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A vez da Dinamarca

Margarida II reinará sobre a Europa, pelo menos nos próximos
seis meses. Chegou a vez de a Dinamarca exercer a Presidência da União
Européia. O momento é importante, pois temas extremamente polêmicos estarão
em debate. Caberá ao chefe de governo da antiga terra dos vikings, Anders
Rasmussen, a inclusão de discussões como o combate ao terrorismo e
principalmente sobre a possibilidade de ampliação da Europa dos 15.

A Dinamarca recebe a Presidência da Espanha, que sob o comando
de José Maria Aznar, iniciou o debate de temas extremamente polêmicos, como
a tentativa de implantação de políticas liberalizantes, como a plena
abertura dos mercados de transporte, energia e telecomunicações, além do
debate sobre imigração. Aznar trouxe para a Europa a experiência de um
popular e eficiente chefe de governo, que conduziu a Espanha para uma
escalada de êxitos sucessivos, possuindo índices invejáveis, como um
crescimento na faixa do dobro da média da União Européia e a criação de um
em cada quatro empregos surgidos no Velho Mundo.

O Reino de Margarida II também é invejável. A monarquia é
estável, ininterrupta e já existe há mais de 1000 anos. Além disto possui
uma taxa de analfabetismo de apenas um por cento, o que explica sua economia
estável e sistema social eficaz. Felizmente não foi palco de algum tipo
ditadura no século XX, quando tiranos governavam o leste europeu sob a
tutela de Moscou e Franco e Salazar mantinham-se à frente de Espanha e
Portugal, respectivamente. Logo, sua tradição democrática, sem rupturas
institucionais, forneceu o amadurecimento necessário para se transformar em
um dos países mais desenvolvidos da Europa.

Como aqui já citado, o governo de Copenhagen deseja iniciar uma
série de discussões, aprofundar outras e finalmente encerrar algumas
pendências. Apesar de o combate ao terrorismo ser um dos pontos
fundamentais, a meta principal reside em outra área: a ampliação dos Estados
membros da União Européia. Alguns já aguardam a formalização de sua entrada,
como República Tcheca, Hungria, Eslováquia, Polônia, Letônia, Estônia,
Lituânia, Eslovênia, Chipre e Malta. Estes países têm trabalhado arduamente
para alcançar os requisitos mínimos para sua adesão. Outros ainda lutam para
conseguir e sua entrada ainda não está assegurada, pois ainda dependem de
reformas. Entre estes estão Bulgária, Romênia e Turquia.

Aos poucos a Europa encontra o seu caminho e todos trabalham
para recuperar a economia e amadurecer a democracia de alguns países que
foram vítimas de regimes totalitários, como o comunista, responsável por
inúmeras mortes, falta de liberdade e atraso. A Alemanha ainda luta para
recuperar sua parte Oriental, assim como Polônia, República Tcheca e
Eslováquia. Em alguns casos o regime extremamente fechado deixou marcas
profundas, como na Bulgária e Romênia. Aqueles países que sofreram nas mãos
de ditadores, como o Leste Europeu, Espanha e Portugal, estão ressurgindo
somente nos dias de hoje, graças a líderes democratas como Aznar e Durão
Barroso e o auxílio das antigas democracias européias. Está claro que onde
houve falta de democracia e liberdade econômica, houve também atraso.

A Dinamarca possui a maturidade política necessária para a
implementação de uma agenda moderna e adequada aos objetivos da União
Européia. O país provou que a manutenção da ordem democrática e o respeito
às instituições, aliados à seriedade, rendem bons resultados. Restará a
Dinamarca transmitir estas virtudes para seus companheiros de continente. As
expectativas são as melhores possíveis, especialmente depois das eleições
que varreram a esquerda do mapa europeu e novos líderes democratas,
economicamente liberais, chegaram ao poder. A Europa vive um momento ímpar.
Se bem conduzida, trará grandes resultados no futuro. Nos próximos seis
meses esta condução estará na antiga terra dos vikings, monarquia de
Margarida II, e um dos países mais ricos do mundo, a Dinamarca.
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Artigo redigido em 16.07.2002,
Na cidade do Porto, Portugal.


* Márcio Chalegre Coimbra, é advogado habilitado em Direito Mercantil pela
Unisinos. Professor de Direito e Relações Internacionais da Universidade
Católica de Brasília. PIL pela Harvard Law School. Especialista em Direito
Internacional pela UFRGS. MBA em Direito Econômico pela Fundação Getúlio
Vargas. Mestrando em Relações Internacionais pela UnB.
Vice-Presidente do Conil-Conselho Nacional dos Institutos Liberais pelo
Distrito Federal. Sócio do IEE - Instituto de Estudos Empresariais. É
articulista semanal do site www.direito.com.br e membro do Conselho
Editorial do site de análise econômica e política "Parlata"
(www.parlata.com.br). Tem artigos publicados em diversos portais jurídicos e
jornais brasileiros, como Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Zero Hora,
Correio Braziliense, O Estado do Maranhão, Diário Catarinense, Gazeta do
Paraná, O Tempo (MG), Hoje em Dia, Jornal do Tocantins, Correio da Paraíba e
A Gazeta do Acre. É autor do livro "A Recuperação da Empresa: Regimes
Jurídicos brasileiro e norte-americano",

Retirado de: www.argumentum.com.br