A participação do Brasil no Comércio
Mundial
Rubens A. Barbosa
Entre as características marcantes da política econômica brasileira desta década, destacam-se as mudanças introduzidas em sua política comercial, em particular a drástica redução unilateral de barreiras alfandegárias e não-alfandegárias impostas a bens e serviços importados. Especialmente entre 1993 e 1995, essa redução unilateral acarretou um crescimento significativo das importações e uma tendência ao desequilíbrio da balança comercial. Este desequilíbrio agravou-se em 1996, quando o déficit comercial do Brasil atingiu a quantia de US$ 5,53 bilhões. Não foi diferente a tendência registrada na evolução recente das relações comerciais entre o Brasil e o Reino Unido.
Ao adotar-se uma perspectiva de mais largo prazo, é inegável que as exportações totais brasileiras cresceram significativamente nas últimas décadas. É possível constatar, também, sua diversificação, tanto em termos de composição da pauta de produtos exportados, quanto em termos de mercados compradores. No entanto, após aumento percentual da participação de produtos manufaturados na pauta de exportações do País, verificou-se, na década de 1990, um decréscimo desta participação, que caiu de 60%, em 1993, para 58%, em 1994, e 55%, em 1995 e 1996. Portanto, apesar do expressivo crescimento na exportação de produtos semi-manufaturados e manufaturados, os produtos básicos ainda responderam, na média dos últimos quatro anos, por 25% do valor e por 80% do volume de mercadorias exportadas pelo Brasil.
Segundo dados da OMC, o comércio mundial cresceu, em valor, 19%,
em 1995, e em torno de 6%, em 1996, e a previsão é de que
cresça cerca de 7,5%, em 1997. Tomando-se uma perspectiva de mais
longo prazo, a corrente mundial de comércio aumentou à taxa
média de 8,6%, entre 1984 e 1995, enquanto, no mesmo período,
as exportações brasileiras cresceram a uma taxa média
de 4,6% e as importações à média de 11,2%.
Assim, a participação percentual brasileira no fluxo mundial
de comércio decresceu, principalmente no tocante às exportações,
que caíram de 1,5%, em 1984, para 0,9%, em 1995, e 0,8%, em 1996.
Comércio Exterior Brasileiro 1990-1996 (US$ milhões FOB) | |||||
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Ano | Exportação | % Ano
Anterior |
Importação | % Ano
Anterior |
Saldo |
1990 | 31.414 | -8,64 | 20.661 | 10,70 | 10.753 |
1991 | 31.620 | 0,66 | 21.041 | 1,83 | 10.579 |
1992 | 35.793 | 13,19 | 20.554 | -2,32 | 15.239 |
1993 | 38.555 | 7,71 | 25.256 | 22,89 | 13.299 |
1994 | 43.545 | 12,94 | 33.079 | 30,95 | 10.466 |
1995 | 46.506 | 6,79 | 49.663 | 50,13 | -3.157 |
1996 | 47.747 | 2,67 | 53.277 | 6,88 | -5.530 |
Fonte: MICT/SECEX |
Produtos brasileiros são exportados para as principais regiões
do mundo, distribuídos em parcelas equilibradas entre o Mercosul/ALADI,
os Estados Unidos/NAFTA, a União Européia e a Ásia.
Ademais, novos e promissores mercados vêm despontando, como demonstra
o crescimento, nos últimos dois anos, das exportações
brasileiras para a China, Federação Russa e República
da Coréia. Os países do Leste Europeu também são
potencialmente promissores, mas ainda dependem do êxito da transição
para economias de mercado. Em consequência, pode-se afirmar que existe
escopo para expandir as exportações brasileiras a taxas pelo
menos compatíveis com o crescimento das exportações
mundiais. A participação relativa do comércio exterior
brasileiro em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) é
ainda limitada a 13,8%, em 1995, e estimada em cerca de 14%, em 1996. Seguem,
abaixo, os dados relativos aos principais mercados compradores do Brasil
por blocos comerciais.
Principais Mercados Compradores por Blocos Comerciais
(US$ milhões FOB) |
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- | 1994 | 1995 | 1996 | |||
- | Valor | Part.% | Valor | Part.% | Valor | Part.% |
União Européia | 12.836 | 26,66 | 12.912 | 27,76 | 12.202 | 28,02 |
NAFTA | 10.388 | 21,71 | 9.640 | 20,73 | 10.367 | 23,61 |
ALADI | 9.745 | 22,38 | 9.975 | 21,45 | 9.975 | 22,69 |
Ásia
(excl. Or. Médio) |
7.614 | 16,37 | 8.192 | 17,61 | 7.047 | 16,16 |
Mercosul | 7.305 | 15,30 | 8.154 | 13,23 | 5.921 | 13,60 |
Fonte: MICT/SECEX |
retirado de: http://www.brazil.org.uk/secom08-09.html