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"ON-LINE – OFF-LINE"

INTERNET E DEMOCRACIA

NA SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO

Christiano German*

  

RESUMO

Um dos poucos conhecimentos garantidos no debate multisetorial a respeito do impacto das modernas tecnologias de informação e comunicação sobre a política, a economia e a sociedade, tanto nos países industrializados quanto nos países em desenvolvimento, é que apenas as nações que detêm acesso a essas tecnologias e que sabem captar as oportunidades por elas proporcionadas estão preparadas para os desafios do século XXI. Prevalece o consenso de que, na verdade, nos encontramos apenas no início da transição da Sociedade Industrial para a Sociedade de Informação, muito embora essa mudança se acompanhe de inovações tecnológicas tão radicais em uma velocidade sem precedentes.

O mundo da iminente era da informação tem sido marcado por numerosas ambivalências. Isto não é nenhuma novidade na história da tecnologia. Mas, desta vez, as inovações assumem uma feição particular que lhe atribuem um significado de destaque.

Neste pano de fundo, os estudos recaem sobre duas das mais críticas e predominantemente discutidas tendências de desenvolvimento, assim como sobre as múltiplas implicações políticas, sociais e econômicas associadas essas tendências:

1. O perigo de uma cisão da sociedade local e global em uma camada on-line e um proletariado off-line.

2. A penetração do mundo da rede através dos negócios e no crime, cujo ônus é pago pelos "Cidadãos da Rede"

Em resultado, deve-se ter em conta que no caminho da Sociedade de Informação se delineiam outras tendências de desenvolvimento que prometem um futuro com mais exclusão do que integração e mais conflito do que consenso.

As conseqüências da entrada das novas tecnologias de comunicação no cenário global não apenas aponta para uma diferença mais acentuada entre países ricos e industrializados e o resto do mundo, mas também fortalece mais ainda as desigualdades internas nos países em desenvolvimento.

Ao lado da má distribuição de alimentos, energia e matéria prima, vem ainda a desigualdade na distribuição dos bens não palpáveis como conhecimento e capacidade. Além disto, hoje em dia, já se sabe que as novas tecnologias e meios de informação no ambiente de trabalho dos países mais industrializados não trará, pelo menos a médio prazo, conseqüências econômicas relevantes no que diz respeito à criação de novos empregos. O "progresso", nesses países, mostra mais claramente que, como em nenhuma outra revolução tecnológica anterior, o trabalho humano pode ser eliminado através da racionalização.

Um outro descaminho nos leva a uma situação na qual o círculo de grandes usuários e aproveitadores das novas tecnologias consistem em cidadãos contemporâneos potencialmente perigosos, ou seja, pouco sérios e sociais: o complexo militar, o ambiente criminal, assim como os membros dos clubes exclusivos da mídia e das grandes multinacionais. A tecnologia tem se desenvolvido tão rapidamente que ela se desviou da política e da moral.

Os grandes perdedores são hoje mais do que nunca aquelas faixas sociais pertencentes ao proletariado off-line. Estes são cada vez mais excluídos do mercado de trabalho, da informação, dos conhecimentos e técnicas e, por isso mesmo, de um futuro melhor. Face a estes problemas, faz-se necessário o "empowerment das pessoas". O objetivo de uma nova política deveria ser o de incutir, desde o início, nos processos de decisões políticas o senso de responsabilidade pessoal, o poder de construção e a criatividade dos cidadãos.

 

Introdução: A Revolução da Informação

Um dos poucos conhecimentos garantidos no debate multisetorial a respeito do impacto das modernas tecnologias de informação e comunicação sobre a política, a economia e a sociedade, tanto nos países industrializados quanto nos países em desenvolvimento, é que apenas as nações que detêm acesso a essas tecnologias e que sabem captar as oportunidades por elas proporcionadas estão preparadas para os desafios do século XXI. Prevalece o consenso de que, na verdade, nos encontramos apenas no início da transição da Sociedade Industrial para a Sociedade de Informação, muito embora essa mudança se acompanhe de inovações tecnológicas tão radicais em uma velocidade sem precedentes.1

O conceito de Sociedade de Informação estabeleceu-se nos países de língua inglesa e alemã como um novo paradigma político.2 Nos Estados Unidos, particularmente, Daniel Bell desde os anos 70 e autores como Alvin Toffler nos anos 80 cunharam o debate sobre o futuro econômico, político e social da Sociedade Industrial.3 Segundo a definição do filósofo da mídia, Vilém Flusser, que durante muitos anos exercia a atividade docente no Brasil, pode-se entender Sociedade de Informação como "aquela estrutura social na qual a geração, o processamento e a disseminação de informações ocupa uma posição central". Neste caso, ele se refere à contínua expansão do setor terciário nos países industrializados.4

Também, a respeito da nova ordem mundial na era da informação, pouca dúvida existe: de acordo com a visão de dois ex-funcionários de alto escalão na Administração Clinton, Joseph S. Nye Jr. e William Owens, novas tecnologias com múltiplas aplicações, inclusive militares, virão a ser consideradas nos mais altos círculos governamentais dos EUA como um meio de alcançar uma posição de dominância global no próximo século.5 No seu artigo "America’s Information Edge" (A Vantagem Competitiva dos EUA através da Informação) publicado na revista Foreign Affairs de março/abril 1996, isto se fundamenta no seguinte:

"Conhecimento, mais do que nunca, significa poder. O país que melhor souber conduzir a revolução da informação será o mais poderoso. E, ao que se pode prever, este país se chama Estados Unidos (...) Contudo, nesta comparação, a mais sutil das vantagens é sua capacidade de coletar, processar, utilizar e disseminar informações...".6

Esta vantagem no uso de computadores e de redes de informações e comunicações deverá fazer dos EUA o vencedor do século XXI.

