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Revista do Mercosul
Edição 50
 
por Angelica Gramático
 

 

Cargas - Frete estimula o Mercosul
A modernização e combinação dos meios de transporte, as privatizações e a competitividade, sobretudo no modal marítimo, obrigam as empresas de cargas a apresentar melhores preços e serviços 
 
 

Questão estratégica para o desenvolvimento de negócios no Mercosul, o custo com transporte de cargas é uma das grandes preocupações dos investidores que fazem parte do bloco. 
O setor, base para a realização de negócios, procura tornar-se competitivo diminuindo custos e apresentando serviços de qualidade. 
A solução é a combinação entre os transportes aéreo, ferroviário, marítimo e rodoviário, com a exploração do sistema multimodal, de acordo com o tipo de carga e a distância a ser percorrida. 

O que não deve ocorrer é a utilização pesada de apenas um meio, fato que acontece, hoje, com o setor rodoviário, que concentra mais de 70% dos transportes no Brasil e chega a inviabilizar a comercialização de alguns produtos. 
Para mudar essa realidade, o Consórcio do Corredor Atlântico do Mercosul trabalha para estimular o uso do transporte multimodal. 

O presidente da entidade, Paulo Vivaqua, afirma que, com o aproveitamento melhor do multimodal, o custo será bem menor, o que desencadeará numerosas oportunidades de comércio e tornará mais produtivas e lucrativas as já existentes.

"O uso equilibrado dos meios de transporte terá reflexo positivo no PIB brasileiro e do Mercosul. Acreditamos que, se o setor estivesse interligado de maneira eficiente, através de sistemas logísticos que permitem o funcionamento sem problemas, teríamos crescimento de meio por cento ao ano no PIB. Número que não é desprezível, uma vez que criaria milhares de postos de trabalho", afirma Paulo Vivaqua.
Nesta busca pelo crescimento e investimentos no setor, a privatização de ferrovias e terminais portuários no Brasil e na Argentina foram estratégicos. Para ele, no entanto, a existência de um plano de governo que tenha incentivos fiscais a ferrovias e portos, o investimento em novas ferrovias, ramais e pesquisa ferrorivária são fundamentais.

No setor portuário a privatização já sinaliza os primeiros sinais positivos, segundo Caio Morel, diretor-comercial da Transroll, empresa que atua no setor marítimo. Nos portos privatizados (Rio, Santos e Rio Grande) a melhoria da eficiência já aumentou 20% a produtividade, significando menor tempo do navio parado no porto.

Acompanhe abaixo o que está sendo utilizado de novidade no transporte de cargas: 

Naval: Os navios porta-contâineres aumentaram seu tamanho e ganharam velocidade. 

Serviço Mercosul e Cabotagem: A cada 15 dias um navio parte do porto de Fortaleza com destino ao porto de Zárate, na Argentina. Durante o percurso a embarcação passa por 12 portos. O custo baixo, a segurança no transporte das mercadorias e a facilidade dos estados fazerem o escoamento de sua produção para Mercosul são as principais vantagens deste serviço. 

Portos: Rapidez no embarque e desembarque, modernização do sistema de transferência de cargas para rodovias e ferrovias, reduzindo custo e tempo do navio parado no porto. 

Ferrovias: Adoção de trens unitários de contâineres, com dois andares, carga e descarga rápida, controle preciso do ciclo de transporte, realizado eletronicamente, além de melhoria na velocidade. 

Fluvial: Controle de navegação baseado em cartas batimétricas (profundidade) digitalizadas/computadorizadas, sistemas de posicionamento das embarcações via satélite ou radares, o que permite navegação dia e noite com qualquer tempo e regime do rio são os principais objetivos do setor. 

Rodoviário: Oferecer custo baixo e diminuir o tempo do veículo parado na alfândega são as grandes metas. 

Aéreo: Eficiente, mas necessita de instalação de armazéns alfandegados para recepção e distribuição de carga. 

Courier: As empresas do setor vêm procurando agilizar o serviço de entrega e coleta entre as cidades do Mercosul. Para isso estão criando tabelas de preços e prazos mais atrativos, investindo em novas rotas e vôos próprios, além de utilizar uma logística para ligar os mercados menores aos grandes centros. Vale lembrar: para utilizar este tipo de serviço as encomendas têm um limite de peso e preço. Para importação o valor é de US$ 500; para exportação, de US$ 1000. 

As empresas aéreas também oferecem serviço de entrega de encomendas. Maiores informações podem ser obtidas no balcão das companhias.
 

