A Rede Oficial - Sistemas Abertos
(Edelvico Amor de Souza Junior)
O governo precisa coordenar as ações para integrar o seu
ambiente computacional
O governo federal é o maior comprador de bens e serviços
relacionados com a Tecnologia para Informação e o maior usuário
dos serviços públicos de telecomunicações. Embora não existam
dados recentes, projeções indicam que a participação dos órgãos
de Administração Pública no mercado nacional de informática se
aproxima da casa dos 40%.
Com um enorme parque computacional e sendo o maior
comprador do mercado, o governo precisa coordenar as ações
para integrar o seu ambiente computacional e viabilizar o uso
efetivo do seu poder de compra.
Em artigos anteriores abordei diversas implementações e
modelos funcionais baseados em especificações abertas. Neste
artigo, apresento a integração de implementações abertas num
ambiente aberto de protocolos e serviços (a rede do governo
federal), que visa a disseminação de informações de interesse da
sociedade, com a adoção de padrões que permitam a interação dos
ambientes governamentais, e a implementação de uma infra-
estrutura básica de comunicação
e serviços.
Processo normativo
As atividades de normalização no âmbito do Poder Executivo
Federal são definidas pelo SISP (Sistema de Administração dos
Recursos de Informação e Informática) e coordenadas pelo
Departamento de Informação e Informática do MARE (Ministério
da Administração Federal e Rermá do Estado).
O SISP foi institucionalizado pelas Leis n' 8028/90 e 8490/92
(Reformas Administrativas) e regulamentado pelo Decreto n '
1048/94. Sua missão é aplicar, de forma sistêmica, integrada e
participativa, os recursos de informação e informática da
administração pública federal. O objetivo é atender a demanda do
governo e da sociedade, contribuir para o desenvolvimento do
setor de produção e para disseminação da informação na
economia nacional e estimular o avanço tecnológico do País.
Integram a Comissão de Coordenação do SISP representantes
de todos os órgãos da administração direta (Presidência da
República, Advocacia Geral da União e Ministérios), podendo,
ainda, participar, mediante acordos específicos com o órgão
central, entidades do poder público e da iniciativa privada
motivados para o desenvolvimento de projetos de interesse
comum.
A atividade de normalização técnica no âmbito do governo
federal constitui o PRONOR (Processo Normativo das Compras
do Governo na Área de Informática), que foi aprovado através de
Portaria Conjunta 003, de 17 de dezembro de 1990, das
Secretarias de Administração Federal e da Ciência e Tecnologia da
Presidência da República. O PRONOR tem por objetivo, dentre
outros, racionalizar a aquisição de bens e serviços na área de
informação e informática, com o estabelecimento de diretrizes
para adoção de arquiteturas abertas e a definição de padrões.
O MARE sucedeu a SAF (Secretaria de Administração
Federal), passando a ser o órgão central responsável pelos
sistemas de gestão administrativa que definem políticas, diretrizes,
normas e procedimentos relacionados com a administração do
pessoal civil, serviços gerais, organização e modernização
administrativa e informação e informática. As ações relacionadas
com a informação e informática referem-se ao planejamento e
avaliação, gestão da informação, tecnologia para informação e
recursos humanos.
A definição das políticas, diretrizes, normas e projetos
prioritários relacionados com a informação e informática são
estabelecidas no âmbito do SISP, segundo um processo colegiado
e participativo, cabendo ao MARE a coordenação deste fórum e a
implementação das deliberações dele emanadas.
A discussão de forma colegiada e participativa tem facilitado a
implementação dos projetos definidos pelo SISP, uma vez que as
definições advindas do colegiado refletem o desejo e as
necessidades da maioria dos representantes que integram a
administração pública federal (APF),
No processo normativo, a principal diretriz estabelecida foi a
adoção de normas e especificações abertas, ou seja, definidas por
organismos nacionais ou internacionais de normalização ou por
consórcios reconhecidos internacionalmente.
No cenário atual de definição de especificações abertas, ganham
papel cada vez mais importante os consórcios. Estes aglutinam
fornecedores, usuários e organismos governamentais com o
objetivo de agilizar os esforços de harmonização de
especificações, principalmente as relacionadas com tecnologias
emergentes que ainda não foram objeto das definições de normas
por parte dos organismos internacionais de normalização.
Os trabalhos de normalização em curso tratam tanto da definição
de perfis funcionais, baseados em normas nacionais e
internacionais, como da adoção de especificações abertas definidas
por consórcios internacionais.
A adoção de sistemas abertos, caracterizados como produtos
cujas implementações são baseadas em especificações abertas, é
considerada estratégica para a viabilização das ações normativas
em curso no SISP.
