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Segurança open source: maior proteção a menor custo

 

25/4/2003 - 10:07 Steve Schlesinger

 

À primeira vista, a idéia da adoção de softwares open source para aplicações de segurança (como firewall, por exemplo) parece um contra-senso ou mesmo um absurdo. Por que uma corporação usaria um código que está disponível a todos ― de hackers a ciberterroristas ― para proteger suas mais vitais informações?

 

Mesmo assim, o uso do open source em ações de segurança tem ocorrido em organizações, tais como a Universidade de Stanford, a Electronic Data Systems Corp. e o Los Alamos Labb, por exemplo.

 

E por que elas estão tendo esta postura? O open source na segurança, quando corretamente implementado, é economicamente mais viável e até mais seguro. Em outras palavras, um aplicativo open source pode proteger a informação da empresa… e seu caixa também.

 

Vejamos com mais detalhes

 

O open source é economicamente mais viável. Soluções de código aberto destinadas a segurança custam menos que sistemas fechados, pois suas despesas em desenvolvimento são radicalmente menores. Na Astaro, companhia na qual trabalho como gerente-geral, o custo da integração de ferramentas open source em sistemas de segurança é, a grosso modo, um quinto do que seria dispensado para a criação de tais ferramentas. Estas aplicações baseadas no open source geralmente não demandam tantos recursos de hardware e mesmo de treinamento

 

Em abril do ano passado, um estudo da Cybersource Pty Ltd. comparou o custo total da adoção do open source em relação ao uso de sistemas Windows, tomando como base de análise aspectos do custo de hardware, software, treinamento e suporte. E qual foi a conclusão? O open source poderia trazer mais de 34% de economia a pequenos e médios negócios em três anos.

 

O menor custo leva a uma maior segurança, especialmente a empresas cujos orçamentos de TI não são dos maiores, mas cujas necessidades em segurança o são. Estas companhias menores não têm como proteger todos os seus componentes, assim acabam fazendo uma espécie de roleta russa diária, focando no que acham que é mais vital e mais vulnerável. Deste modo, aproveitando o menor custo com o advento do open source, mais componentes (leia-se informação) podem ser incluídos no “guarda-chuvas” de segurança. E mais importante: a empresa fica livre para investir seu dinheiro em outras áreas que normalmente são neglicenciadas ― como na educação de usuários finais para que implementem melhores práticas ― o que traz retorno a longo prazo.

 

O open source é mais seguro. Esta segurança do código aberto é assunto de intenso debate, enriquecido ainda mais com a recente descoberta de falhas de segurança em protocolos do servidor de Web Apache e no próprio OpenSSL, ambos amplamente adotados por usuários open source.

 

O fato é que nenhuma linha de código, open source ou mesmo proprietário, é 100% segura. Mas graças a seu processo liberal, em que há continuidade e revisão, o código aberto é menos suscetível a erros. De acordo com estudo da Forrester Research, em agosto de 2000, gerentes de TI citaram a resposta “preocupação com segurança” como o principal motivo de sua migração ao open source.

 

O argumento da “segurança pela obscuridade”, usado por softwares fechados, também não funciona, em grande parte pelo fato de o código proprietário ser obscuro apenas aos que buscam encontrar e solucionar problemas.

 

"Hackers sofisticados não precisam de seu código fonte para encontrar problemas de segurança “, afirmou o pesquisador de segurança John Viega, em uma tese de setembro de 1999. “Hackers podem observar o comportamento do programa, analisar seu binário e até rodar seu programa por um descompilador para obter uma réplica razoável de seu código fonte. E se eles conseguirem penetrar no sistema, você não terá a vantagem do fenônemo "muitos olhos" (many eyeballs)... ao retirar de vista o código fonte, você estará tornando mais difícil para as pessoas analisar o programa, e assim elas têm menos probabilidade de ajudá-lo a aprimorar seu produto."

 

O open source é corrigido mais rapidamente. Quando problemas de segurança são descobertos, são reparados muito mais agilmente que em relação a problemas com software proprietário. Por exemplo, reparos no Apache estavam disponíveis apenas dois dias após a descoberta do problema. Compare este com o intervalo de tempo típico que, digamos, um certo líder na fabricação de sistemas operacionais leva para lançar uma correção.

 

Em segurança, a resposta rápida é fundamental

 

Um estudo da SecurityPortal, publicado em janeiro de 2000, descobriu que o distribuidor de open source Red Hat demorava cerca de onze dias para corrigir um bug em seu Linux. Por outro lado, a Microsoft tardou dezesseis dias para consertar seu problema. Já os usuários da Sun aguardaram três meses para soluções.

 

O open source é, simplesmente, a melhor opção. Graças à ininterrupta revisão, o software aberto passa por um processo de desenvolvimento continuado, com freqüentes atualizações. Ao contrário do que ocorre com fabricantes de software proprietário, os consumidores não precisam esperar por meses ou anos para o lançamento de uma nova versão. E isso leva a um produto de maior qualidade e mais confiável.

 

Quando a Microsoft lançou o Windows 2000, em fevereiro de 2000, o código continha mais de 63 mil defeitos, de acordo com relatório interno da própria companhia. Em maio de 2001, a seguradora americana J.S.Wurzler Underwriting anunciou que seus serviços aumentariam em cerca de 15% com a adoção do Windows NT em seus servidores de Internet. A razão? Clientes que usam NT são mais suscetíveis a ataques e invasões, em relação a iniciativas que adotam produtos de segurança open source.

 

O modelos open source levam também a um suporte mais vigoroso e contínuo após a venda em si. São fruto de uma ativa comunidade de usuários que, além disso, propiciam diminuição dos custos com suporte ― poupando mais uma vez dinheiro da companhia.

 

Integração é a chave. Programas open source estão tradicionalmente disponíveis por mínimos ou nenhum custo. No entanto, implementar firewalls, detectores de intrusão e outros utilitários contra vírus pode ser, mesmo em ambiente open source, caro. E este caminho, se não bem gerenciado, pode não só não baratear o custo da operação como também tornar o sistema menos seguro. Deste modo, administradores de rede devem gerenciar diferentes interfaces para cada aplicação, o que significa que as companhias irão despender mais tempo e dinheiro treinando-os. Ainda, a necessidade de corrigir cada aplicação individualmente aumenta as chances de falha em uma atualização vital à segurança ― trazendo, portanto, maior vulnerabilidade à informação.

 

Um processo integrado - o que pega as melhores aplicações open spource e as integra por meio de uma interface simples ― oferece o melhor de dois mundos. Os benefícios são variados: administradores terão apenas uma interface para gerenciar, um único set de atualizações para instalar e um único contato disponível como canal de ajuda. E eles terão a tal comunidade ativa do open source ajudando-os a tornar sistemas mais seguros.

 

Como detalhe final: dados de segurança nota 10 não precisam ter um preço "premium". Ferramentas open source já estão protegendo as redes de milhares de corporações ao redor do mundo, e fazendo isso melhor e por um custo bem menor do que as soluções proprietárias.

 

Steve Schlesinger é gerente geral da Astaro Corp. O artigo "Open Source Security: Better Protection at a Lower Cost" foi originalmente publicado no site InfoSecNews e pode ser lido aqui. Traduzido pelo site brasileiro MyFreeBSD.

 

Retirado de: http://www.infoguerra.com.br