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     BRIZOLA TODO DIAArtigos (Diários) de Leonel Brizola - Esclarecendo a população (85)

Vencer com a verdade (03/10/98)

  • Alerta ao Povo Brasileiro(02/10/98)
  • Decidindo nosso futuro (01.10.98)
  • Esquema neocolonial (30.10.98)
  • Eleições viciadas (29.09.98)
  • Reflexão que se impõe (28.09.98)
  • A pretensão de um usurpador (26.09.98)
  • A hora da verdade (25/09/98)
  • Confissão do fracasso (24.09.98)
  • Quem pagará o pacote (23.09.98)
  • Conspiração contra o povo (22.09.98)
  • Escondem a verdade 20.09.98)
  • Um voto contra a traição(19;09.98)
  • Balanço de um fracasso (18.09.98)
  • Pesquisas não mentem jamais (17.09.98)
  • A crise acabou? (16.09.98)
  • O Presidente Mentiu? (15.09.98)
  • Dr. Nilo Batista (14.09.98)
  • Porque não LULA? (13.09.98)

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    É isto a estabilidade? (12.09.98)

Vencer com a verdade (03/10/98)

Um dia pode ser muito quando se diz a verdade. E o dia de hoje é aquele em que temos que procurar a todos - amigos, parentes, vizinhos - para dizer-lhes que este Governo e sua política não podem continuar, em nome dos direitos e da sobrevivência do povo brasileiro. O nosso país está se deteriorando, não por simples erros de uma política econômica, mas como conseqüência de atos criminosos de irresponsabilidade de um governo que - pela ambição de poder - chefiou não um Governo, mas uma imensa e lesiva fraude contra o Brasil.

Isto não é retórica, são fatos, os fatos que eles querem ocultar com a propaganda e a manipulação das finanças públicas. O Brasil está sangrando dólares. Ontem, e anteontem, saíram quase US$ 2 bilhões. Só em setembro, foram US$ 19 bilhões, mais de 30% de toda a renda do país (PIB) no mês. Em dois meses, perdemos US$ 30 bilhões, mais de 40% das tão decantadas reservas com que diziam contar. A crise está se aprofundando aqui a níveis alarmantes. O número de carnês em atraso, só em SP, cresceu 81% no mês passado, uma inadimplência recorde em 40 anos. Do emprego e da renda dos brasileiros, nem é preciso falar.

O fim do Governo Fernando Henrique são o epílogo de um fracasso e de uma trágica fantasia. Um Governo que nada fez, a não ser agarrar-se na popularidade de uma moeda falsamente estável e, por ela, endividar e arruinar o Brasil. Conquistas sociais, renda para os pobres? Vejam só este número desconcertante: se a dívida interna que o Governo Fernando Henrique contraiu (era de 61 bilhões em 95 e já supera os R$ 360 bilhões) fosse empregada em comprar os seus famosos frangos de R$ 1,00, daria para que cada família brasileira ganhasse, grátis, cinco frangos em cada um dos dias de seu mandato! E o que foi feito deste dinheiro: escolas, estradas, hospitais? Nada. Nada, senão pagar juros e mais juros à agiotagem que ele atraiu para cá!

Aí está o resultado da "competência" de um grupo de despreparados e de um presidente tolo e ambicioso. O Brasil está desmoralizado perante o mundo e, agora mesmo, este Governo ajoelha-se perante o FMI e os grandes bancos por empréstimos para assegurar a sua continuidade. O pacote de impostos e sacrifícios que virá logo após as eleições, e o próprio Governo já o admite. Depois, como já surge na imprensa, será a entrega da Petrobrás e de nossas reservas de petróleo, como fizeram com o México

Aos que, por ingenuidade ou má-fé, pretendem manter Fernando Henrique, alegando que ele tem experiência e preparo, é de se perguntar: experiência e preparo para quê? Para afundar o país? Seria o mesmo que pretender entregar de novo o comando àquele piloto que teimou em seguir o rumo errado e derrubou o avião na floresta, com o sacrifício das vidas que proteger?

Se o povo brasileiro, em sua generosa boa-fé, levou esta gente ao Governo, agora, certamente verá o quanto é indispensável o 2º turno nestas eleições, para haver o debate, descobrir a verdade e verificar que o voto em Lula é o caminho para mudar o Brasil.

Alerta ao povo brasileiro

O povo brasileiro precisa estar alerta, nestes dois dias que antecedem as eleições. Mesmo tendo montado a mais avassaladora máquina de poder, dinheiro, mídia, propaganda e pesquisas que já se viu na história deste país, o esquema governista, exatamente por estar apoiado na mentira e na manipulação, precisa fazer crer aos ingênuos que a eleição já está decidida. Precisa evitar, a qualquer custo, o 2º turno e que, nele, a população, com a igualdade de condições entre os candidatos e o debate, possa comparar e decidir. Precisam vencer já no primeiro turno para decretar, o mais rápido possível, o pacote econômico que preparam e, agora mesmo, acertam diretamente com o FMI. Sabem que o tempo corre nesta imensa armadilha econômica em que colocaram o Brasil para conservar uma falsa estabilidade da moeda que lhes viabilizasse a reeleição. Por isso, precisam iludir a população, fazê-la crer que estão sólidos e inatingíveis, mesmo quando sabem que sua farsa está prestas a desmoronar, e o que é pior: levando junto com ela o nosso país, atirado a uma crise de conseqüências imprevisíveis.

Durante estes dias da campanha eleitoral, as pessoas lúcidas e esclarecidas puderam observar que os poderosos deixaram de lado todos os escrúpulos e limites éticos. Desde a absurdo transformação do Governo da República em comitê da reeleição, até a manipulação da economia para favorecer o continuismo, fizeram de tudo, especialmente transformar os meios de comunicação e as pesquisas em instrumentos de indução e manipulação da opinião pública. Não há porque imaginar que, agora que nem mesmo os minúsculos espaços que tínhamos na televisão estão fechados, venham a agir de forma diferente. Tudo o que divulgarem, especialmente as pesquisas, será cuidadosamente estudado. É preciso continuar induzindo para que o resultado das urnas seja não a vontade livre do povo brasileiro, mas o produto da manipulação de sua boa-fé. O dever que se impõe a cada um de nós é imenso. A única arma de que dispomos para enfrentar esta imensa armação é a força cortante da verdade. Precisamos, sobretudo, desfazer preconceitos e idéias falsas que os meios de comunicação inculcaram em muitas pessoas. Se Lula é um despreparado, como apregoam os pretensiosos, por que é que o laureado intelectual Fernando Henrique Cardoso tema tanto o debate? Se o atual Governo é tão competente, por que é que multiplicou por seis a dívida do país, por que cortou à metade as verbas da saúde, por que tirou dinheiro da educação, do transporte, dos Estados e Municípios e ainda assim não conseguiu sequer equilibrar as finanças públicas? Vamos esclarecer consciências, mostrar que, no mínimo, precisamos do debate, para que a população possa julgar com lucidez e não eleger um presidente como se a eleição fosse um concurso de pesquisas e propaganda. O Brasil precisa de um Presidente firme, sincero, que não seja um tapeador. É isso o que o nosso povo precisa alcançar nestas eleições, porque só assim teremos mudanças e novas oportunidades. E que o Brasil não seja uma nação humilhada, como está sendo agora, mas a terra da prosperidade e da justiça.

