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VOTAÇÕES VIRTUAIS

Gonçalo Abrantes

   O conceito de votação virtual, por definição, pode significar toda a tomada de posição sobre um determinado meio ou fim, de forma a que lhe seja mostrado o nosso agrado ou desagrado face aos seus actos ou ideias.
   Por ser uma noção tão vaga ou ampla, tivemos necessidade de dividir esta ideia por forma a que fossem melhor entendidos os seus contornos.
   Neste campo, vamos encontrar coisas tão distintas com sejam os inquéritos online, as sondagens, os apoios a campanhas eleitorais, etc.
 

OS INQUÉRITOS
   Um pouco por toda a Web, à medida que vamos navegando, vamos encontrando aqui e ali um ou outro inquérito a que somos chamados a responder. Alguns inquéritos ainda nos avisam à partida que todos os dados não serão totalmente confidenciais uma vez que não se garante que alguém com má-fé possa fazer uso dos dados que eventualmente sejam colocados no inquérito, mas existem outros onde nada é avisado e, assim, é tomado um risco sem que, muitas vezes, quem o assume tenha total ou pleno conhecimento do mesmo.
   Mas uma coisa tem que ser dada como certa: a segurança em redes é muito limitada.
   Mesmo que se recorra a meios de encriptação mais ou menos desenvolvidos, será sempre impossível garantir a total inviolabilidade dos dados informáticos pois haverá sempre a hipótese teórica de poderem ser usados para fins diferentes daqueles para que foram inicialmente disponibilizados pelo utilizador.
   No entanto, e apesar deste alerta, não pretendemos de forma alguma levar os utilizadores a deixarem de participar em inquéritos on-line. Eles são extremamente válidos e devem ser apoiados e, quando possível, devemos participar com o nosso humilde contributo, pois só com os dados de todos poderemos um dia formular generalidades e não estar sempre apenas com pressupostos teóricos de análise.
   Não serão muito difíceis de encontrar vários exemplos de inquéritos feitos regularmente aos navegantes:    Deixamos à sua escolha em qual participar e recordamos que se procurar regularmente numa base de pesquisa como o Yahoo, poderá encontrar muitos mais inquéritos para responder.
 