Aprovados pelo SISP, os procedimentos normativos são
publicados no Diário Oficial da União e no WEB do MARE. EM
seguida são enviados diretamente às entidades de classe
representativas do setor para críticas e sugestões da comunidade,
caracterizando um procedimento de RFC (Request fbr
Comments). Cumpre-se, assim, o que prevê o PRONOR:
divulgação à Sociedade dos atos de normalização do governo
federal a serem implementados.
As críticas e sugestões recebidas são avaliadas pelo grupo
técnico responsável pela definição das normas, que após a análise
da procedência dás contribuições recebidas, elabora a versão
definitiva, Está é avaliada pelos membros do SISP, e
posteriormente publicada pelo MARE no DOU, onde são
estipuladas as condições para adoção, a data de início de vigência
e o período de validade, considerando o tempo necessário para a
estabilidade da norma e para a sua atualização .
Para agilizar a adoção das normas e a implantação dos projetos
definidos pelo SISP, o MARE assume um papel de fomentador e
viabilizador de projetos. Neste sentido, o órgão tem promovido a
contratação dos programas de capacitação do corpo técnico dos
diversos órgãos envolvidos com os projetos-piloto, dos
consultores técnicos e dos produtos necessários à implementação
dos projetos-pilotos.
O papel de coordenação estratégica assumido pelo MARE e a
decisão de assumir os investimentos necessários para a
implantação dos projetos-piloto, têm sido fundamentais para o
fortalecimento do processo normativo do governo e para a
implantação da
rede do governo.
O ambiente atual
A maioria dos sistemas de informações (administrativos e
gerenciais) do governo federal é baseada em aplicações
residentes em mainframe e desenvolvida no modelo convencional
de aplicações com terminais na ponta.
Os principais provedores de serviços para o governo federal,
no que se refere ao desenvolvimento dos sistemas, administração
das bases de dados e da rede de teleprocessamento, são o Serpro,
Datamec, Datraprev e Datasus.
A cultura de redes locais ainda é recente na maioria dos órgãos
governamentais. Muitos deles já utilizam alguns sistemas de
controle e sistemas administrativos baseados em
microcomputadores. Como a taxa de crescimento de implantação
de redes locais é enorme e inerente a estes ambientes, inicia-se
uma crescente utilização de correios eletrônicos e agendas
eletrônicas.
Nota-se que nos últimos anos houve uma mudança sensível na
forma de utilização dos recursos de microinformática, e na
importância dada ao uso de sistemas de informações gerenciais.
Ainda há uma carência enorme na distribuição de recursos
computacionais, mas a taxa relativa de micro por funcionários
públicos tem aumentado sensivelmente.
Já há um consenso entre a maioria dos gestores públicos que
lidam com a tecnologia para a informação quanto à necessidade de
uma mudança de paradigma da forma de administração e
desenvolvimento dos sistemas administrativos e gerenciais
governamentais. Não se admite mais a forma de utilização de
técnicas convencionais até então praticadas. Os novos sistemas já
deverão ser baseados na técnica cliente/servidor com a
distribuição das base de dados.
Este novo cenário implica em mudanças, inclusive, na forma
atual de desenvolvimento de sistemas adotada pelos prestadores
de serviço da APF e na tecnologia de redes adquiridas pelos
órgãos governamentais.
Fica claro que a mudança de paradigma do uso de ambientes
centralizados para ambientes distribuídos, com a larga utilização
de recursos de microinformática, exige um grande esforço de
coordenação para integrar os diversos ambientes computacionais,
preservando a integridade das diversas bases de dados públicas
existentes.
Este esforço de coordenação passa pela adoção de padrões que
visam a utilização de sistemas abertos, onde se insere a rede do
governo e o POSIG.
O Posig
Os primeiros esforços de órgãos governamentais das grandes
nações para adoção de padrões ocorreram no ambiente da
comunicação de dados. É fácil entender as razões pelas quais o
segmento de comunicação de dados foi encarado num primeiro
momento. Durante décadas, o ambiente de mainframe foi a única
solução para o processamento dos dados governamentais. Nesta
época, os, sistemas eram voltados para atividades de controle por
parte do governo, tendo uma visão centralizada das atividades
correlatas.
A popularização dos micros, das redes locais e a crescente
utilização de plataformas compatíveis com o sistema operacional
Unix, conjugada com a redução dos custos destas plataformas e
dos serviços de comunicação de dados, propiciou o surgimento de
uma demanda maior de integração de ambientes computacionais
distribuídos.