Decidindo nosso futuro (01.10.98)

O esquema que reuniu o poder econômico, a mídia, as pesquisas, com todos os atropelos à legitimidade constitucional que assistimos, enche Fernando Henrique Cardoso de uma convicção pretensiosa de que será reeleito e o leva a preparar novos atos de usurpação e fraude contra o povo brasileiro, uma espécie de corolário deste período infame que foi sua passagem pela Presidência da República. Não será o povo brasileiro quem estará decidindo livremente nas urnas os destinos de nosso país nos próximos anos. Ao contrário, os rumos de nosso país podem vir a ser decididos muito longe daqui, no exterior, onde os enviados do presidente-candidato começam a receber as ordens e exigências do FMI e das finanças internacionais para que socorram o caixa falido desta administração irresponsável e incapaz, para que os capitais especulativos que aqui lucraram bilhões possam retomar com segurança, para novos lucros bilionários.

Milhões de pessoas ingênuas darão votos a Fernando Henrique pelo que ele falsamente promete na televisão. Mas os seus verdadeiros compromissos estão sendo assumidos agora, à revelia do povo brasileiro, nos acordos que está fechando com o FMI, compromissos que nada têm a ver com modernidade ou justiça social. Ao contrário, são o retrocesso e a injustiça, porque representam o desmonte do que nos resta de produção autônoma, na indústria e na agricultura, o aprofundamento da dominação colonial de nosso país e o empobrecimento sem precedentes do povo brasileiro. Este é o preço oculto da reeleição de Fernando Henrique e ele está disposto a pagá-lo, com sua vaidade e ambição desmedidas: a entrega impiedosa e desumana dos direitos e aspirações do povo brasileiro.  Se ocorrer o absurdo de Fernando Henrique ser guindado de novo à Presidência no 1º turno, empurrado por pesquisas, propaganda e dinheiro, fugindo do debate público, acobertado pela mídia, escondendo a verdade da população, enquanto se prepara para apunhalá-la pelas costas, seu Governo nasceria sob o signo do golpe, da ilegitimidade e do desprezo público.  Nenhum esforço é demais para que evitemos esta catástrofe para o nosso país. Cada um de nós, com a consciência cívica, com o amor à pátria e aos nossos semelhantes - que poder ou dinheiro algum conseguem calar - tem diante de si o desafio de levar Lula ao 2º turno, para dar ao povo brasileiro a chance de ver a realidade e não a falsa propaganda e, então, decidir livremente. Esta é uma luta desigual, injusta. Mas, por isso, para nós, plena de honra e de valor. Vamos à luta. E que Deus proteja o Brasil.

Esquema neocolonial (30.10.98)

Se alguém dissesse a qualquer pessoa que iria dobrar os juros que ela paga ou que iria aumentar os impostos que lhe são cobrados, não há a menor dúvida que a sua reação seria negativa e, até, de revolta. Pois não é estranho e incompreensível que as pesquisas eleitorais e os meios de comunicação busquem convencer o povo brasileiro de que Fernando Henrique, ao aumentar os juros e admitir que fará o mesmo com os impostos, tenha crescido seus índices eleitorais. Ou que, depois de ter levado, com sua política econômica desastrosa e irresponsável, o Brasil a esta iminência de caos, pudesse ser o mais indicado para enfrentar a crise? Pois é exatamente isso o que acontece, um esquema monstruoso, com todo o poder do dinheiro e da mídia, pretendendo tanger o povo brasileiro e dar um voto absurdo, contra os seus próprios interesses e direitos. Cinqüenta anos depois, a palavra de ordem do governismo é a mesma que marcou o nazismo: ‘uma mentira, repetida um milhão de vezes, transforma-se em verdade.’ Fernando Henrique é a dominação  O Brasil está submetido a um regime antidemocrático e com características ditatoriais, embora formalmente se preservem, mesmo depois dos atropelos da reeleição do Presidente com a permanência no cargo, algumas formalidades democráticas. As camadas políticas e empresariais que controlam a vida brasileira, a generalidade dos meios de comunicação e, sobretudo, os interesses financeiros internacionais fazem da reeleição, como disse - numa atitude comprometedora e deplorável - o próprio Presidente do SE, algo ‘indispensável para a manutenção e a consolidação de um modelo econômico que foi implantado no Brasil’. Precisam impor ao povo brasileiro a reeleição de Fernando Henrique em nome da manutenção de seus interesses e privilégios econômicos, que estão drenando a riqueza e o trabalho desta Nação num ritmo jamais visto em nossa história. Não querem que o povo brasileiro eleja um presidente pela sua capacidade de governar bem o país e resolver ou minorar os sofrimentos e carências de nossa população; o que exigem é a presença, na chefia do Governo, de alguém que não hesite em sacrificar a Nação para preservar os arranjos lucrativos que aqui o mantém no poder.Um voto contra a crise e o autoritarismo O autoritarismo impõe-se menos pela força que pela intimidação. Usam, agora, como elemento de amedrontamento e terror, a volta da inflação e a estabilidade da moeda como usavam, 30 anos atrás, o golpismo ditatorial usava a ameaça comunista e a salvação da democracia. Não há mais limites ou escrúpulos para seus planos de conservar o poder e, como este infeliz episódio envolvendo o Presidente do TSE o comprova, nem mesmo se pode confiar que a neutralidade e na vigilância da Justiça Eleitoral possam nos colocar a salvo da fraude eleitoral como último recurso para evitar o segundo turno e o debate que, a todo preço, evitam com a finalidade de manter o povo brasileiro às escuras, e fazê-lo votar contra os seus próprios interesses. Nós, da oposição, temos de usar estes últimos dias com energias redobradas, com a força da verdade que não vai calar, para levar Lula ao segundo turno e dar a esta Nação uma chance de se salvar do desastre econômico social e da tiranos neoautoritária.

Eleições viciadas (29.09.98)

O ambiente de anomalia e parcialidade em que estão mergulhadas estas eleições chegou ao imprevisível. Agora, depois do atropelo de uma reeleição concebida por encomenda do atual Presidente, depois da escandalosa permissão legal (mas legítima) de que ele concorra no exercício do cargo, depois de uma distribuição dos espaços de propaganda que sufoca a oposição, é o próprio Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a quem competia conduzir o processo eleitoral com isenção e neutralidade, que se põe a integrar, na prática, a máquina de favorecimento ao presidente-candidato, ao declarar que considera "indispensável" a sua continuidade no Governo. Esta absurda declaração do Sr. Ilmar Galvão está gravada, indesmentível e coloca o seu afastamento como um imperativo moral e ético, não apenas para ele, mas para todo o TSE. A Justiça Eleitoral, caso prevaleça o corporativismo entre seus mais altos magistrados será colocada sob suspeita.

União por eleições limpas

Tudo tornou-se tão grave que nos levou ao posicionamento conjunto com o ex-governador Ciro Gomes, alertando o povo brasileiro sobre a crescente perda de legitimidade desse processo eleitoral. Armou-se uma grande trama para ocultar do povo brasileiro a verdadeira situação em que se encontra nosso país. Há um golpe político em marcha para iludir a boa-fé da população e apunhalá-la pelas costas, com a decretação de um pacote econômico que significará o contrário do que lhe tem sido dito pela campanha do presidente-candidato. Desde uma legislação casuística, destinada a silenciar a oposição à articulação do poder econômico, das pesquisas e da mídia, formou-se para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso uma máquina avassaladora que nega os mais básicos fundamentos da democracia. Contingentes enormes da população estão sendo levados a dar um voto em um candidato que prepara, nas sombras, um "pacote" que é o contrário do que afirma sua campanha, inclusive com a desvalorização do real, como revela a imprensa internacional. Denunciar este processo autoritário, estas violações sucessivas é o dever de todos os brasileiros honrados e fiéis à democracia e à soberania do povo brasileiro. Este é um processo que se iniciou. Outros irão se unir a esta denúncia cívica, como, por exemplo, temos certeza o fará o Brigadeiro Ivan Frota, alguém que representa os sentimentos de nacionalidade de nossas Forças Armadas. Iremos às últimas conseqüências para defender a lisura num pleito que vai cada vez mais tornando-se escandalosamente viciado.