Transferência de emprego - Executivos gostam das Mercocidades
Na crise, recusar emprego em outra região pode significar desemprego: veja aqui onde os profissionais preferem trabalhar

Pesquisa delineia os fatores que contam na hora de um executivo aceitar propostas de trabalho em outra cidade ou outro país. Foram entrevistados 530 profissionais de São Paulo, sendo 21,4% do sexo feminino e 78,6% do masculino. 

O trabalho de Thomas e Silvana Case, do Grupo Catho, reflete as características do jovem mercado brasileiro. São executivos com idade em torno de 35 anos, a maioria possui nível superior completo e cerca de 27% são também pós-graduados. Mais de 70% deles são casados e quase metade possui filhos com quem dividem a casa.

Apesar das instabilidades do mercado de trabalho, é comum executivos recusarem ofertas de boas empresas se isto implicar em mudança de cidade. Mais de 20% dos profissionais consultados já disseram não a uma oportunidade de trabalho fora de São Paulo. Homens e mulheres se comportam de maneira bem diferente em relação a tais oportunidades. Antes de optar pela mudança, as mulheres consideram com mais atenção a família, os filhos e a resistência de seus companheiros em aceitar trocar de endereço.

Para passar apenas os dias úteis fora de São Paulo, voltando para casa nos fins de semana, elas exigem um aumento de aproximadamente 75%, enquanto os homens se contentam com quase 50%.

Ao ter que transferir sua residência e trabalho, a preferência dos executivos é por cidades próximas. A pesquisa apontou Campinas como a favorita dos profissionais em caso de mudança, e a que exigiu o menor aumento salarial, seguida de outras cidades paulistas. A preterida foi Palmas, em Tocantins.

Se cerca de 6% não aceitariam, por dinheiro algum, mudar-se para outra cidade brasileira, este índice aumenta consideravelmente para cidades no exterior: 16% disseram que não há possibilidade de mudarem de país, mesmo que as despesas de mudança sejam pagas pela empresa. Os países menos rejeitados pelos executivos são aqueles mais próximos, como Argentina, Uruguai e Chile, ao lado dos EUA e nações da Europa. Quanto mais longe de casa, maior é o aumento exigido pelos profissionais. Para mudar para o exterior, homens e mulheres querem salários 100% maiores que os atuais. Para cidades próximas a São Paulo, este valor oscila entre 50% e 70%.

A residência poderia ser um empecilho à mudança, mas a pesquisa mostra que a maioria dos executivos não teriam grandes dificuldades para resolver o problema com a casa. Dos 75% que possuem casa própria, a enorme maioria disse preferir alugar o imóvel do que vendê-lo.

O companheiro não é uma barreira intransponível na hora de trocar de cidade. Os entrevistados afirmaram ganhar, na maioria dos casos, salário maior que o do cônjuge e disseram que não seria tão difícil convencê-los a se mudarem. 

A família representa um elo de ligação com a sua cidade de origem mais forte para as mulheres do que para os homens, mas se manter longe dos familiares não determinaria a recusa de um trabalho fora de São Paulo. Poucos entrevistados disseram que seria muito difícil para eles ou para seus cônjuges viver distante dos familiares.

Se engana quem acredita que filhos em idade escolar influenciam negativamente no momento de analisar uma proposta de trabalho em outra cidade. A pesquisa indicou que, apesar de mais de 80% dos filhos dos executivos respondentes estarem na escola, haveria pouca dificuldade em se mudar levando os filhos consigo, mesmo que para outro país.
 

Financiamento - As opções para o pequeno exportador
Investidor de menor porte enfrenta problemas para ingressar no mercado internacional, mas tem alternativas interessantes

Alguns poderiam imaginar que a desvalorização cambial fosse esquentar as exportações brasileiras. Mas os preços sedutores dos produtos nacionais no exterior não foram suficientes para fazer deslanchar a entrada de pequenos e médios empresários no mercado internacional. A dificuldade de obtenção de crédito e a necessidade do equilíbrio de contas inclusive nos países desenvolvidos são barreiras difíceis de se ultrapassar quando o exportador em potencial é um pequeno empresário.

A grande vantagem que o Brasil tem em relação a outros mercados produtores é a mão-de-obra barata e abundante, resultado de uma política social deficitária que se arrasta ao longo da história nacional. Com tal reserva de mão-de-obra, é possível para o exportador brasileiro oferecer, lá fora, preços mais atraentes. 

A expectativa, com as medidas de ajuste no câmbio, era de haver maior facilidade na hora de exportar, mas parece que se esperava muito mais do que deve acontecer realmente. Os compradores internacionais estão de olho na nossa política cambial e sabem da necessidade de aumentarmos nossas exportações. A tendência, portanto, é eles exigirem preços ainda mais baixos para os produtos brasileiros.