Soma-se a este fato uma cobrança maior da sociedade pela
modernização do aparelho do Estado dessas nações, com a
prestação de serviços voltados ao atendimento básico das
necessidades da população, no lugar de um esforço centralizado
de modernização nas atividades de controle do Estado que até
então imperava.
As áreas de saúde, educação e cultura, entre outras, passaram a
se beneficiar das novas tecnologias e a receber uma maior carga
de investimentos governamentais, como uma nova forma de
administração descentralizada dos recursos computacionais e das
bases de dados públicas.
Os órgãos do governo passaram a se preocupar com a oferta de
soluções relacionadas não somente com as atividades de controle,
mas também com as atividades finalísticas, que não precisariam
ficar necessariamente residentes em pesados e caros ambientes de
CPDS, crescendo cada vez mais a utilização de ambientes
distribuídos.
Neste sentido, era urgente a definição de protocolos e serviços
de comunicação de dados que viabilizassem a conectividade e
interoperabilidade dos ambientes multifornecedores
As grandes nações adotaram, então, o Modelo de Referência
OSI (Open Systems Interconnection) definido pela ISO
(International Organization for Standardization), com a
publicação dos GOSIP (Government OSI Profile).
O Brasil foi o sétimo país no mundo a adotá-lo, com a
publicação da Arquitetura de Referência do POSIG em maio de
1992 (Decreto 518), regulamentado pela Instrução Normativa
SAF/MCT O I, de 30 de novembro de 1994.
Os perfis funcionais de governos (GOSIP) tiveram uma
importância enorme para o cenário internacional de normalização,
uma vez que:
Possibilitaram a conscientização da comunidade usuária e dos
fornecedores de bens e serviços de tecnologia para informação
quanto à importância
da adoção de sistemas abertos;
Conscientizaram as comunidades de usuários e de fornecedores
quanto à importância
da realização de atividades de certificação;
Fortaleceram o trabalho cooperado entre usuários e
fornecedores e entre os próprios
fornecedores;
Sensibilizaram os organismos governamentais quanto à
necessidade da harmonização dos esforços em curso nos diversos
países.
Nos dias de hoje discute-se a implantação de uma GII (Global
Information Infrastructure), num esforço que envolve diversos
países. Com certeza, o aprendizado obtido com a implantação
dos GOSlPs é de fundamental importância.
Recentemente, vários perfis funcionais governamentais
(GOSIP,@) foram atualizados para contemplar a inclusão dos
protocolos TCP/IP da arquitetura Internet e a integração dos
serviços OSI sobre TCP/IP. O POSIG está tendo, também, a sua
arquitetura atualizada, para a incorporação dos protocolos
TCP/IP. A figura I apresenta a arquitetura do POSIG.
A partir de 31 de dezembro de 1995, o POSIG passou a ser de
adoção obrigatória nos processos de aquisição de ambientes de
comunicação de dados dos órgãos públicos federais
(administração direta, fundacional e autárquica).
O MARE e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) estão
regulamentando a definição de Sistemas de Tratamento de
Informações Governamentais, onde os serviços OSI previstos no
POSIG (X-400 e FTAM) serão obrigatórios. De forma resumida,
as comunicações, documentos e arquivos considerados oficiais,
estratégicos ou confidenciais, que requeiram a implementação de
técnicas de segurança para os acessos e atualizações, a
autenticação e validação de acesso, deverão se utilizar dos
serviços OSI previstos no POSIG.
As quatro primeiras camadas da arquitetura POSIG
(denominada POSIGT), são de uso obrigatório para todos os
ambientes de comunicação de dados, inclusive para os Serviços de
Tratamento de Informações Governamentais.
O Decreto 518/92 e a Instrução Normativa SAF/MCT 01/94
determinam que, quando não for possível a utilização dos perfis
funcionais previstos no POSIG, os projetos deverão ser
submetidos ao MARE, que ouvirá o MCT. A comunicação
formal deve ser acompanhada de justificativa, juntamente com a
descrição das evoluções previstas para os atuais sistemas de
informação, a estratégia de migração para o POSIG e respectivos
cronogramas.
Como parte do processo normativo das compras do governo
na área de informática, está em fase final de definição o PGCTI
(Programa Governamental de Certificação em Tecnologia para
Informação), que será fundamental para a adoção de sistemas
abertos no País.
A rede do governo
O cenário apresentado anteriormente aponta para a necessidade
de um esforço coordenado que permita a integração dos diversos
ambientes computacionais governamentais.
