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Marx e Freud : encontros e desencontros.

INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é estudar o "Manifesto do Partido Comunista", de Marx e Engels; e pensamentos de Sigmund Freud e Karl Marx. Relatar sobre suas vidas, descrever as principais idéias destes dois estudiosos, destacando pontos em comum e contrários dentre as idéias que defendem, incluindo a opinião do grupo sobre suas teorias.

SIGMUND FREUD

Sigmund Freud (1856 - 1939), médico austríaco que revolucionou as teorias sobre a mente humana. Freud formulou a concepção de que o inconsciente controla grande parte do comportamento humano. Além disso, criou, fundamentou e promoveu grandes progressos no campo da psicanálise. 

"Demos o nome de psicanálise ao trabalho pelo qual trazemos à consciência do doente o psíquico que há recalcado nele." (1)

Freud era o mais velho de uma família de oito filhos, sendo seu pai um negociante de lãs. Quando Freud tinha quatro anos de idade, sua família mudou-se para Viena, capital da Áustria. Formou-se em medicina pela Universidade de Viena em 1881.e, mais tarde especializou-se em neurologia. Em 1885, foi para Paris a fim de estudar sob a orientação de Jean-Martin Charcot, famoso neurologista . Charcot trabalhava com pacientes que sofriam de histeria (perturbação mental). Alguns desses indivíduos pareciam estar cegos ou paralisados, mas na verdade não apresentavam quaisquer defeitos físicos. Charcot demonstrou que o problema deles era mental e que os sintomas físicos poderiam ser aliviados através da hipnose.

Freud observou que muitos pacientes se comportavam de acordo com impulsos e experiências de que não tinham consciência. Concluiu que o inconsciente retém recordações de acontecimentos do início da infância. 

"Podemos definir o tratamento psicanalítico com uma educação progressiva para superar em cada um de nós os resíduos da infância." (1)

Concluiu também que muitas recordações da infância vinculam-se ao sexo. Teorizou sobre o desenvolvimento sexual e afirmou que o mesmo começa com o nascimento, passando o indivíduo por vários estágios.

"É absolutamente normal e inevitável que a criança faça dos pais o objeto da primeira escolha amorosa. Porém, a libido não permanece fixa nesse primeiro objeto: posteriormente o tomará apenas como modelo, passando dele para as pessoas estranhas, na ocasião da escolha definitiva. Desprender dos pais a criança torna-se, portanto, uma obrigação inelutável, sob penas de graves ameaças para a função social do jovem." (1)

"As manifestações infantis da sexualidade não determinam apenas os desvios, mas também as formações normais da vida sexual adulta." (1)

"O instinto sexual não penetra nas crianças na época da puberdade (como no Evangelho, o diabo penetra nos corpos). A criança apresenta desde sua idade mais tenra, as manifestações desses instintos; traz dentro de si essas tendências ao vir ao mundo e é desses primeiro germes que sai, no decorrer de uma evolução repleta de vicissitudes e de numerosos estágios, a sexualidade, chamada normal, do adulto."(1)

"A relação entre crianças e pais não é absolutamente livre de elementos de excitação sexual. A criança toma ambos os genitores, e particularmente um deles, como objeto de seus desejos eróticos. Em geral, o incitamento vem dos próprios pais, cuja ternura possui o mais nítido caráter de atividade sexual, embora inibido em suas finalidades. O pai, via de regra, tem preferência pela filha; a mãe, pelo filho; a criança reage desejando o lugar do pai, se é menino, e o da mãe, se se trata da filha. Os sentimentos nascidos destas relações entre pais e filhos e entre um irmão e outros não são somente de natureza positiva, de ternura, mas também negativa, de hostilidade. O complexo assim formado é destinado a pronta repressão, porém continua a agir do inconsciente com intensidade e persistência. Devemos declarar que suspeitamos que represente ele, com seus derivados, o complexo nuclear de cada neurose, e nos predispusemos a encontrá-lo não menos ativo em outros campos da vida mental. O mito do rei Édipo, que, tendo matado o pai, tomou a mãe por mulher, é uma manifestação pouco modificada do desejo infantil, contra o qual se levantam mais tarde, com repulsa, as barreiras do incesto. O Hamlet, de Shakespeare se assenta sobre a mesma base, embora de forma mais velada." (1)

De início, Freud tratava os pacientes neuróticos valendo-se de técnicas hipnóticas que havia aprendido com Charcot. Mas modificou esse método e fazia com que os pacientes, simplesmente, falassem sobre o que viesse às suas mentes, mesmo porque ele verificou que alguns pacientes resistiam à hipnose. Chamou essa técnica de associação livre. Freud interpretava, também, os sonhos do paciente, pois acreditava serem eles as chaves simbólicas das recordações inconscientes. 

