de lição para executar sua dança para mostrar a localização do pólen, já algumas espécies de aves não conseguem cantar sem nunca ter escutado antes.

  Existe um componente genético na capacidade lingüística dos animais, portanto, é muito provável que também exista componente semelhante para a linguagem humana.

 

SERES HUMANOS QUE FALAM COM ANIMAIS

 

 

  Tal tipo de comunicação é corriqueira. Ocorre que por isso ser possível, algumas pessoas, equivocadamente, tendem a pensar que o animal pensa e vê o mundo do mesmo modo como os humanos.

 

  O QUE É A LINGUAGEM HUMANA?

 

  É provável que haja algum tipo de capacidade humana inata para aprender línguas. A prova da natureza inata da linguagem vem da percepção. Todos os idiomas existentes tendem a compartilhar de um mesmo grupo de normas gramaticais profundas. Tais regras dizem respeito ao modo como as línguas são construídas – o como os seres humanos organizam suas sentenças, seqüências sonoras de significados. Essas normas normalmente são formuladas na linguagem da lingüística. As frases soam bem de certa maneira, algumas formas de organizar as palavras não nos fazem sentido, pois “violam as regras gramaticais inatas em nossos cérebros”.

  A idéia de que existe um conjunto de regras gramaticais inatas é a hipótese mais coerente na tentativa de explicar por que há regularidade nas construções em diferentes idiomas e na aquisição da linguagem pelo ser humano.

 

O QUE OS ANIMAIS PODEM FAZER?

 

  Em termos de reconhecer vocábulos, nomear coisas e responder a perguntas simples, não resta dúvidas de que determinados animais podem atuar na esfera verbal. Mesmo um papagaio, cujo cérebro é pequeno, tem essa capacidade. Os corvos, por sua vez, conseguem contar. Houve tentativas de ensinar a linguagem humana aos macacos, embora esse processo desenvolveu-se até certo ponto a partir do qual não evoluiu conforme esperado.

 

V – O CÉREBRO[6]

 

  Observando-se o cérebro de um feto, percebemos células individuais enviando filamentos para formar ligações com outras células. O cérebro todo funciona devido a células muito interligadas, os neurônios.

 

A FÁBRICA QUÍMICA QUE NOS TORNA CONSCIENTES

 

  “A principal atividade de todas as células é desenvolver reações químicas”. Os sinais nervosos são transportados pelas células do cérebro, neurônios. Os neurônios têm uma estrutura interna complexa, como das demais células, possuem DNA encerrado no núcleo. No citoplasma ocorre queima e produção de energia e pela membrana celular ocorre eliminação de resíduos dos processos. Um neurônio cerebral possui, basicamente, um corpo central, axônio e dendritos. De cada neurônio partem ramos que se ligam a outros neurônios. O axônio seria o sistema de saída para essas ligações.

  A membrana de um neurônio tem moléculas receptoras que se projetam em um lado para o meio circundante e em outro para o interior da célula nervosa.

  Há uma bomba molecular alojada na membrana do axônio para absorver energia, prende o sódio e permitem a passagem do potássio. Chama-se bomba de sódio e potássio. O resultado é que a concentração de íons de potássio dentro da célula é maior do que no lado de fora, enquanto a do sódio é mais alta fora da célula. Essa carga se move, há um fluxo constante, para fora e para o interior da célula, com súbita mudança de voltagem. Essa súbita mudança é chamada potencial de ação.  Nos seres humanos e também em outros vertebrados, os axônios estão, muitas vezes, recobertos por mielina, é impermeável ao sódio e ao potássio, faz com que o potencial de ação salte para a lacuna seguinte.

 

PASSANDO DE UM NEURÔNIO PARA O SEGUINTE

 

  O potencial de ação percorre todas as ramificações até atingir a extremidade do neurônio. Na realidade, uma extremidade não toca a superfície da outra célula. Há uma junção chamada sinapse ligando dois neurônios. Nessa junção está inclusa uma pequena lacuna que permite o movimento do potencial de ação. O neurônio decide se ativa ou não o potencial de ação, embora quando isso acontece o potencial segue regras do fluxo de íons de sódio de potássio.

