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Relações Comerciais Brasil - Reino Unido

Rubens A. Barbosa

 O relacionamento econômico-comercial do Brasil e do Mercosul com a União Européia passa por um importante momento de transição que encerra desafios e oportunidades.

 Grandes mudanças nos dois lados do Atlântico condicionarão as tendências do comércio e dos negócios e, em decorrência disso, as estratégias das empresas brasileiras nos próximos anos.

 A União Européia, desde o fim da década dos 80, tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil (e a partir de 91, do Mercosul). Embora representando o mais importante mercado para os produtos brasileiros, a participação das exportações para a União Européia no total de nossas vendas externas, caiu de pouco mais de 33% em 1989 para cerca de 26% em 1995 (US$ 13,5 bilhões).

 A composição da pauta exportadora apresenta forte concentração: os seis principais capítulos correspondem a mais de 50% das exportações totais e os produtos agrícolas, agroindustriais, minerais ou semi-elaborados correspondem a cerca de 70%. Grosso modo, essas proporções são ainda mais concentradas para o Mercosul.

 No caso do Brasil, em 1994, os principais produtos exportados para a União Européia foram, no setor alimentar: rações para animais com 15,3%, oleaginosas com 9,4%, café com 6,1%, sucos de fruta com 4,7%, carnes com 3%, preparados de carne com 1,9% e fumos com 3,1%; no setor mineral: os minérios representam 10,7% e as pedras 1,5%; no setor químico: os orgânicos representam 1,2%; no setor de couro e calçados: couros representam 2,1% e calçados 2,3%; no setor de papel e celulose: madeira representa 4,4%, celulose 2,8% e papel 2,3%; no setor de metais: ferro e aço representam 2,9%, alumínio 2,3%; no setor de máquinas e equipamentos: máquinas e aparelhos mecânicos representam 4,1% e máquinas e aparelhos elétricos representam 1,4%; no setor de material de transporte: veículos representam 3,5% e no setor outros: móveis representam 1,1%.

 Desde 1992, quando foi criado o Mercado Único, foram introduzidas importantes modificações na política comercial européia: nas tarifas de importação, em decorrência do processo de harmonização, nas restrições quantitativas, nos subsídios à exportação, nas regulamentações técnicas e relativas à saúde e no sistema geral de preferências.

 Por outro lado, nos últimos anos, a União Européia ampliou o número de países membros ao incorporar a Áustria, a Finlândia e a Suécia e buscou estender seus contatos comerciais com a negociação de acordos preferenciais de comércio, além dos países ACP (África, Caribe e Pacífico), com os países mediterrâneos, com os PECO (países da Europa Central e Oriental), com a África do Sul e, recentemente, com o Mercosul.

Nos próximos dois ou três anos, até o final da Conferência Intergovernamental que irá definir a nova configuração européia depois de Maastricht, haverá uma crescente preocupação com questões de interesse de cada um dos países membros, o que fará com que esses países se voltem para delicadas negociações internas, relacionadas, entre outras áreas, com o aprofundamento do processo integracionista, com a criação da moeda única, com a mudança de diversos aspectos institucionais. Em vista disso, a Europa terá reduzida sua capacidade negocial externa, o que dificultará ainda mais qualquer entendimento visando a ampliar o acesso ao mercado europeu.

 Dentro desse contexto, a partir da atividade que está sendo desenvolvida pela Embaixada em Londres na área econômico-comercial, com vistas a aumentar e diversificar nossas exportações para o Reino Unido e, por conseguinte, para a União Européia, é nitida a percepção de que será necessário um amplo trabalho coordenado Governo-setor privado para definir uma estratégia de atuação das empresas brasileiras no dinâmico mercado europeu.

 Caso isso não seja feito, a tendência de estagnação, e queda percentual de nossas exportações, observada nos últimos sete anos, deverá continuar, tornando difícil a expansão e a diversificação de nossas vendas para a União Européia.
 

retirado de: http://www.brazil.org.uk/secom08-02.html