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Pela paz

 

 

Edir Paulo Lemos Godinho

 

Talvez a coisa mais difícil nestes tempos de guerra, terrorismo e violência, seja falar em Paz. A paz não é apenas ausência de guerra, como nos ensinavam na Escola.Terrorismo não é apenas o praticado pelos membros de organizações político-religiosas ao redor do mundo. Violência não se consubstancia somente em agressão física entre seres humanos. Mais que meros conceitos, são gestos e atitudes que vão muito além do simplismo das frases feitas e chavões envelhecidos.

  A guerra brota a todo instante, em todos os cantos do mundo, e pelos motivos mais estúpidos: Por motivos religiosos, por ganância, para se alargar fronteiras e obter riquezas, por racismo. Aliás, para se declarar uma guerra, desnecessário haver motivos, pois basta criar uma motivação, mesmo mentirosa, mesmo falsa, com cores de socorro à democracia, e está feito. Que importa a opinião do resto do mundo, da ONU, de quem quer que seja? Vale sempre a lei do mais forte.

  Terrorismo não se resume a atentados com bombas, seqüestro de aviões, ações espetaculares de grupos organizados. Terrorismo também são as ações dos governos contra o povo, a ameaça de leis prejudiciais a categorias funcionais e econômicas, o obscurantismo das cabeças coroadas que resistem à modernidade e ao progresso, que ignoram o avanço da ciência e da Democracia.

  Violência é algo que não se resume a duas ou mais pessoas trocando tapas ou se agredindo com armas. É algo muito maior que isso, é todo um conjunto de fatos que agride profundamente a sociedade como um todo. Violência é o salário indigno, a criança faminta, o filho sem pai (e o pai sem responsabilidade). Violência não é apenas o trânsito que mata, o assalto, o roubo, o tráfico de drogas, a falta de segurança, a invasão de propriedades. É também o desvio de verbas, a malandragem nos órgãos públicos, a conivência das autoridades com o crime, é a inércia dos governantes perante os problemas gritantes de seu povo.

  Violência não é apenas a ação criminosa, mas a omissão, tão ou mais criminosa que aquela. E não me venham dizer que a Lei do Desarmamento solucionará tudo. Ninguém, que eu saiba, compra metralhadoras Uzi ou fuzis AR 15 na loja da esquina. Ninguém compra granadas como se fossem bolinhas de tênis. Como sempre, estão tentando acabar com o efeito, quando o que deve ser combatido é a causa. E a causa está oculta por detrás de uma cortina de silêncio, medo e interesses escusos.

  Mas eu volto a falar e pensar em Paz. Penso em um grande brasileiro que morreu há pouco lutando contra as guerras, e em meio a todas elas. Penso no espetáculo em sua homenagem, com Gilberto Gil e o Secretário Geral da ONU tocando e cantando, sendo acompanhados por representantes do mundo todo, de todas as raças e religiões. Quero me convencer que a Paz é possível, bastando para isso que cada um faça a sua parte.

  A Paz, como o Ser Supremo, seja qual for o seu nome, está em cada um de nós. Basta que cada um liberte a sua parcela. E não falo só de grandes líderes. Falo do desempregado, do operário braçal, do executivo, do governante, do príncipe, do Rei, de todos como seres humanos. A pomba da paz é uma figura, um ícone, um símbolo. Mas a Paz verdadeira, que atinja todos os campos que citei, não tem uma forma somente, já que vive, imensa e poderosa, um pouquinho em cada um de nós. Liberte, pois, sua parcela desse todo imenso, para que nosso mundo cresça mais, não visando apenas à economia e o poder monetário, mas o bem da Humanidade como um todo, em todos os sentidos.

Fonte:http://www.espacovital.com.br/artigoedir1.htm