Rumos
e oportunidades para o software brasileiro
Por Fernando Nery
É o momento de se
repensar a política de informática brasileira. Sempre voltada
à indústria de hardware, esta política trouxe resultados
não palpáveis, a as oportunidades de se transformar o Brasil
em um produtor mundial de software ainda não foram aproveitadas.
Muitos procuram fazer exercícios de imaginação analisando
o que aconteceria se a política de informática tivesse sido
originalmente voltada ao software ou se a Cobra (que no inicio da década
de 80 possuía mais linguagens e sistemas operacionais que a Microsoft)
tivesse se posicionado como uma empresa de software. Não é
hora de negar o passado mas sim de aprender e traçar novos rumos.
Na década de 90,
os EUA conseguiram reverter uma tendência de perda de espaço
na economia mundial para os japoneses, que chegou a levar a um déficit
econômico e à tendência de desemprego nos EUA. A resposta
veio no investimento em tecnologia de ponta, na geração de
empregos de terceira onda e na capacitação dos recursos humanos.
As oportunidades no mercado
de alta tecnologia estão crescendo, e é necessário
identificar a vocação do produto de tecnologia brasileiro.
No Brasil o produto de maior potencial é a criação,
seja no futebol seja na evolução da literatura e da música
como produtos de exportação.
0 software se posiciona
exatamente neste segmento: criação. Outro elemento importante
é aproveitar as dimensões de nosso país e os desafios
iminentes. Educação à distância, telecomunicações,
turismo e saúde pública são alguns dos segmentos onde
podemos ter belas soluções, o que já foi demonstrado
em projetos nos quais o Brasil é respeitado mundialmente, como a
automação bancária, a entrega do Imposto de Renda
via Internet e as eleições eletrônicas.
O software brasileiro sempre
foi tratado de forma acadêmica; está na hora de o segmento
tomar-se um negócio. É necessário aumentar a capacitação
gerencial das empresas. As agências de exportação precisam
compreender melhor o segmento de software (hoje as exportações
brasileiras são vistas como operação de compra e venda,
enquanto no mercado mundial os grandes negócios com software têm
sido feitos através de capital de risco e fusões).
É preciso investir
nas grandes aplicações brasileiras como produto, incentivar
a informatização do pais, desenvolver aplicações
em Internet, incentivar a integração universidade-empresa,
investir no marketing e imagem do software brasileiro, promover a qualidade
de software e transformar as embaixadas em alavancadoras de negócios
no exterior. Temos o talento, a experiência, as oportunidades e o
potencial. Um trabalho conjunto entre o governo e a iniciativa privada
permitirá que o software seja um importante elemento na balança
comercial brasileira e na geração de empregos.
Retirado de http://www.modulo.com.br/noticia/a-rumos.htm
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