Registro
de domínios
Sites
revelam truques usados pelos ciberposseiros
Giordani
Rodrigues *
Cybersquatter
é o termo criado para designar o indivíduo que
registra domínios contendo marcas ou nomes famosos, com o
objetivo de vendê-los mais tarde e lucrar com o negócio.
No Brasil o termo já foi traduzido para 'ciberposseiro'.
Mas o cybersquatter antenado com as novas
tendências da posse virtual vai além, e aproveita
não só o nome do domínio, como também
seu conteúdo. Foi o que aconteceu com o Kazaa e o
Audiogalaxy, conhecidos serviços para download de
arquivos musicais, os quais já têm suas "versões
brasileiras" - kazaa.com.br e audiogalaxy.com.br
Na
verdade, as páginas são apenas 'molduras' que abrem
os sites originais Audiogalaxy.com e Kazaa.com, uma
prática chamada de "framing" e que pode
configurar outra violação, desta vez aos direitos
autorais. A única diferença é que na parte
superior das páginas há banners do site
RankBrasil, "o Guinness Records brasileiro", segundo
seu próprio slogan.
O RankBrasil e o
audiogalaxy.com.br estão registrados em nome da Cadari
Informática, enquanto o kazaa.com.br está em nome
de Cadari e Cia Ltda, diferentes nomes de uma empresa curitibana
pertencente a Nelson Luciano Cadari, de acordo com dados do
Registro.br. Ou seja, além de ter a chance de ganhar
dinheiro com a venda dos domínios, Cadari ainda promove
sua empresa entre os internautas que se enganarem ao digitar os
endereços verdadeiros, como ocorreu com o leitor que
enviou a dica desta notícia a InfoGuerra. Em vez de
digitar audiogalaxy.com, ele acabou adicionando o .br no final e
se surpreendeu com o resultado.
Mas Cadari não
pára por aí e também tem outros domínios
registrados, entre os quais, bearshare.com.br, limewire.com.br,
aimster.com.br (todos relacionados a programas de troca de
músicas), guinnessbook.com.br e corel.com.br. O domínio
aimster.com, por sinal, foi transferido à AOL
recentemente, depois que o provedor americano entrou com uma ação
judicial contra o ex-detentor do endereço, Johnny Deep,
alegando que o nome infringia sua marca AIM (AOL Instant
Messenger).
O endereço corel.com.br abre uma
página cujo título contém as palavras-chaves
(meta-tags) "Corel Draw", "design",
"picture", "desenho", "cdr" e
"paint". Um título tão esquisito tem uma
explicação: é uma técnica para que o
site apareça nas buscas de internautas interessados
no Corel Draw e em outros programas gráficos, o que
poderia caracterizar o uso indevido de uma marca alheia por meio
dessas meta-tags.
O corel.com.br também
apresenta banners da RankBrasil e traz a seguinte
informação: "Domínio www.corel.com.br
está a venda". Em seguida há um número
de telefone. Simulando interesse no negócio, ligamos para
saber o preço e quem atendeu foi Nelson Cadari. Ele
sugeriu o valor base de R$ 30 mil pelo domínio, mas disse
que aceitava contra-propostas e bens como parte do pagamento.
"Corel é um nome muito forte e se o site
for bem aproveitado o investimento se paga em um ano",
argumentou. Ele também disse que o site RankBrasil
recebia cerca de 200 mil pageviews por mês graças
à quantidade de acessos que endereços como
corel.com.br e audiogalaxy.com.br traziam.
Depois de tudo
isso, é curioso ler a opinião
de um suposto leitor do site RankBrasil postada em sua página
inicial. O texto diz o seguinte: "Parabéns, uma das
páginas mais interessantes em termos de cultura que já
encontrei. Se todos voltassem realmente para a 'ordem e
progresso' nosso país seria muito melhor".
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