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Comentários a respeito do Capítulo IV do Livro

 

O Capital de Karl Marx

 

Luiz Henrique Teixeira da Silva

 

 

 

 

Marx em sua nova obra fala sobre transformação de dinheiro em capital e traz novos conceitos sobre as relações de troca.

 

       A transformação do dinheiro em capital é tema de um capítulo inteiro do livro O Capital.Neste texto, seu autor, o alemão Karl Marx, descreve com abundância de detalhes todo o processo de formação do dinheiro em capital através das trocas, além de tratar sobre a força de trabalho.Em entrevista, abaixo transcrita, ao repórter Lewis Heinrich, Marx expõe a teoria defendida no já citado capítulo de seu livro.

 

Lewis – Marx.Para falar de um assunto tão complexo como o da transformação do dinheiro em capital, você retrata em seu texto toda uma teoria sobre a circulação das mercadorias.Você poderia explicar-nos o assunto e, precisar sua relação direta com o capital?

Marx – Bom, neste texto eu descrevo as duas formas de circulação do dinheiro.Uma das formas é a que eu chamo de forma simples M-D-M, ou seja, vender para comprar.A outra forma é justamente a que é feita pelo dinheiro sob a forma de capital, é a circulação D-M-D’, ou seja, comprar para vender.Evidentemente não teria sentido você comprar e vender uma mesma mercadoria pelo mesmo preço, logo será executada a venda com um preço maior do que foi feita a compra, permitindo assim a formação da mais valia, que nada mais é do que o valor cobrado a mais na venda, tornando-se com isso, o possuidor do dinheiro, um capitalista e, o dinheiro capital mercantil.

Lewis – Porque na forma M-D-M não se pode considerar dinheiro como capital?

Marx – Isso se deve pelo fato de que vender para comprar configura um simples ato de troca, enquanto comprar para vender faz com que o dinheiro se transforme em mais dinheiro, sendo assim o dinheiro, na circulação D-M-D’, é capital.

Lewis – Se você fosse o consumidor da mercadoria M do ciclo D-M-D’, você veria sua situação de que modo: explorado ou simplesmente alguém que troca sua mercadoria (dinheiro) por outra?

Marx – Se eu estivesse no lugar do consumidor, eu não me veria explorado.Isso se deve por eu simplesmente não ter entrado em contato com o produtor que vendeu primeiramente a mercadoria ao capitalista.Se isso tivesse acontecido, eu teria visto que seria muito mais vantajoso comprar diretamente do produtor do que do capitalista.Para o produtor, o capitalista é um simples comprador, e para o comprador o capitalista é um simples comerciante, de modo que a distinção capitalistaXcomerciante ou capitalistaXcomprador só pode ser observada pelo próprio capitalista.Para ilustrar esta afirmação pode-se citar uma frase de Benjamin Franklin: “Guerra é roubo, comércio é geralmente fraude”.

Lewis – As trocas são realmente necessárias?Se são, qual o motivo crucial para que sejam?

Marx – As trocas são necessárias apenas se, por exemplo, eu preciso de alguma coisa que não possuo, ou seja, determinada coisa tem valor-de-uso para mim.Se por acaso eu seja um produtor subsistente e não necessite de nada, então a troca é desnecessária.Tal situação é muito difícil visto que o ser humano é um ser social.Mais fácil seria se eu como produtor tivesse um excedente produtivo e o trocasse, logo este excedente tem valor-de-troca para mim.Com isso teremos alguém querendo trocar seu produto, ou seja, o produto tem valor-de-troca para esta pessoa, e alguém querendo adquirir este produto, ou seja, tal produto tem valor-de-uso para este indivíduo.Assim sendo, o motivo crucial para a necessidade das trocas é o confronto entre valor-de-uso e valor-de-troca.

Lewis – Lendo o capítulo referido pode-se encontrar o termo força de trabalho como mercadoria.Como isso pode ser explicado?

Marx - Primeiramente o uso do termo força de trabalho só pode ser entendido como mercadoria se alguém a põe à venda.O capitalista, procurando por esta força de trabalho, só pode encontrá-la como mercadoria mediante duas condições: a primeira é que ao vender sua força de trabalho o trabalhador não a venda por completo, pois se isto acontecer ele passa de vendedor de mercadoria a simples mercadoria; e a segunda é que o trabalhador não possa vender produtos onde esteja encarnada sua força de trabalho, sendo assim obrigado a vendê-la a um comprador, ou seja, um capitalista.

Lewis – Para finalizar.Você confirmou que a força de trabalho pode ser considerada uma mercadoria, mas não precisou como determinar seu valor.Então, como pode ser determinado tal valor?

Marx – O valor da força de trabalho é determinado pelo tempo de trabalho necessário para sua produção e conseqüentemente sua reprodução.O trabalho requer músculos, nervos, etc..., e estes têm que ter uma “manutenção” contínua.Como o detentor da força de trabalho pode morrer ou sua força se desgastar, ele deve perpetuar-se.Sendo assim, precisa se reproduzir.Logo o valor a ser pago pela força de trabalho deve garantir a subsistência do trabalhador e de sua família, a fim de perpetuar o sistema.