  Há neurotrasmissores liberados na lacuna dos neurônios, são vitais na propagação do impulso nervoso. Alguns estimulam o potencial de ação, outros fecham os canais iônicos.

 

A ESTRUTURA DO CÉREBRO

 

  O cérebro é um órgão complexo e altamente estruturado”.  Não é composto apenas por neurônios, vasos sangüíneos o envolvem levando nutrientes e oxigênio para suas células e levando para fora os resíduos. Aproximadamente noventa por cento das células do cérebro são neurogliais. Cercam e nutrem os neurônios.  A medula espinhal transporta os impulsos nervosos para o cérebro.

 

DESENVOLVIMENTO DOS NEURÔNIOS

 

  Cada ser humano começa como zigoto. Por volta dos cinco meses, as características gerais do cérebro podem ser vistas em linhas gerais. As células migram para uma região específica, amadurecem e se diferenciam. As características gerais do cérebro podem ser observadas desde cedo no feto, embora a formação da estrutura demore muitos meses. As sinapses entre os neurônios formam-se mais ou menos no sétimo mês do desenvolvimento.

 

 

VI – SOBRE BASTÕES PERFURANTES E CÉLULAS AVÓS. [7]

COMO O CÉREBRO FUNCIONA

 

LEWIS E CLARK NO CÉREBRO

 

O córtex motor primário localiza-se ao longo da parte de trás do lobo frontal e o córtex somatossensório primário localiza-se na borda frontal do lobo parietal. Essas duas faixas comandam a movimentação e recebem sensações oriundas de diferentes partes do corpo.  O lobo frontal dianteiro do córtex motor primário diz respeito ao processamento de sinais neurais e ao que costumamos denominar funções mentais superiores.

 

MONITORANDO O CÉREBRO VIVO

                                        

      Atualmente, temos duas novas ferramentas para explorar o cérebro humano. São elas a PET – tomografia por emissão de pósitrons e a fMRI - ressonância magnética funcional.  Tais métodos dependem da maneira como os neurônios conseguem sua energia a partir das moléculas transportadas pelo sangue.

 

VII – COMO NOS TORNAMOS TÃO ESPERTOS? [8]

 

     Ter um córtex cerebral muito evoluído constitui vantagem para nossa sobrevivência. Nós modificamos nosso meio ambiente, enquanto o Australopithecus, por exemplo, estava apenas preocupado com a sobrevivência individual.

Charles Darwin desenvolveu a Teoria da Seleção Natural. Os genes que conferissem vantagem em termos de sobrevivência aos seres vivos seriam transmitidos para as gerações futuras. Já aqueles indivíduos que não fossem capazes de sobreviver no meio, simplesmente desapareceriam. A seleção natural não se importa com a conduta moral dos seres vivos de modo geral, só está interessada na habilidade de multiplicação das espécies e manutenção da vida sob as condições do meio ambiente. Os produtos aperfeiçoados concedem certa vantagem, nossos cérebros são “o produto de milhões de anos de evolução”.

 

A EVOLUÇÃO DA INTELIGÊNCIA

 

   O cérebro funciona como um conjunto de aldeias inter-relacionadas e funções intensamente localizadas. A partir dos fósseis podemos estudar o formato do cérebro humano, seus aspectos físicos de maneira geral, embora não é possível saber de que modo os neurônios estavam ligados. A história da evolução humana nesse aspecto é, portanto, muito mais especulativa do que a maioria das teorias científicas.

 

A CAPACIDADE INTELECTUAL HUMANA É ÚNICA NO REINO ANIMAL?

 

    Através do, já comentado, processo de seleção natural, diversos produtos específicos foram introduzidos, como exemplo temos a tromba dos elefantes e o uso do sonar pelos morcegos. Não há razão, segundo TREFIL, para que o córtex cerebral humano não seja incluído na lista de produtos específicos.

 

 

 

 

VIII – RODAS E ELÉTRONS EM MOVIMENTO: [9]

COMO UM COMPUTADOR FUNCIONA

 

 

   REDES NEURAIS

 

  Os computadores são, essencialmente, complexos de redes de circuitos elétricos. Uma determinada quantidade de dados, de acordo com um código ou programa, é fornecida às máquinas para que a manipulem.  Os computadores seguem nossas instruções. Os computadores possuem transistores, dispositivos produzidos com metais semicondutores.