"A experiência mostrou que os mecanismos inconscientes, que se nos tornaram conhecidos através do estudo da elaboração onírica e que nos forneceram a explicação da formação dos sonhos, também nos auxiliaram a entender os enigmáticos sintomas que atraem nosso interesse para neuroses e psicoses... Um sonho, então, é uma psicose, com todos os absurdos, delírios e ilusões de uma psicose. Uma psicose de curta duração, sem dúvida, inofensiva, até mesmo dotada de uma função útil, introduzida com o consentimento do indivíduo e concluída por um ato de sua vontade. Ainda assim, é uma psicose, e com ela aprendemos que, mesmo uma alteração da vida mental tão profunda como essa, pode ser desfeita e dar lugar à função normal." (1)

"Trabalhar sobre as idéias que ocorrem aos pacientes, quando se submetem à regra principal da psicanálise, não é o nosso único método de descobrir o inconsciente. Dois outros procedimentos atendem ao mesmo propósito: a interpretação dos sonhos dos pacientes e a exploração de seus atos falhos ou casuais... A interpretação dos sonhos é, de fato, a estrada real para o conhecimento do inconsciente, a base mais segura da psicanálise. É campo onde cada trabalhador pode por si mesmo chegar a adquirir convicção própria, bem como atingir maiores aperfeiçoamentos. Quando me perguntam como pode uma pessoa fazer-se psicanalista, respondo que é pelo estudo dos próprios sonhos." (1)

Depois de estar convencido de que havia compreendido a origem do problema do paciente, Freud discorria com o paciente sobre as experiências do passado mais recuado de sua vida. Dava atenção especial aos sentimentos penosos - de hostilidade ou de amor, por exemplo - que o paciente dirigia a ele próprio, Freud. Através dessa transferência dos sentimentos passados para uma situação presente, o paciente podia ser aliviado das recordações penosas. Os sintomas da neurose podiam, então, desaparecer. 

Segundo Freud, a mente divide-se em id, ego e superego. Afirma-se que cada pessoa nasce com vários instintos, como o impulso de satisfazer a fome e as necessidades sexuais. O id é a representação mental desses instintos biológicos. O ego controla o comportamento que relaciona as imagens mentais e o mundo exterior.

"...Sob a influência do instinto de conservação do ego, o princípio do prazer afasta-se e cede lugar ao princípio da realidade, que faz com que, sem renunciarmos ao objetivo final que o prazer constitui, nos decidamos a consentir que sua realização seja protelada, suportando até, em favor de um longo desvio que tomamos para chegar ao prazer, um desprazer momentâneo."(1)

"A sensação de felicidade provinda da satisfação de um selvagem impulso instintivo, não domado pelo ego, é incomparavelmente mais intensa do que aquela originada pela satisfação de um instinto domado." (1)

O superego governa o comportamento moral. É a representação mental do código moral da sociedade.

"Percebo com muita clareza que os acontecimentos da história humana, as intenções entre a natureza humana, o desenvolvimento cultural e os precipitados da experi6encia primeva (cujo expoente máximo é a religião) não passam de reflexos dos conflitos dinâmicos entre o ego, o id, e o superego, que a psicanálise estuda no indivíduo, e são exatamente os mesmo processos repetidos em escala mais larga." (1)

Freud pode ser considerado como um dos mais influentes pensadores de toda a história. 

"Não me considero um grande homem; apenas fiz uma grande descoberta." (1)

"Nunca fui realmente ambicioso. Procurei na ciência a satisfação que se oferece durante a pesquisa e no momento da descoberta, mas nunca fui daqueles que não podem suportar o pensamento de serem levados pela morte sem terem deixado o nome gravado numa rocha." (1)

Suas pesquisas e obras mudaram a concepção de muitas pessoas acerca da natureza humana. 