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado elaborado
pelo MARE, e em fase de discussão com o Legislativo e com a
sociedade, prevê a implantação de uma rede do governo a partir
da adoção de especificações abertas. Esta rede oferecerá serviços
e facilidades que permitam a integração dos ambientes e bases de
dados governamentais, viabilizando condições para a melhoria da
qualidade dos serviços prestados à população e,
conseqüentemente, uma transparência nos atos administrativos.
Possibilitará também a melhoria das condições de trabalho do
servidor público.
As normas e serviços que integram os projetos-pilotos que
visam a implantação da infra-estrutura da rede foram definidos no
âmbito do SISP.
No que se refere ao ambiente de comunicação de dados, a base
normativa é o POSIG. Para o ambiente de sistemas abertos, que
inclui o ambiente de comunicação de dados, a base de referência é
o GUIA de Referência para Adoção de Sistemas Abertos pelo
governo federal, em fase final de elaboração e que tem por base o
Modelo OSE (Open Systems Environment), do IEEE/POSIX. A
figura 2 apresenta o Modelo de Referência OSE.
O GUIA conterá, para cada um dos blocos funcionais previstos
no Modelo OSE, uma descrição das funcionalidades das
tecnologias aplicáveis, uma relação das normas nacionais e
internacionais e as especificações elaboradas por consórcios,
relacionando os casos de adoção obrigatória ou de uso
recomendável e as demais condições necessárias à implementação.
Um dos pontos críticos do projeto da rede é a definição dos
aspectos relacionados com a segurança, pois envolve desde
algoritmos de criptografia e rotinas de validação de acesso, até os
aspectos legais não contemplados pela legislação vigente.
Em 1996, prevê-se uma série de atividades visando a definição
dos aspectos técnicos e legais necessários à implantação dos
mecanismos de segurança que garantam a compatibilidade, o
controle dos acessos indevidos e a integridade dos sistemas e dos
dados governamentais.
A gerência do ambiente de rede é fundamental. As normas e
recomendações necessárias à efetiva implantação dos mecanismos
de gerência estarão contempladas no GUIA de Referência para
Adoção de Sistemas Abertos no governo federal. Esforço
adicional será implementado no âmbito do SISP para integrar os
diversos ambientes de gerenciamento a partir de MlBs
(Management In ,formation Base) p adronizadas.
Para o ambiente de aplicações distribuídas, a rede adota os
protocolos e serviços definidos pela OSF (Open Software
Foundation) no DCE (Distributed Computing Environment). A
padronização dos ORBs (Object Request Broker), essenciais para
a implementação de aplicação orientadas a objetos, é fundamental
para a definição de arquitetura de rede do governo. Adota-se a
padronização contida na especificação CORBA (Common Object
Request BrokerArchitecture) definida pelo consórcio OMG
(Object Management Group).
A adoção de um serviço de diretório é fundamental para a
integração dos recursos e bases governamentais e para prover
mecanismos de segurança necessários ao ambiente da rede do
governo.
Para o serviço de diretório foram adotadas as Recomendações
da Série X-500 do ITU-T (International Telecommunications
Union). O serviço de diretório X-500 tem sido adotado de forma
estratégica pelos organismos governamentais de grandes nações
(por exemplo, EUA e União Européia), pelas principais empresas
de telecomunicações, por grandes empresas privadas (Boeing,
Citicorp, Barklay, American Express e Michelin) e pela Internet.
A definição de APls (Application Program Interface) e EEIs
(External Environment Interface) é fundamental para a integração
dos diversos serviços e protocolos que comporão a rede, sendo
fundamental o acompanhamento dos esforços em curso nos
diversos consórcios (como X/Open, XAPIA, OSF, OMG, DMTF
etc).
A rede contemplará a integração de diversos serviços:
informações gerenciais (EIS-Executive Information System),
informações geográficas (GIS-Geographic It?formation Systems),
comunicação eletrônica, acesso a bases de dados públicos,
sistemas governamentais de informações administrativas etc.
A integração com o ambiente de rede Internet será realizada com
a implementação dos mecanismos de segurança (firewalls). Os
serviços de WEBs serão cada vez mais utilizados pelos órgãos da
APF com o objetivo de fornecer à população informações sobre
os projetos em curso e sobre os dados de interesse da sociedade,
caracterizando-se como um elo importante de comunicação entre
o governo e a sociedade, visando a transparência dos atos
governamentais.
Fundamental para a efetiva implantação dos serviços previstos
para a rede é a utilização de uma infra-estrutura de alta velocidade
à ser implantada no País, conforme previsto no projeto RENAV
(Rede Nacional de Alta Velocidade), em fase de licitação, sob a
coordenação da
Telebrás.