Lições da Alemanha

A eleição do social-democrata Gerhard Schoeder na Alemanha, seguindo o que já tinham feito Inglaterra, França e Itália, mostra que a Europa aponta o caminho da verdadeira modernidade. As vitórias sucessivas da esquerda mostram que os povos mais lúcidos e bem informados perceberam que o chamado neoliberalismo, este que marca a política econômica de Fernando Henrique, só leva à crise. Os alemães, aliás, deram uma boa lição aos pretenciosos que, no Brasil, não admitem votar e, Lula por sua origem operária. O novo primeiro-ministro alemão é filho de um faxineiro. Aqui, porém, o laureado intelectual Fernando Henrique Cardoso, com todos os seus títulos, foge do debate com Lula, aquele a quem considera despreparado. Só o debate, com o 2º turno, poderá revelar a verdade ao povo brasileiro.

Reflexão que se impõe (28.09.98)

Hoje é o último domingo antes das eleições, um dia em que é necessário refletir sobre a decisão que todos iremos tomar dentro de uma semana. Os que admitem votar pela continuidade de Fernando Henrique devem pesar bem as conseqüências que advirão deste ato, não só para o Brasil como para a sua própria vida.

Em primeiro lugar, dar um voto ao presidente-candidato significa permitir que, logo depois das eleições, seu Governo decrete o pacote "Real 2", aumentando impostos, preços, juros e tudo o mais e o que será exigido pelo FMI e os banqueiros internacionais, para os quais Fernando Henrique se volta agora como última tábua de salvação de sua política econômica. Nem mesmo o Governo e a mídia que o apóia são capazes mais de negar que estas medidas virão. O que se preocupam em fazer é, tão-somente, camuflá-las e evitar que a população saiba exatamente o que será feito.

Em segundo lugar, é bom que os que pretendem dar um voto a Fernando Henrique saibam que a "estabilidade" do real acabou, continue este Governo ou não. O esquema de endividamento do Governo e a entrada do capital estrangeiro está mais que axaurido, na verdade, inverteu-se. Os dólares que entravam e sustentavam a moeda brasileira, agora saem, em grande quantidade e velocidade. Nem mesmo juros estratosféricos são capazes de detê-los, porque sabem que as finanças deste Governo, simplesmente, quebraram. Não há ninguém, nem no próprio Governo, que ouse afirmar que esta drenagem de recursos vá parar. Não vai. O real está pendurado apenas nas reservas que vão minguando, derretendo-se como uma pedra de gelo sob o sol.

Finalmente, a vitória de Fernando Henrique significa lançar o nosso país na iminência de uma conflagração político-social de conseqüências imprevisíveis. A vaidade e o autoritarismo que marcam o atual presidente, depois de uma eventual vitória no primeiro turno, perderão de vez todos os freios e escrúpulos. Sentir-se-á legitimado para fazer aquilo que, agora, não diz ao povo brasileiro. A reação das massas populares, ao descobrirem-se traídas em sua boa-fé, a verem-se diante de um pacote e de um arrocho e empobrecimento, logo após as eleições - como foi o Cruzado 2 de Sarney - será de uma indignação e revolta muito graves. Se a crise brasileira já é séria agora, imagine-a diante de uma situação de convulsão social e de falência da autoridade e respeitabilidade pública do Presidente e seu Governo.

Diante disso, os que pretendem negar um voto a Lula e à oposição, em razão de preconceitos e temores infundidos pela mídia, devem se perguntar: por que não adotar uma decisão prudente e segura? Por que não o 2º turno, numa eleição onde um candidato criou a reeleição para si, disputa sem deixar a presidência e tem o apoio monolítico da mídia? Por que não mais apenas 20 dias, para que possamos ver se, de fato, virá ou não o "pacotaço"? Por que não o debate em condições igualitárias, entre Fernando Henrique e Lula, para que vejamos qual dos dois fala com mais sinceridade e demonstra maior capacidade e lucidez para enfrentar esta crise? Pense bem. O 2º turno é a chance que cada brasileiro terá de descobrir a verdade, sem a máquina das pesquisas e da propaganda. E, assim, dar um voto consciente, esclarecido e firme.

A pretensão de um usurpador (26/09/98)

O senhor Fernando Henrique Cardoso age hoje – ainda que com conseqüências infinitamente mais graves – com a mesma vaidade e presunção que o levou à derrota nas eleições para prefeito de São Paulo, em 1985. Todos se recordam que, naquela ocasião, o atual Presidente-candidato, embalado, como agora, pelas pesquisas que lhe asseguravam uma vitória tranqüila dali a poucos dias, sentou-se majestosamente na cadeira de prefeito e exibiu-se para os fotógrafos. Como todos sabem, foi derrotado nas urnas.  Agora, porém, a gravidade de tudo é muito maior que a daquele ímpeto de vaidade. Fernando Henrique considera-se eleito e está tomando decisões que serão colocadas diante do novo governo como fatos consumados. O acordo com o FMI, a decisão sobre o aumento de impostos, os cortes nas verbas da educação, de saúde e dos serviços essenciais são decisões para o novo Presidente e ele as trata como se já o fosse. Chega ao ponto de despachar seus ministros para o exterior à cata de dólares antecipados pelas vendas futuras de empresas estatais para conseguir fechar o caixa arruinado de seu fim de governo. Tudo está sendo comprometido como se as eleições fossem uma simples formalidade burocrática.A verdade é que o Presidente-candidato age outra vez como um usurpador dos direitos do povo brasileiro. Procede como se já tivesse ganho , antecipadamente, as eleições, substituindo os votos dos cidadãos pelas pesquisas que ele e os grupos que o apoia encomendam a peso de ouro. Os seus auxiliares e ele próprio perderam qualquer tipo de prudência e escrúpulo moral quanto às decisões que vão afetar a nova administração. O Governo lhe pertence, exatamente como consideram os Menem e Fujimori.Como ocorreu daquela vez em São Paulo, a população está observando tudo. É possível perceber que, nos últimos dias, contingentes imensos do povo brasileiro passaram a perceber o golpe eleitoral que está sendo tramado e a tomar conhecimento de que se prepara um pacote terrível, com aumento de impostos, preços e tudo quanto aquilo que o FMI e a especulação internacional exigem para socorrer um governo cuja política econômica simplesmente fracassou.Estes poucos dias que faltam para a eleição valerão por meses. É a hora me que milhões de pessoas verão que, por detrás da cortina de propaganda e promessas da campanha governista, o que se esconde é a preparação de um arrocho e um empobrecimento sem precedentes para o nosso país e para o nosso povo. O 2º turno virá e, com ele, a cidadania poderão então assistir ao debate do qual Fernando Henrique foge hoje, Cada um de nós, agora, tem o dever cívico de esclarecer a todos os que pudemos. Temos de mostrar que o voto em Lula é mais que um voto na oposição, é um voto em nosso próprio direito de saber a verdade e, diante dela, decidir o que é melhor para nós, nossos filhos e nosso país.