As redes neurais possuem a propriedade de fazer com que as máquinas executem tarefas semelhantes àquelas que os animais e seres humanos efetuam quando do aprendizado desde a experiência. São uma tentativa de construir um computador o qual possa operar de modo próximo ao dos neurônios. Criar um sistema que possa aprender. As redes neurais já são aplicadas no controle do tráfego aéreo, finanças, transações com cartões de crédito, etc.

 

IX – INTELIGÊNCIA ARTIFICAL, MÁQUINAS DE APRENDIZAGEM E SALAS CHINESAS. [10]

 

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

 

Normalmente o significado dessas palavras é distorcido. As tarefas desempenhadas pelo computador não têm relação com as funções do cérebro. Francis Crick observa ter sido grande contribuição de sua pesquisa o fato de fazer com que o cientista pare de chamar transistores de neurônios. As máquinas podem desempenhar funções muito importantes, porém isso não significa que possuam inteligência tal qual a humana. O salto intuitivo, a inspiração repentina, é uma das características da nossa inteligência que o computador não pode reproduzir. Os dispositivos só resolvem problemas específicos quando são previamente informados a respeito de um fato chave. No caso, os seres humanos são capazes de descobrir o fato em questão para solucionar o problema.

 

APENAS JOGANDO

 

Uma das realizações mais divulgadas da Inteligência Artificial está no desenvolvimento de programas específicos para o jogo de xadrez. Inclusive, alguns desses após passarem por aprimoramento técnico, venceram campeões mundiais humanos. As máquinas têm grande poder de computação, sua capacidade de examinar possíveis movimentos e jogadas futuras aumentou vertiginosamente.

Cabe colocar que a inteligência da máquina difere da inteligência humana, pois as situações em que é empregada são muito circunscritas e limitadas. O computador chega aos resultados por caminhos diferentes daqueles que um ser humano utilizaria.

 

SISTEMAS ESPECIALISTAS

 

São aplicáveis para a resolução de problemas específicos. Trazem relevantes resultados econômicos e tecnológicos. A essência de um sistema especialista consiste em reduzir um sistema lógico a um conjunto de normas fixas, um grupamento de instruções para um programa, um algoritmo. São úteis para lidar com problemas rotineiros.

 

 

 

VIDA ARTIFICIAL E COMPUTAÇÃO EVOLUTIVA

 

Um grupo de cientistas iniciou chamando-se “vida artificial”, fabricam versões sofisticadas de jogos para computador com o objetivo de estudar a evolução dos sistemas ao longo dos tempos. Esclarecer, de modo otimizado, problemas complexos dotados de muitas variáveis, é uma das propriedades da computação evolutiva.

 

                                       O TESTE DE TURING

 

Propõe avaliar a inteligência de uma máquina. São duas salas isoladas. Por um computador uma pessoa consegue comunicar-se com a outra sala, caso essa pessoa não conseguisse afirmar se fala com um ser humano ou com uma máquina ou se disser estar comunicando-se com um ser humano, ficaria comprovada a inteligência da máquina.

 

                               A SALA CHINESA

 

Numa sala um ser humano possui um conjunto de perguntas em “chinês” e uma série de livros os quais informam que caso se tenha alguns caracteres em particular dados de entrada, dever-se-ia enviar determinados caracteres de saída.  Dessa forma, seria possível enviar as respostas mesmo sem compreender as perguntas.  A conclusão do filósofo John Searle é que ter uma máquina capaz de passar no teste de Turing não significa que essa seja inteligente ou consciente. Pois Turing não garante que o computador esteja mais consciente do que está fazendo do que o homem da sala chinesa.

 

X – POR QUE O CÉREBRO NÃO É UM COMPUTADOR? [11]

 

A analogia do cérebro como sendo um computador é insuficiente. Isso não significa que nosso cérebro não seja um sistema material controlado por leis naturais comuns, porém há duas análises a serem feitas: estrutural e funcional. O argumento estrutural nunca poderá fornecer uma prova absoluta, pois por mais que duas coisas possuam aparência semelhante, como por exemplo, asas de águia e asas de um avião, operam de modo totalmente distinto.