Observando-se o "resto" do mundo, como constata o cientista de comunicações Herbert I. Schiller, não se escuta uma palavra sequer sobre igualdade e cooperação global.7 E o conhecimento como uma nova fonte de riqueza é tão pouco compartilhado entre os "parceiros" do Atlântico e os europeus quanto a terra cultivável ou o capital de outrora. Já na segunda metade do anos 80 sabia-se que os EUA, devido a seu avanço tecnológico na coleta, armazenamento, processamento e transmissão de informações concentravam em seus bancos de dados cerca de 80% de todas as informações técnico-científicas acessíveis a consultas diretas.8 Quanto aos países em desenvolvimento e em transição, parte-se do princípio que estes têm hoje menos chances do que jamais de ter acesso ao know-how dos "Information Rich" dos países do G7.

Isto traz uma segunda interpretação para o significado de "Sociedade de Informação", conforme definida por Flusser, "uma comunidade cujo interesse existencial se concentra no intercâmbio de informações"9, um desejo declarado do grupo dos países tidos como "Information Poor" que desde já se vislumbra.

Esta visão das perspectivas globais de desenvolvimento na era da informação já nos mostra uma das novas e muitas encruzilhadas que podem nos levar a descaminhos políticos. Do ponto de vista global, a direção estabelecida pelo governo americano, na forma acima descrita, representa um caminho, no mínimo, questionável no sentido político-econômico. O correspondente para assuntos econômicos da revista Newsweek, Michael Hirsh, vê nesta política econômica externa um descaminho. Na sua opinião, relações comerciais lucrativas, as assim chamadas "dual-use export", só serão possíveis no século XXI com países aos quais se possibilite, também, o uso civil de inovações tecnológicas, através da transferência do conhecimento.10

Apesar das restrições na exportação de alta tecnologia, as tecnologias de base, se pelo menos disponíveis e ainda que a alto custo, proporcionam hoje a todos os países do mundo um grande número de vantagens e oportunidades de desenvolvimento. Para os usuários on-line e empresas interligadas em redes regionais ou globais apresenta-se um potencial revolucionário: a Internet e as modernas redes de computadores mudam as estruturas dos processos de trabalho nas empresas e levam ao aumento de produtividade. Além disto, elas abrem canais de comunicação totalmente novos para informações civis em torno do globo; facilitam ONGs a se engajar em questões sociais, promovem o entendimento internacional e geram novas formas de interação direta entre cidadãos e políticos.11

Se junta a isto uma enorme redução no custo das comunicações internacionais e particularmente de todos os produtos e serviços passíveis de serem transmitidos digitalmente, entre eles, produtos de software e multimídia (vídeo, música, jogos, reservas de passagens) e também de produtos que, cada vez mais, são encomendados pela rede e entregues por meios físicos, como no caso da distribuidora de livros "Amazon.com" e do mercado virtual de automóveis, o CarPoint.

O mundo da iminente era da informação tem sido marcado por numerosas ambivalências. Isto não é novidade alguma na história da tecnologia. Desta vez, porém, as inovações assumem uma feição particular que lhe atribuem um significado de destaque. Em seguida, trataremos de duas tendências de desenvolvimento críticas e predominante discutidas com suas múltiplas implicações políticas, sociais e econômicas:

1. O perigo de uma cisão da sociedade local e global em uma camada on-line e um proletariado off-line.

2. A penetração do mundo da rede através dos negócios e no crime imputado aos "Cidadãos da Rede"

1. On-line – Off-line

1.1. "Nenhuma Conexão sob esta Política"12

Primeiramente, deve-se observar aqui que nessa enorme distância tecnológica entre os países mais industrializados e os "menos industrializados", os críticos vêem uma prova de que, no que diz respeito a políticas de fomento à transferência de tecnologia, tudo que poderia dar errado, até agora, deu errado. O dilema agravou-se mais ainda com a "má governança" em muitos dos países em desenvolvimento e em transição. Além disto, países governados autoritária e totalitariamente na África e na Ásia, em particular, têm se fechado parcialmente ou, de fato, colocado obstáculos à entrada de novas tecnologias.

Na área de telecomunicações, já em 1985, o Maitland-Report, um estudo da UIT - União Internacional de Telecomunicações - expressou com extrema clareza, sob o título "The Missing Link", que esta tecnologia não é resultado de desenvolvimento econômico mas sim sua premissa.13 As grandes esperanças dos países em desenvolvimento de poder superar mais rapidamente parte de seus déficits em infra-estrutura com a ajuda destas novas tecnologias se tornaram, por fim, evidentes na "Information Society and Development Conference" no mês de maio de 1996 em Midrand, África do Sul. A conferência, realizada com o apoio da Comissão da UE e com a participação de quarenta países, inclusive o Brasil, e de dezoito organizações internacionais, apresentou no Chair’s Conclusion uma ampla agenda de providências para cooperação internacional.

Esta iniciativa, além de ter tido pouco sucesso, desvendou para o público mundial déficits significativos até então desconhecidos. No seu discurso de inauguração, o gerente da conferência, Thabo Mbeki, explicou, por exemplo, que em Manhattan existem mais acessos telefônicos do que em todo o território africano ao sul do Sahara. Também, que a metade da população mundial jamais realizou um telefonema em sua vida.14 O acesso à linha telefônica constitui a premissa técnica básica da Sociedade de Informação. Através dela, qualquer pessoa que possua um computador, acrescentando um modem, pode se integrar à Internet e se comunicar globalmente.

