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Muito se ouve
falar dos avanços tecnológicos alcançados pela ciência e os benefícios ou
malefícios provocados pelo seu uso. Em tempos de globalização, torna-se cada
vez mais necessário refletirmos sobre os rumos do nosso planeta. Para tanto,
basta uma rápida viagem sobre nossa História recente para percebermos que o
que estamos vivendo pode ser comparado a uma terceira onda de um movimento
que teve como origem a denominada Revolução Industrial. Nos últimos
três séculos, a humanidade vivenciou duas ondas dessa revolução industrial
que modificaram de forma significativa a vida das pessoas. Nesse período,
ocorreu um grande desenvolvimento dos transportes, a partir da descoberta da
locomotiva e do barco a vapor. Houve modificação das formas de produção. Com
a difusão da aplicação da força motriz mecanizada, verifica-se uma expansão
na atividade têxtil, com a criação da máquina de fiar, da atividade de mineração
e o início da indústria pesada (aço e máquinas). Em conseqüência, ocorre uma
enorme migração de moradores do campo para as cidades. O sistema fabril
experimentou novas formas de produção com o surgimento da fabricação em
série, a qual imprimiu um ritmo mais adequado às necessidades de consumo da
época. A produção artesanal foi sendo gradualmente substituída pela produção
mecanizada, trazendo o desemprego, o subemprego e a revolta dos que se
encontravam na miséria. Não se pode
negar os avanços econômicos e sociais que surgiram a partir destas mudanças,
mas também se deve destacar o aparecimento de regimes totalitários, que
culminaram com a explosão da primeira grande guerra mundial. .
A educação
e a integração familiar Na produção
artesanal, a integração familiar ocorria de forma natural, pois o contato
entre pais e filhos era essencial para o desenvolvimento das atividades
rotineiras. Por meio desses mecanismos eram repassados os conhecimentos e
habilidades acumuladas pelos mais velhos, oportunidade privilegiada para a
disseminação dos valores morais que constituíam a base familiar. Com a
introdução da produção mecanizada e em série, aliada ao êxodo rural, essa
situação vai sendo alterada, tornando cada vez mais escassos os contatos
familiares. No cenário atual,
o que se nota é uma mudança radical no setor produtivo, onde a mecanização e
a automação industrial exigem do trabalhador uma constante atualização, pois
as máquinas que estão substituindo milhares de trabalhadores tornam-se cada
vez mais sofisticadas. O indivíduo que as controla deve ter conhecimentos
razoáveis de informática aliados aos específicos da linha de produtos que
fabrica. Os otimistas
avaliam que isso tornará a vida do homem cada vez melhor, pois, com as
máquinas assumindo as atividades mais mecânicas, que exijam esforço físico,
mais tempo sobrará para o lazer, permitindo ao homem uma retomada de contato
com a natureza. Nessa era, em que o conhecimento é supervalorizado, espera-se
que venha a ocorrer o reencontro do homem com sua essência. O mundo que se
vislumbra é totalmente diferente do atual. Com o avanço das comunicações, o
local de trabalho deixará de ser um problema, pois a atividade principal do
homem será intelectual, podendo ser realizada de qualquer lugar, até mesmo de
sua casa. Nesse
contexto, a educação, na forma que se pratica hoje, será gradualmente
substituída devido às facilidades oferecidas pelo ensino a distância. As distâncias
serão encurtadas e os repasses de informações ocorrerão em tempo real. Podem
ser acrescidos a essas os efeitos multimídias, que tornarão a transmissão do
conhecimento algo mais prazeroso. Há, porém, um lado desta questão, que torna
esse cenário um tanto quanto sombrio e que diz respeito à grande massa de
indivíduos excluídos desse novo mundo, simplesmente por não possuírem os
requisitos necessários para conviverem com esta realidade. Se observarmos
os dados fornecidos pelo Ministério da Educação, a partir do IBGE, em 1999, a
taxa de analfabetismo da população brasileira, na faixa etária de 15 anos, situava-se
no patamar de 13% , evoluindo para 29%, na faixa etária de 50 anos. O que irá
ocorrer com esses indivíduos? O exercício de sua cidadania e dignidade humana
resume-se em acessar informações simples como um nome de rua, placas
informativas, notícias de jornais e revista. Se formos a extremos, poderemos
afirmar que essa situação é comparável à cegueira pelo fato de impedi-los de
enxergar uma outra realidade. A mesma fonte anterior cita que 3.000.000 de
brasileiros estavam matriculados em programas voltados para a formação de
jovens e adultos. Esse esforço governamental, para resolver a exclusão,
embora significativo, ainda é insuficiente dada a magnitude do problema. Voltando a
História, nesses séculos em que se desenrolaram as várias fase da Revolução
Industrial, estes excluídos tiveram como companheiros, a fé, que no caso de
muitos, tornou-se a mola propulsora de suas vidas. A fé e a
educação A Igreja,
nesse atual estágio, tem um papel decisivo quanto aos rumos da Humanidade.
Cabe a ela apontar caminhos que permita aos que já não têm oportunidades
concretas o reencontro com sua dignidade. Um deles é a Educação, que começa
pela oferta de vagas em programas de formação de jovens e adultos, sendo
necessariamente associada a programas de capacitação profissional, os quais
permitirão a milhares de pessoas, o início de uma nova caminhada profissional
e pessoal. Todas as
forças vivas da sociedade devem se unir para atingir este ideal, pois do
êxito desta empreitada dependerá o nosso futuro. Faz parte da missão da
igreja não deixar jamais de se omitir, a educação social, cívica e política,
incluindo a educação para a justiça. Esta ação será sempre iluminada pela fé,
pois o objetivo último é a realização integral da pessoa humana na vivência
dos valores intelectuais, morais e espirituais. Em colaboração
com Fernando Antônio Arantes Dom
Fernando Antonio Figueiredo é bispo de Santo Amaro, presidente da CNBB- Sul e
presidente da Mantenedora do Instituto Tecnológico Diocesano e do Colégio
Meninópolis. Fernando Antonio
Arantes é professor, mestre em Educação e diretor Geral do Instituto
Tecnológico Diocesano e do Colégio Diocesano Meninópolis. |
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