 

O CÉREBRO NÃO OPERA NA MESMA ESCALA DE TEMPO DE UM COMPUTADOR

 

 

O neurônio opera na escala de tempo dos milissegundos, enquanto os transistores operam em bilionésimo de segundo. Embora, para determinadas tarefas, o cérebro pode trabalhar de maneira muito mais veloz. Para fazer a “leitura” de uma imagem, os computadores precisam dividi-la em pequenas unidades chamadas pixels e analisá-las uma de cada vez. O cérebro, provavelmente possui uma maneira de compensar a lentidão dos neurônios individuais, ele opera de modo maciçamente paralelo como existem grupos altamente especializados de neurônios, muitas partes diferentes da imagem estão sendo reunidas simultaneamente. Por isso a lentidão de cada operação em si não tem tanta importância.

 

 

 

 

O CÉREBRO E O COMPUTADOR SÃO BONS EM COISAS DIFERENTES.

 

Um computador é muito bom em guardar longas listagens de números aleatórios e repassá-los num dado momento. Já uma criança de pouca idade pode compreender um discurso gramatical e o uso de idiomas. As funções do cérebro humano e dos computadores parecem ser complementares, nesse sentido.

 

O CÉREBRO EVOLUI, O COMPUTADOR FOI PLANEJADO.

 

Os sistemas evolutivos não têm muita semelhança com os sistemas planejados por engenheiros. O modo como o cérebro e o computador vieram a ser do jeito que são é outra diferença decisiva.  A lógica do cérebro é evolutiva e a do computador é eletrônica.

 

 

 

O CÉREBRO É UM SISTEMA QUÍMICO O COMPUTADOR É UM SISTEMA ELÉTRICO.

 

A complexidade do funcionamento de um computador sempre se resume ao movimento de cargas elétricas por um fio semicondutor. O cérebro opera com base em reações químicas. Há diversos graus em que essa natureza química manifesta-se. Sinais elétricos são transmitidos de neurônio a neurônio. A identificação do cérebro com o computador remete, talvez, aos anos 1950 quando se começava a pensar sobre as máquinas de calcular. Se pensarmos somente nas correntes elétricas transmitindo impulsos, a analogia com o computador seria válida, todavia não se pode esquecer dos neurotransmissores.

O cérebro está ligado ao sistema endócrino, está em uma imersão de substâncias químicas, criadas no cérebro, sintetizadas também em outras partes do corpo. A relação mente e corpo é outro fator relevante. Os estados de espírito podem ter efeito profundo sobre o corpo.

 

XI – O CÉREBRO PODE FAZER ALGUMA COISA QUE UM COMPUTADOR NÃO PODE? [12]

GÖDEL E PENROSE

 

Na área dos fundamentos da matemática encontramos indicativos de que o cérebro é muito diferente do computador. O raciocínio matemático formal é uma das tarefas mais difíceis.

 

TEOREMA DE GÖDEL

 

Se um sistema for consistente, sua consistência não pode ser provada. Tudo começou com uma tentativa de mecanizar os processos mentais de raciocínio. É possível atribuir um número a toda preposição que pode ser afirmada em um dado sistema. O que Gödel analisou foi a afirmação “esta preposição não pode ser provada”, uma sentença que afirma sua própria indemonstrabilidade. A matemática não se reduz à lógica. O trabalho dele não é o que atualmente chamamos de demonstração construtiva.

 

O ARGUMENTO DE LUCAS E PENROSE

 

Basicamente, temos que é possível analisar uma sentença e constatar sua veracidade mesmo que Gödel afirme que não pode ser provada. O núcleo do Teorema de Gödel é que deve haver uma afirmativa para qual isso não possa ocorrer. A verdade ou falsidade não pode ser definida por etapas lógicas a partir de axiomas. Pode existir uma sentença cuja veracidade ou falsidade possa ser apresentada pelo cérebro humano, todavia por um computador não.

 

A CONJECTURA DE PENROSE

 

Tal conjectura conduz-nos a pensar sobre a ligação entre a mecânica quântica e o mundo de escala macroscópica, ainda por outro lado, a respeito das teorias unificadas de campo. Quando os físicos analisam objetos em tamanho comum utilizam a mecânica newtoniana clássica. As coisas são medidas em força, massa e velocidade. Já quando trabalham com átomos, utilizam a mecânica quântica, onde a medição altera o objeto em questão. Na mecânica quântica, pequenas partículas são descritas em termos de funções de onda.

