SIGNIFICADO DO BUG DO MILÊNIO (trabalho de Renato Opice Blum*)
Y2K, vírus do ano 2000, bug do milênio,
problema do ano 2000, são nomes distintos, mas que representam o
mesmo
problema, com data marcada para acontecer. No dia 1º de
janeiro de 2000, em torno de 80% a 90% dos computadores e
artefatos eletro-eletrônicos poderão ficar confusos
em razão de uma falha (bug) de memória ou programação.
Nos primórdios da informática, procurando
minimizar o custo da memória, os fabricantes de computadores, programas
e microprocessadores decidiram usar o campo para a representação
da data com apenas dois dígitos. Essa prática
tornou-se comum até o final de 1997, mas ainda é
utilizada por algumas empresas.
Dessa forma, muitos computadores e utensílios interpretam
1998 como 98, 1999 como 99 e 2000 como 00. Assim, no dia
01.01.2000, às 00:01 horas, muitos equipamentos poderão
ter como data o ano 1900 ou simplesmente "00", desencadeando
uma série de operações ilógicas e
equivocadas.
O Bug do milênio é uma ameaça sem
precedentes na história. Sabemos quando irá ocorrer, sua
causa e sua solução,
porém subestimamos o que poderá acontecer depois.
Os prejuízos poderão afetar tudo e todos, inclusive aqueles
que
não tenham qualquer relacionamento com a informática.
As estimativas de valor para as indenizações judiciais superam
de 1 trilhão de dólares.
EQUIPAMENTOS EXPOSTOS
Peter de Jager (consultor americano que
descobriu o bug): "Quando submetidos a testes, 95% dos computadores
pessoais são reprovados." 90% dos computadores no mundo
estão vulneráveis. 90% dos computadores adquiridos em 97
poderão falhar (7 - 106); o computador com mais de 4 anos
pode estar totalmente condenado.
Existem 300 milhões de computadores
pessoais no mundo; 250 milhões deles serão afetados (34);
existem, ainda,
100.000 computadores de grande porte (34)
30% dos computadores não estarão adequados a tempo.
(65)
A ComputerWorld testou 500 computadores pessoais
e concluiu que 47% deles falharam (90% foram produzidos antes
de 1997). (108 - 122)
O Brasil é o sexto maior usuário
da informática no mundo (62), com 1,5% do mercado mundial de tecnologia.
(54) Já
foram produzidos 25 bilhões de chips (34), dos quais 2
a 5% utilizam datas e serão afetados (109 – 46 –
44
– 92 - 40); em 1996 foram produzidos 4 bilhões
de microprocessadores (41). Os microprocessadores ou "chips"
integram todo o tipo de artefato eletroeletrônico, os chamados
sistemas embutidos, dos quais podemos destacar:
scanners, vídeos, aparelhos de fax, alguns tipos de marca-passos,
satélites, GPS (navegação por satélite), carros,
aviões,
trens, navios e outros.
79% dos chips de bios fabricados em 97 não aceitam o ano
com 4 dígitos e 14% não aceitam o ano bissexto (64)
O Banco da Escócia divulgou nota alertando
sobre a venda de produtos ditos como adequados, mas que não estão
adequados. Teste comprovou que 88% dos pcs vendidos como adequados
tinham problema na RTC (real time clock) (28).
Internet: Os sistemas operacionais, os aplicativos e os servidores
poderão falhar causando quedas no serviço e afetando
seriamente os negócios. (122)
Prepare-se para o Bug do Milênio (Renato M. S. Opice Blum*)
Trezentos milhões de computadores pessoais
("Pcs"), cem mil computadores de grande porte
("mainframes"), vinte e cinco bilhões de produtos eletro-eletrônicos
equipados com
microprocessadores ("embedded systems"). Esses números
aproximados representam o mercado
mundial da informática.
Y2K, vírus do ano 2000, bug do milênio,
são nomes distintos, mas que representam o mesmo
problema, com data marcada para acontecer. No dia 1º de
janeiro de 2000, em torno de 80% a 90% dos
computadores e artefatos eletro-eletrônicos poderão
ficar confusos em razão de uma falha (bug) de
memória ou programação. Nos primórdios
da informática, como o custo da memória era alto, os
fabricantes de computadores, programas e microprocessadores decidiram
usar o campo para a
representação da data com apenas dois dígitos.
Assim, muitos computadores e utensílios interpretam
1998 como 98, 1999 como 99 e 2000 como 00. Dessa forma, no dia
01.01.2000, às 00:01 horas, muitos
equipamentos poderão ter como data o ano 1900 ou simplesmente
"00", desencadeando uma série de
operações ilógicas e equivocadas.