No ano de 1995, somente 12% da população mundial, ou seja, cerca de 600 milhões entre 5,7 bilhões de pessoas possuíam um acesso à rede de telefonia. Os EUA conta com o mais alto índice de acesso, 59,5 acessos por cada 100 habitantes. Da mesma forma, na República Federativa da Alemanha, quase 40 milhões de cidadãos, em um total de aproximadamente 80 milhões, já dispõem de uma linha telefônica simples.15 A média nos países do G7 se situa acima de 50 acessos. A China e as Filipinas atingiram apenas 2,3 e 1,7 acessos, respectivamente.16

No que tange à Internet, a segregação mencionada da população numa classe alta on-line e o proletariado off-line se torna especialmente significativa. No ano de 1998, conta-se cerca de 100 milhões de usuários, ou seja, 1,7% numa população mundial de cerca de 6 bilhões. Mesmo com a mais otimista das estimativas, o número de usuários da Internet se situará, no ano 2000, somente entre 3 e 4% da população mundial. A maior parte, sem dúvida, consiste em uma faixa alta on-line nos EUA e na Europa. No ano de 1997, cerca de 50% dos "surfistas" da Internet eram nos EUA; 30%, da Europa; 5%, do Japão; e somente 15%, do chamado "resto" do mundo.17 Enquanto isto, na Alemanha, as estimativas sobre o potencial on-line estão sendo corrigidas para baixo por fontes sérias. Aqui, a adesão se dará a mais longo prazo, sendo o potencial de apenas de 8 milhões, ou seja, somente 10% dos 80 milhões da população.18

Tendo em vista o lado oposto do mundo em desenvolvimento, permanecem duvidosos, nesta comparação internacional, a magnitude do impacto da Internet e seu significado na vida da maioria dos cidadãos. Além disto, novos estudos sobre o assunto indicam que um uso orientado da Internet pode proporcionar negócios e entretenimento – e a comercialização de informações relacionadas – dotados de uma feição humana, participativa e social, configurando-se cada vez mais na situação almejada.19

1.2. O Futuro do Trabalho

Isto tudo também diz respeito à discutida questão do futuro do trabalho. O termo "proletariado off-line" abrange não somente aquelas amplas faixas da população nos países industrializados e nos países em desenvolvimento, que, por falta de conexão telefônica e de possibilidades financeiras para a compra de um computador com modem já não têm, desde o inicio, oportunidade de participar dos esperados avanços na economia, no mercado de trabalho e na sociedade. Assim, este termo engloba também a segunda dimensão de uma qualitativamente nova forma de desemprego, gerada agora pelas novas tecnologias.

Há cerca de 200 anos, com a invenção da máquina a vapor, gerou-se uma tecnologia que podia substituir a força muscular humana. As novas tecnologias computadorizadas possibilitam, agora, a substituição da mente humana (menschlichen Geist); – em numerosas áreas da vida econômica, o ser humano é excluído pela máquina pensante.20 Dentro do conceito de "trabalho", isto significa que através do desenvolvimento de novos hardwares e softwares, por princípio, qualquer pessoa que se ocupe com o uso das mãos ou da mente pode se tornar "sem trabalho" ou "desqualificado". O marceneiro instruído opera na serraria máquinas dirigidas por computador. Suas capacidades artesanais aprendidas ao longo do tempo não são mais necessárias. O tradutor com diploma universitário, assim como o consultor tributário, o funcionário do banco e os escrivães, deverá se tornar algum dia supérfluo por causa dos programas de computador.

Preponderantemente, cargos menos qualificados, com tarefas de rotina, são eliminados pela racionalização do trabalho, enquanto posições de trabalho inovadoras são mais seguras, casos estes que correspondem a perfis dinâmicos demandados pela indústria da informação. Pois também os modernos "knowledge workers", dos quais fazem parte hoje empresários, gerentes, engenheiros, juristas, corretores da bolsa ou docentes universitários não estão, por princípio, a salvo da possibilidade de racionalização e suas conseqüências sócio-econômicas. Estas profissões baseadas em raciocínio (brain-based) podem ser tão atingidas quanto o trabalhador fabril subalterno e o empregado de escritório, gerando uma nova forma de igualdade, que se torna o significado social da era da informação: forma-se um segundo proletariado em paralelo e, desta vez, proeminentemente ocupado em relação ao primeiro.21

Cento e cinqüenta anos após a publicação do "Manifesto Comunista", novas formas de proletariado são geradas pela globalização e pelo crescente desemprego em todo o mundo. A diferença histórica e política está em que ninguém explora este proletariado off-line – porque não há mais nada a explorar. Já que o futuro se configura de fábricas quase desabitadas e firmas virtuais, cada nação deve se preocupar com a questão do que pode ser feito com os milhões de homens cuja força de trabalho será cada vez menos demandada ou não mais necessária. Esta problemática fica evidente num país altamente desenvolvido como a Alemanha através dos sucessos da racionalização nas atividades produtivas e nas minas de carvão. Ao mesmo tempo que as empresas auferem vendas e lucros cada vez maiores, o número de empregados, em quatro anos, reduziu-se em cerca de 1,2 milhões.22 Este cenário caracteriza a atual transferência da sociedade industrial para a sociedade de serviços e de informação. E o potencial de racionalização é também enorme no setor terciário: no comércio poderiam ser economizados 51% dos empregos, e na administração pública e nos bancos até 61%.23 Já no ano de 1993, renomados consultores de empresas constataram que, com o aproveitamento das técnicas disponíveis, poderiam ser eliminados teoricamente cerca de 9 milhões de postos de trabalho na Alemanha, elevando a taxa de desemprego de 10% para aproximadamente 38%.24

Este saldo negativo contrasta significativamente com o número de novos postos de trabalho gerados e anunciados pela indústria da tecnologia da informação. O ex-ministro do trabalho dos EUA e professor de política e ciências econômicas, Robert Reich, enumerou uma quantidade de novas áreas profissionais na nova economia mundial. Mas estas, conforme sua opinião, vêm, da mesma forma, somente a favor de uma pequena elite global ou virtual.25 E, na Europa, pressente-se que os tão propagados empregos à distância ou novas áreas profissionais só podem ser ocupados, em grande parte, por pessoal que se disponha a uma reeducação profissional. Face a uma taxa de desemprego superior a 10%, a discussão hoje, na Alemanha, se torna restrita ao problema de quantos empregos podem ser preservados através de uma reequipagem das empresas com recursos de multimídia.26