 

 

PORQUE A CONJECTURA DE PENROSE NÃO RESOLVE O PROBLEMA

 

Quando entendermos o funcionamento do cérebro em termos da ciência de Penrose, seria então provável a construção de uma nova espécie de máquina funcionando conforme as novas leis dessa ciência, portanto, voltaremos ao ponto de partida.

 

 

XII – O PROBLEMA DA CONSCIÊNCIA [13]

 

O fato de um computador agir aparentando possuir consciência, não assegura que ele a tenha.

 

PENSO LOGO EXISTO

 

René Descartes procurou por algo que não pudesse ser questionado. O aspecto mais importante, para esta análise, do ponto de vista cartesiano é o suposto dualismo mente\corpo. Temos a impressão de que existe um eu consciente dentro de nós observando o mundo. Esboçar-se-á alguns pontos de vista acerca da consciência humana.

 

OS CONTESTADORES

 

Daniel Dennett é o mais influente desses pensadores. Não acreditam na existência do problema da consciência. Entendendo o funcionamento dos neurônios, o resto é só ilusão.

 

OS MISTERIOSOS

 

Dentre eles está David Chalmers, acreditam que o problema da consciência existe, porém jamais será desvendado. Como na física há determinados conceitos fundamentais da natureza os quais explicam as demais propriedades do universo sem que sejam definidos, Chalmers acredita que a consciência deveria fazer parte desses conceitos.

 

 

 

OS MATERIALISTAS

 

Tais pensadores acreditam ser o cérebro um sistema físico governado por leis naturais que podem ser conhecidas e todos os seus fenômenos podem ser esclarecidos desse modo. Somos como “um pacote de neurônios”. O autor, por incrível que pareça, inclui-se nesse grupo de cientistas.

 

ACEITAR O MATERIALISMO SIGNIFICA QUE TEMOS DE DESISTIR DA SINGULARIDADE HUMANA?

 

É clara a distinção entre a mente animal e a humana. Ficou evidente também que computadores digitais padrão não podem desempenhar determinadas funções do cérebro. Embora imaginemos um “programa material” em analogia com o “programa neurológico”.

Se fosse possível construir um neurônio, mesmo que de silício, depois interligá-lo com outros em número muito maior do que o existente no ser humano, teríamos uma máquina com desempenho superior ao do cérebro. Provavelmente, mesmo fosse o cérebro apenas um sistema físico o que propõe o programa materialista pode ser inviável.

 

 

XIII - CONSCIÊNCIA E COMPLEXIDADE [14]

 

Um sistema complexo é caracterizado por uma grande porção de agentes interagindo uns com os outros. Ao atingir certo nível de complexidade ocorre um evento. No exemplo citado pelo autor, temos diversos grãos de areia empilhados, fazendo forças de contato. Ao atingir determinado grau de complexidade, ocorre uma avalanche. As avalanches, no caso, são as propriedades emergentes do sistema complexo. A inteligência humana, por exemplo, é propriedade emergente dos neurônios.

 

ALGUNS TERMOS NECESSÁRIOS:

                             

NÃO – LINEAR

 

Sistemas lineares são os mais simples que existem, descritos pelas mais simples equações. Quando um aumento de algo, por exemplo, produz uma resposta não proporcional dizemos que esta resposta é não-linear. Quando algo está funcionando de modo a responder de forma desproporcional ao estímulo dado, digamos assim, é um sistema não-linear. Não se pensava nisto até a última década do século XX, aproximadamente.

 

CAOS

 

Sistemas caóticos são não-lineares. Sua evolução no tempo é sensível às condições iniciais.  Sistemas caóticos não são imprevisíveis.

 

SISTEMAS ADAPTATIVOS COMPLEXOS

 

Sistemas em que agentes individuais podem alterar o desempenho de outros agentes.

 

 

 

 

HAVERÁ UMA CIÊNCIA REAL DA COMPLEXIDADE?

