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FUNÇÕES ESSENCIAIS DA ESCOLA
Valter
Tinti
A escola brasileira ensina
uma infinidade de "coisas", como, p. ex., que o Pico da Bandeira se
situa na Serra do Caparaó, que a Cabanagem recebeu este nome porque seus
compartes habitavam cabanas, que o anacoluto é uma frase que apresenta quebra
da lógica estrutural, que o Lesoto é um encrave que fica no centro-leste da
África do Sul. Ensina muito mais: que (gof) (x) = g [f(x)], que a
Princesa Isabel libertou os escravos porque tinha profunda consciência de
Direitos Humanos e que o Brasil é um Estado independente. Além de ensinar, a
escola suscita dúvidas tormentosas: Capitu deu ou não deu???
Enquanto isso, desde que o
Brasil foi descoberto ¾ falta ainda esclarecer se por
Cabral ou por Colombo ¾ , o povo brasileiro está sendo
pilhado, espoliado, pisoteado, dilacerado, sangrado, roubado e assassinado,
tanto por gente de fora como por compatrícios, mesmo. Santo Deus!, até quando
nós, educadores, iremos admitir e praticar esse pouco-caso, essa
alienação, essa crueldade? O pior é que nós, professores, temos consciência
de que expressiva parte dos "conhecimentos" que passamos aos nossos
alunos valem tanto quanto zeros à esquerda... sem vírgula! Até quando vamos
permanecer dóceis aos "programas" que as escolas nos impõem?,
sabidamente como instrumento de "lavagem cerebral" da juventude? Quê
fazermos, então?
Apenas o decente e óbvio:
assumirmos nossa postura de Educadores, o que consiste em efetivarmos as
verdadeiras funções da escola.
E quais são as funções essenciais
da escola? Ajudar os alunos a adquirir a capacidade de PENSAR, despertar
neles a CONSCIÊNCIA ÉTICA e iniciá-los na CRIATIVIDADE. Claro que
a tarefa é hercúlea, porque tudo conspira contra. A começar pela própria
natureza da escola, que, sendo instituição, tende ao conservadorismo. Quando
não seja reacionária. Depois, as escolas pertencem (com raras exceções) ou à
rede pública ou a grupos privados, sendo claro, assim, que em ambos os casos
elas são, quase sempre, vinculadas ao poder, seja o político seja o econômico.
E, como se sabe, o "Poder" esconjura o pensar, tem ojeriza à Moral e
esconde a sete chaves a criatividade, como reserva de mercado. Daí que
educar... "é uma barra": "pensar é perigoso ... povo pensante é
povo exigente, radical!" O bom é deixar o povo atolado no obscurantismo,
na ignorância, que assim fica fácil encabrestá-lo. É exatamente com esta
intenção que os governos truculentos eliminam do currículo escolar as
disciplinas filosóficas.
Afinal (homenagem às
respeitáveis exceções), o que as escolas preferem é que a cabeça dos alunos
seja transformada em "cofrinhos" de guardar ... lixo.
A reflexão tem um poder
quase milagroso, visto que ajuda a entender o que não é possível explicar. Ela
é o raio "X" que permite ver o que não está à mostra. Ou, por outra,
o que está escondido atrás do biombo. Exemplo: há poucos dias, o Governo
Federal emprestou para a empresa norte-americana A.E.S. "uma
montanha" de dinheiro nosso (do povo), a juros de 4% ao ano (!),
sem nos pedir autorização (!), para que essa empresa viesse comprar ¾ como de fato comprou ¾ a nossa
Companhia Energética Tietê. Dá para explicar este fato? Claro que não.
Agora... dá pra entender?
Claro que sim. E perfeitamente. Mas para isso é necessário que a escola tenha
ensinado a pessoa a refletir, a pensar, a raciocinar. Só assim é possível
entender "certas coisas muito estranhas" que andam acontecendo pelo
Brasil afora. Mas a inteligência é uma arma terrivelmente perigosa, porque pode
ser usada tanto para o Bem como para o Mal. Há indivíduos que passam as 24
horas do dia matutando em armadilhas contra os outros. São os "farejadores
carniceiros", sempre de atalaia para desfechar o golpe fatal sobre alguma
vítima. Esses são os sem-escrúpulos, os "humanóides", que pululam
pelas "camadas inferiores" da vida, sempre ávidos de saciar sua
ganância animalesca em macabro festim. Só pensam naquilo: o lucro, a
vantagem. Passam a vida inteira jogando o jogo sujo do "tudo por
dinheiro". Por isso, a inteligência maligna precisa estar, diuturnamente,
submissa ao firme controle e absoluto comando da Moral. A Ética é, assim, o
potente farol que ilumina as trilhas do pensamento e da ação. E sobre a solidez
desse alicerce é perfeitamente possível avançarmos rumo à harmonização do Homem
e da sociedade, na perspectiva da vida compartilhada. A tarefa é arduíssima. E
a responsabilidade é nossa, dos educadores.
Dr. Valter Tinti
E-Mail: vtinti@uol.com.br
Advogado - Ex-prefeito municipal de Araçatuba – Educador e
Professor de Direito Constitucional na UNIP - Universidade Paulista - campus de
Araçatuba (SP) - Bacharel em Direito, pela Faculdade de Direito de Presidente
Prudente (SP). - Licenciado em Pedagogia, pela USP.
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Retirado de: http://www.juristantum.adv.br