"Creio que a civilização foi criada sob a pressão das exigências da vida e à custa da satisfação dos instintos. Acredito também que a civilização é recriada constantemente, até certo ponto, pois cada indivíduo que entra na sociedade humana repete o sacrifício da satisfação dos instintos em benefício de toda a comunidade." (1)

"A renúncia progressiva dos instintos parece ser um dos fundamentos do desenvolvimento da civilização humana." (1)

"Nossa civilização é em grande parte responsável por nossas desgraças. Seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições primitivas." (1)

"É quase impossível conciliar as exigências do instinto sexual com as da civilização." (1)

O impacto mais profundo das teorias de Freud ocorreu nos campos da psiquiatria e da psicologia. Alguns psiquiatras e psicólogos discordam de algumas de suas idéias, porém os trabalhos de Freud sobre a origem e o tratamento da doença mental ajudaram a elaborar as bases da psiquiatria moderna, mais rigorosamente, da psicanálise moderna. Quanto à psicologia, influenciou principalmente o campo da psicologia patológica e o do estudo da personalidade. 

"A divisão do psíquico num psíquico consciente e num inconsciente constitui a premissa fundamental da psicanálise, sem a qual ela seria incapaz de compreender os processos patológicos, tão freqüentes quanto graves da vida psíquica e de fazê-los entrar no âmbito da ciência." (1)

Suas teorias sobre o desenvolvimento sexual levaram o assunto a um debate aberto e ao tratamento das questões sexuais assim como dos seus problemas. A maior parte dos cientistas sociais aceita sua concepção de que os relacionamentos de um adulto são decorrentes dos relacionamentos familiares durante a infância.
 
 

KARL MARX (1818 - 1883)

Karl Marx, filósofo, cientista social e revolucionário alemão. Poucos têm exercido no mundo uma influência tão grande e duradoura quanto a sua. Marx foi o principal idealizador do socialismo e do comunismo revolucionário.

Algumas vezes foi ignorado ou mal compreendido até mesmo pelos seus seguidores. Contudo, muitas das ciências sociais - especialmente a sociologia - têm sido influenciadas pelas suas teorias. Muitos dos cientistas sociais importantes do final do século XIX e do século XX só podem ser inteiramente compreendidos quando se percebe a maneira pela qual eles estavam reagindo às idéias de Marx.

Nascido na Prússia, antiga região do Norte da Alemanha, desde cedo se destacou intelectualmente. Filho de advogado, foi estudar direito na universidade de Bonn. Depois transferiu-se para a universidade de Berlim, onde se interessou por filosofia e juntou-se a um grupo de estudantes e professores esquerdistas radicais. Tornou-se jornalista "free-lance" (que ganha por tarefa realizada) e ajudou a criar e dirigir vários jornais radicais. Em Paris, conheceu Friederich Engels, um jovem radical alemão que se tornou seu melhor amigo e com ele trabalhou em vários artigos e livros.

Marx levou uma vida difícil porque era demasiado orgulhoso ou demasiado profissional como revolucionário - para trabalhar pelo seu sustento. Chegou a escrever artigos ocasionais para jornais e seu emprego mais regular nesse ramo de atividade foi o de repórter político. Geralmente, porém, Marx, sua mulher e seus seis filhos somente conseguiam sobreviver porque Engels mandava-lhes dinheiro regularmente. Marx sofria de freqüentes enfermidades, muitas das quais deviam ser de fundo psicológico. Mesmo quando se encontrava fisicamente bem, ele passava por longos períodos de apatia e depressão que o impediam de trabalhar. Era culto e refinado, mas muitas vezes mostrava-se obstinado e arrogante. Tinha muitos admiradores, mas poucos amigos. Com exceção de Engels, ele perdeu a maioria de seus amigos, muitos dos quais se tornaram seus inimigos. Marx rompeu o contato com sua mãe, e era indiferente para com as irmãs, mas com sua mulher e seus filhos, era atencioso e espirituoso.

O Manifesto do Partido Comunista foi um panfleto escrito em colaboração com Engels às vésperas da revolução alemã de 1848. O manifesto é uma breve, porém vigorosa, exposição das teorias políticas e históricas de seus autores, e também o único trabalho por eles produzido que pode ser considerado uma demonstração sistemática das teorias que ficaram conhecidas como marxismo.

Os escritos de Marx abrangem mais de 40 anos. A base do marxismo é a convicção de que o socialismo é inevitável. Ele acreditava que o sistema da livre-empresa, ou capitalismo, estava condenado, e que o socialismo era a única alternativa que se deparava. Discutiu o capitalismo dentro de uma ampla perspectiva histórica que abrangia a história da raça humana.

O processo de produção, segundo Marx, é um esforço coletivo, e não individual. As sociedades organizadas são os principais agentes criadores da história humana e o progresso histórico requer sociedades cada vez mais desenvolvidas para o processo de produção . Essas sociedades são obtidas através de um contínuo aperfeiçoamento dos métodos de produção e da divisão do trabalho. A classe operária é formada por aqueles explorados pelos proprietários dos meios de produção.