Estágio dos projetos
Como dito anteriormente, a definição das normas e dos projetos
prioritários que visam a implantação da rede do governo é feita no
âmbito do SISP, sob a coordenação do Departamento de
Informação e Informática do MARE.
Além do POSIG e do GUIA de Referência para Adoção de
Sistemas Abertos no governo federal, que são as referências
normativas para a rede, o SISP relacionou uma série de projetos
que estão sendo implantados em Brasília, os quais utilizam os
serviços da REMAV (Rede Metropolitana de Alta Velocidade),
em fase de implantação pela Telebrasília. São projetos que
constituem a base fundamental da rede, conforme pode ser
observado no detalhamento que
se segue:
ISIGO (Sistema de Comunicação Eletrônica do Governo)
O SIGO tem por objetivo a implantação de uma arquitetura
padronizada para os serviços de tratamento eletrônico de
mensagens, dados e documentos, a partir da implantação de um
backbone X-400.
O SIGO adota o perfil funcional definido no POSIG para os
serviços de tratamento de mensagens.
Na conceituação de backbone X400 adota-se o princípio
segundo o qual os produtos destinados ao tratamento de
mensagens (correios eletrônicos) e documentos eletrônicos
(produtos de workflow) devem utiliza gateways X-400 ou
implementações de Sistemas de Tratamento de Mensagens
aderentes ao conjunto de Recomendações X-400 para a
transferência de mensagens e documentos para outros ambientes.
A partir da vigência do POSIG, os produtos destinados aos
Sistemas de Tratamento de Informações Governamentais deverão
se utilizar de implementações MHS (Message Handling System)
ou de gateways aderentes ao perfil X-400 contido no POSIG. É
obrigatória a obtenção de laudo de certificação de
interoperabilidade com o serviço STM-400, emitido pela
Embratel, conforme prevê o PGCTI.
Em maio do ano passado, foi criado um grupo técnico de
trabalho encarregado da implantação do projeto-piloto do SIGO.
O piloto prevê, num primeiro momento, uma fase de
aculturamento e capacitação do corpo técnico. Inicialmente,
serão implantados serviços de correio eletrônico e agenda
eletrônica. Numa segunda etapa, o projeto contempla a
implantação de formulários eletrônicos e de técnicas de workflow.
O corpo técnico envolvido com o projeto-piloto foi submetido a
um programa de capacitação relacionado com ambientes de redes,
o Modelo de Referência OSI e a Arquitetura Internet, o Serviço
de Tratamento de Mensagens X-400 e um tutorial X-500.
O MARE está finalizando o processo de aquisição dos
servidores de comunicação que serão instalados em órgãos que
integram o piloto, onde serão implantados os gateways X-400.
No momento, estão sendo instalados gateways X-400 da
Microsoft, já homologados pela Embratel. O MARE está
realizando contatos com outros fornecedores para motivá-los a
participar do projeto-piloto - uma tentativa de criar um ambiente
multifornecedor não apenas para as soluções de correios
eletrônicos, como também para as de agendas eletrônicas.
Pretende-se obter uma parceria com os fornecedores para
realizar de forma conjunta as customizações necessárias à
aderência aos padrões definidos para o projeto e a integração
entre os diversos produtos existentes no mercado.
Para implantar o conceito de gestão eletrônica de documentos, o
SIGO prevê, numa primeira etapa, o desenvolvimento do Guia
Eletrônico do Manual de Redação. Esse guia contemplará os
template dos modelos de documentos e formulários oficiais, hoje
contidos no Guia de Redação Oficial do governo federal, que é
voltado para a redação oficial convencional (baseada em papel).
Numa segunda etapa, serão implantadas soluções para o
tratamento eletrônico de documentos, que evoluirão para a
adoção de técnicas de workfiow.
A adoção do conceito de paperless", que é a meta do projeto,
requer a existência de um amparo legal com a revisão da
legislação atual, para permitir o reconhecimento, para efeitos
legais, de documentos eletrônicos e dotar o País de uma legislação
que trate de assinatura digital eletrônica.
Integram o projeto-piloto os
seguintes órgãos:
Ministério da Administração
Federal e Reforma do Estado;
Ministério da Educação
e do Desporto;
Ministério das Comunicações;
Ministério da Justiça;
Ministério da Fazenda;
Ministério da Ciência
e Tecnologia;
Ministério da Marinha;
Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e da Amazônia
Legal;
SAE - Secretaria de Assuntos Estratégicos/CEPESC - Centro de
Pesquisas sobre Segurança
das Comunicações.