2. Negócios e Crime versus "Cidadãos da Rede" (Netizen)

2.1. Os que Auferem Maiores Benefícios das Tecnologias de Informação

Nas brochuras das nações do G7 se lê, no entanto, que a era da informação promete uma "recompensa atraente" ("The rewards for all can be enticing")27 Esta recompensa, contudo, pode só chegar para aqueles que se coloquem no contexto de trabalho das novas tecnologias de telecomunicações e da mídia. Se nos perguntarmos quais os grandes usuários e aproveitadores das novas tecnologias de informações e comunicações, não conseguimos ver o simples cidadão da Rede, mas o militar, o mundo dos negócios e o ambiente criminal, em primeiro lugar.28

As forças armadas sempre usaram com proveito as novas tecnologias, vindo o uso civil somente em segundo lugar. Desta forma, a tecnologia da Internet deveria também, em primeiro lugar, servir aos objetivos militares. A Arpanet original foi criada em 1969 pela Advanced Research Project Agency, um órgão de pesquisa do Departamento de Defesa dos EUA, para que, no caso de um primeiro ataque militar ao bloco ocidental, eles pudessem dispor de algumas partes da Rede que, mesmo sob destruição, permanecessem seguras contra perdas no sistema de comunicação.

A infra-estrutura de comunicação das redes militares, desenvolvida na época da intimidação nuclear, possibilita aos Estados Unidos ter hoje uma coleção única de informações secretas através do "ISR" (Intelligence collection, surveillance and reconaissance), assim como a possibilidade de direcionar e controlar as ações militares no mundo inteiro através de uma "Tecnologia Avançada C4I"– comando, controle, comunicação, computarização e inteligência. Conforme a visão dos cientistas políticos já citados no início, Nye Jr. e Owens, os EUA se fiam nessas capacidades para que, em caso de conflito em qualquer parte do mundo, possam impor, sem pressão ou ameaça, seus próprios objetivos políticos através do "soft power".29

Depois de findo o antagonismo Leste-Oeste, as tecnologias de vigilância foram também colocadas à disposição de estados aliados, mas para servir a objetivos primordialmente não militares em instalações governamentais, diplomáticas, organizacionais e econômicas. Na Europa, a National Security Agency (NSA) dos EUA, com seu Echelon-System, controla rotineiramente todos os E-mails, telefonemas e fax de todas as áreas, e prossegue a investigá-los em busca de palavras-chave.30

Além de se constituir de um controle nada democrático, este sistema de escuta, conforme informações de "insiders", evidencia também o problema interno de imprudência e uso inadequado das tecnologias existentes, como, por exemplo, o caso de vigilância aparentemente arbitrária das comunicações de ONGs como Amnesty International (Anistia Internacional) e Christian Aid (Auxílio Cristão). O combate ao crime, a perseguição a terroristas e a espionagem militar continuam a ser os pontos-chave, mas também é realizada pelos EUA a espionagem econômica direcionada a todos os países que mantêm transações comerciais sob o GATT.31

No uso da Internet, o cidadão fica entregue não só a práticas como essas, questionáveis do ponto de vista democrático, como também ao "totalitarismo comercial".32 Junto com a crescente comercialização via Internet, - que nos últimos tempos já avançou tanto que, na Alemanha, não se pode procurar um número telefônico na Internet sem ser convidado a visitar uma home-page pornográfica33-, os negócios lucram como nunca com as múltiplas possibilidades para produtos não-palpáveis no mercado global. Neste particular, pratica-se em grande estilo o "Global Sourcing", ou seja, a transferência de áreas inteiras de produção para a Ásia, a América Latina e a Rússia.

Até agora, as maiores porcentagens de crescimento na produção de software são registrados na Índia.34 Em primeiro lugar, inclui-se a área de "data entry", a entrada e correção em massa de textos e dados, na maioria dos casos em idioma inglês. Aqui, o trabalho à distância é realizado em sua forma mais pura, indicando uma outra perspectiva para o futuro do já mencionado problema: campo de trabalho. Sem o amparo de um sistema oficial de segurança social, jovens entre 26 e 32 anos trabalham por um salário imbativelmente baixo em comparação à realidade americana e européia ocidental, recebendo inicialmente 10.000 rúpias por mês, ou seja, cerca de US$ 335 com horas-extras incluídas regularmente. Além disto, surgiu, entre outros, o assim chamado "Body shopping" executado por especialistas indianos que por um preço igualmente baixo trabalham como mão-de-obra temporária imigrante nos EUA durante vários meses, na maioria dos casos em trabalhos de rotina, como o desenvolvimento de softwares simples ou a conversão de programas antigos para rodar sob novos sistemas operacionais.

Até os dias de hoje, a entrada manual de textos e dados para bancos, empresas de seguro, empresas aéreas e outros empreendimentos, no mundo ocidental, é ainda mais barata que o uso de scanner e de computadores especiais capazes de ler textos escritos à mão. Mas inovações nesta área não podem ser retardadas e neste meio-tempo estão sendo desenvolvidos também computadores que podem programar a si mesmos. De mais a mais, os indianos se lançaram na concorrência global apesar de suas baixas remunerações, ainda que haja, ao mesmo tempo, profissionais mais caros e mais exigentes. Desta forma, as empresas multinacionais buscam cada vez mais por novas reservas de recursos humanos pós-industriais, procurando, assim, forças de trabalho mais baratas na República Popular da China ou buscando programadores de segunda geração, mais bem preparados, na Hungria, Bulgária, Rússia e também na América Latina.