"A burguesia, porém, não forjou somente as armas que lhe trarão a morte; produziu também os homens que manejarão essas armas - os operários modernos, os proletários ." (2)

"Com o desenvolvimento da burguesia, isto é, do capital, desenvolve-se também o proletariado, a classe dos operários modernos, que só podem viver se encontrarem trabalho, e que só encontram trabalho na medida em que aumentam o capital." (2)

Marx acreditava que havia uma tensão em todas as sociedades porque a organização social jamais acompanhava o desenvolvimento dos meios de produção. 

"Nas épocas históricas mais remotas encontramos, quase por toda parte, uma divisão completa da sociedade em classes distintas, uma escala graduada de posições sociais." (2)

Segundo ele, toda a história é uma luta entre a classe dominante e a classe dominada, e todas as sociedades têm sido dilaceradas por esse conflito. Acreditava que a propriedade privada dos principais meios de produção era o centro do sistema de classes. 

"...a propriedade privada atual, a propriedade burguesa, é a última e mais perfeita expressão do modo de produção e de apropriação baseado nos antagonismos de classes, na exploração de uma maioria pela minoria." (2)

Marx tinha uma visão aprofundada e consciente do desenvolvimento histórico de toda a sociedade através do tempo; para ele, "... a história de toda sociedade que existiu é a história da luta de classes" (2), ou seja, desde os primórdios da civilização sempre houve uma classe opressora e uma oprimida, o que resulta em lutas intermináveis entre estas no decorrer da história. Segundo Marx, qualquer que tenha sido a classe dominante numa sociedade, é imutável o fato de que uma parte das pessoas oprimia as outras. No Manifesto do Partido Comunista", especificamente, Marx diz que os antagonismos de classe chegaram a um ponto mais simples, mais geral, centralizando sua questão na oposição entre a burguesia (classe dominante) e proletariado ( classe oprimida). No manifesto, Marx analisa o "papel histórico" da burguesia como classe social, suas lutas e revoluções, bem como sua parcialidade e hipocrisia em relação ao proletariado.

Marx estudou os processos sociais, as mudanças ocorridas nas sociedades ao longo do tempo as causas e conseqüências de cada movimento, revolução e ruptura nas sociedades dentro de cada contexto histórico. Ao realizar tal estudo, Marx quis provar e fortalecer sua análise sobre a "marcha da sociedade" no desenvolvimento da história, ou seja, através de suas considerações a respeito de tais estudos, Marx elaborou certas "leis gerais" das sociedades, que podem explicar vários acontecimentos ou fenômenos sociais.
 
 

COMENTÁRIOS CRÍTICOS E COMPARAÇÕES

"O comunismo e a psicanálise não possuem nenhuma afinidade. " (1)

Esta é uma frase muito simplista e equivocada. Dizer que "só o conhecimento traz o poder" e que "a agressividade não foi inventada pela propriedade" realmente vai contra o ideal comunista, porém isto não quer dizer que não existe uma relação entre o comunismo e a psicanálise. Enquanto o primeiro é uma teoria, o segundo é uma ciência. 

Esta teoria é um modelo de solução de um problema que esta ciência tenta resolver. Contudo, esta teoria foi desenvolvida pelo paciente, ou seja, o paciente se auto-curou, encontrou a solução para o seu problema. Assim como o famoso professor de física que após sessões com seu psiquiatra vislumbrou a sua cura e percebeu que não havia vida em outros planetas, que este era seu mundo e que deveria aprender a viver nele. De maneira análoga, pode-se ver Marx vivendo numa sociedade em conflito, em sessões com Freud, chegar à solução para as tensões sociais: o comunismo.

"As exigências da sociedade tornam o viver dificílimo para a maioria das criaturas humanas, forçando-as com isso a se afastarem da realidade e dando origem às neuroses..." (1)

FABIO HERRMANN acredita que a Psicanálise está estreitamente ligada à Sociologia quando sociólogos e economistas mostram os acontecimentos mundiais, como guerras, produção em massa, exploração, dominação, interesses dos grupos, das classes. Ao se tratar de interesses humanos, já está implícita uma afirmação psicológica, cada vez que os sociólogos ligam um comportamento a uma causa qualquer usam a Psicologia, mesmo sem perceber.

