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Ordem e Progresso

 

Valter Tinti

 

 

Assim como ocorre com tantíssimas outras, a palavra "ORDEM" tem vários significados.

O "Aurélio" lhe elenca umas trinta acepções. Por isso, embora a usemos diariamente, ela nos pode causar dúvida e até embaraços. Vejamos: em "pôr ordem na reunião", "dispor os documentos em ordem alfabética" e "isso é ordem superior" é evidente que o termo sob exame tem sentidos diversos. Em Ciência Política é comum o uso do vocábulo em frases como "todos devem defender a ordem pública". E, de fato, devemos. O problema surge neste ponto: quê é "ordem pública"? É o sistema de normas jurídicas que garantam a organização político-social do Estado. Ou seja: é a maneira como uma sociedade estatal está organizada, sob garantia da Lei.

Assim, cada povo "monta", por meio da Constituição e de Leis, a ordem que lhe aprouver, e passa a viver de conformidade com ela. Os cidadãos e os governantes sabem, então, o que podem, o que não podem e o que devem fazer. Um exemplo ajuda: a "ordem pública" da Suécia ou da Holanda é muito diferente da da Colômbia ou do Haiti. Obviamente. Mais: um País onde todos são, efetivamente, iguais perante a Lei é muito diferente de outro que adota o regime da escravidão legalizada. Fácil perceber que a "ordem" varia também de época para época. Assim, a "ordem" que vigia no Império Romano antigo era muitíssimo diferente da que vigora na Itália de hoje. Percebe-se, assim, que há inúmeras "ORDENS", cabendo a cada povo construir a que achar melhor. No Brasil, temos exemplos recentíssimos de ruptura (quebra) da ordem: no dia 3l de março de 64, os militares explodiram a ordem então vigente e impuseram à Nação uma "nova ordem", que vigorou até 85, quando foi novamente substituída por outra "nova ordem", que é a que vigora atualmente. Hitler ficou famoso na História por ter construído a ordem conhecida como Nazismo. E Lênin é conhecido como o criador da ordem socialista. Hoje, com as facilidades dos meios de comunicação, está-se criando até mesmo uma "ordem global", verdadeiro engodo! E muitas outras virão...

E qual seria a ordem mais justa, para os brasileiros de hoje? Aí "a coisa pega", porque é apenas questão de ótica. Afinal, "uns gostam dos olhos; outros, da remela." Ademais, o que é bom para os empresários pode ser esconjurado pelos banqueiros, e o que é bom para o Governo pode ser péssimo para os aposentados, ... e assim por diante. A História Universal mostra, porém, que cada povo sempre teve a "ordem" que quis. E é tão-só caso de querer. Nada mais.

E daí, como ficamos?, se todos devemos defender e manter a ordem? E se a ordem vigente for injusta, perversa, hedionda?, defendê-la e mantê-la mesmo assim?! Qual ordem defender, então? Esta que está em vigor agora? Ou é melhor tentarmos criar outra? Como se vê, quase tudo é mais ou menos relativo.

Bem... e a questão do "PROGRESSO"? Ora, tudo segue também uma ordem natural, não se podendo colocar o carro adiante dos bois. Menos frustrante esquecê-lo, por agora. É muito simples: enquanto não resolvermos o problema da ordem, ... não sentiremos o sabor do progresso.

 

 

Dr. Valter Tinti

 

E-Mail: vtinti@uol.com.br

 

Advogado - Ex-prefeito municipal de Araçatuba – Educador e Professor de Direito Constitucional na UNIP - Universidade Paulista - campus de Araçatuba (SP) - Bacharel em Direito, pela Faculdade de Direito de Presidente Prudente (SP). - Licenciado em Pedagogia, pela USP.

 

Endereço residencial: Av. Paulista, 810 - Jd. Nova Iorque - Fone (18) 621-9485 - Fone/Fax (18) 623-1891- Caixa postal 227- CEP 16065-250 - ARAÇATUBA (SP)

 

 

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