Com estas atividades de primeira geração, a Índia é nada mais, estruturalmente e em sua maior parte, do que uma espécie de extensão da bancada de trabalho da indústria de software da Europa e dos EUA.35 A segunda geração que desponta deve ser relativamente mais barata e mais bem formada e deverá saber dispor da assim chamada "inteligência de mercado". Desta segunda geração ainda não faz parte a Índia, pois apenas 35% de todas as empresas indianas de software têm capacidade para levar a cabo tarefas complexas e contratos estrangeiros exigentes, sendo que somente 10% delas dispõem de uma experiência produtiva capaz de satisfazer as exigências de qualidade do mundo ocidental.36

Para um país em transição como - por exemplo - o Brasil, as oportunidades para uma integração bem-sucedida no mercado mundial situam-se no domínio desta segunda geração, em uma indústria altamente qualificada de processamento de informações voltada para a exportação37. Depois da Índia e da Rússia, o Brasil desponta hoje como o terceiro na lista de países que negociam com sucesso o desenvolvimento de tecnologia de informação off-shore.38 Como no caso da Índia, os efeitos ambivalentes de uma integração à comunidade global merecem, no mínimo, ser lembrados aqui com relação à economia e aos negócios brasileiros.39

Um terceiro grupo que tira grandes proveito das novas tecnologias é formado por criminosos tecnologicamente versáteis. A criminalidade organizada, os traficantes de drogas, os lavadores de dinheiro, os disseminadores de pornografia, os radicais de direita, os fanáticos religiosos e os terroristas têm, todos, seus homepages e estão surfando pela WWW. Todos estes executam, através da Rede, negócios de todo tipo e dispõem de mecanismos modernos de criptografia, que possibilitam-lhes o livre intercâmbio de informações. Numerosos casos de pornografia com crianças, atividades radicais de direita e agressões cibernéticas de hackers a diferentes administrações governamentais foram manchetes em 1996. Se junta a isto, ainda em meados de 1996, as advertências do diretor da CIA, John Deutch, que esboçou perante uma comissão do Senado dos EUA um cenário futuro de guerras cibernéticas travadas por terroristas high-tech, "The Net Wars and Cyber Wars". Na sua visão, o elétron é "The ultimate precision-guided weapon" (a mais precisa das armas dirigíveis), com a qual se pode penetrar de forma relativamente simples e barata sistemas de informações previamente selecionados. As novas armas do "Information Warfare" (Guerras de Informação) são softwares de computadores, como as chamadas "bombas lógicas" (o programa de vírus é ativado por uma determinada instrução) ou "eavesdropping sniffers" para espionar computadores privados interligados em rede. Entre os objetos preferidos da agressão dos "information warriors" (guerrilheiros da informação) já se encontram hoje, ao lado de administrações governamentais, os bancos e as grandes corporações.40

Nessas guerras de informação, entre as empresas, registra-se igualmente a presença de grandes empreendimentos de espionagem industrial, não só dos EUA, mas também de serviços secretos de todo mundo. Só nos é possível ter um valor estimado do dano total das atividades criminais na Internet. Na opinião de especialistas, este já se situa hoje bem acima da fronteira dos bilhões de dólares.

2.2. Por Último, literalmente: Os "Cidadãos da Rede"

Os usuários muitíssimo mais numerosos e crescentes na Internet, ou seja, os Cidadãos da Rede normais (Netizens) estão surfando como "cidadãos transparentes" (gläsener Bürger)41 sem auferir lucros, utilizando muitas vezes um software mal programado e de uso não muito amigável. Através do ciberespaço, com seu hardware praticamente já ultrapassado no ato de compra, ele paga até mesmo pelas horas de espera na WWWait, e paga os custos que surgem, conformadamente. Um círculo de integrantes deste grupo de cidadãos da rede, que certamente tiram bom proveito da Internet para seu trabalho, é formado de cientistas do mundo ocidental, que, em parte, se comunicam através de redes próprias de pesquisa. A Internet possibilita, no momento, que pesquisadores na Polônia, Quênia ou Chile, pesquisem nos bancos de dados universitários dos países industrializados e recebam as mais novas contribuições de revistas especializadas, livros, documentos, conferências, manuscritos científicos, além de artigos de todos os grandes jornais e periódicos do mundo.

Em torno do Globo, milhares de bancos de dados em todas os domínios econômicos e científicos são publicamente acessíveis e em número cada vez maior.42 Os mais novos estudos do MIT mostram, no entanto, que a pesquisa se sufoca cada vez mais na sobre-oferta de informações. Diariamente, encontram-se no mundo inteiro centenas de milhares de novas homepages e, cada vez mais, lixo de informações. Faltam mecanismos de busca eficientes (search engines) para áreas cientificamente restritas, pois estes estão sendo desenvolvidos somente para as forças armadas e os serviços secretos.43

Embora os cientistas de países menos desenvolvidos possam usar tecnicamente estas facilidades, muitos deles encontram barreiras financeiras. As facilidades de pesquisa em bancos de dados, por exemplo, de jornais diários, são largamente comercializadas enquanto os programas de busca profissionais nos EUA, como o Lexis-Nexis, são financeiramente inacessíveis ao cidadão normal. Um exemplo da Rússia mostra como o acesso a informações na Internet é distribuído desequilibradamente. No início de 1997, um cientista norueguês levou involuntariamente um colega na Rússia às margens da ruína financeira. Depois do recebimento de um enorme E-mail com 10 Mbytes de anexos (attachments), o provedor de Internet russo calculou uma tarifa que equivalia ao montante de todo o salário anual do receptor.44 Entretanto, para o norueguês, assim como para os cientistas na Alemanha e nos Estados Unidos, o envio e o recebimento de E-mails através de uma universidade sempre foi e continua sendo grátis.