A hora da verdade (25.09.98)

A partir de ontem, felizmente, muitos passaram a se dar conta daquilo que vínhamos alertando à Nação. Tornou-se evidente e indesmentível que o Governo Fernando Henrique Cardoso prepara o seu "pacote" pós-eleitoral, com aumento de impostos, corte nos gastos sociais, arrocho e empobrecimento do Brasil e do povo brasileiro. Não somos mais nós, da oposição que o dizemos, mas todas as pessoas informadas que se apercebem de que a resposta que o Governo pretende dar à crise não representa senão um aprofundamento da mesma política irresponsável e artificial que nos levou à ela e que as medidas que o governismo pretende tomar só vão representar mais sofrimento, atraso e dependência para o povo brasileiro.  Ontem, a Folha de S. Paulo, em editorial de primeira página, recordando que Fernando Henrique quintiplicou a dívida pública brasileira (de R$ 61 bilhões para R$ 304 bilhões, em março deste ano) é quem aponta este endividamento monstruoso como ‘o esteio’ do Plano Real e afirma que ‘o governo endividou o país para manter um quadro artificial de bonança econômica e estabilidade política’. A verdade é uma só: o Governo Fernando Henrique, possuído pela obsessão da reeleição, agiu irresponsável e levianamente, levando o país ao impasse em que nos encontramos agora para manter uma falsa estabilidade da moeda e, com ela, a chance de - agarrado ao real - induzir o povo brasileiro a dar seu voto a um governo inoperante e incompetente. Tudo foi queimado - empresas públicas, a agricultura, o pequeno e médio empresariado nacional e o emprego de milhões de brasileiros - na fogueira da vaidade continuísta.Tudo isso, agora, vai cobrar seu preço em sacrifício ao povo brasileiro se não nos mobilizarmos, com a força da verdade que quer saltar aos olhos do nosso povo. Propaganda, pesquisas, tudo vem sendo e será usado para tentar fazer com que estes dez dias decisivos se passem sem que a população perceba o que já não podem mais esconder. Temos de nos desdobrar para dizer ao povo brasileiro que, se quer evitar que o Brasil seja atingido pelas costas, sem ter a chance sequer de se defender, por um pacote de medidas terríveis, então precisa dar um voto à oposição, levando as eleições ao 2º turno. Aí, em condições igualitárias, com debates, com uma grande discussão nacional, o povo brasileiro terá a chance de conhecer a verdade que lhe é ocultada pelo poder econômico e por grande parte dos meios de comunicação.Nestes dias que nos separam de 4 de outubro, temos um dever de consciência. Cada um de nós deve procurar, junto à família, aos vizinhos, no ambiente de trabalho ou com seus amigos, alertar a todos da gravidade da decisão sobre o voto. Que todos ajudem a despertar a convicção pública de que o segundo turno é a chance que o povo brasileiro precisa para escolher, com democracia e lucidez, os destinos do Brasil.

Confissão do fracasso (24.09.98)

O discurso do Sr. Fernando Henrique Cardoso, ontem, foi mais uma destas peças de cinismo e hipocrisia que têm marcado o seu Governo. Agora, o grande vilão da crise é o déficit público e ele anuncia que irá reduzi-lo com energia. Mas o que fez, então, em quase quatro anos de mandato? Onde foi que jogou os bilhões e bilhões da venda das empresas públicas? Como é que, desde o início do seu Governo, este déficit tem aumentado enormemente, mesmo com estas entradas de recursos? Isto é a prova confessada de que a política econômica deste Governo foi um total fracasso. Não só não resolveu como agravou de forma explosiva o déficit público, com os juros monstruosos que este Governo passou a oferecer para atrair a especulação internacional, a fim de manter assim uma falsa estabilidade da moeda e, deste modo, viabilizar aquilo que é o seu único objetivo, a obsessão em se reeleger.O povo brasileiro precisa saber que, por trás deste discurso tecnocrático, os cortes no "déficit" querem dizer uma redução ainda maior naqueles recursos para a educação, a saúde, a agricultura, o saneamento, as estradas que, desde o início do Governo Fernando Henrique, já vinham sendo cortados. Vai se tirar mais daí para cobrir os bilhões em juros a serem pagos pelo Governo todo mês! Esta é a verdade, que o presidente-candidato não diz e que revela que todas as suas promessas de candidato não passam de mistificação: não haverá empregos, nem escolas, nem hospitais, nem estradas feitas com o dinheiro do Governo porque este dinheiro tem um destino inconfessável: juros e mais juros à especulação. Mas a hipocrisia não pára aí. Dito da maneira cifrada, para que a população não compreenda e só as elites e grupos econômicos recebam a mensagem, o presidente-candidato confirmou tudo o que nós da oposição vimos denunciando, a começar pelo acordo com o FMI. A história de uma ‘linha de crédito’ à disposição para emergências não passa de simples balela. Qualquer pessoa esclarecida sabe que o FMI não tem 40 ou 60 bilhões de dólares para deixar parados, à espera do Brasil e que muito menos vai usá-los em caridade. Será um acordo, com exigências, regras, garantias e juros, como é qualquer empréstimo. O país apanhará dinheiro com juros para pagar juros! Os sacrifícios que o FMI exigirá do país, como bem se recorda o povo brasileiro, virão aí: mais impostos, mais arrocho sobre a produção, mais desemprego, mais pobreza.  O discurso de Fernando Henrique, porém, mostrou apenas a ponta deste enorme iceberg que será o pacote pós-eleitoral. O pior só será conhecido depois que as pessoas ingênuas tiverem sido iludidas com sua boa-fé - como fez Sarney com o Cruzado II - ou se deixado levar por um preconceito tolo e sem razão de ser. Um voto na oposição, um voto em Lula, passou a ser um dever de consciência, um dever patriótico, para todos quantos querem impedir este crime que está sendo preparado contra o povo brasileiro.

Quem pagará o pacote (23.09.98)

Dia após dia, os fatos vêm confirmando as advertências que nós, da oposição, nos pequenos espaços de que dispomos, estamos fazendo ao povo brasileiro. Pela segunda vez, o Ministro Pedro Malan admite um novo aumento de impostos após as eleições. Como o Governo Fernando Henrique não aumentou impostos para a especulação financeira (ao contrário, os diminui, como fez há poucos dias isentando os investidores estrangeiros do Imposto de Renda) é fácil constatar que o dinheiro necessário para pagar estes juros monstruosos virá do trabalho e da produção do povo brasileiro. Por isso, os empresários brasileiros, os produtores rurais e a classe média, devem desde já ficar sabendo: não é apenas o povoão trabalhador que irá arcar com o peso do brutal pacote pós-eleitoral que Fernando Henrique prepara-se para baixar. Se o continuísmo vencer, haverá uma onda de falências, de endividamento, de aumento de impostos e de perda de renda como poucas vezes já se viu neste país. Só os tolos e ingênuos não vêem que se tornou impossível ao Brasil pagar R$ 60 bilhões de juros por ano. Nem queimando o preço vil para fazer caixa o que nos resta de empresas públicas - e a Petrobrás será a próxima - virá dinheiro novo para o Brasil. Dinheiro de fora, agora, só o do FMI, com as condições e conseqüências que todos recordam. Que ninguém se iluda, portanto: o mundo das finanças internacionais não vai ajudar o Brasil pelos belos olhos de Fernando Henrique ou pelos seus títulos universitários. Vai, sim - sabendo que este Presidente segue docilmente todo o que lhe determinam - ordenar-lhe que ponha o pé sobre o pescoço dos brasileiros e garanta o dinheiro (e os régios juros) que a especulação colocou aqui.  As conseqüências do arrocho e da crise que se seguirão ao pacote serão terríveis. Não apenas o nosso país está exaurido e a situação social explosiva, quanto teremos imensas massas da população que se verão traídas em sua boa-fé com propaganda e falsas promessas e um Governo sem qualquer autoridade moral sobre a Nação. A revolta da população que se viu em relação a Sarney depois do pacote pós-eleitoral do Cruzado 2 será um nada perto da onda de indignação que tomará conta do país. Um presidente desmoralizado perante seu povo significa mais que um governo fraco: significa um país fraco e desmoralizado.Nós, da oposição, ao contrário do que diz a propaganda continuísta, não desejamos e muito menos criamos o caos. Ao contrário, um voto em Lula é a única forma de termos um Governo que encare com responsabilidade as dificuldades que o Brasil irá atravessar, um Governo que procure preservar, acima de tudo, o trabalho, a renda e o emprego da população, um Governo que seja capaz de negociar com soberania a solução dos impasses externos. Lula, no Governo, será capaz de chefiar um Governo assim, porque um Presidente só é respeitado quando fala a verdade, quando é sincero, honesto e jamais admite que seu povo possa ser enganado e sacrificado.