Serviço de Diretório
Governamental X-500
A implantação de um serviço de diretório que trate da integração
dos ambientes computacionais, dos serviços e das bases de dados
governamentais é fundamental para a implementação da rede do
governo.
O serviço de diretório X.500 também é fundamental para a
implantação dos mecanismos de segurança necessários à
autenticação e controle de acesso.
A estratégia adotada pelo MARE foi a de buscar desde o inicio
do projeto-piloto, em maio do ano passado, a harmonização dos
diversos esforços em curso no País para a adoção de X.500.
Neste sentido, integram o grupo que participa do projeto-piloto
a Embratel, que abriu licitação para a aquisição de um serviço de
diretório X.500; a RNP (Rede Nacional de Pesquisa), que é um
dos órgãos responsáveis pela Internet no Brasil; e a UFRGS
(Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que participa do
projeto NameFlow, cujo objetivo é a implantação do serviço de
diretório X.500 na Internet mundial.
O esforço harmonizado e integrado possibilita a racionalização
de esforços e uma agilidade maior na definição do perfil funcional
brasileiro, que se espera te estar concluído em 1996. No
momento, o projeto-piloto do serviço de diretório está sendo
implantado na Telebrasília, com a utilização de um ambiente que
foi cedido pela Telebrás para o desenvolvimento do projeto. O
ambiente cedido contempla uma estação Sparc e o X.500 QUIPU,
desenvolvimento pelo consórcio ISODE, que é o mesmo produto
utilizado pelo projeto NameFlow.
No primeiro semestre deste ano está prevista a implantação de
mais dois DSAs (Directory Service Agent), um na Embratel do
Rio de Janeiro e o outro na Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. A primeira etapa do projeto abrange capacitação de corpo
técnico, domínio de tecnologia de modelagem da base de dados e
de replicação da base. Em seguida, serão desenvolvidas
aplicações que fazem uso efetivo dos recursos dos serviço de
diretório.
O corpo técnico envolvido com o projeto-piloto foi submetido a
um programa de capacitação relacionado com ambientes de redes,
o Modelo de Referência OSI, a Arquitetura Internet e o Serviço
Diretório X.500. Deverão ser instalados produtos de vários
fornecedores para implantação de um ambiente de testes de
interoperabilidade que sirva de referência para elencar as
características funcionais mínimas, que serão pádronizadas no
GUIA de Referência para Adoção de Sistemas Abertos no
governo federal.
As aplicações definidas para o projeto-piloto deverão ser
implantadas nos primeiros seis meses deste ano. A integração
com os ambientes dos projetos SIGO e do Comércio Eletrônico
do governo federal deverá ser implementada no segundo semestre.
Para a plena implantação das técnicas de controle e validação de
acesso com a utilização de assinaturas digitais eletrônicas
(previstas nas Recomendações X.500), torna-se necessária a
promulgação de uma legislação específica que trate da assinatura
digital eletrônica. Para tal, deverá haver uma ação do Executivo
no sentido de propor legislação
específica para este tema.
Integram o projeto-piloto os
seguintes órgãos:
Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado;
Ministério das Comunicações;
Ministério da Justiça;
Ministério da Fazenda;
Telebrás;
SAE - Secretaria de Assuntos Estratégicos/CEPESC - Centro
de Pesquisas sobre Segurança das Comunicações;
RNP;
Telebrasília;
Serpro;
Embratel;
UFRGS.
Comércio Eletrônico
do governo federal
A adoção de procedimentos eletrônicos nos processos de
compras governamentais é estratégica. No momento em que se
discute a globalização da economia e a implantação da GII
(Global Information Infrastructure), aglutinam-se esforços de
diversas nações no sentido de integrar ambientes e serviços
relacionados com a Tecnologia para Informação.
A ONU estima que o custo mundial dos procedimentos baseados
em papel seja da ordem de US$ 300 bilhões por ano. Com o
desenvolvimento de um projeto mundial, denominado Trade Point
(do qual o Brasil participa), a entidade espera reduzir este custo
em 25% até o ano 2000.
A adoção de EDI (Electronic Data Interchange) tem sido chave
na maioria dos projetos de comércio eletrônico, sendo crescente a
sua utilização nos mercados nacional e internacional.
No momento, o MARE coordena a revisão da Lei 8.666, que
trata dos procedimentos de aquisição de bens e serviços
governamentais. É fundamental que existam experiências de
órgãos governamentais quanto à utilização de EDI, de modo a
trazer subsídios para a nova legislação de compras
governamentais.
A exemplo do SIGO, a efetiva implantação de procedimentos
eletrônicos nas compras dos órgãos governamentais, que culmina,
inclusive, com licitações eletrônicas, requer a existência de um
embasamento legal que trate do reconhecimento de documentos
eletrônicos e da assinatura digital eletrônica.