O problema vai atingir todas as áreas, negócios
e até pessoas que não estejam relacionadas ou não
possuam computador e equipamentos eletro-eletrônicos. Será
uma reação em cadeia que especialistas
americanos comparam com os reflexos de um meteoro atingindo o
nosso Planeta. Estão corretos.
Vejamos a seguinte suposição: Atualmente muitas
aeronaves estão equipadas com sistemas
informatizados denominados "fly by wire". Um desses aviões
está voando na transição do ano 1999 para
2000 e sofre pane generalizada nos sistemas. Para piorar, o controle
de vetoração radar executado em
terra também falha, pois seus computadores são
antigos "mainframes". A aeronave entra em colapso e
também não conta com a devida vetoração
da sua posição pelo controle de tráfego aéreo.
O avião cai
próximo ao aeroporto. Dezenas de vítimas.
Essa hipotética descrição serve
como um alerta. Além do conteúdo drástico, enseja
responsabilidades
civis e criminais. Civis no sentido da atribuição
de indenização aos legitimados. Criminais buscando
impor a sanção ao responsável, seja por
homicídio culposo múltiplo ou lesões corporais culposas.
Há pouco tempo calculava-se U$ 600 bilhões
para o custo de adaptação e indenizações judiciais.
Agora, segundo novas estimativas o valor já supera 1
trilhão de dólares. Segundo José Roberto Faria
Lima, especialista na área, os valores são muito
superiores aos gastos na guerra do Vietnã e nos
terremotos de Kobe e Los Angeles (U$ 500, 100 e 80 bilhões,
respectivamente). Há 70% de
possibilidade de abalo na economia mundial.
As pessoas ainda não pensaram sobre isso.
Nos Estados Unidos, os principais escritórios de
advocacia formalizaram mais de 200 acordos, a grande maioria
por divergências entre consumidores e
fornecedores. O Procurador Geral do Estado da Carolina do Norte
(EUA) estuda processar os
fornecedores cobrando U$ 132,8 milhões em despesas de
adaptação. Já existem quatro processos
discutindo responsabilidades decorrentes do bug e respectivas
indenizações. São quatro ações ajuizadas
nos estados da Califórnia, Michigan e Ohio, envolvendo
questões como fraudes, infrações contratuais,
leis do consumidor, declarações falsas e práticas
comerciais abusivas. Um dos processos foi movido por
uma empresa agrocomercial de Detroit que utilizava em sua rede
de computadores um programa
gerenciador de vendas. O problema ocorria quando os consumidores
utilizavam cartões de crédito com
validade igual ou superior ao ano 2000. No momento da compra
o sistema travava, ficando inoperante
por horas. O prejuízo era enorme visto que a rede agrupava
dez terminais, todos inoperantes ao mesmo
tempo. Dos 500 dias de utilização do software,
apenas 400 foram aproveitados.
Responsabilidade é a palavra mágica
que norteia os procedimentos reparatórios ou preventivos,
objetivando resguardar ou valer direitos. O cerne da questão
encontra-se na responsabilidade do
fornecedor de produtos ou serviços inerentes à
informática e do respectivo usuário. Todo aquele que
sofrer prejuízo em virtude da falha (bug) poderá
processar o responsável e cobrar os danos ocorridos.
Danos de caráter moral e material.
Alguns já estão se preparando para
o esperado. Aqueles que ainda têm tempo para o reparo e
adequação devem fazê-lo o quanto antes, sob
as expensas do responsável. Se já não há tempo,
devem
proceder de forma a noticiar o fato, uma espécie de "recall",
nos termos das disposições legais em
vigor. O seguro também deve ser cogitado como instrumento
de apoio.
Para cada real não gasto na adaptação,
espera-se o desembolso de dez reais em indenizações judiciais.
O gasto de adaptação, na maioria dos casos é
responsabilidade do fornecedor do computador, do
programa ou do equipamento defeituoso.
O Brasil, sexto maior usuário de computadores
no mundo, com mínimas exceções, não parece
preocupado com o assunto. O problema do Bug é sério.
A responsabilidade jurídica é gravíssima.
Todos nós vamos sentir os efeitos. Aqueles que forem lesados
podem e devem buscar a reparação.
Aqueles que devem reparar podem e devem agir preventivamente,
procurando, dessa forma,
resguardar suas atividades, sob risco de não conseguirem
saldar suas responsabilidades e falirem.
(*) Renato M. S. Opice Blum é advogado e economista.
Pós Graduando pela PUC-SP. Sócio da OPICE BLUM Advogados
Associados - E. Mail:
jroblum@aasp.org.br
Retirado de: http://www.geocities.com