 

Segundo o autor, é relativa a existência de leis gerais que governem os sistemas complexos. Alguns sistemas parecem ser muito diferentes, embora obedeçam às mesmas leis. Também há exemplos de situações em que regras diversas dão origem a fenômenos parecidos.

 

CONSCIÊNCIA ANIMAL

 

“Não há razão para acreditar que uma aranha seja um milionésimo de vezes tão consciente quanto um ser humano assim como não há qualquer motivo para supor que um grão de areia possa exibir um milionésimo de avalanche.” O cérebro como um sistema adaptativo complexo é fator que explica a singularidade humana.

 

COMO SERIA UMA TEORIA DA CONSCIÊNCIA?

 

Ainda não há uma teoria completa da consciência. É provável que quando exista, essa envolva a noção científica de complexidade, particularmente as propriedades emergentes.

Para o neurobiologista Antônio Damásio, a consciência é oriunda da interação freqüentemente renovada da percepção cerebral do estado do corpo com a memória e funções cognitivas superiores.

Para Gerald Edelman a consciência não é apenas função cerebral.  Ele denomina de “mapas”. Um fluxo de informações recíproco entre grupamentos de neurônios.

Francis Crick e colegas afirmam estar nas oscilações de alta freqüência dos sinais que ocorrem no cérebro a origem da consciência.

 

UMA PALAVRA A RESPEITO DE PALAVRAS

 

Todos nós pensamos conhecer o real significado da palavra consciência. Grandes grupos de acadêmicos e professores gastaram horas e não conseguiram nem menos conceituar unanimemente a palavra cérebro, que dirá consciência.

 

XIV – AINDA RESTA ALGO PARA NÓS? [15]

ENUNCIANDO NOVAMENTE O PROBLEMA

 

 

Neste capítulo o autor reafirma sua crença de que o cérebro nada mais é do que sistema físico, por mais que esteja interligado de modo diverso de tudo o que encontrarmos no universo, pois se constitui de átomos e moléculas. A partir dessa afirmação é complicado negar a possibilidade de se concretizar o programa materialista.

Há quem pense que o Homo sapiens será uma forma de vida transitória. As máquinas inteligentes nos substituirão como os mamíferos fizeram com os dinossauros.

Tais argumentos podem falhar. Há exemplos históricos que nos apresentam maneiras pelas quais a singularidade humana pode ser mantida mesmo na presença de máquinas “inteligentes”.

 

O CALCULADOR DIVINO

 

Isaac Newton deixou-nos um legado esplêndido. Podemos pensar o universo como um relógio ao qual no momento da criação e ele foi dado corda e desde então funciona por conta própria.  A física newtoniana nos permitiu prever o movimento dos sistemas físicos, embora exista um problema paradigmático no estudo de Newton. O problema do calculador divino repercute de forma perturbadora entre os acadêmicos como o conflito entre o programa materialista e a singularidade humana. Parece nos induzir a escolher entre ciência e racionalidade ou livre-arbítrio.

O calculador revelou uma falsa dicotomia, porém, pois o universo descrito pela física newtoniana não é o mesmo no qual vivemos. O desenvolvimento da mecânica quântica apesar de tudo não torna a física de Newton falsa lógica, contudo torna a discussão do calculador divino sem sentido.

 

O. LAWRENCE E O SUPERCICLOTRON

 

O ciclotron constitui uma máquina capaz de acelerar um próton com energia suficientemente alta para que esse colida contra um alvo.

O primeiro ciclotron construído por Lawrence não era grande. Cabia em nossas mãos. Produzia pouca energia para que se fizesse um estudo profundo do núcleo atômico. Ao longo da década de 1930, os ciclotrons de Lawrence ficaram cada vez maiores. A técnica era fazer imãs maiores e aumentar a aceleração. Essa não foi a primeira máquina capaz de dividir o núcleo de modo artificial, porém teve muita importância. Em 1939 o cientista ganhou o prêmio Nobel pela construção da máquina. No final da década de 1930, o cientista idealizou a construção do que seria um superciclotron. Hoje podemos acelerar partículas com energia muito superior a do ciclotron de Lawrence utilizando o sincrotron.

 

HAVERÁ UMA ESPÉCIE DE TEOREMA DE GÖDEL ESPERANDO POR NÓS NOS SISTEMAS COMPLEXOS?