O projeto-piloto em curso prevê a implantação de várias
aplicações que se utilizam de formulários eletrônicos e
contemplem a convivência com alguns formulários em papel até
que surja uma legislação no País que permita a supressão de papel.
As aplicações que integram o piloto trarão uma capacitação e uma
mudança cultural importantes para adoção de EDI pelos órgãos
governamentais.
Como parte do piloto, prevê-se a definição de documentos
UN/EDIFACT, padrão definido pelas Nações Unidas e adotado
pelo governo brasileiro.
O estabelecimento de parcerias é chave para a adoção de EDI.
Neste sentido, uma das aplicações será desenvolvida em parceria
com a ABAV (Associação Brasileira dos Agentes de Viagem),
aplicação esta que trata dos procedimentos de aquisição de
passagens. Convém ressaltar que o governo federal é o maior
cliente das empresas aéreas no Brasil.
A evolução deste projeto terá um impacto sensível, inclusive, nas
empresas fornecedoras dos governo, pois terão que se adaptar a
uma nova forma de relacionamento com os seus clientes.
O corpo técnico envolvido com o projeto-piloto submeteu-se a
um progra ma de capacitação que abordou os aspectos
funcionais de ambientes de redes, o Modelo de Referência
OSI e a Arquitetura Internet, um tutorial X.500 e uma visão
gerencial de EDI. O programa de capacitação será
complementado com a realização de um curso voltado para
os aspectos técnicos de
EDI.
Integram o projeto-piloto os
seguintes órgãos:
Ministério da Administração Federal e Reforma do
Estado;
Ministério da Planejamento e Orçamento;
Ministério da Saúde;
Serpro;
Secretaria do Tesouro Nacional;
Banco do Brasil;
Dataprev;
Secretaria da Receita Federal.
WEBs Governamentais
Uma consulta feita recentemente aos WEBs Serves, que
relacionam as Home Pages governamentais, mostrou que o Brasil
é um dos poucos países que não possui uma visão integrada de
governo na lnternet, ou seja, não possui um Home Page de
governo.
O Ministério da Ciência e Tecnologia e a RNP iniciaram, em
junho passado, um trabalho de desenvolvimento na linguagem
html com o objetivo de criar nos órgãos governamentais uma
cultura de desenvolvimento de WEBs e fornecer à população
informações sobre os atos do governo.
Coordenado pelo MARE, o grupo definiu a estrutura mínima
básica de informações que deverão conter os WEBs
governamentais. Como resultado deste esforço, vários ministérios
já lançaram seus WEBS. O Home Page do governo federal é
administrado pelo MARE (http://www.mare.govbr).
O Diário Oficial Eletrônico, que integra o Home Page do
governo brasileiro, conterá, num primeiro estágio, as seguintes
informações: atos de alguns orgaos govemamentais, cadastro da
administração pública (titulares e endereços), ponteiros para os
diversos WEBs governamentais e para os que tratam de
informações sobre
o Brasil.
Participam do projeto-piloto os seguintes órgãos:
Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado;
Ministério da Educação e do Desporto;
Ministério da Ciência e Tecnologia;
Ministério da Justiça;
Ministério da Fazenda;
Ministério da Saúde;
Ministério das Relações Exteriores;
Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal;
Ministério do Exército;
SAE - Secretaria de Assuntos Estratégicos/CEPESC - Centro
de Pesquisas sobre Segurança
das Comunicações.
Grupo de Especificação
de Redes
A cultura de redes ainda é recente na maioria dos órgãos
governamentais, sendo crescente a implantação de ambientes
de redes nesses órgãos.
Um grupo de trabalho foi criado com a missão de redigir
um guia de referência para a especificação e aquisições de
redes. O objetivo é gerar um texto que sirva de referência
para a definição de projetos de redes e para os processos
licitatórios.
Esse guia conterá um tutoria] de redes, aspectos relevantes
de cabeamento, acesso remoto, integrarão de ambientes,
cláusulas de editais e de contratos, além das características
funcionais mínimas que deverão ser observadas na definição
das características funcionais dos elementos de rede.
O guia também apresentará sugestões de livros técnicos
que complementem os tópicos abordados, uma vez que
conterá apenas as definições básicas necessárias para o
entendimento das especificações propostas.
Além de ser distribuído no formato convencional, baseado
em papel, estará disponível no WEB do governo brasileiro.
Para acompanhar a dinamicidade da tecnologia de redes, o
guia de redes deverá ser atualizado pelo menos uma vez por
ano.