Conspiração contra o povo (22.09.98)

A esta altura, no exterior, a imprensa e os grupos econômicos já falam abertamente que o Sr. Fernando Henrique Cardoso baixará pesados ajustes econômicos (um pacote) logo após as eleições. Da mesma forma, os grupos influentes daqui também já o sabem. Todos estão, há dias, tomando as medidas ao seu alcance para protegerem seus interesses políticos e financeiros. Indefeso, ignorando o que tramam às suas costas, só mesmo o povo brasileiro.

Com efeito, instalou-se em nosso país uma espécie de unanimidade das camadas superiores, com os meios de comunicação agindo de forma monolítica para produzir uma crosta de desinformação sobre o nosso povo, ocultando-se assim a gravidade da situação em que o Brasil se encontra.

Lá fora, estas manobras são do desconhecimento público. Vejam o que diz o jornal inglês The Daily Telegraph: "a Globo, a mais poderosa rede de TV brasileira, deu instruções ao seu pessoal sobre como lidar com a crise que ameaça o Brasil (...) com uma longa e profunda recessão" e que, "graças ao apoio dos meios de comunicação à sua reeleição", Fernando Henrique, "consegue mandar sua mensagem para o exterior, enquanto a maioria dos brasileiros fica às escuras sobre o que vai acontecer".

Tornou-se, pois, evidente que há uma conspiração em marcha contra o povo brasileiro. Não há limites para a manipulação, no uso da mídia, da propaganda e das pesquisas como instrumento da promoção eleitoral do presidente-candidato. Igualmente, já não há escrúpulos ou controles na queima de bilhões de dólares das reservas brasileiras para que se protele, até o dia 4, o completo colapso fiananceiro do país. E pior: procuram induzir as pessoas ao absurdo de que ele, o grande responsável pelos efeitos da crise no Brasil, seria o mais indicado para resolver a situação.

É nesse ambiante viciado, em meio a mentiras e deturpações, que o povo brasileiro irá às urnas escolher seu novo Presidente. De um lado, como se vê, estará o candidato que se apoia nesta grande situação de mentira e ocultação que se despeja sobre a Nação. De outro, nós, da oposição, que temos de enfrentar todas as dificuldades e limitações com aquilo que é o grande compromisso com a população, a nossa grande arma: a verdade.

Aqueles que têm acesso a um mínimo de informação; aqueles que se julgam possuidores de bom-senso e de responsabilidade; aqueles que não se tornaram simples teleguiados pela mídia, têm de saber que o voto na continuidade do atual presidente é a decisão de continuar no caminho desastroso que nos levou a este quadro de crise e, agora, à iminência de um pacote cruel, com aumentos de preços e de impostos, com mais recessão e desemprego, sob o patrocínio do FMI e da banca internacional. A esta altura, o voto na oposição, o voto em Lula, é a única defesa ao alcance da população para protestar, resistir e evitar que se consume este crime contra o Brasil e o povo brasileiro.

Escondem a verdade (21.09.98)

Há 20 dias, chegou ao Congresso a proposta do governo para o Orçamento de 99. É um documento público, com data fixada na Constituição para ser apresentado, mostrando onde e como o governo pretende gastar o dinheiro dos impostos que a população paga. No entanto, este documento está sendo sonegado ao conhecimento público pelo Sr. Antônio Carlos Magalhães, em conluio com o atual Presidente-candidato. Fernando Henrique sabe que ali está a confissão, assinada por ele, de que são falsas as realizações e, sobretudo, as promessas que faz na televisão. Tudo é pura mistificação.

Os dados são oficiais, obtidos pela Assessoria Técnica do PDT na Câmara dos Deputados, e o índice de inflação usado é oficial. Não contêm, ainda, os cortes brutais decretados há dias. Os relativos a 99 foram obtidos junto a pessoas que se revoltaram contra a sua ocultação.

Vejam os números:

Saúde: em 95, os gastos federais para a área eram de R$15 bilhões. Com a inflação de 43%, deveriam ser hoje de R$ 21,49 bilhões. Em 98, o orçamento é de R$ 14,5 bilhões. Redução dos gastos com a saúde de mais de 32%. Sem contar os R$ 6 bilhões da CPMF. Segundo o ex-ministro de Fernando Henrique, Adib Jatene, a saúde perdeu mais de R$ 10 bilhões.

Educação: As verbas da pré-escola, ensino fundamental, médio, superior, supletivo, educação física e especial, pesquisas e bolsas de estudos de R$ 10,7 bilhões, em 95. Corrigidas pela inflação, deveriam ser, em 98, de R$ 15,3 bilhões, mas são R$ 11,2 bilhões. Uma redução de 26% verbas! Para fazer uma maquiagem contábil o governo soma mais de R$ 3 bilhões que retira dos estados municípios para o Fundo de Ensino Fundamental.

Segurança: Mais um dedo daquela famosa mão. Em 95, a verba era de R$ 916 milhões. Reajustada, deveria, agora, ser de R$ 1,3 bilhão, mas é de, apenas, R$ 1 bilhão. E em 99, antes dos cortes baixava para R$ 853 bilhões, isto é, uma redução real de 35%.

Habitação: Outro dedinho da mão, tinha, em 95, R$ 1,6 bilhão. Corrigindo pela inflação, deveria Ter, em 98, R$ 2,4 bilhões. Mas tem, este ano, apenas R$ 1,5 bilhão e em 99 menos ainda, R$ 1,18 bilhão, ou seja uma redução de 50% em relação a 95.

Agricultura: Os valores dos programas de reforma agrária e colonização e política de preços agrícolas, somavam, em 95, R$ 2,83 bilhões, pela inflação deveriam ser, hoje, de R$ 4 bilhões, mas somam, este ano, R$ 2,45 bilhões, numa queda real de 40%. Ano que vem, verbas ainda menores, R$ 2,38 bilhões.

Aí está, em números oficiais, o que o gorverno tem feito naquilo que interessa ao povo brasileiro. A área em que o governo está gastando mais, muito mais é uma só: juros e mais juros.

Só este ano serão R$ 50 bilhões. Ano que vem, mais ainda com estas taxa de juros brutais que o governo impôs. Se você quer um governo que gaste cada vez menos em saúde, habitação, educação, segurança, saneamento e tudo aquilo que o Brasil precisa, então dê o seu voto a Fernando Henrique. É para isto que ele quer continuar no Governo. E pe por isso que o povo brasileiro precisa dezer-lhe sonoro não, votando em Lula para Presidente.