Perspectiva: Caminhos e Descaminhos Políticos para a Sociedade de Informação

No caminho para a sociedade global da informação apresentam-se diversas tendências de desenvolvimento, que prometem para o futuro mais exclusão que integração e mais conflitos que consenso. As conseqüências do uso das novas tecnologias de comunicação no cenário global mostram não somente uma constante separação entre os países ricos industrializados e o resto do mundo, bem como acentuam ainda os desequilíbrios nos países em desenvolvimento. A "aldeia global" profetizada por Marshall McLuhan há trinta anos45, tem se confirmado para os meios de comunicação, de telefonia e televisão. Os homens podem se comunicar através do mundo inteiro, hoje, tão facilmente como vizinhos em uma aldeia. Na área da nova indústria das técnicas de informação e da Internet, já começa a se experimentar uma inversão de seu conteúdo explícito. Uma pequena classe alta on-line de cerca de 20% da população mundial forma cada vez mais "comunidades do tipo aldeia" (com "casas grandes") cada vez mais limitadas especialmente do ponto de vista local e supralocal que vivem no bem-estar de comunicar-se entre si em sua Intranet. Em torno dos vilarejos high-tech se agrupam os grandes áreas do proletariado off-line (as "senzalas") com acesso limitado a uma Internet cada mais comercializada. À distribuição desigual de bens materiais, como alimento, energia e matéria prima, se junta agora a distribuição desigual de bens não materiais como o conhecimento e a capacidade. Muito se fala em favor da respeitada tese de Samuel P. Huntington sobre como a luta das culturas ("clash of civilizations")46 é posta cada vez mais em segundo plano perante o já esperado conflito entre os "ricos de informação" ("information rich") e o resto do mundo.

Além disto, hoje em dia, já se sabe que as novas tecnologias e meios de informação no ambiente de trabalho dos países mais industrializados não trará, pelo menos a médio prazo, conseqüências econômicas relevantes no que diz respeito à criação de novos empregos. O "progresso", nesses países, mostra mais claramente que, como em nenhuma outra revolução tecnológica anterior, o trabalho humano pode ser eliminado através da racionalização.

Os países high-tech devem se preocupar com a questão do que deve ser feito com os milhões de seres humanos cuja força de trabalho se faz cada vez menos necessária ou até dispensável. A situação nos leva, obrigatoriamente, a disparidades sociais crescentes. Remunerações decrescentes na classe média e contínuo empobrecimento dos 20% pertencentes à classe menos favorecida, bem como a uma crescente concentração da riqueza nos 20% que integram a classe mais alta completam esta "Versüdlichung" (sudalização, referindo-se ao Sul) (Ulrich Menzel) ou, pejorativamente, "Brazilianization" (brasiliarização) (Michael Lind), que caracteriza o panorama geral do desenvolvimento em um país como os EUA.47 Na Itália, na França e na República Federal da Alemanha o desenvolvimento socioeconômico toma o mesmo caminho sem uma mudança previsível para esta tendência.48 Portanto, o "bem-estar para todos" anunciado mundialmente pela indústria de informação49 não é o que vemos pela frente.

Outro descaminho para a sociedade global de informação nos conduz ao círculo dos grandes aproveitadores das novas tecnologias, cidadãos potencialmente perigosos, não-sérios e anti-sociais: ao complexo militar, ao ambiente criminoso e aos membros de clubes exclusivos das empresas de mídia e das grandes empresas multinacionais. A tecnologia tem se desenvolvido tão rapidamente que se desviou da política e da moral. As conseqüências negativas incorporam novas estruturas de poder de uma civilização baseada na informação. Com a crescente monopolização de idéias, imagens, palavras, filmes e fotos, os grandes do ramo da tecnologia da informação começam a minar a multiplicidade e o pluralismo de informações em que se baseia a democracia. Por isto mesmo, devido à sua atuação irresponsável tanto do ponto de vista local como global, esta nova "aristocracia" da era da informação foi chamada pelo crítico social americano Christopher Lasch de um perigo para a democracia.50

Os grandes perdedores são hoje, mais do que em qualquer outra época, estas faixas sociais que Karl Marx chamou de proletariado e que hoje, na linguagem tecnológica, contam como o "proletariado off-line". Estes são excluídos cada vez mais do mercado de trabalho, da informação, do know-how e, portanto, de um futuro melhor.

Na perspectiva destes cidadãos não se apresentam saídas para o dilema aqui exposto ou novas imagens de conduta e, face a este problema, surge na Europa e nos EUA a necessidade de um "empowerment of the people". O objetivo desta nova política deveria ser o de incluir a responsabilidade pessoal, as forças de construção e a criatividade do cidadão desde cedo nos processos de decisão política para liberar e mobilizar o cidadão econômica e socialmente.51

Para tanto, talvez seja até tarde demais. Face ao rápido crescimento desta população perdedora, o slogan de um novo movimento de oposição, hoje, deveria ser: "Proletários off-line de todos os países, uni-vos!"

 

Notas

1 Também Koehane, Robert O./Nye, Joseph S. Jr., Power and Interdependence in the Information Age, em: Foreign Affairs, set./out. 1998, vol. 77, no 5, 1998, pp. 81-94 e Woessner, Mark, Medientechnologien und wirtschaftliche Entwickung. Ein Ordnungsrahmen für die Wissensgesellschaft, em Internationale Politik, agosto de 1998, no 8, pp. 1-6.

2 Comparar com Martin, William J., The Global Information Society, Brookfield, Vermont 1995: Ashgate Publishing Company; German, Christiano, Caminhos e descaminhos políticos para a sociedade de informação, em Papers no 31, "Perspectivas Globais da Sociedade de Informação", Centro de Estudos/Konrad Adenauer Stiftung, São Paulo 1997, pp.31-51 e Kleger, Heinz, Direkte und transnationale Demokratie. Die neuen Medien verändern die repräsantative Demokratie, em: Leggewie, Claus/Maar, Christa, Internet & Politik, Von der Zuschauer zur Beteiligungsdemokratie, Köln 1998, pp. 97-110, aqui p. 98 f.

3 Comparar com Bell, Daniel, The Coming of the Post-Industrial Society: A Venture in Social Forecasting, Nova York: Basic Books 1973 ("information society", p. XIV) e Toffler, Alvin, The Third Wave, Londres: Pan Books, 1980.

