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 A Prostituição Infantil
Lauro Monteiro
Bens de consumo superfluos são o prêmio para a venda do corpo
Uma reportagem do DIA (16/03) abordou a prostituição infantil no paraíso turístico que é a Ilha Grande, próximo a Angra dos Reis. Meninas se prostituem em média por R$ 20,00. Algumas cobram R$ 10 para "rolar na areia" com os turistas. Na temporada de verão aumentam o número de garotas que vêm de Angra para a Ilha, a fim de se prostituirem. Com a concorrência, o preço da venda de seus corpos cai para R$5 (são chamadas de cinquinho). Isso é intolerável ! 

A reportagem relata a preocupação dos moradores da ilha e as dificuldades dos 30 ou 40 policiais lá baseados. Apesar da sensação de impotência, temos todos que nos manter indignados para buscar soluçoes, pois isso não pode continuar. Ações imediatas não resolvão, é lógico, a tragédia da prostituição infantil no Brasil, mas sem a participação imediata coercitiva e punitiva da polícia e da justiça, pouco adiantarão as medidas preventivas. 

Neste momento, a Embratur e o Ministério da Justiça estão empenhados em uma grande campanha contra a exploração sexual de crianças e adolescentes. As primeiras estatísticas sobre as denúncias que chegam à Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (ABRAPIA), ONG sediada no Rio e credenciada para receber denúncias de todo o Brasil, colocam o Rio no terceiro lugar em matéria de prostituição infanto-juvenil, precedido de Bahia e São Paulo. O atendimento telefônico inaugurado em 05/02 pelo presidente da República, é apenas uma das etapas do combate a esse tipo de prostituição, mas seguramente poderá, a médio prazo, 
 

mapear a situação em todo o país e mobilizar a sociedade e os governos. 
São providências saudáveis, mas a resposta maior é dada na impressionante entrevista, que complementa a reportagem do DIA, com Leila, jovem de 19 anos que vive da prostituição em Angra desde os 15. Ela agradece à amiga Ivete (que morreu de Aids) por lhe ter ensinado o caminho da prostituição, que a tirou da vidinha que levava quando trabalhava na sorveteria da cidade. Hoje, ela diz, sua vida se transformou: tem televisão a cores, vídeo, microondas e roupas da marca; ganha R$100 por programa, sonha em ter um carro e ir morar em Ipanema. O mais trágico é que essa pobre infeliz já se tornou modelo para adolescentes, como uma outra entrevista de 15 anos cujo sonho maior é "chegar ao status de Leila". 

Os Centros de Defesa da Criança e do Adolescente, em todo o Brasil, estão recebendo da Abrapia, diariamente, dezenas de denúncias de prostiuição infanto-juvenil. As polícias locais estão sendo mobilizadas. Caso exemplar foi o recente desmantelamento, pela Divisão de Proteção à Criança e ao Adolescente de Campinas, de uma rede de exploração sexual de 300 crianças, a partir da transmissão da Abrapia, para o SOS Criança de São Paulo, de uma denúncia telefônica de moradores do local. 

É fundamental uma reflexão profunda sobre o absurdo de adlescentes venderem seus corpos, às vezes para terem acesso a bens de consumo, supérfluos, que se constituem no grande apelo da nossa sociedade capitalista.

Retirado de : http://www.geocities.com/CapitolHill/Senate/9248/prostitu.htm