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A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL
André Viana Custódio
Josiane Rose Petry Veronese


A utilização de mão-de-obra infanto-juvenil não é fato recente em nosso país,

desde o período colonial esse tipo de trabalho tem sido utilizado. Com o processo de

industrialização, os agricultores empobrecidos no campo passaram a procurar as cidades e

ofereciam a atividade de seus filhos como forma de complementar seu trabalho e sua renda

familiar, circunstância essa que resultou ma concepção de que o trabalho é importante e

necessário à criança. O processo migratório se constitui noutro aspecto a ser acrescido

nessa análise, quando famílias de colonos, que se instalavam nos campos, precisavam de

"braços para a lavoura".

Esses fatos compõem uma estrutura social na qual o trabalho infantil é tratado com

naturalidade, especialmente em relação àquelas crianças oriundas das classes de menor

poder aquisitivo.

Entendemos que a infância é um período muito particular e que não deve ser

preenchido com a exaustão do trabalho, mas sim com atividades lúdico-pedagógicas, com

a escola e com o brincar. No entanto, a família encontra dificuldades em conciliar tais

atividades com a situação de extrema pobreza e exclusão social em que vivem. Diante da

fome, a trabalho das crianças torna-se não uma opção, mas uma necessidade.

Aí configuramos o momento em que se faz imprescindível a intervenção do Estado

e da sociedade. As políticas públicas para o trabalho e emprego devem priorizar a

capacitação e a qualificação profissional, bem como, efetuar o direcionamento, não das

crianças, mas de seus pais, para fontes de geração de renda. Mesmo assim, devem haver

programas de atendimento às crianças envolvendo atividades necessárias à sua formação,

através da compreensão de que criança é pessoa em desenvolvimento.

Evidentemente que o problema da exclusão social, é extremamente complexo, não

sendo possível a resolução em seu todo, através da ação estatal pela via das políticas

públicas, mas tais políticas, ao menos, possibilitam um certo controle, com vistas a reduzir

a exploração e dar condições de vida digna aos cidadãos e, principalmente, aos seus filhos.

Recordemos, ainda, que o trabalho infantil é, historicamente, muito importante

para a produção agrícola e industrial no Brasil, uma vez que as crianças são, em regra,

dóceis, disciplinadas, fornecem uma mão-de-obra barata, não organizada, e isso tudo influi

no preço final dos produtos, facilitando o lucro do empresariado.

Entretanto, quando crianças são colocadas com objeto de exploração o que se está

comprometendo não é uma vida singularmente considerada, mas o próprio futuro da

nação brasileira. Cabe, portanto, à família, à sociedade, ao Estado agir, efetivamente,

visando reverter esse quadro social, caso contrário, estaremos inevitavelmente condenados

a um futuro violento, desigual e injusto.

 

Retirado de: http://www.ccj.ufsc.br/~a9612212/crianca/bigacu2.txt