4 Flusser, Vilém, Verbündelung oder Vernetzung?, em: Bollman, Stefan (Hrsg.), Kursbuch Neue Medien. Trends in Wirtschaft und Politik, Wissenschaft und Kultur, Mannheim 1995, pp. 15-23, aqui p. 15.

5 Joseph S. Nye Jr.: Subsecretário de Defesa para Assuntos Internacionais; William Owens: Presidente do Comité dos Chefes de Estado-Maior.

6 Nye Jr., Joseph S. / Owens William A., America’s Information Edge, in: Foreign Affairs, vol. 75, N 2, mar./abr. 1996, p. 20-36, aqui p. 20. "Knowledge, more than ever before, is power. The one country that can best lead the information revolution will be more powerful than any other. For the foreseeable future that country is the United States (...) Yet, its more subtle comparative advantage is the ability to collect, process, act upon and disseminate information..."

7 Comparar com Schiller, Herbert I., Die Kommerzialisierung von Information, em: Leggewie, Claus/Maar Christa, Internet & Politik. Von der Zuschauer- zur Beteiligungsdemokratie, Köln 1998, pp. 134-141, hier p. 139.

8 Comparar com Otto, Ulrich, Wissen ist Macht, em: Die Zeit, No 44, 23 de novembro de 1987, p. 44.

9 Flusser 1995, p. 15.

10 Comparar com Hirsh, Michael, The Great Technology Giveaway? Trading with Potential Foes, em: Foreign Affairs, Volume 75, No 2, março/abril 1996, pp. 2-9.

11 Também Woessner 1998, pp. 1, 3.

12 Trocadilho, no idioma alemão, com a frase "Kein Anschluss unter dieser Nummer" (Nenhuma conexão sob este número), uma gravação ouvida, na Alemanha, quando não é possível completar uma ligação telefônica.

13 Comparar com Relatório Maitland sobre a União Internacional de Telecomunicações - ITU, com o título "The Missing Link". Ver http://www.itu.int/home/ Também Gröndahl, Boris: Hoffnungsträger Infobahn. Internet ist die Chance für die Dritte Welt, em: Sonderteil der VDI nachrichten, 20 de fevereiro de 1998, Nº 8, p.8.

14 Comparar com Information Society and Development Conference, 13-15 de maio de 1996, Gallagher Estate, Midrand, África do Sul. Conclusões da Presidência. p. 1 (mimeografado).

15 Comparar com Sorge um die Habenichtse, em Die Zeit, No. 25, 16. Junho de 1995, p. 27.

16 Comparar com The BT/MCI Global Communications Report 1996/97 (Relatório Sobre Comunicações Globais BT/MCI), Nova York, p.2. Auf dem Weg zur weltgrö ten Industrie (relatório próprio) em: Süddeutsche Zeitung, 21-22 setembro de 1996, p. 34 e Hohe Investitionen in der Datenschnellstra e Kanadas, em: Blick durch die Wirtschaft, 10, de maio de 1995, p.2

17 Comparar com Koehane/Nye 1998, p.2 e Die Internet-Surfer, em: Süddeutsche Zeitung, 3 de abril de 1997, p.25.

18 Comparar com Kubicek, Herbert, Das Internet 1996-2005. Zwingende Konsequenzen aus unsicheren Analysen, em: Leggewie, Claus/Maar, Christa, Internet & Politik. Von der Zuschauer- zur Beteiligungsdemokratie, Köln 1998, pp. 55-69, aqui p. 66.

19 Também Schiller, em Leggewie/Maar 1998, pp. 134-141, Leggewie, Claus, Demokratie auf der Datenautobahn oder: Wie weit geht die Zivilisierung des Cyberspace, em Leggewie/Maar, 1998, pp.15-51.

20 Também Rifkin, Jeremy, Die dritte Säule der neuen Gesellschaft, em: Die Zeit, No 19, 2 de maio de 1997, p.32 e Rifkin, Jeremy, Das Ende der Arbeit und ihre Zukunft, Frankfurt a.M., 1997.

21 Comparar com Steinmüller, Wilhelm, Informationstechnologie und Gesellschaft. Einführung in die angewandte Informatik, Darmstadt 1993, pp 553/554.

22 Comparar com Umsatz rauf-Arbeitsplätze runter, em: Süddeutsche Zeitung, 9 de março de 1998, p.25.

23 Comparar com Reservoir für eine neue Elite, em: VDI nachrichten, No 39, 26 de setembro de 1997, p.3.

24 Comparar com Rifkin 1997, p.221 e Henzler, Herbert A./Späth, Lothar, Sind die Deutschen noch zu retten? Von der Krise in den Aufbruch, München 1993, S.29.

25 Comparar com Rötzner, Florian, Zitadellen in der Ortslosigkeit, em: Süddeutsche Zeitung, 16 de janeiro de 1997, p. 13 e Reich, Robert B., Die neue Weltwirtschaft. Das Ende der nationalen Ökonomien, Frankfurt a.M. 1997.

26 Também Bericht der Bundesregierung, Info 2000. Deutschlands Weg in die Informationsgesellschaft, Deutscher Bundestag - 13. Wahlperiode (Relatório do Governamental do Parlamento Alemão), Drucksache 13/4000, Bonn, fevereiro de 1996, p.129; Weltweite Vernetzung bedroht Wohlstand, em: VDI nachrichten, 13 de setembro de 1996, p.2 e Starker Glaube, schwache Fakten, em: Die Zeit, No 13, 24, março de 1995, p. 41.

27 Comparar com European Commission, G7 Ministerial Conference on the Global Information Society. Ministerial Conference Summary, Bruxelas/Luxembourg, 1995, p. 52. (Resumo da Conferêrncia Ministerial do G7 sobre A Sociedade de Informação Global).

 28 Comparar com German, Christiano, Losers and Winners in the Information Society em : Foreign Affairs. A Russian Journal of World Politics, Diplomacy and International Relations, Minneapolis, Vol. 43/1997, No 6, pp 83-91.

