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A INFORMATIZAÇÃO E O JUDICIÁRIO
Rogério Barros Correia Lopes

       Os escritórios de advocacia têm se informatizado quase compulsoriamente. Mesmo os mais teimosos usuários da máquina de escrever se renderam ao computador e suas vantagens.

        É verdade que grassa entre muitos colegas uma certa "computofobia"; morrem de medo de perder um arquivo e ficam completamente sem ação quando acontece alguma coisa diferente do normal.

        Para muitos, o computador é uma máquina de escrever melhorada. Mesmo digitando no computador, agem como se ele fosse a mesma máquina de escrever com um tela de TV na frente. Usam só o editor de texto e olhe lá.

        Entretanto, a mudança é inevitável. Programas para controle de processos e agenda, acesso aos tribunais, publicações, livros e legislação em CD-ROM, debates via Internet e etc., tudo isso já está disponível hoje, basta querer.

        O que me preocupa é a baixa velocidade com que as editoras estão ajustando os seus preços. O que quero dizer é que não se pode admitir que uma obra em CD custe o mesmo preço da versão em papel. Deveria, no meu entender, custar mais barato, o custo é menor. Todavia o que se vê hoje são obras em CD custando o dobro do preço daquelas feitas com papel.

        As casas publicadoras deveriam se conscientizar da premente evolução dos escritórios de advocacia e incentivar o consumo de obras em CD. Deveriam aprender com a Microsoft que, para incentivar o uso do seu "Internet Explorer 4.0", está DANDO o programa através da rede e se quiser ainda manda o CD via correio, pagando só o porte e o custo no total de R$ 9,00 ou pouco mais. Me nego a comprar tais obras enquanto não chegarem a um preço razoável.

        Outro problema que nós advogados e trabalhadores do Direito enfrentamos é a morosidade em que acontece a informatização do Poder Judiciário.

        Estive falando hoje com a assessoria de imprensa do IMESP, serviço que é responsável pela publicação de todos os despachos que ocorrem no Estado. Estas publicações os advogados normalmente recebem por meio de associações ou particulares que se incumbem de recortar e entregar nos seus escritórios.

        Minha idéia era ficar independente do recebimento dessas publicações por correio ou por pessoas que podem falhar trazendo prejuízos decorrentes do desconhecimento do que foi publicado. Recentemente tivemos a greve dos correios que trouxe preocupação à todos neste particular.

        Verificando o site do IMESP na Internet, percebi que as publicações não estavam disponíveis e manifestei o meu pesar em e-mail. Em resposta ouvi daquele serviço público, que eles só não disponibilizavam as informações que eu queria em virtude de não as receberem do Judiciário de maneira idônea para tanto.

        O Judiciário deveria enviar as informações on-line, mas apesar dos esforços da Imprensa Oficial do Estado, o Poder não consegue atender às exigências da modernidade.

        O que me assustou foram os dados estatísticos que recebi. No Estado de São Paulo as publicações enviadas por processamento de dados estão percentualmente definidas da seguinte forma:

PODER LEGISLATIVO 100%
PODER EXECUTIVO 65% (AUMENTANDO VELOZMENTE)
PODER JUDICIÁRIO 0,3%.

        Desse jeito vai demorar para que tenhamos as facilidades que gostaríamos em nossos escritórios.

        Mas, embora ainda não estejamos aonde queríamos, a informatização tem nos trazido inegáveis vantagens e aquele que ainda se furta em usufruí-las logo vai virar peça de museu.

Rogério Barros Correia Lopes
Advogado em Taubaté