Participam dos trabalhos de elaboração do guia os
seguintes órgãos:
Ministério da Administração Federal e Reforma do
Estado;
Ministério da Ciência e Tecnologia;
Ministério da Fazenda;
Ministério da Marinha;
Ministério da Saúde;
Ministério da Educação e do Desporto;
Ministério da Justiça;
Ministério do Meio Ambiente;
RNP;
Advocacia Geral da União;
SAE - Secretaria de Assuntos Estratégicos/CEPESC -
Centro de Pesquisas sobre Segurança das
Comunicações.
Evolução do projeto
Além dos projetos-pilotos em andamento, outros serão
iniciados em 1996 para completar as ações necessárias à
implantação da rede do governo.
No que se refere aos sistemas administrativos
governamentais, prevê-se o desenvolvimento de aplicações
cliente/servidor em ambientes distribuídos, utilizando-se dos
serviços e protocolos previstos no DCE.
Os serviços que hoje integram os diversos pilotos relatados,
que estão sendo implantados em Brasília, deverão ser
implantados gradativamente em outras cidades, até que haja
a integração de todos os ambientes computacionais
governamentais.
No último SECOP (Seminário Nacional de Informática
Pública), realizado em outubro do ano passado, em Gramado
(RS), foi assinado um acordo de harmonização entre o
MARE, a ABEP (Associação Brasileira das Empresas
Estaduais de Informática) e a ASBEMI (Associação das
Entidades Municipais de Informática), que prevê a adoção,
pelas entidades estaduais e municipais de informática, dos
perfis funcionais definidos pelo governo federal para
Serviços do Tratamento de Mensagens (X.400) e serviço de
diretório (X.500).
O esforço de harmonização com estados e municípios
deverá prosseguir, inclusive, com projetos conjuntos,
visando integrar os ambientes computacionais dos estados e
municípios à rede
do governo.
Exemplos de outros países
Alguns países já estão implantando um ambiente de rede
governamental. Nos EUA, por exemplo, a rede do governo
está sendo coordenada pela GSA (General Services
Administration) e já possui várias diretrizes definidas e
projetos em curso:
Em abril de 1994 foi publicado o FIPS (Federal
Information Processing Standard) 161 que trata da adoção
do comércio eletrônico
pelos órgãos governamentais.
O projeto de comércio eletrônico definido prevê adoção de
transferência eletrônica de fundos a partir de julho de 1995 e
a implantação completa das rotinas inerentes ao comércio
eletrônico depois de janeiro de 1997. Já existem 20 agências
governamentais com projetos-pilotos implantados. Entre elas,
o Departamento de Defesa. O objetivo do projeto é
economizar US$ 195 milhões anualmente com a redução de
fraudes baseados em procedimentos não eletrônicos (paper-
based).
Implantação do backbone X.400 do governo com a adoção
obrigatória, a partir de 1997, de documentos e mensagens
eletrônicas (paperless);
Piloto do serviço de diretório governamental X.500
implantado em vários Departamentos de Estado. Na
Comunidade Européia, está em curso o projeto European
Commission's National Server Pilot Project (NSPP5MS),
que trata da implantação de serviço eletrônico de mensagens
entre departamentos governamentais de cinco estados
membros da Comissão (Dinamarca, França, Grécia,
Luxemburgo e Reino Unido). Após a conclusão do projeto-
piloto, deverá ser estendido para os 12 estados membros da
União Européia. O projeto é baseado no conjunto de
Recomendações X.400
(l988) e X,500.
O DG III da União Européia coordena um projeto-piloto,
em fase final de implantação, para transferência eletrônica
de documentos a partir da utilização do serviço ODA (Open
Document Architecture), que integra a Arquitetura do
Modelo de Referência OSI.
* Edelvicio Amor de Souza Junior, engenheiro eletrônico com cursos
de especialização em Teleinformática, Automação e Computação, pela
UnB. É Coordenador Geral de Tecnologia para Informação do
Departamento de Informação e Informática (DINFOR) do Ministério
da Administração Federal e Reforma do Estado, onde coordena os
projetos do serviço de diretório Governamental X. 500, Comércio
Eletrônico do governo federal, Implantação do Backbone X.400 do
governo federal e Grupo de Especificação de Redes do governo federal
É articulista da Revista Lan Times Brasil na área de sistemas
abertos e coordenador do Grupo de Implementadores de Sistemas
Abertos da Brisa. Edelvicio pode ser contatado em
junior@mare.gov.br.
Revista Lan Times Brasil, Pgs 60 a 69. Fevereiro de 1996