29 Comparar com Nye Jr./Owens 1996, pp. 20/21 e Bernhardt, Ute/Ruhmann, Ingo, Information als Waffe. Netwar und Cuberwar - Kriegsformen der Zukunft, em: Hans-Jörg Kreowski et al (Hrsg.), Realität und Utopien in der Informatik, Münster 1995, pp. 104-119.

30 Comparar com Stoa: An Appraisal of Technologies of Political Control (Steve Writh - Omega Foundation - Manchester), Luxembourg, 6 de janeiro de 1998, p.19 ff (http://www.jya.com/Stoa-atpc.htm/). Também Nürnberger, Christian, Feind hört mit, em: Süddeutscher Zeitung, de 26.03.1998, p.15; Ruhmann, Ingo/Schulzki-Haddouti, Christiane: Report Lauschangriff, em: c’t magazin für computer und technik, 5/98, pp. 82-93 e Hager, Nicky: Secret Power, Nelson/Nova Zelândia 1996.

31 Comparar com German, Christiano: Europa und die globale Informationsgesellschaft, em: Gellner, Winand/von Korff, Fritz (Hrsg.), Demokratie und Internet, Baden-Baden 1998, pp. 193-202.

32 Também Schiller 1998 e Barber, Benjamin R., Wie demokratisch ist das Internet? Technologie als Spiegel kommerzieller Interessen, em: Leggewie, Claus/Maar, Christa, Internet & Politik. Von der Zuschauer- zur Beteiligungsdemokratie, Köln, 1998, pp. 120-133.

33 Veja www.teleinfo.de

34 Comparar com Die Yuppies von Bangalore, em: Die Zeit magazin, No 11, 7 de março de 1977, pp.24-41 e Software Söldner, em: Spiegel special, No 3,, março de 1995, pp.87-91.

35 Comparar com Becker, Jörg/Salamanca, Daniel, Globalisierung, elektronische Netze und der Export von Arbeit, em: Aus Politik und Zeitgeschichte (APuZ), B 42/97, 10 de outubro de 1997, pp. 31-38, aqui p. 31.

36 Comparar com Pai, Uday Lal Lekshman: Das High-Tech-Wunder Indien, em: http://www.heise.de/to/deutsch/inhalte/te/1421/1.html

37 Comparar com German, Christiano: Sociedade de informação global/Já começou a corrida. Quais as chances do Brasil?, in: Rumos, Ano 22, No.156, Janeiro de 1999, S. 20-21.

38 Comparar com Hillenberg, Frank/Weber, Mathias, Alternativen zur deutschen Software-Entwickung, em: CW Spezial 97/98, pp. 36-40.

39 Sobre esta problemática fundamental, ver German, Christiano: Brasil: Desafios globais das novas tecnologias e indústrias, em: Fundação Konrad-Adenauer-Stiftung (ed.), A Projeção do Brasil Face ao Século XXI. Anais do IV Simpósio Brasil-Alemanha, Série Debates, Ano 1998, No 16, São Paulo, pp. 27-35 e German, Christiano, Anschluss an das ‘globale Dorf’? Wege Brasiliens und Indiens in die Informationsgesellschaft, em: Frankfurter Allgemeine Zeitung (Die Gegenwart) de 18 de abril de 1997, p.15.

 

40 Comparar com Schwartau, Winn, Information Warfare, Nova York, 1996; Zimmermann, Christian, Der Hacker. Ein Insider packt aus: "Keiner ist mehr sicher", Landsberg 1996 e Dumont, Joël-François, Die Evolution des Terrorismus. Paper para o congresso de peritos "Neue Bedrohung staatlicher Sicherheit", da Akademie für Politik und Zeitgeschehen der Hanns-Seidel-Stiftung e.V., 25 a 27 de novembro de 1996, 10 p.

41 Metáfora para uma pessoa, cujas economias privadas são abertamente expostas.

42 Comparar com Der elektronische Informationsmarkt wächst, em: Süddeutsche Zeitung, Suplemento No 241, System 93, 18 de outubro de 1993, p. 38.

43 Comparar com Forschung erstickt im Internet, em: VDI nachtrichten, de 24 de janeiro de 1997, p.16.

44 Comparar com E-Mail kostet russischen Forscher Jahresgehalt, em: Süddeutsche Zeitung, 25 de fevereiro de 1997, p. 10.

45 Comparar com McLuhan, Marshall, Understanding Media - The Extension of Man, Cambridge, MA 1964.

46 Comparar com Huntington, Samuel P., The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order, New York 1996.

47 Comparar com Menzel 1995, p. 104, Lind, Michael, The Next American Nation: The New Nationalism and the Fourth American Revolution, Free Press: Nova York 1995, pp. 215-216 e Wolff, Edward N., Top Heavy. A Study of the Increasing Inequality of Wealth in America, Twentieth Century Fund: Washington 1995.

48 Comparar com Zimmermann, Gunter E., Neue Armut und neuer Reichtum. Zunehmende Polarisierung der materiellen Lebensbedingungen im vereinten Deutschland, em: Gegenwartskunde Heft 1 (1995), p. 11. Também, Das Ende der Mittelklasse, em Die Zeit, No 18, 26 de abril de 1996, p.20 e Immer weniger Amerikaner werden immer reicher, em Süddeutsche Zeitung, 21 de abril de 1995, p. 24.

49 Comparar com Necker, Tyll, Opening Address at the 13th World Computer Congress em 29 de agosto de 1994, em Hamburgo (mimeografado), p.6. (Pronunciamento de Abertura no 13o Congresso Mundial de Computação)

50 Comparar com Lasch, Christopher, Die blinde Elite. Macht ohne Verantwortung, Hamburgo, 1995, p.42 ff. (The Revolt of the Elites and the Betrayal of Democracy, Norton: Nova York 1995)

51 Comparar com Woessner 1998, p.4.

Eichstätt, Novembro de 1999

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