"...a psique (estudo psicanalítico) não tem lugar material. Psique é o que produz sentido nas coisas humanas, sejam individuais ou coletivas. Um automóvel é fabricado numa linha de montagem, seu sentido é fabricado pela psique; a inflação, a guerra ou o nacionalismo são produzidos inteiramente por causas concretas, seu sentido é a psique." (3)

A psicanálise ajuda o indivíduo que sofre de neurose gerada pelas pressões constantes da sociedade capitalista, competitiva e selvagem. O comunismo é a solução encontrada para se pôr um fim a esta sociedade e se reestruturar uma nova, mais justa e igualitária. Freud entendia que a relação entre as pessoas não é neutra, mas sim, uma relação de poder.

Segundo Freud, "o Estado proíbe ao indivíduo a prática de atos infratores, não porque deseje abolí-los, mas sim porque quer monopolizá-los." (1)Para Marx, o Estado é, na verdade, controlado pela burguesia, que é a classe econômica e politicamente dominante na sociedade. Portanto, se o Estado proíbe ou reprime certos comportamentos "infratores", é a burguesia que os está proibindo. Para Marx, a burguesia mostra certas virtudes e "bons ideais" que na verdade "camuflam" todos os seus vícios egoístas, falando de uma forma e agindo de outra, como por exemplo, ao defender a igualdade como algo de vital importância na sociedade, sendo que esta explora os trabalhadores não detentores de meios de produção.

Assim como Marx pode ser considerado um especialista no estudo das sociedades, Freud pode ser um da psicologia. Ambos se utilizam da metodologia científica para chegar às suas conclusões. Marx, por exemplo, através de uma visão aprofundada e consciente do desenvolvimento histórico de toda a sociedade, analisa inúmeros processos sociais, movimentos, revoluções, bem como suas causas, conseqüências, relações entre si, etc... É justamente através do estudo detalhado dos fenômenos sociais ocorridos em várias épocas que Marx se baseia para chegar às suas teorias a respeito da "marcha da história", ou seja, a história das sociedades.

Já Freud, que também é um grande estudioso de fenômenos, apresenta uma visão aprofundada e consciente da psicologia, o que lhe confere um estudo bastante racional a cerca de neuroses traumas, interpretação de sonhos, etc... Assim como Marx, Freud também estuda causa, conseqüência e ligação entre os fenômenos psicológicos existentes, o que dá consistência à suas teorias psicanalíticas. Tanto para Marx como para Freud, a observação, a descrição e a interpretação de fenômenos são coisas fundamentais. 

Outra característica comum de Marx e Freud é que ambos inovaram muito, abriram caminhos ( de estudos) sendo um no plano social, outro no plano psicológico. Enquanto Marx, em "O Manifesto Comunista", impressionou o mundo com suas severas críticas à burguesia, e com seu novo projeto de sociedade, Freud também provocou um grande impacto no mundo com suas teorias a respeito da psicanálise, principalmente ao "romper" com certas regras da moral e da religião.

" O instinto sexual não penetra nas crianças na época da puberdade (como, no Evangelho, o diabo penetra nos porcos). A criança apresenta desde sua idade mais tenra, manifestações do instinto sexual, traz em si essas tendências ao vir ao mundo... " (1)

Ao dizer que "toda a civilização tem sido construída sobre a coação e a repressão dos impulsos." , Freud coincide com a opinião de Marx, uma vez que, para este, toda a sociedade é formada a partir da exploração de uma classe obre a outra, sendo que a classe opressora reprime e coage os impulsos e desejos da classe oprimida. 

Freud também se assemelha a Marx, até certo ponto, quando diz que a civilização é recriada constantemente, pois para Marx a sociedade está sempre em constante transformação, embora sempre haja uma parcela de pessoas oprimindo a outra.
 
 

BIBLIOGRAFIA

  1. Freud, S.; Freud - Vida e Pensamento; Ed. Martin Claret; São Paulo; 1996; pp. 63-91.
  2. Marx, K; Marx - Vida e Pensamento; Ed. Martin Claret; São Paulo; 1997; pp. 43-87; pp.99-119.
  3. Herrmann, F. A; O que é Psicanálise; Coleção Primeiros Passos; Ed. Abril Cultural; Ed. Brasiliense; 1984; pp.108 - 11.
CONSULTAS
  • Marx-Engels; Manifesto do Partido Comunista; Ed. Global; 9a. edição; 1993.
  • Marx-Engels; Manifesto do Partido Comunista; Ed. Progresso; 1987. Impresso na URSS.
  • Enciclopédia Delta Universal; vol. X e Y.
retirado de:    http://www.geocities.com/Athens/Parthenon/8457/marx_freud.htm