AS SONDAGENS
   Um pouco diferentes dos inquéritos vamos encontrar, em muito maior abundância na Web, as sondagens on-line.
   As sondagens diferem dos inquéritos na medida em que nestas apenas se vota e, normalmente, é apenas essa a informação que é transmitida de um lado para o outro da rede, enquanto que nos inquéritos somos levados a escrever a nossa opinião ou a responder a outras perguntas mais ou menos directas sobre os nossos hábitos ou gostos.
   Poderão não acreditar, mas hoje em dia fazem-se sondagens regulares sobre assuntos tão díspares como o de saber qual a melhor máquina pin-ball ou a melhor pizza; a melhor música ou a melhor piada; a melhor companhia de teatro ou a melhor super-modelo; o melhor jogador da NBA ou a melhor foto; etc.
   E como "apenas" temos de votar num dos concorrentes, lá vamos nós demonstrar as nossas opiniões ou tendências.
   De notar que, normalmente, as votações não são sujeitas a verificação pelo que é extremamente fácil falsear os dados, desde que para tal se disponha de tempo e dinheiro para ir votando continuamente para fazer vingar a votação para determinado ângulo.
   Se quiser, pode "divertir-se" com algumas das sondagens que escolhemos para si:
AS CAMPANHAS ELEITORAIS
   Estas são as votações por excelência e aquelas de que primeiro nos lembramos quando alguém nos fala de votações virtuais ou votações online. Isto torna-se mais próximo do aceitável quando sabemos que nas campanhas eleitorais são usados quer os inquéritos quer as sondagens, quer mesmo, por vezes, as votações simuladas para uma determinada eleição (CNN/Allpolitics).
   Mas também encontramos na Web informações tão dispersas como as que se encontram em arquivos sobre eleições (o Lijphart Election Archive, p.e. de onde poderemos extrair dados sobre eleições portuguesas de 1975 a 1991); em páginas de empresas que desenvolvem sistemas de votação (Vote-Virtual Shared Memory System); nas páginas sobre os sistemas eleitorais no mundo; sobre sistemas alternativos de votação; nas listas de organizações defensoras da Representação Proporcional - organizações que só se dedicam a debater e a promover o Sistema de Representação Proporcional como a Proportional Representation Society of Australia; noutros que rebatem e discutem também a representação proporcional como Center for Voting and Democracy; etc.
   Vamos também poder aceder a páginas de observadores eleitorais como o Voters Telecommunications Watch; de associações defensoras dos direitos das mulheres votantes, como existem imensas nos EUA, como a League of Women Voters; com informações imensas sobre candidatos, p.e., às presidenciais norte-americanas; com informações de como aceder aos eleitos e mantê-los a par dos desejos e ambições dos seus eleitores - Projecto Vote-Smart; etc.
   Encontramos, enfim, páginas onde os responsáveis pelos diversos círculos eleitorais dão a conhecer aos seus eleitores guias de voto com informações sobre como votar, como resolver problemas de última hora, formas de recenseamento online, etc.
   Vemos que, pelo menos nos EUA, o tipo de informações que encontramos na rede vai muito para além da "simples" campanha eleitoral como de início pudessemos ter pensado.
   De momento tenta-se informar os eleitores o mais possível, até como forma de os cativar para a política (que também aqui se encontra desacreditada por se ter tornado ineficiente), em vez de partir já para grandes discussões sobre os sistemas eleitorais ou sobre a primazia de um determinado sistema de votação sobre os outros.
   Pensamos ser esta apenas uma característica de início do desenvolvimento da rede e que, em breve, passaremos para uma outra fase em que a informação ser-nos-á dada como certa e, então, partiremos para discussões sobre como, em quem ou para quê votar.
 
MODELO DE VOTAÇÃO DIRECTA
   Penso que se colocará, em breve, a países como Portugal, que é um país relativamente pequeno, a questão de poder cobrir ou não todo o território nacional com infraestruturas de rede capazes de levar os actuais avanços electrónicos a cada português que assim o deseje.
   Em primeiro lugar devem colocar-se, como principais vantagens, as que advêm directamente da maior quantidade disponível de informação que, assim, poderá ser usada no dia-a-dia e contribuir para o elevamento cultural do povo português. Só perante esta vantagem, devem ser levantados mais argumentos a favor ou contra.
   Mas como este tema é sobre votações virtuais, não quis deixar de falar sobre a utilidade que poderá trazer para o país, o facto de podermos ter a funcionar em cada secção de voto uma urna virtual em vez da já tradicional urna metálica.
   As vantagens que adviriam do uso das urnas virtuais seria imenso se pensarmos na qualidade da informação transmitida, na rapidez da transmissão dessa informação ou na facilidade de verificação da legitimidade do voto.
   Mas... antes de um sistema destes ser implementado, teremos que garantir a fiabilidade da informação transmitida, a impossibilidade de imputar um voto a determinado indivíduo que só seria viável com grande encriptação dos dados a transmitir e, acima de tudo, garantir que o sistema funciona e não levanta questões éticas, morais ou políticas relevantes.
   Não vou aprofundar este tema pois apenas quis aqui abrir um precente para a discussão. No entanto estou desde já disponível para futuras discussões no gpmaco@condor.ci.uc.pt
 
 
QUEM NA WEB DISCUTE SOBRE ESTE TEMA ?
   Hoje em dia, encontramos já algumas organizações que tentam discutir e debater sobre aspectos técnicos ou legais das votações.
   Quem quiser aprofundar mais esta temática, pode consultar algumas das páginas que aqui avançamos:


Retirado do site: http://tarsio.inescc.pt/~tio96/dvv/vote.htm - jul/99