Delfim Pereira de Azevedo Bouças advogado no Rio de Janeiro
Freqüentemente sou instado pelos colegas de profissão para
discorrer sobre a minha experiência com a informática e sua
aplicação ao dia-a-dia forense. Costumo dizer-lhes, nessas
conversas, que não consigo imaginar o exercício da advocacia,
nos dias atuais, sem a proficuidade e as facilidades trazidas pelos computadores
à nossa atividade. Asseguro-lhes, sem pestanejar, que nesses doze
anos de exercício da advocacia, posso dividir meu trabalho em duas
fases distintas, ou seja, "antes" e "depois" dos computadores. Hoje, além
da facilidade na elaboração de petições e contratos,
nos quais posso modificar, inserir ou suprimir palavras em questão
de segundos, tenho ainda uma preciosa economia de tempo, seja na pesquisa
da legislação ou da jurisprudência mais recente, seja
no acompanhamento dos processos em andamento, o que posso fazer com um
simples clique do mouse, sem sair do escritório ou de casa. Mais
recentemente, com o advento da Internet, surgiram outras novidades, como
o uso do e-mail e da WWW, promovendo uma enorme interação
e facilidade de comunicação com os clientes, que através
do formulário da home-page (http://www.vhnet.com.br/advogado) ou
do e-mail (advocacia@centroin.com.br) podem esclarecer suas dúvidas
a qualquer hora do dia, e até mesmo enviar ou receber documentos
digitalizados, instantaneamente. E pelo visto as coisas não vão
parar por aí. Tenho acompanhado o surgimento de inúmeros
sites jurídicos na rede, carregados de utilíssima informação,
não só para os operadores do direito, mas para toda a população
plugada na Internet. A informatização do escritório
de advocacia e o uso da Internet são hoje, a meu ver, uma necessidade,
e deles não pode prescindir o profissional que deseja manter-se
atualizado e acessível à seus clientes e colegas de profissão.
Não tenho dúvida de que o computador tornou-se, em pouco
tempo, uma das mais importantes ferramentas para os advogados, ocupando
nos escritórios, em grau de relevância, a mesma posição
dos códigos, leis e livros de doutrina e jurisprudência, muitos
dos quais já foram digitalizados e podem ser encontrados nas livrarias
jurídicas, sob a forma de CD-ROM ou disquetes. Há, ainda,
com a informatização do escritório, uma considerável
redução da carga de trabalho e do stress provocado pelas
desgastantes andanças nos corredores dos tribunais, uma vez que
o acompanhamento dos processos pode ser feito "on-line", limitando a presença
do advogado onde e quando a mesma seja realmente necessária e imprescindível,
contribuindo, desse modo, para desafogar e conferir celeridade à
máquina judiciária, uma vez que os serventuários ocuparão
o seu tempo com as atividades necessárias ao bom andamento dos feitos.
Tive notícia de que, muito em breve, também será possível
a distribuição "on-line" de petições, diretamente
do computador do advogado para os computadores dos tribunais. A informatização
completa destes, com tecnologia de ponta, trará benefícios
diretos para a população, tornando mais fácil o acesso
à justiça e entregando, sem entraves burocráticos
e de forma mais rápida, a solução das demandas geradas
pelos conflitos de interesses. Tenho visto e vivenciado muitas coisas boas
e práticas no uso dos computadores, principalmente no que tange
ao exercício da advocacia, e não ficarei surpreso se adentrarmos
o século XXI com as decisões judiciais sendo proferidas em
audiências virtuais e chegando diretamente aos computadores de meus
clientes, em suas casas, em tempo real.
Texto publicado na revista HomePC, edição
de março de 1997, gentilmente cedido pelo autor