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Governo
Lula quer ter inclusão digital como marca
Ana Paula Marra, Paula Medeiros e Gabriela Guerreiro
O Programa Brasileiro de Inclusão Digital (PBID), atualmente discutido no
governo federal, quer ampliar o acesso dos cidadãos nos próximos anos –
principalmente os de baixa renda, das classes C, D e E - às tecnologias da
informação.
O presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), Sérgio
Amadeu, afirma que é cada vez maior a necessidade de as pessoas estarem
dispostas a discutir fenômenos relacionados à tecnologia. “A comunicação em
rede está virando uma das principais formas de comunicação, por isso é preciso
democratizá-la. Precisamos acompanhar esses novos fenômenos. Não são questões
técnicas, envolvem questões políticas. Quanto mais a rede se espalhar, mais as
pessoas vão ter que discutir tecnologia”, ressalta Sérgio.
Segundo o secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República,
Swedenberger Barbosa, o PBID está estruturado em três eixos: investimentos em
telecentros (espaços com computadores conectados à Internet disponíveis para a
população), gestão comunitária dos telecentros e uso de software livre, para
garantir que o programa seja economicamente sustentável.
A idéia inicial do governo é implantar espaços de informações e negócios, nos
quais a população teria acesso à Internet, além de oficinas de reparos de
computadores e um espaço multimídia de produção audiovisual.
O uso de softwares não-proprietários, programas de computador cujo uso não
implica o pagamento de direitos autorais, é elemento central do programa. Além
de reduzir os gastos com licenças e a remessa de royalties para o exterior, o
software livre permite que os usuários se apropriem das tecnologias e incentiva
o país a conquistar autonomia na área de tecnologia da informação.
O PBID quer implantar mil unidades de acesso à Internet e uso de computador, os
chamados telecentros, até junho de 2005. O Plano Plurianual de Investimentos
(PPA) prevê a implantação de seis mil unidades até 2007. Cada unidade do
programa terá espaço multimídia de produção audiovisual, além de computadores
de acesso gratuito a correios eletrônicos à população, cursos básicos de
informática, atendimento de serviços públicos (Agência de Correios, Delegacias
Regionais do Trabalho, Postos do INSS, por exemplo), educação à distância,
entre outras atividades.
“Nós queremos usar a rede e a infra-estrutura que o governo federal possui. Com
isso, vamos reduzir custos, otimizar o que já está instalado. Vamos usar tudo
de modo coordenado: fibra ótica, cabo, rádio e satélite”, afirma Swedenberger
Barbosa.
Com o PBID, o governo brasileiro pretende combater o que nos últimos anos
convencionou-se chamar "exclusão digital". De acordo com o censo 2000
do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 10,6% dos
domicílios brasileiros têm computadores. Estimativas mais recentes reunidas
pelo Governo Federal afirmam que 13,9 milhões de brasileiros têm hoje acesso à
Internet. Desse total, 90% pertencem às classes A e B.
Países com populações menores do que a brasileira registram, proporcionalmente,
um percentual maior de pessoas com acesso à Internet, como é o caso do Chile,
que possui 20,02% de sua população conectada à rede. "A idéia é que o
Programa de Inclusão Digital se torne um programa do governo com a marca do
governo Lula", afirmou Swedenberger Barbosa.
Escolas
O PBID também vai priorizar o atendimento às instituições públicas e privadas
de ensino, principalmente as escolas públicas de ensino básico. Num dos eixos
principais do projeto, o governo pretende ampliar a oferta de computadores às
escolas.
Segundo Swedenberger Barbosa, o programa desenvolvido pelo Ministério da
Educação, que já atende escolas, será ampliado. “Nós já estamos levando isso
através do Proinfo, do MEC. A idéia é que, com esse programa unificado, isso
seja ainda mais potencializado. O MEC já tem um estudo de reorganização de
metas em relação a isso, e essa ampliação das metas previstas também estará
inserida nesse programa único.”
A proposta, que está sendo discutido pelo governo, também cria linhas de
crédito para financiar a compra de computadores por escolas, professores da
rede pública, acadêmicos, pequenas e médias empresas, prefeituras e
organizações não-governamentais.
Fonte: http://www.radiobras.gov.br/materia.phtml?materia=201088&editoria=