Um voto contra a traição (19/09/98)

Dentro de duas semanas, o povo brasileiro vai escolher um dos caminhos desta encruzilhada que a história coloca diante de nós, às vésperas de ingressarmos num novo milênio. Um deles é o caminho que estamos, e que já mostrou onde nos vai levar. O Brasil está afundado na crise, endividado, humilhado, submetido mais completa dependência dos interesses internacionais. Sequer temos um Governo, o que temos é um Presidente que só cuida de ajustar (e a que preço!) a vida brasileira ao que interessa ao grande capital internacional. Sua preocupação são os investidores, não os desempregados, o fluxo de dólares, não a saúde, os arrematadores de empresas públicas, não as crianças e a educação. O povo brasileiro, seu trabalho, suas empresas e produtores, as riquezas do país, tudo isso é apenas um corpo a ser despojado.

Com efeito, este Governo que não pensa em desenvolvimento, nem em bem-estar, nem em melhores padrões de vida e de educação para o povo brasileiro. Fernando Henrique não é o presidente dos cidadãos brasileiros, mas o presidente da moeda, desta ficção econômica que se tornou o real. Em nome de sustentar uma falsa estabilidade, levou o país a um endividamento paradoxal, arruinou a indústria brasileira, vendeu as empresas públicas, fez falir milhares de trabalhadores, fez regredir a produção agrícola, tornou o país importador, enfim, tudo aquilo que pode ser resumido numa palavra, aquela que sustenta toda a sua política: juros, juros monstruosos, para aqueles que, aqui ou lá fora, querem ganhar montanhas de dinheiro à custa da ruína do Brasil.

Fernando Henrique parece cada vez mais um cópia sofisticada de Sarney. Este viu na manipulação de uma moeda apresentada como estável (o Cruzado) a forma de vencer as eleições e prorrogar o mandato que lhe caiu do céu. O atual presidente, desde o primeiro dia, viu no real o caminho para atropelar a Constituição e conseguir mais um mandato. Todo o seu Governo foi voltado para isto e nada mais. Agora porém, Fernando Henrique caminha para mais uma semelhança com Sarney, um semelhança trágica para o povo brasileiro. Há um pacote cruel pronto para ser imposto ao país logo que terminarem as eleições, exatamente como foi o Cruzado 2. Mais impostos, preços subindo, mais falências e desemprego e o acordo de submissão colonial, a esta altura já mal - disfarçado, com o FMI. Será imprevisível reação dos ingênuos que lhe tenham dado o voto na ilusão de "defender a estabilidade", quando receberem esta punhalada pelas costas.

O outro caminho é o voto em Lula, um homem comum, lutador, brasileiro como nós, que traz na sua história e no seu coração, o rosto deste país. Com ele, é o povo brasileiro que chega, em carne e osso, ao Governo desta nação.

Balanço de um fracasso (18.09.98)

Quando um governo pretende a reeleição, como Fernando Henrique faz com tanto empenho, é natural que qualquer eleitor, antes de dar-lhe um voto, faça um balanço do que foi o seu governo e da sua capacidade de administrar o país. E o que nos revela até mesmo uma rápida avaliação do Governo Fernando Henrique?

Examinemos a situação econômico-financeira do país. Em 94, a dívida externa do Brasil era menos de US$ 130 bilhões; hoje sobe a US$ 240 bilhões, quase o dobro. A dívida pública interna, que fechou o ano de 94 em US$ 62 bilhões, passou, em junho deste ano a US$ 326 bilhões e deve chegar a dezembro a R$ 400 bilhões, seis vezes mais! Governo algum, na história, jamais endividou o Brasil sequer um décimo do que fez o de Fernando Henrique.

Acaso esta dívida serviu para investimentos produtivos, ou para obras? Praticamente tudo foi gasto pagando os juros que o próprio Governo oferecia para atrair dólares e formar estas reservas em dólar que estão se esvaindo, agora, com a fuga de capitais. Nosso país paga de juros, todo mês, mais de R$ 5 bilhões! Neste saco sem fundo é que foram jogados todos os recursos da venda, a preço de banana, das valiosíssimas empresas públicas leiloadas por Fernando Henrique, numa gigantesca dilapidação.

A explicação do Governo e dos grupos que o sustentam é que os juros são necessários para financiar o déficit público. Basta olhar as contas oficiais e ver que os juros são o próprio déficit.. O déficit público é, simplesmente, o que o Governo vai pagar em juros: mais de R$ bilhões, só este ano!

E o pior são as conseqüências deste absurdo: o Brasil tem hoje 13 milhões de pessoas desempregadas! As exportações superavam as importações em até US$ 15 bilhões por ano, dinheiro que entrava no país; agora, esta conta teve um déficit, em 97, de US$ 8 bilhões, graças a uma política suicida de importar tudo. A indústria e a produção nacional estagnaram e, em muitos setores, o que se vê é a ruína de empresas e de produtores rurais. Nosso país está importando arroz, feijão, milho, trigo e tudo mais! Dizer que venceu a inflação? Como, se a inflação zero só existe nos jornais, porque os preços subiram mais de 50%?

Na área social, nem é preciso falar muito. Saúde, educação, segurança, habitação são o que sabemos. O bem-estar que o Governo diz ter trazido à população só existe nos filmes que ele, cinicamente, exibe na televisão. Na vida real, o Brasil tem salário-mínimo menor que o do Paraguai e nem assim há trabalho para todos.

Aí está um resumo, com números oficiais no próprio Governo, do que foi a administração Fernando Henrique. Com esta "competência" teria falido em poucos meses qualquer empresa. Governando um gigante como o Brasil, precisou de menos de quatro anos para afundá-lo e levá-lo à beira do colapso. Que aqueles que se beneficiaram deste descalabro, os especuladores, os grupos empresariais que drenaram estes recursos públicos, queiram que Fernando Henrique permaneça no governo, é natural. Mas os cidadãos brasileiros, as pessoas independentes, honestas e de bom-senso, que desejam um país onde possam viver e criar seus filhos, queiram a continuidade de um Governo desastroso como este, francamente, seria um absurdo que as urnas vão desmentir.

"Pesquisas não mentem jamais?" (17.09.98)

A Folha de São Paulo publica, na sua edição de ontem, 16/09, uma pesquisa sobre a reação popular ás recentes medidas econômicas adotadas pelo Governo. Nela, nada menos que 47% das pessoas ouvidas em São Paulo são totalmente contrárias a uma política de juros altos e de mais cortes nos serviços prestados pelo Governo, e apenas 12% aprovam, sem restrições, o que o Sr. Fernando Henrique Cardoso determinou a seus ministros que fizessem, isto é, elevar os juros a quase 50% e cortar recursos de todas as áreas, inclusive saúde e educação. E mais: a maioria dos entrevistados acha que este governo tem culpa pela crise. O resultado apresentado pelo jornal não pode deixar de ser comparado aos números que os institutos de pesquisa vêm apresentando sobre a eleição presidencial. É possível, então, que este eleitorado possa estar apoiando maciçamente a reeleição de um presidente que, a rigor, não fez outra coisa em seus quatro anos de mandato senão elevar juros e aniquilar o Estado e seus serviços? É, no mínimo, estranho que possa existir tamanha contradição na maioria das pessoas: apoiar e votar num Presidente do qual discordam!

Estamos diante de um fato concreto que justifica os alertas que venha fazendo sobre o uso das pesquisas eleitorais para promover os candidatos apoiados pelos econômicos capazes de sustentá-las, semana após semana, ao custo de milhões e milhões, em sintonia com os veículos de comunicação que as apresentam, com grande impacto, à população. Sempre disse que as pesquisas cumprem, nesta fase do processo eleitoral em que nos encontramos, o papel de tentar induzir a opinião pública. Mesmo diante da crise aguda em que nosso país mergulhou, usam os números para levar muitos a acharem que o Presidente responsável por ela é aquele mais indicado para enfrentá-la!