A situação do Mercosul também é desfavorável para os exportadores do Brasil. O desequilíbrio nas balanças comerciais, assim como a disponibilidade que eles também têm de mão-de-obra barata, dificulta a entrada de produtos brasileiros neste mercado. Algumas alternativas para o pequeno ou médio empresário que quer se inserir no mercado internacional mas que não não possui força suficiente para, sozinho, levar adiante esta empreitada são a formação de consórcios ou a contratação de escritórios de representação no exterior. 

As pequenas empresas, afetadas pela dificuldade de crédito, devem recorrer a escritórios especializados em comércio exterior, é o que aconselha o professor da Universidade de Brasília e especialista em políticas comerciais brasileiras, Maurício Barata. Estas firmas têm o aparato necessário para colocar o produto no mercado externo e possuem contatos com fontes de financiamento.
Mas é bom advertir: contratar uma empresa de comércio exterior não sai muito barato. Elas costumam cobrar comissões que variam entre 2% e 5% do valor a ser exportado. Como este valor pode ser alto para ser sustentado por uma única pequena empresa, outra saída seria a formação de consórcios.

Através de consórcios, os custos se reduzem e as firmas podem oferecer produtos com preços mais competitivos no exterior. Dependendo do valor a ser negociado, o consórcio pode, inclusive, recorrer a uma trading. As empresas do setor só trabalham com grandes quantias, normalmente acima de R$ 100 mil. José Ulisses Viana Coutinho, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Trading, lembra que é importante consultar os cadastros da entidade antes de acertar qualquer negócio, o que pode evitar parcerias com pessoas não aptas para o serviço.

Se não for possível a formação de um consórcio, pequenos e médios empresários podem, ainda, procurar escritórios de representação no exterior. Eles funcionam como representantes comerciais ligados a clientes capacitados no mercado internacional. A Kakao, que representa vinho, café cru e torrado, cachaça, madeira, soja e açúcar, é uma dessas firmas. Ela cobra uma taxa de pelo menos 10% do valor exportado em transações até R$ 20 mil, mas este percentual pode cair se o volume negociado for maior.

Mas antes de tentar financiamento ou se jogar de cabeça no comércio exterior, é necessário ter alguns cuidados. Para escolher o produto e o lugar para onde vai exportá-lo, é importante pesquisar sobre trâmites em embaixadas, consulados, confederações de indústrias e órgãos governamentais como a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Além disso é preciso conhecer o mercado onde se pretende atuar, conhecer as exigências locais e o perfil do seu consumidor, o que ele quer ou pode comprar, aquilo em que está mais interessado. Para tanto, é fundamental uma pesquisa minuciosa, e o empresário deve estar preparado, porque ela exige tempo e disponibilidade. Participar de feiras, eventos, visitar Câmaras de Comércio e fazer viagens ao exterior são bons métodos para entender de perto a realidade do mercado e suas particularidades.

Produtos com preços baixos e que têm caráter inédito ou inusitado se mostram mais interessantes no mercado internacional. Os materiais de confecção, móveis simples e calçados são os produtos brasileiros preferidos lá fora.
 

Saúde no Mercosul - Ruído excessivo preocupa empresas

Zumbidos, tonturas, dor de cabeça, distúrbios gástricos e de visão, perda da atenção e do sono, mau humor, falta de apetite também podem estar associados à perda de audição, devido à poluição sonora 

O aparelho auditivo humano, quando exposto prolongadamente a ruídos, pode sofrer lesões que provocam surdez progressiva e irreversível. Quando não há lesões, o ruído constante pode causar estresse excessivo. Veículos automotores são a maior causa de poluição sonora, mas aparelhos elétricos e mecânicos e empreendimentos industriais e de lazer mal localizados também contribuem para a sobrecarga sonora que sofre a população urbana. 

O excesso de ruído em indústrias, segundo o médico otorrinolaringologista Claudemir Borghi, tem provocado a perda auditiva de milhares de trabalhadores. Para minimizar este problema, foi instituído, pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Programa Nacional de Educação e controle da Poluição Sonora - Progama Silêncio, incentivando o uso e a fabricação de máquinas e dispositivos com menor intensidade de ruído. Outra iniciativa é o "Selo Ruído", submetido ao Inmetro e Ibama (organismos de certificação e controle) e criado para que consumidores possam conhecer o nível de ruído do equipamento que está adquirindo.

Com a legislação mais rigorosa, aumetou a demanda por aparelhos comprovadamente menos ruidosos. Para atendê-la, a Semco Bac, empresa especializada em equipamentos de refrigeração para supermercados, prédios de negócios, shopping centers, indústrias, entre outros, está concebendo torres de resfriamento com nível de ruído mínimo. O objetivo é poupar a vizinhança do edifício onde é instalada a torre, os funcionários e freqüentadores do local.
 
 

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