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Breves comentários a respeito da Ontologia

Por Regina Ferretto D'Azevedo, Estudante de Direito.


1. Teoria do ser e do ente


A ontologia é a teoria do ente, ou seja, é a tentativa de classificar e definir a estrutura de cada tipo de ente; é, também, a teoria do ser em geral, isto é, daquilo que todos os entes têm em comum e os classifica como entes.


"Existem dois métodos que levam à ontologia"

2. Dois métodos


Existem dois métodos que levam à ontologia. O primeiro deles é o da análise dialética que apesar de apresenta vantagens didáticas, de exposição e até de abstração escolástica (Aristóteles) não é tão eficiente quanto o segundo, o qual é mais adequado a esse tipo de estudo, pois nos coloca de um modo mais direto frente aos problemas que vão surgindo ao longo do caminho.



3. Estar no mundo


A vida consiste em estar constantemente atuando com e sobre tudo aquilo que está ao nosso redor. Uma das maneiras de interação é "pensar as coisas", que é uma atitude derivada, pois só a utilizamos quando os obstáculos se apresentam, necessitando, assim, que busquemos uma solução.



4. Esfera das coisas reais


Engloba todas coisas materiais que se encontram ao nosso redor e que, portanto, podem ser apreendidas pelos cinco sentidos (e.g. árvore, pedras).



5. Esfera dos objetos ideais


São aqueles objetos que não são coisas, que não podem ser tocados, e que, em sua maioria, são resultado de uma relação de comparação (e.g. igualdade, diferença).



6. Esfera dos valores


Grupo de objetos sobre os quais sempre tenho que pensar algo e que não acrescentam nada ao SER, a não ser, mais valor (e.g. beleza).



7. Nossa Vida


A vida não é um objeto real, pois não pode conter e ser contida ao mesmo tempo; também não é um objeto ideal porque está situada no tempo e no espaço além de ser aquilo que ainda vai ser, ao contrário, de um triângulo, por exemplo, que não está situado em lugar algum e o que ele é agora é o que ele sempre será. Muito menos será um valor que nada mais é do que uma qualidade dada a alguma coisa, ora a vida obviamente não é uma qualidade e, sim, uma realidade.



8. Nem realismo nem idealismo


Os realistas acreditam que se eu me elimino ficam as coisas, já os idealistas afirma que se eu me elimino, elimino também as coisas. Ambos estão corretos em seus pontos de vista, apesar da contraposição radical entre as duas doutrinas, isto porque o eu e as coisas são elementos constitutivos da vida e não há como existirem independentes um do outro – "viver é estar no mundo" (Heidegger). Chega-se, assim, à conclusão de que a vida não tolera divisão e, por conseguinte, exemplifica em si mesma um quarto tipo de objeto que é o metafísico.



"A vida não tolera divisão e, por conseguinte, exemplifica em si mesma um quarto tipo de objeto que é o metafísico"

9. Ontologia


Quatro conclusões podem ser tiradas dessa lição: a ontologia é a teoria dos objetos (estruturas ônticas), daquilo que há na minha vida; nem tudo possui a mesma estrutura ôntica – coisas, objetos ideais, valores e a vida diferem um do outro quanto à sua estrutura; dentre as coisas que existem, há aquelas que valem – valores –, aquelas que são simplesmente coisas – objetos reais –, os objetos ideais e a própria vida.


Tendo como ponto de partida o exposto, pode-se deduzir quais as incumbências da ontologia. A primeira delas seria a de descobrir as estruturas ônticas de cada um desses quatro objetos, tentando explicitar. Até mesmo, o significado da vida. O problema ontológico, ao tratar desse último tema, esbarraria, então, no problema metafísico, pois estaria tentando atingir o fundamento mais profundo de toda a realidade.


Outro problema que se atua no âmbito ontológico é o da unidade das quatro formas de objetividade: a das coisas, a dos objetos ideais, a dos valores e da própria vida.



Regina Ferretto D'Azevedo - Estudante de Direito - Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Texto elaborado em outubro de 2001


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