Agora, quando nos aproximamos das urnas, elas passarão a ser realizadas umas após as outras, com intervalos de poucos dias, e vão começar a ajustar seus números a uma realidade que é bem diferente do que vinham alardeando. Porém, muitas pessoas ingênuas e irresponsáveis, já terão se deixado impressionar. O resultado da pesquisa não reflete a realidade, mas repetido muitas vezes, como um choque sobre a população, acaba levando contingentes imensos a acompanhar aquilo que é apresentado como verdade.

O povo brasileiro precisa, como nunca, defender-se. A propaganda é o grande instrumento que usam para envolvê-lo e induzi-lo ao erro. A verdade é a única arma que temos contra ela. Nunca foi tão importante usar nosso próprio raciocínio e nossa lucidez. Depende delas o futuro do Brasil. O voto na oposição, o voto em Lula Presidente, é o verdadeiro voto contra a crise, o voto pela verdadeira estabilidade, aquela fundada no trabalho e na produção, nunca no jogo da especulação.

"A crise acabou?" (16.09.98)

Hoje, certamente, o Governo e a mídia que o promove estarão comemorando, com alívio das bolsas e um aceno do Tesouro americano com o FMI, aquilo que chamarão de "fim da crise". Sabem, todos eles, que irão contar, pelo menos, com mais alguns dias antes que as mesmas razões que nos levaram a este drama nos conduzam a um outro, de proporções ainda maiores. Afinal, as causas do desastre destas semanas de crise continuam aí, agora ainda mais agravadas.

De fato, não é outra a conclusão a que nos levam as constatações destes dias. A primeira delas, evidente, é que a tão decantada "estabilidade" econômica do nosso país simplesmente não existe. A verdadeira vida econômica do Brasil, a produção e o trabalho dos brasileiros, a atividade de nossas empresas e a dos produtores do campo, de nada valem diante do movimento especulativo dos chamados capitais voláteis, que entram e saem daqui quando lhes convém, sempre ganhando rios de dinheiro, As reservas em dólar, reunidas e depositadas lá fora à custa de juros que nenhum país sério admite, causando sacrifícios imensos para a nação, tudo pode se esvair, como vimos, em alguns poucos dias. O Brasil não sustenta o real em sua economia, mas numa montagem escritural, que só se mantém graças a um brutal endividamento público, que se multiplicou seis vezes desde o início do atual Governo. Imagine o que são 49,75% de juros sobre R$ 350 bilhões de dívida!

A segunda constatação, que também salta aos olhos, é que o Brasil tornou-se o centro e paraíso da especulação e da roubalheira internacional. Ficou mais que provado que para o atual Presidente-candidato o que importa é que isso o mantém no poder, mesmo ao custo de arruinar o país. Os grupos que se beneficiam com tudo isto, e a sua contrapartida em apoio financeiro e propaganda, são os que lhe interessam. à população, o que ele oferece é propaganda na televisão, prometendo tudo o que na vida real não fez e não fará.

É para o povo brasileiro que ficam efeitos concretos e amargos destes dias. Os juros que o Governo oferece à especulação, na verdade, são pagos pela população. Pelos trabalhadores, com mais desemprego; pela classe média, com mais dívidas e mais incertezas; pelos pequenos e médios empresários, com menos vendas e mais falências; pelas indústrias e produtores do campo, com dificuldades ainda maiores. Daqui a alguns dias, ou algumas semanas, quando una nova e maior onda de arrocho, de aumento de impostos e preços, se abater sobre o Brasil e esta farsa naufragar, aí então todos nós, inclusive os que nesse momento ainda se iludem, iremos sofrer as duras conseqüências destas irresponsabilidades.

Se não fizermos do nosso voto um não que impeça a continuidade desse Governo, aí sim estaremos entrando numa era de caos e aniquilamento para o nosso país e sofrimentos indescritíveis para o nosso povo. Os fatos estão nos advertindo. Está a nosso alcance impedir que isso aconteça, derrotando nas urnas Fernando Henrique e seu desastroso Governo.

O PRESIDENTE MENTIU (15.09.98)

Numa hora de crise como a que nos encontramos, os fatos falam mais que quaisquer palavras. E ocorreu na última quinta-feira um episódio que, mais do que qualquer análise ou opinião, revela o comportamento do homem que pretende ter o apoio do povo brasileiro para continuar na Presidência. Às 13h45min daquele dia, Fernando Henrique disse à população, através do rádio e da televisão, que não havia justificativa para aumentar mais os juros àquela altura já fixados no nível absurdo de 29,75%. Disse mais: que não iria "sacrificar o país por causa da ganância". Pois bem: às 22h30min do mesmo dia anunciou-se que o Governo Fernando Henrique decidira elevar os juros para inacreditáveis 49,75%, quase o dobro daquilo que ele próprio dissera!, menos de nove horas antes ser o "limite máximo"! Supor que isso foi feito pelo Ministro da Fazenda ou pelo presidente do Banco Central à revelia ou contra a vontade de Fernando Henrique, seria o impensável: o Presidente não governa mais, quando não decide sobre um ato que afeta de maneira tão grave a Nação!

Portanto, não há como fugir dessa evidência: o Presidente faltou com a palavra empenhada publicamente, diante da Nação. É este o fato real, concreto, irrecusável, revelando que o Sr. Fernando Henrique diz já não merece maior credibilidade. Aliás, tido soa falso no que vem dizendo ao povo brasileiro. Diz que vai criar empregos? Falso, porque ele sabe que o desemprego vai subir - e muito - com a alta dos juros que determinou. Diz que vai investir em educação, saúde, estradas? Falso, porque ele próprio determinou cortes gigantescos no orçamento do país, inclusive na área social, para jogar mais bilhões no pagamento dos juros de uma dívida que o seu Governo elevou de R$ 60 para R$ 400 bilhões! Diz que não vai baixar um pacotaço após as eleições? Pelos antecedentes, só os muitos ingênuos podem acreditar que, depois de reeleito, não fará aquilo que até seus assessores reconhecem ser inevitável.

Um homem assim, a quem a ambição e a incompetência fizeram conduzir o país a uma situação insustentável e que, agora, age de forma pusilâmine e cínica diante do desastre iminente, pode pretender continuar? Para que, senão por simples obsessão continuísta? Felizmente o povo brasileiro tem, daqui a 20 dias, a chance de substituí-lo, pelo voto democrático e legítimo, instituindo um Governo honesto, firme, verdadeiro, que possa fazer o Brasil atravessar, com um mínimo de sacrifícios, a crise a que Fernando Henrique nos atirou. Lula tem a honradez, a sinceridade e o amor ao Brasil necessários para isso. 

DR. NILO BATISTA

A revista Istoé, em sua edição de nº 1510, do último dia 9, publica a seguinte matéria, reportando-se às insinuações feitas em 1994 ao então Governador Nilo Batista:

"Na edição de 13 de abril de 1994, ISTOÉ publicou , nesta mesma página, matéria sobre o chamado escândalo da lista do bicho. A revista considera de seu dever, após exame de farta documentação, efetuar os esclarecimentos e retificações que se seguem:

1. Não foi exato informar que o Sr. Nilo Batista, então Governador do Estado do Rio de Janeiro, houvesse recebido ajuda financeira dos banqueiros do jogo do bicho para a campanha eleitoral de 1990, uma vez que o simples lançamento das iniciais NL (rasurado o L para B) e NB e mesmo do nome Nilo Batista não autorizam conclusão sequer sobre a identidade física do interessado, quanto mais sobre a efetividade de um pagamento.