 

Chalmers introduziu a idéia de “cérebro sintético”, na qual neurônios são substituídos por chips de silício. O propósito é demonstrar que não há possibilidade de realizar a separação entre sistema natural e sistema sintético. A hipótese tácita desse argumento recai sobre a inexistência de leis fundamentais da natureza capazes de “tornar este programa inatingível”.

 

SAÍDAS

 

Nessa fase do nosso conhecimento não podemos atestar que qualquer dos cenários descritos se efetivará. Conquanto com a concretização de qualquer deles encontraremos a saída para a dubiedade colocada pelo aprimoramento crescente dos computadores que construímos.

 

O EXTERMINADOR DO FUTURO CONTRA R. DANEEL OVILAW: E SE NÃO HOUVER SAÍDA?

 

Três leis da robótica foram incorporadas aos cérebros dos robôs: não podem fazer mal aos humanos, deve obedecer a ordens humanas que não entrem em desacordo com a primeira lei, os robôs devem proteger sua existência desde que isso não seja contrário as primeiras leis.

Nos contos de Asimov o principal personagem é R. Daneel Ovilaw, um robô parecendo e comportando-se com o ser humano. Acaba tendo o papel de salvar a raça humana. Ele representa o lado oposto ao exterminador.

Em Jornada nas Estrelas há um robô chamado Data, membro de uma tripulação de seres biológicos, destes apenas alguns são seres humanos. Sabe-se que ele é um robô apenas por sua força e seu fascínio pelas emoções humanas.

 

 

O LUGAR DA HUMANIDADE

 

Por mais que seja possível construir máquinas inteligentes ou conscientes precisamos reconhecer que essa inteligência adquire significado diferente quando aplicada ao ser humano. Uma máquina que joga xadrez, por exemplo, não faz do modo como os homens.

Nossa habilidade para a construção de ferramentas sempre foi notável. Os carros fabricados são muito mais velozes que as pessoas, nem por isso nos sentimos inferiorizados.

Dessa forma, nossa atenção aponta para a demarcação das diferenças entre as inteligências e consciências.  As coisas que associamos “instintivamente” à singularidade humana – moral, emoção, valores – manifestam qualidades que distinguem nossa consciência de todo o resto. Se é correta ou não tal afirmação, contudo, exprime a transferência do debate em questão – em que somos diferentes dos computadores – da filosofia para o indutivismo, a observação, o que pode elevar concernência da discussão.

 

 

5. OBSERVAÇÕES GERAIS:

 

 

O livro busca colocar em detalhes o significado da inteligência e as características singulares do ser humano que o destacam perante as demais espécies no planeta. Nós somos autoconscientes e conhecemos também nosso poder de transformar o ambiente que nos cerca.

Com clareza, percebemos que a despeito de qualquer avanço significativo na construção de máquinas e no progresso das pesquisas sobre inteligência artificial, neurônios de silício, enfim, o homem por ser o programador de tais mecanismos sempre possuirá algo único. A capacidade de encontrar respostas para eventos inusitados, situações não circunscritas, ilimitadas. A humanidade é hábil para pensar por si mesma. O robô requer códigos, demanda que passemos informações importantes ao seu funcionamento, e ainda assim trabalhará atendo-se a tais regras. Diferente de um ser humano o computador não está apto a lidar com imprevistos e não é capaz de sentir.

A competência da mente humana precisa ainda ser estudada, pois há muita obscuridade nesse sentido. É importante desenvolve-se integralmente. Não podemos restringir os horizontes do nosso pensamento, somos mais inteligentes e tão produtivos quanto máquinas. Que os computadores sirvam como meio de aprimorar o trabalho humano, pois a memória deles é infalível, todavia sua existência depende de nosso raciocínio.

 

 

ASSINATURA:                                                                                               11/08/2006

 

 

 

 

*Aluna de graduação de Direito da UFSC.



[1]  P. 9

[2] P. 13

[3] P.25

[4] P.36

[5] P.49

[6] P.63

[7] P.78

[8] P.96

[9] P.107

[10] P.120

[11]P. 134

[12] P.144

[13] P.158

[14] P.168

[15] P.182