2. Não foi exato afirmar que o Sr. Nilo Batista, enquanto Secretário de Estado de Polícia Civil, apresentaria "curiosos sinais de ligação com o bicho", em primeiro lugar pelo fato de não haver na referida lista uma só anotação, um só registro contemporâneo ao exercício de funções públicas por parte dele.

3. Ao pretender demonstrar esses "curiosos sinais de ligação", a matéria também se equivocou, tanto pelo que mencionou quanto pelo que omitiu.

4. A menção feita pela matéria a um despacho em que o Sr. Nilo Batista, no desempenho das atribuições do cargo de secretário de estado da justiça, determinou parâmetros gerais para que internos do sistema penitenciário com determinado grau de parentesco cumprissem pena no mesmo estabelecimento, era completamente inadequada para aquela demonstração, bastando recordar que a posição teórica por ele assumida viu-se prestigiada posteriormente por despacho do então Presidente do Superior Tribunal de Justiça, Min. Bueno de Souza, e do atual Presidente do Supremo Tribunal Federal, Min. Sepúlveda Pertence.

5. O pior, contudo, foi omissão da prisão em flagrante do genro de Castor de Andrade por corrupção, fartamente noticiada, efetuada por determinação e sob supervisão do Sr. Nilo Batista, poucos meses antes, numa demonstração de independência totalmente incompatível com a idéia de "curiosos sinais de ligação".

A revista ISTOÉ lamenta o sofrimento e a dor moral a que o Sr. Nilo Batista e sua família foram submetidos, e em homenagem à verdade promove espontaneamente esta publicação."

Por que não Lula? (13/09/98)

    É isto a estabilidade (12/9/98)?
À medida em que vai ficando claro que Fernando Henrique, no Governo, não significa mais qualquer esperança para a população mas, ao contrário, representa mais crise para o Brasil, mais e mais pessoas vão se perguntando: e Lula? Porque tantas pessoas da classe média dizem que acham difícil votar nele? Analisemos sem preconceito os argumentos que levantam contra o candidato da frente das oposições.

A restrição que mais se levanta é contra a origem e a formação de Lula. Será que é justo pensar assim? Ou o fato de ser um nordestino de origem humilde, que lutou contra todo tipo de dificuldades e preconceitos para se tornar um trabalhador especializado, um líder de sua categoria, um presidente de partido e, hoje, uma das lideranças políticas mais importantes e honestas do país? Não é isso, ao contrário, uma prova de sua capacidade pessoal? Quantos bem-nascidos enfrentariam com o mesmo sucesso mesmo uma pequena parte destes obstáculos?

Outros argumentam que Lula não é um doutor, não é formado, não tem preparo. Quem não teve a oportunidade de cegar ao fim dos estudos como ele, ou que só fez com muita dificuldade, como eu próprio o sei, preza a educação e a escola como muito pouca gente faz. Quantos doutores, com seu anéis e diplomas, fizeram da educação o caos e a vergonha que ela é hoje neste país! Hoje mesmo, temos como presidente um intelectual festejado, que se porta, na prática, como um deslumbrado, a quem a vaidade impede de enxergar as coisas o dia-a-dia de povo e, por isso, nos leva a esse desastre.

Vejam, por exemplo, como age diante desta crise o atual Presidente e procurem imaginar com agiria Lula. Fernando Henrique segue receitas que lhe vêm prontas, e cuida, acima de tudo, o seu próprio interesse eleitoral. Imaginem que falassem a Lula: dobre os juros, Presidente! Lula, com certeza, diria: quantos perderão emprego com isso; quantas empresas fecharão; e os agricultores? Além disso, Lula como representante dos brasileiros, teria todas as condições de dizer a governos e grupos estrangeiros: "calma, devagar, porque aqui há milhões de crianças com fome, homens e mulheres sem trabalho".

Pela influência da mídia, outros pensam que Lula seria um radical. Eu próprio, muito tempo atrás, tive esta impressão. Ao longo dos últimos anos, porém, vi a capacidade de Lula de reunir pessoas, conciliar opiniões e sempre dar importância àquilo que eu a todos e corresponde ao interesse público. Um homem honesto e honrado. Em torno da candidatura Lula, os quadros mais bem preparados deste país, uma gente nova, que quer a oportunidade de trabalhar pelo Brasil e pelo nosso povo.

Meus 50 anos de vida pública levem-me a dar este depoimento a meu país: Lula é hoje a liderança que pode unir trabalhadores, empresários e intelectuais e abrir, para o Brasil, uma nova era de progresso, com justiça social.

Leonel Brizola

13/9

É isto a estabilidade?

O brutal aumento de juros decretado na noite de anteontem não é senão mais um passo no caminho do desastre a que o governo Fernando Henrique vem levando o Brasil. Antes mesmo da elevação das taxas, segundo os números oficiais do Banco Central, nosso país gastaria este ano, pagando só de juros, nada menos que R$ 66 bilhões. Agora, com esta explosão das taxas, isto subirá a mais de R$ 80 bilhões, quatro vezes mais que tudo o que o Governo investe, num ano, em educação, saúde e agricultura, somados! Mais juros, mais dívidas, que vão crescendo como uma bola de neve. Desde o início do governo, a dívida saltou de R$ 60 bilhões para 400 bilhões. Até uma criança vê que esta situação nos levará ao colapso, mas o Governo Fernando Henrique preocupa-se, neste momento, apenas em chegar às eleições. Tornou-se uma constante das autoridades deste governo fazer falsas declarações. O Presidente afirmou que não ia aumentar os juros. Poucas horas depois, mandou dobrar as taxas. Vivemos uma tragédia. Se esta alta de juros não der certo, tudo está pronto para que o Brasil vá bater às portas do FMI e do Governo americano para pedir mais empréstimos. Portanto, mais dívidas e mais juros. Leiloaram, a preço de banana, setores vitais de nossa economia – telecomunicações, ferro, aço, energia – para tapar os rombos do real, e os rombos continuam aí, cada vez maiores. Nosso país debilitou-se drasticamente nestes quatro anos, tornando-se dependente e vulnerável, como estamos vendo. O fato mais aterrorizante é que nossa imprensa, nossas emissoras de rádio e TV se omitem diante da evidência de que este sistema econômico está desmoronando, porque, no fundo, estão no esquema da reeleição. Nossas elites e classes dirigentes conservam-se complacentes diante da crise porque estão financiando o continuísmo. É isto uma atitutde patriótica? Há como se vê uma conspiração do poder econômico e da mídia, com dinheiro e pesquisas, para manter um Presidente inepto, que nem conseguiu sequer controlar o déficit público e nos arrastou a esta situação dramática. São elites que não acreditam no seu povo, não acreditam na força do trabalho e no milagre da produção. Este Presidente amoldou-se por sua ambição de poder. Deixou de ser o condutor da Nação a uma vida melhor. Imaginou que oferecendo facilidades ao capital predatório estaria mantendo seu Governo e agora verifica que este capital predatório vai embora, deixando atrás de si um país quebrado e depedente. E ainda diz aos especuladores: "Fiquem um pouco mais, até às eleições. Nosso país vai pagar". Mas quem pagará é o nosso povo com mais crise, mais desemprego, mais miséira. Pode continuar este Governo? Felizmente o povo brasileiro tem a seu alcance a solução legal e democrática, o seu voto livre e soberano. Os que dizem "mal com este Presidente, pior sem ele" estão invocando uma falsa razão. Até se pode admitir: errar é humano, mas permanecer no erro seria esupidez.

Fonte: http://www.pdt.org.br/bztodo.htm